Aguenta Coração! escrita por Gyane


Capítulo 21
Capítulo 22




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61132/chapter/21

Eu não sei dizer por quanto tempo fiquei deitada na calçada daquela rua deserta, mas tinha sido suficiente para a minhas lagrimas secarem e o meu corpo ficar entorpecido pelo frio, não havia nenhuma estrela no céu escuro, e o vento sobrava forte agitando algumas arvores que ladeavam a rua como se sentisse toda a minha dor. Enquanto eu ficava lá, eu tinha a impressão de que havia se passado mais tempo do que eu podia imaginar. Eu nem podia lembrar a quanto tempo a noite havia caído.

Eu forcei meu corpo a se movimentar enquanto minha mente se negava a trabalhar. Eu não sabia o que iria fazer agora... Eu não poderia voltar para escola... Eu não queria encarar novamente o Thiago... A mínima menção daquele nome fez com que meu corpo estremecesse.

Meu celular tocou. Eu pensei em atender, mas eu estava confusa, e eu levei um longo tempo até chegar à conclusão de que eu devia atender. Até aí, ele já haviam parado de tocar. Mesmo assim eu o arranquei do bolso da minha calça que estava toda suja e olhei para tela, a imagem de mim e Thiago abraçados libertaram a dor que estava me rasgando por dentro - uma dor que me deixou sem fôlego, me deixando aturdida com a sua força.

Eu não havia percebido que meu celular havia tocado antes, mas de repente apareceu na tela às ligações perdidas, da Bell, da Dora, e até mesmo do Thiago... O nome dele mandou outra onda de tortura pelo meu corpo. Eu balancei minha cabeça, freneticamente, desesperada pra escapar da dor. O Celular vibrou novamente na minha mão e dessa vez não era nenhum numero de meus amigos e sim do meu pai. Eu gemi alto até ele já sabia que eu era uma idiota.

—Pai?— minha voz soou estranha e pequena.

—Sarah, pelo amor de Deus aonde você esta?— Bill perguntou exasperado enquanto eu lentamente me dava conta do sentido das suas palavras.

— Eu... —Eu tentei formular uma sentença, mais eu não sabia exatamente onde eu estava. —Eu não sei.

—O que você pensa que esta fazendo. —Ele disse obviamente irritado por minha resposta. —Eu quero que você volte para a escola agora?—Ele ordenou.

—Eu não posso. — minha voz falhou enquanto uma lagrima escorregou por minha face, eu senti uma vontade súbita de ter a minha mãe ali, ela obviamente saberia o que fazer, e mesmo que não soubesse ela daria um jeito. Eu sabia que aquelas imagens não sumiriam da minha mente, mas eu precisava sentir os braços fortes dela em volta do meu corpo tremulo, eu queria que ela enxugasse as lagrimas de dor que escorriam por minha face, mas ela nunca mais iria fazer isso, ela também havia me abandonado. — Eu queria que a mamãe estivesse aqui. —Eu deixe as palavras escaparem de meus lábios inconscientemente, mas a minha vontade de ter alguém para me ajudar era tanto que eu não pude me controlar. Eu ouvi um suspiro pesado do outro lado da linha.

—Eu também. —Bill concordou sua voz parecia cansada. — Querida diga onde você esta eu vou buscá-la. —Sua voz estava mais suave agora.

Eu levantei minha cabeça, eu não sabia onde estava eu olhei a minha volta a procura de algo que pudesse identificar, foi quando eu vi uma pequena loja na esquina.

—Loja America. —Eu li o nome que estava em um letreiro enorme e brilhante.

—To chegando. —Bill disse desligando o telefone, eu não sabia como Bill encontraria aquele lugar mais isso não me interessou eu apenas fechei meus olhos e aguardei.

 

Uma semana. Eu desejei que ela tivesse durado pela minha vida inteira, eu queira que o relógio congelasse e que o tempo simplesmente parasse mais isso era impossível, até mesmo para o super men imagine para uma pobre mortal como eu. Eu olhei nervosamente atrás da janela do meu quarto para a rua. Uma semana para me recompor, havia sido o prazo que a Escola Roberto Alves havia me dado. Nada mais do que os sete dias, como se esse tempo tivesse sido suficiente para reconstruir o meu mundo. Era obvio que Bill não achou aquele motivo forte o suficiente para me tirar da escola já que eu estava no terceiro bimestre e qualquer mudança poderia me prejudicar nos estudos, como se eu conseguisse pensar em estudar quando meu coração havia se transformado em cacos. Agora eu precisava voltar para lá e encarar a vida real, eu senti um estranho desconforto crescer dentro de mim quanto o familiar carro preto parou diante da porta principal. Como tudo havia se transformado em um pesadelo em um simples piscar de olhos, como eu havia sido ingênua. Eu tentei não me martirizar mais, já estava sendo dolorido o suficiente. Mas eu simplesmente não conseguia esquecer toda a humilhação e a vergonha que eu havia passado... Mas não era isso que me machucava e me torturava a alma, era algo muito pior, era algo estúpido e doentio, que me fazia odiar cada vez mais, a cada minuto de minha existência, pelo simples fato de eu continuar amando-o, de continuar sonhando toda noite com ele, de sentir falto do seu cheiro, do som da sua risada... Invés de simplesmente odiar-lo. Porque eu não conseguia odiar-lo? Mesmo tendo tanto motivos para isso.

—Pronta?—A governanta perguntou entrando no quarto e interrompendo meus pensamentos. Eu apenas concordei enquanto colocava uma boina na cabeça, eu havia prendido meus cabelos ruivos em um coque tentando desesperadamente esconder meus fios de cabelos ruivos, a fim de não chamar a atenção.

 

Assim que o carro parou diante do portão de ferro da escola eu pulei para fora e corri o mais rápido possível para dentro do colégio, meu estomago revirou pesadamente, enquanto eu fixava meu olhar no chão. Algumas pessoas voltavam à cabeça para minha direção, e eu lutava para ignorar os múrmuros maldosos que me cercava, eu estava começando a me sentir um ratinho de laboratório quando entrei no salão comunal. Eu tive que me esforçar bastante para poder continuar caminhando para o meu quarto.

—Eu não acredito. —A Bell gritou descendo as escadas correndo e me abraçando, chamando mais atenção do que eu gostaria. —Eu lamento tanto.

—Tudo bem. —eu disse desesperada olhando a minha volta, ela pareceu compreender o meu desespero.

—Você não vai pode fugir a vida inteira. —Ela disse acompanhando meu olhar. —Mas vamos subir. —ela me empurrou escada acima.

Eu só senti alivio quando a porta do quarto foi fechada as minhas costas.

—Você voltou. —A Dora gritou pulando da cama.

—Voltei. —Eu não podia dizer que o meu sorriso era feliz. —Como anda as coisas?—Eu perguntei deitando na minha cama, eu realmente havia sentido falta dali. Mesmo que as ultimas lembranças fossem doloridas demais.

—Humm. —A Bell pareceu desconfortável enquanto a Dora se remexia sem parar. —Você realmente esta bem?—Ela perguntou realmente preocupada.

—Claro. — Eu afirmei sem muita convicção. Eu não podia dizer que eu estava feliz porque aquela palavra parecia que não pertencia mais ao meu vocabulário, eu também não tinha o direito de fazê-la se sentir tão horrível quanto eu me sentia.

—Vamos tomar café?—A Dora chamou ainda parecendo desconfortável. —A gente conta as novidades enquanto come.

—Eu... Eu não sei. —O Simples pensamento de ter que olhar para você se sabe quem fazia meu estomago pesar.

—Você não pode ficar o resto do ano trancada dentro do quarto. —A Bell falou de um supetão e eu não me incomodei com isso, primeiro porque eu sabia que era o jeito dela, depois eu sabia que era a mais pura verdade. — Uma hora você vai ter que encarar a realidade...

—Não enquanto eu puder evitar. —Eu estava sendo covarde como sempre.

—Depois vai ficar mais difícil. — Estava ai uma coisa que eu não podia negar, a Bell tinha seu jeito maluco de ver as coisas, mas dessa vez ela parecia certo.

—A Gente ajuda você?—A Dora disse com o seu sorriso angelical, e eu quase cai em lagrimas.—Como se sente?

Eu sorri de volta para ela em agradecimento, era tão bom saber que eu tinha amigas que eu podia contar.

—Eu realmente não queria falar sobre isso. —Eu disse depois de um tempo em silêncio. —Mas uma palavra me descreveria perfeitamente bem, arrasada.

—A culpa foi nossa, não? —A Bell disse depois de mais outro silêncio. —A gente te empurrou pra cima dele... —ela mordeu os lábios e seu rosto adquiriu uma expressão culpada. —mas ele aparecia tão apaixonado...

—Deixa pra lá. —Eu a interrompi bruscamente não agüentando ouvir mais sobre isso, meu coração se acelerou.

—Vamos ao café. —A Dora disse percebendo o quanto aquele assunto me machucava.

—Vamos. — Eu concordei enquanto me levantava.

Eu ainda me sentia como se estivesse em um zoológico, mais não como um visitante e sim como um bicho enjaulado. As pessoas pelo menos podiam disfarçar, mas não elas preferiam ser cruel...

—Isso vai passar. —A Bell murmurou enquanto mais um grupo de pessoas se virava enquanto a gente passava.

Eu realmente não estava preocupada com isso, o motivo de minha preocupação era bem maior e mais torturante do que isso, eu já havia criado e recriado a cena do como seria quando eu encontrasse como o Thiago, e todas acabavam sempre do mesmo modo, como o meu rosto molhado pelas lagrima. A escola agora seria uma tortura para mim todos os dias.

Entramos no enorme refeitório, e eu senti um aperto no coração ao fitar a mesa que ocupávamos sempre agora vazia. Aquilo podia parecer masoquismo, mais eu queria realmente poder sentar novamente ali, como se nada tivesse acontecido, e me divertir enquanto comia como sempre fazíamos.

Eu olhei pra comida na minha frente e meu estomago revirou pesadamente, eu mastiguei um pedaço de pão sem vontade a comida parecia sem gosto. Uma estranha dor estava crescendo novamente enquanto eu empurrava mais um pedaço de pão para dentro.

—Aconteceram muitas coisas nessa semana?—A Bell quebrou o silencio que havia se formado, eu levantei meu rosto para poder acompanhar o que ela dizia quando eu vi um garoto alto e loiro entrando no refeitório.

Eu olhei para ele por alguns segundos até seus olhos pousarem em mim, então eu desviei meu olhar o mais rápido do que eu pude. O Pedro parecia mais pálido do que de costume, mas eu não consegui sentir pena dele por isso. Eu ainda não havia decidido o quanto de raiva eu teria dele, obviamente eu deveria esta com muita, muita raiva dele, mais eu não havia pensado nisso, não havia dado tempo, eu havia gastado cada segundo daquela semana remoendo a minha dor.

Eu levantei minha cabeça novamente em sua direção esperando ver o Thiago ao seu lado, eu sei isso parecia masoquista, mais eu não conseguia me controlar, eu precisava ver seu rosto novamente, mais para minha surpresa o Thiago não apareceu, o Pedro continuava-la parado me fitando. Ele parecia confuso, ele fez menção de se mover em nossa direção mais quando a Dora virou a cabeça para acompanhar meu olhar ele pareceu desistir da idéia e saiu no mesmo instante do refeitório.

—Pode ir lá. —Minha voz não saiu tão confiante quanto eu esperava.

Ela olhou e eu pude ver seu rosto adquirindo uma expressão triste.

—Não estamos mais juntos. —Ela disse dando de ombros enquanto ela passava geléia excessivamente na torrada.

—Não. —O aquela palavra escapou como uma expressão de espanto pelos o meu lábio, eu não conseguia imaginá-lo separados.

—Eu não acho... Eu não concordo como o que ele fez. —ela disse evidentemente incomodada.

Aquelas palavras fizeram sentir como se tivesse levado um soco no estomago, eles não estavam juntos por minha causa. Isso não me pareceu justou.

—Você não precisava fazer isso. —Agora eu estava me sentindo horrivelmente culpada. Eu estava me sentindo à pior pessoa na face da terra, não só porque minha felicidade havia sido destruída, mas por também ter destruído a felicidade das pessoas a minha volta.

—Eu sei. –Ela disse em um murmuro a torrada em suas mãos tremeram. —mas eu não consegui concordar. —Ela disse como se falasse consigo mesmo. —Ele sabia de tudo o tempo todo e nunca disse nada...

—Mas você o ama. —eu a lembrei inutilmente.

Ela apenas balançou a cabeça.

—Serio. Você não precisa fazer isso... Eu entendo... —Eu tentei organizar meus pensamentos. —Isso e entre eu e eles, você não precisa sofrer por minha causa.

—Eu não posso ficar com uma pessoa ao qual eu não concordo com suas atitudes... Atitudes essa que machucam os outros, ainda mais a minha melhor amiga. — Eu senti uma pontada de náusea no meu estômago enquanto ela falava.

Eu não tinha argumento para discordar, mas o simples pensamento do que ela estava sofrendo pelo que aconteceu comigo me torturou.

— Cada ação tem uma reação. —Ela disse e suas palavras pesaram mais do que eu gostaria.

—Você acha que eu vou ter que encará-lo logo?—Eu disse aquelas palavras enquanto lutava para me controlar.

—Não. — A Bell disse com convicção, enquanto os meus olhos arregalaram. —Ele esta suspenso. — Ela disse quando viu a expressão interrogativa tomava conta do meu rosto. — Ele pegou uma suspensão e uma pela detenção. Por sorte não foi expulso.

As palavras foram penetrando lentamente em mim, ou efeitos foi o mais variável possível, primeiro eu senti alivio, por saber que eu não encontro ele por ali, que eu teria um tempo para me adaptar a minha mais nova e cruel realidade. Depois a confusão logo em seguida o terror.

—Por sorte. —A Dora falou sarcasticamente interrompendo meus pensamentos. —Ou pelo pai dele.

Claro. Todo mundo da escola sabia que o pai do Thiago era poderoso, e obviamente ele ia usar o poder dele para manter-lo na escola.

—Por conseqüência o Beto, o Artur, e a Amanda levaram o mesmo castigo. —Eu senti o salão a minha volta rodar, pelo visto aquilo seria um longo dia. —A escola queria ser democrática. Sabe como é?

Eu tentei não me impressionar com isso, mas obviamente eu estava afetada.

Vamos para sala de aula, e eu senti novamente um vazio preencher todo o meu ser, eu sentei no mesmo lugar de sempre. Mas a cadeira vazia o meu lado estava tornando as coisas muito mais difícil do que era. Eu sempre havia sentado do lado da Bell, na primeira cadeira, não porque eu era uma aluna estudiosa, mas eu me sentia confortável lá, e a Bell também nunca reclamou. Ao contrario do Thiago que sempre sentou o mais longe que podia do professor, então o fundo da sala parecia ideal para ele conversar e fazer as suas estúpidas brincadeiras. Quando decidimos... Quando começamos a namorar, ele insistiu que queria se sentar do meu lado.

—A Bell senta comigo desde o primeiro dia de aula. —Eu disse tentando disfarçar minha evidente vontade de ficar mais perto do Thiago.

—Eu sei. —Ele disse parecendo chateado. —Mas eu tenho que melhorar minhas notas, você sabe como é?

Obviamente ele estava mentindo, eu sabia que apesar do Thiago nunca prestar atenção nas aulas ele conseguia tirar umas boas notas, eu só não queria nem pensar como ele fazia isso.

—Se a Bell concordar. —Eu disse dando de ombros.

—Claro que ela vai concordar. —Ele disse abrindo o aquele sorriso maroto que deixava minhas pernas tremulas.

—Eu não teria tanta certeza.

—Ela vai se sentar com o Beto. — O sorriso dele era de zombaria, mas seus olhos estavam apertados.

—Ah claro. —Eu entendi porque ele tinha tanta certeza.

Nós entramos na sala de mãos dadas. Ninguém parecia reparar em nós. Mas ai eu parei de andar e ele não.

—O que foi?—Ele perguntou confuso. —Não vamos nos sentar junto.

—Eu não vou me sentar no fundo. —eu protestei.

—Eu é que não vou ficar aqui na frente. —Ele fez uma careta e nós dois rimos. —Temos um impasse aqui.

—Temos. — Eu concordei.

—Eu acho que lá no fundo vai ser bem mais aproveitoso. —Ele disse dando um sorriso malicioso tentando me convencer.

–Nem pensar. —Eu disse decidida, claro que eu estava morrendo de vontade de sentar na trás e entrar na bagunça mais minhas notas não era das melhores, e alguém por ali tinha que manter o juízo perfeito.

—Então... Deixe eu ver.—Ele disse pensando por um instante.—Nos sentaremos bem no meio da sala.

Aquilo me pareceu justo. Eu olhei pra ele que sorria abertamente para mim.

—Então combinado.

—O que eu não faço pra ficar perto da minha ruiva. —Eu o ouvi resmungado pro Beto e não pude deixar de sorrir.

 

Eu balancei minha cabeça violentamente tentando me livrar daquelas lembranças. Aquilo ia ser muito mais difícil do que eu havia previsto. Eu pensei em me levantar e sentar em outro lugar, mas obviamente eu não tinha muito opção.

A Dora e o Pedro continuavam sentados juntos, não sei se era por falta de opção ou por vontade própria, apesar de que nenhum dos dois se olhavam ou falavam qualquer coisa, o outro lugar vago era a da Amanda, mas eu não queria sentar do lado de sua amiga, nem pensar. Tinha o lugar do Beto que sentava com a Bell, mas quando eu me levantei pra ir sentar junto com ela, a minha boca simplesmente se abriu de tão perplexa que eu estava. A Bell estava sentada do lado do Victor.

Não, aquilo não estava acontecendo. Eu balancei minha cabeça, e ela provavelmente percebeu, pois ela se levantou e veio até mim.

—Esse era a novidade que eu estava tentando de contar. —Ela disse como se pedisse desculpa.

—Você não esta querendo me dizer que voltou com ele.—Eu perguntei ainda perplexa.

—Sim... Eu não vi problema nisso. — ela mordeu o lábio, tentando descobrir pela minha expressão o que eu achava daquilo.

—Tudo bem então. —Eu disse sem saber ao certo o que realmente pensar. —Mas se me lembro bem você disse que...

—Oh eu sei... —Ela parecia constrangida. —mas isso foi passado.

— E o Beto?— Eu perguntei realmente curiosa.

—Não tenho nada com aquele crocodilo. —Ela disse isso e seus lábios tremeram.

Eu não respondi a Sr. Jefferson entrou na sala de aula naquele momento.

O meu mundo pareceu que havia desabado. Tudo estava acontecendo tragicamente e rápido demais.

 

Mas outra semana se passou, e eu comecei me sentir mais aliviada, as pessoas já não olhava com dó para mim, eu não podia dizer que estava voltando a um ritmo normal de vida, pois eu sabia que a minha vida nunca mais voltaria ao normal, por mais que eu tentasse, um furação havia passado por ela e nada mais iria fazer com que ela voltasse ao normal. Quando eu acordei na segunda-feira, eu me senti de alguma forma feliz. Eu podia jurar que nunca mais me sentiria assim mais estranhamente naquela manha eu agia como se um brilho de esperança do meu céu escuro voltasse a brilhar, não era nada comparada ao que eu havia vivido antes, mas era bem melhor do à melancolia e a tristeza que havia me envolvido nos últimos dias.

Eu pulei da cama o mais cedo do que o de costume e tomei rapidamente o meu banho pela manhã. Quando eu sai do chuveiro a Bell levantou a cabeça confusa.

—O que aconteceu? Deu formiga na cama?—A Bell perguntou mal conseguindo falar de tanto sono.

—Não. — Eu não sabia como explicar. —Eu encontro vocês no salão comunal. —eu disse saindo do quarto tentando evitar que mais perguntas que provavelmente eu não teria resposta.

Quando eu descia a escada eu pude entender porque o todo o espanto da Bell, não havia ninguém por ali, todos ainda estavam dormindo, mas eu me sentia estranhamente agitada para voltar para o meu quarto, então eu perambulei entre o salão comunal, até cair entediada em um dos vários sofás. Eu estava folheando uma revista qualquer de moda, quando alguém entrou no salão comunal. A principio eu acreditei que era algum dos monitores, fazendo mais uma de suas intermináveis rondas, mas quando a pessoa ficou estranhamente quieta eu desconfiei que houvesse algo de errado, então impensávelmente eu desviei os meus olhos da revista que segurava na mão para a pessoa parada a poucos metros de distancia de mim...

Eu não sei o que senti naquele momento, mas com toda a minha certeza não havia sido nada comparado ao que eu havia imaginado. As lembranças vieram a minha mente como se alguém folheasse um álbum de fotografia antigo diante de mim, a costumeira dor que eu sentia ficou ainda pior, agonizante, meus olhos ficaram molhados pelas lágrimas fresca que havia acabado de brotar. Eu senti uma vontade sobrenatural de sair correndo dali, mais minhas pernas não se moveram. Seus olhos estavam pregados em mim, eu não consegui ler sua expressão, mas se eu tivesse que chutar eu diria que ela estava carregada de remorso. Mas eu não queria me iludir então eu forcei meus olhos desviarem daquele rosto perfeito.

—Sarah. —Sua voz não saiu mais do que um sussurro.

Eu olhei para ele confusa, decidindo se eu devia ou não sair correndo.

—A gente precisa conversar. —Sua voz era grave estava carregada de urgência.

—Não temos nada para conversar. — eu queria parecer com raiva, mas só pareceu que eu estava implorando. —Me deixe em paz.

Ele não se moveu, ele continuou lá parado como se não tivesse me ouvido.

—As coisa não acontecerem do jeito que parece. — Ele falou as palavras lentamente e precisamente, seus olhos colados no meu rosto observando enquanto eu absorvia o que ele realmente queria dizer. —Deixe me explicar.

—Eu não quero ouvir. —Eu gritei furiosa, as palavras explodindo em mim. —Eu não tenho nada para ouvir. —Eu disse colocando minhas mãos sobre as minhas orelhas como uma criança mimada.

—Eu me apaixonei perdidamente por você. Eu te amo. —Enquanto ele dizia aquelas palavras doloridas, meus olhos encontraram o dele. Eu senti como se pudesse ver por dentro deles por milhas e milhas, e mesmo assim, ainda não conseguia alcançar o lugar onde encontraria a contradição de suas palavras.

—Atrapalho. —Uma voz irritante preencheu todo o ambiente. Eu não precisei desviar meus olhos para saber quem era. E incrivelmente pela primeira vez eu agradeci intimamente por Amanda aparecer na minha frente, mesmo com aquele sorriso idiota pregado em seu rosto.

—Nunca. — Minha voz saiu sem emoção, fria, enquanto meus olhos vagavam para o vazio. A terrível dor instalou novamente dentro de mim, então eu me movi o mais rápido possível para longe dali, impedindo que eles vissem as lagrimas banharem meu rosto, eu não me humilharia novamente... Nunca mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A cada review que você não deixa, um autor morre! Ajude esta pobre autora a continuar vivendo e deixe seu review! Comente nas histórias, isto incentiva os autores a continuarem escrevendo...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aguenta Coração!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.