All Fall Down escrita por I like Chopin


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Heey! Estou de volta com o último capítulo!!
Ai, mds, já é o último? Acho que vou chorar. kkkkkk
Ok, parou a palhaçada. :v
Leiam q a gente se vê lá em baixo.
(PS: Ficou gigante!)



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–Bom dia, Vampira. Como se sente?

–Bem. – respondeu tímida, esfregando os olhos sonolentos e espreguiçando-se lentamente.

Logo o borrão azul e peludo transformou-se na figura alegre do Fera.

Vampira tentou sentar-se na cama, sendo amparada por ele.

–Calma, você ainda está muito debilitada.

Ela sorriu, respondendo:

–Nunca me senti tão forte em toda minha vida.

Hank riu.

–Depois de dormir por cinco dias consecutivos, ninguém mais tem sono.

–Cinco dias? – perguntou assustada.

–Você vê agora, mocinha, o quanto nos deixou preocupados com esse cochilo?

Vampira abaixou os olhos, não conseguindo deixar de sorrir.

–Agradeço a preocupação.

Hank apoiou a mão peluda sobre o ombro dela, com um tom paternal:

–Para você, querida, toda a preocupação do mundo.

Tentando não chorar, Vampira permaneceu com o olhar baixo.

–E os outros? Como estão?

–Bem, obrigado. Respirando mais aliviados depois que você desligou Sinistro.

–Quer dizer que eu e Joseph conseguimos detê-lo? O que aconteceu com ele?

–Atualmente, está preso em uma caixa de chumbo, 50 metros abaixo do solo, com vigilância 24 horas por dia. Você foi muito corajosa, Vampira. E livrou o mundo de um maníaco de carteirinha. Em nome de humanos e mutantes, obrigado.

Vampira corou.

Para ela, não havia sido um grande ato de coragem. Era apenas o que precisava ser feito.

–E Lamúria? – continuou a perguntar.

O sorriso de Hank sumiu, ele suspirou e balançou a cabeça negativamente.

–Sinto muito, Vampira. Não havia nada que pudéssemos fazer por ela.

Uma lágrima rolou pelo rosto de Vampira.

–Ela me salvou, Hank. Lamúria se sacrificou por mim. Não precisava ter feito isso, mas fez mesmo assim. E isso é coragem.

Secou as lágrimas em silêncio. Aceitou o copo d’água que Hank lhe estendia para que se acalmasse.

–Pronto, pronto.. Tudo vai ficar azul agora, você vai ver.

Ela riu e abaixou os olhos novamente.

Perguntou baixinho, com um fio de voz, quase envergonhada de suas palavras:

–E... Remy?

Hank não precisou responder.

Naquele momento, a porta foi aberta, Remy LeBeau estacou sob o vão da porta, como que paralisado.

Com um suspiro de alívio, disse com o sotaque francês arrastado:

–Vous está acordada.

–Eu... vou deixa-los conversar. – Hank anunciou, deixando o Lab-Med.

Assim que o doutor McCoy saiu, Gambit pareceu recobrar os sentidos. Procurou os olhos de Vampira com os seus, mas ela abaixou a cabeça, não suportando sustentar o olhar dele.

Caminhou a passos firmes até o leito dela, sentando-se na beirada da cama.

Ela não sabia se deveria ficar feliz com a presença dele.

Remy estava vivo, estava bem.

Mas continuava a ser o homem que ela não conhecia. O ladrão que se descobrira ser também assassino e que a prendera em uma rede de mentiras que a sufocava.

Não sabia o que pensar ou como agir.

Fora tantas vezes do amor ao ódio, à indiferença e à paixão que também já não sabia o que sentir.

–Como está se sentindo? – ele perguntou-lhe finalmente.

–Bem. – respondeu pela segunda vez naquela manhã. Apesar da insegurança, sua voz saiu forte. – Como se nada tivesse acontecido.

–Fico feliz em ouvir isso. – esperou um pouco para continuar. – Suponho que já saiba o destino de Sinistro e o de Lamúria.

Ela concordou com a cabeça.

–Sim.

–Vampira... – ele começou incerto – Tenho que lhe contar algo que já deveria ter contado há muito tempo.

Ela continuou a encarar as próprias mãos, sem coragem de levantar os olhos.

Delicadamente, ele ergueu seu queixo fino com a mão enluvada, fazendo com que ela olhasse dentro de seus olhos escarlates.

Vampira teve medo que ele percebesse o arrepio que percorreu todo seu corpo.

Gambit fechou os olhos e suspirou antes de falar:

‘‘Meu nome é Remy Etienne LeBeau. Nasci em New Orleans e fui abandonado logo após meu nascimento. Fui raptado do hospital por membros do Clã dos Ladrões, que pensavam que eu era o menino que uniria Ladrões e Assassinos. Chamavam-me ‘‘Le diable blanc’’. Fui criado por uma gangue de ladrões de rua e até os 10 anos, foi onde vivi. Foi então que tentei roubar a carteira de ninguém menos que Jean-Luc LeBeau, que comandava os Ladrões. Claro, fui pego e ele acabou me adotando como filho. Devo tudo a ele. Jean-Luc me deu um nome, uma família e um lar. E também, me deu treinamento refinado para ser o maior dos ladrões. Quando chegou a hora de provarmos que estávamos realmente prontos para sermos membros do Clã dos Ladrões, eu e meu primo Etienne fomos mandados rouvar da imortal Candra. Nessa loucura, apenas eu consegui fugir e Etienne foi morto por Pig, que trabalhava para Candra. Nessa época, eu já tinha sido prometido em casamento à Belladonna Bordeaux, a herdeira do Clã dos Assassinos. Confesso que realmente a amei. Bella foi a primeira menina e depois a primeira mulher da minha vida. E mesmo que nosso casamento fosse arranjado, nosso motivo foi o amor. Naquela época, eu era muito diferente de hoje. Ou talvez só um pouco pior, não tenho certeza. Era irresponsável, arrogante e rebelde. A ideia de comandar os Clãs, de certa forma, me apavorava e eu só queria viver minha juventude. Foi por isso que fui para Paris e me envolvi com Genevieve. Já conhece essa história, certo? Apesar de também ter sido uma ladra, ela era de uma inocência descomunal. Meu trabalho era apenas roubar um colar dela. Não precisava ter me envolvido. Mas eu estava em busca de diversão e aventura; logo seria um homem casado e pensava que perderia minha vida. Eu e Genevieve tivemos um caso e ela se apaixonou por mim. Foi então que Dentes de Sabre apareceu, raptou Genevieve e meu irmão Henri. Eu só podia salvar um deles. O fim dessa história você já conhece: salvei meu irmão e Genevieve morreu por minha culpa. Depois disso, voltei para New Orleans e assim que atingimos a maioridade, eu e Belladonna nos casamos. O irmão dela, Julien, digamos... não gostava muito de mim e não aprovava nosso casamento. Ele me atacou e eu acabei matando-o durante o duelo. Todos concordaram que foi em legítima defesa, mas tive que partir de qualquer maneira e o casamento foi anulado. Nessa época, eu viajei por toda América, sem um objetivo. Foi quando meus poderes chegaram ao ápice. Eu não conseguia fixar um objeto com o olhar sem que ele explodisse. Foi por isso que procurei Sinistro; ele tirou um pedaço do meu tecido cerebral e pude controlar meus poderes novamente. Fiquei em dívida com ele desde aquele dia. Sabia que não deveria tê-lo procurado, que ele não era o que se poderia chamar de homem de ética, mas... Eu o procurei mesmo assim. Não espero que entenda, mas eu estava em desespero. E só queria que aquilo acabasse. Foi por isso que reuni os Carrascos e os conduzi pelos túneis dos Morlocks. Juro que não sabia o que iria acontecer. Nem por um segundo me ocorreu que meu ato acabaria condenando centenas de almas inocentes à morte. Quando percebi que os Carrascos estavam lá para matar, eu tentei impedi-los. Fui ferido por Dentes de Sabre e naquela confusão, consegui salvar apenas uma criança. Uma menina, chamada Sarah. Pouco tempo depois, encontrei Tempestade, que tinha voltado à infância e estava fugindo da Babá. Cuidei dela até que crescesse e recuperasse a memória e ela me trouxe até o Instituto. O resto da história você já conhece. Tornei-me um X-Men, tentei me redimir e consertar meus erros. Mas depois de ter sido levado a julgamento por Erik Escarlate, percebi que nunca seria capaz de apagar meu passado. Quando fui... Deixado no gelo, me arrastei de volta à Cidadela de Magneto e a mutante Mary Purcell me ajudou para voltar para a América. ’’

Retomou o fôlego e continuou:

–Agora você já conhece minha história. Pode me julgar como quiser.

Vampira havia ficado sem reação.

–Para que tudo isso?

Remy levantou-se, afastando-se dela e pondo-se a andar pelo quarto.

–Você sempre disse que não me conhecia e que eu era como um estranho. Bien, agora não sou mais.

Vampira não precisava olhá-lo para perceber sua raiva. O sarcasmo na voz dele era quase palpável.

Como ela não lhe respondia nada, Remy perguntou por fim:

–Bon, há algo mais que gostaria de saber?

–Sim. – a voz dela era firme, quase com raiva – Você me amou? Não quero declarações absurdas, nem palavras bonitas e mentirosas. Quero apenas a verdade.

Ele se voltou novamente para ela, surpreso. Não esperava aquela pergunta; nem sabia o que responder.

Nunca havia tido coragem de enfrentar e entender seus sentimentos.

Sempre fugira deles.

Olhou para a mulher a sua frente.

Os olhos verdes brilhavam.

–Quando a conheci pela primeira vez, pensei que seria um ótimo desafio. Você me apareceu linda, encantadora, forte, brilhante e misteriosa. O fato de eu não poder tocá-la não me desanimava: tornava nossa relação ainda mais interessante. Aos poucos fui percebendo que ficava realmente preocupado quando não aparecia para comer ou quando pegava o carro e fugia para longe. Acabei notando que você era mais parecida comigo do que eu poderia imaginar. A mesma preocupação em esquecer o passado, a mesma insegurança quanto ao futuro e a mesma insistência em negar os próprios sentimentos. Mas não tinha certeza se conseguiria enfrentar o seu amor. Eu queria que você percebesse o quanto me importava, apesar do meu medo. Você queria me conhecer antes de admitir qualquer coisa, eu entendo. Mas não estava pronto. Tive remorso, vergonha do que havia feito. Pensei que se lhe contasse, você me odiaria. Bem, eu não contei e olhe onde isso nos levou. Depois do meu julgamento, quando você me deixou para trás, cheguei a pensar em ódio. Quis condená-la por não ter entendido. Na verdade, só fui perceber o quanto te amava quando foi raptada. Pensei que se pudesse morrer no seu lugar, eu morreria. Então, sim, Vampira. Eu realmente, profundamente e verdadeiramente amei você.

Ela se virou para o outro lado.

–Você não sabe o que sinto. Não sabe minha história. Nem sequer sabe meu nome.

–Não preciso saber. Já sei quem você é. Uma mulher forte e cheia de coragem. Alguém com poder para mudar o mundo se não tiver medo e crer em si mesma. Uma pessoa boa, que gosta de crianças, chocolates e que já leu ‘‘Os Três Mosqueteiros’’ mais de cinco vezes. Que gosta de ouvir R.E.M. e Oasis e é simplesmente horrível em pôquer. Uma mulher que daria a própria vida para salvar seus amigos e que se arrisca todos os dias para salvar aqueles que mais a odeiam. Essa é quem você é.

Silêncio outra vez.

Remy pigarreou antes de falar, tentando dissipar o constrangimento.

–Parto hoje para New Orleans. Tenho problemas a resolver.

–Quando volta? – perguntou rapidamente, tentando ocultar a centelha de esperança em sua voz.

Ele sorriu.

–Non sei. Mas já que estou sendo sincero, posso lhe dizer que acho que ainda vou demorar.

–Por quê?

Ainda sorrindo, ele se aproximou dela.

–Agora você já sabe quem sou, chérie. Mas eu ainda não sei. E já está mais que na hora de descobrir.

Ela segurou sua mão, beijando-a de leve,

Inclinou o corpo para ela, beijando-lhe agora o rosto, com todo carinho do mundo.

Fechou os olhos por alguns segundos, tentando se recuperar do atordoamento que sentia.

–Até logo, ma belle.

A passos firmes, caminhou até a porta. Ao chegar ao batente, ouviu a voz de Vampira, alta e clara:

–Anna Marie.

–Excuse moi? – ele perguntou, ainda de costas para ela.

Ela suspirou.

–Meu nome é Anna Marie.

Não podia se voltar. Não deveria se voltar.

Se o fizesse, não teria forças para partir.

–Adeus, minha querida Anna Marie.

Saiu.

Fechou a porta, encostando-se a ela.

Suspirou.

Ao tocar o bolso do casaco, procurando por cigarros, percebeu um papel cuidadosamente dobrado, escrito com a caligrafia caprichada de mulher.

‘‘Duvide do brilho das estrelas

Duvide do perfume de uma flor

Duvide de todas as verdades

Mas nunca duvide do meu amor. ’’

Na assinatura, constava apenas o nome ‘‘Anna’’.

Remy LeBeau sorriu e recomeçou a andar.

No quarto, Anna Marie levantou-se da cama, não sem alguma dificuldade.

Caminhou lentamente até a janela, observando seu cajun, que desaparecia na curva da estrada com sua moto.

Abaixando os olhos, viu a carta no parapeito, sua conhecida Dama de Copas.

Segurou-a entre os dedos, achando uma frase escrita em francês, em uma letra forte e apressada de rapaz.

‘‘Je t’aime, ma chérie. ’’

Com os olhos turvos por lágrimas, sorriu.

Anna Marie chorou naquela noite.

E nunca soube que Remy chorou também.


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Notas finais do capítulo

(O poema que a Anna manda para o Remy é uma parte adaptada da peça ''Hamlet'')
O que acharam? Mandem a opinião de vocês!
Queria agradecer a Justine de Lioncourt e Ayano Tateyama que favoritaram. Vivi, Mariana Mikaelson Volture e lady Gaby Stark Targaryen pelo acompanhamento. Ayano, Gaby e My Lord pelos comentários.
Muito, muito obrigada! Saibam que vocês fizeram uma autora feliz!:3
Talvez haja uma continuação, mas não agora. Ainda estou pensando nisso. ;)
May the Force be with you!
Beijoos!