Por onde você andou, Miles Foxx? escrita por Lord


Capítulo 7
A lista de Kyle.




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Dois dias haviam se passado desde a despedida de Kyle. Tanto Miles quanto eu estávamos acostumados e conformados, pois o moreno fazia questão de lembrar que ainda estava vivo ligando várias vezes ao dia. Por mais que não tivesse nenhum assunto Kyle fazia questão de ficar na linha para sua mãe ter que pagar uma conta de telefone gigantesca depois.

– Estou entediada – Freya reclamou. – Kyle foi embora, Rato está doente, o videogame quebrado. Eu vou morrer.

– Por que não realizamos a lista do K? – Liv perguntou sorrindo.

Freya bateu palmas animada.

– Que lista? – perguntei.

– No início do ano cada um fez uma lista com cinco desafios para os outros cumprirem em caso de tédio extremo – Miles explicou. – Nos separamos em duplas e a dupla que cumprir mais desafios até o tempo limite ou todos os desafios primeiro vence e como premio escolhe o que acontece com os perdedores.

– Tudo bem – dei de ombros.

– Eu vou com o Leo – Freya disse agarrado os meus braços.

– O desafio começa em uma hora – Miles disse olhando para o relógio. – Vou pedir para o Kyle me mandar a lista.

xXx

– Coloquem as suas chaves, celulares e carteiras sobre a mesa – Kyle disse por ligação. – Pegar um taxi ou um carro emprestado é contra as regras, os desafios devem ser cumpridos até a meia-noite, peguem uma câmera para tirar fotos dos desafios, a ordem não importa, eu amo vocês.

Assim que Kyle desligou nós saímos correndo. Miles e Liv seguiram correndo pela avenida enquanto Freya e eu paramos alguns metros longe da casa de Miles.

– Primeiro desafio – Leu Freya ainda ofegante. – Invadir uma fábrica e roubar uma caixa da mercadoria.

Encarei Freya por um segundo, ela estava tão surpresa quanto eu. Antes que eu pudesse me negar a fazer aquilo a adrenalina tomou conta de mim. Nunca fui santo, porém nunca tinha infringido a lei. Mas existe uma primeira vez para tudo.

– Como vamos chegar na área industrial? – Perguntei.

– Já pulou em um trem em movimento? – A loira olhou no relógio de pulso. – Tipo em Divergente?

– Não.

A garota apenas me puxou pelo pulso e voltou a correr. Corremos por alguns quarteirões até chegarmos a um cruzamento de trem.

– Você é louca? – perguntei.

– Quem não é? – o apito do trem foi quase mais alto do que a voz de Freya. – Não se preocupe, eu já fiz isso com Rato.

– Quantas vezes?

– Duas. - Nesse momento o trem já estava a alguns metros de distância. – Quando ele nos alcançar você começa a correr. Você se agarra na barra de ferro e pula.

– Ok. – gritei.

A luz me cegou por um instante. Freya começou a correr e eu a segui. Eu mal conseguia sentir minha perna, o suor pingava na minha testa e o mundo girava. Freya saltou e sumiu para dentro de um dos vagões abertos. Agarrei a barra e pulei. Foi um momento mágico, como se eu voasse e nada mais existisse, porém esse sentimento foi quebrado quando meu corpo bateu contra parede do trem.

– Você está bem? – Freya gritou no meio de uma risada.

– Eu podia ter morrido.

– Para de drama, qualquer moleque faz isso. – A garota tirou o cabelo loiro do rosto.

– É, mas eles perdem os braços. – Eu disse indignado.

– Vamos chegar à área industrial em uns vinte minutos. – Ela informou. – Tem uma fábrica de doces perto da ferrovia, ninguém vai se importar se roubarmos uma caixa de balas.

Balancei a cabeça concordando.

Enquanto a viagem seguia silenciosa, o arrependimento tomou conta de mim, eu poderia ser preso por invadir propriedade privada e por ter roubado uma caixa de balas para uma competição tola. Freya também parecia estar tensa.

– Os desafios nunca foram desse nível. – ela disse me entregando a lista.

– Invadir uma fábrica e roubar uma caixa da mercadora, cobrir um carro com post-it, pegar a mão de uma estátua, correr sem roupas na pista de atletismo da escola e pintar o para-brisa uma viatura com tinta spray rosa – eu li os desafios em voz alta.

– Kyle é louco. – Freya gargalhou no exato momento em que o trem parou. – Corre.

Eu saltei do trem seguido por Freya que dava pequenos gritinhos e gargalhadas enquanto alguém gritava conosco, provavelmente o maquinista.

– Vamos precisar de post-it. – Eu falei. – Tem uma fábrica de cadernos e coisas do tipo, está quase falida, duvido que tenha uma boa segurança ou que seja difícil de entrar, podemos roubar o post-it e matar dois coelhos de uma vez só.

– Você é um gênio.

Andamos rápido pelas ruas escuras. Como a cidade era pequena a maioria das fabricas fechavam durante a noite. Conferi no relógio e ainda tínhamos uma hora e cinquenta minutos.

Assim que avistamos o prédio de tijolos vermelhos com uma enorme placa da mascote em forma de bloco de papel com grandes olhos feitos de caneta esferográfica azul.

– Tire uma foto – Freya me entregou a câmera e fez cara de garota malvada em frente aos portões enferrujados.

Não havia nenhum tipo de cerca elétrica ou câmera de segurança aparente. Freya escalou a grade metálica com uma facilidade incrível. Eu tive um pouco de dificuldade por estar carreando uma mochila e ter mãos e pés um pouco grandes de mais para a atividade.

– Só precisamos ir até o estoque – a garota apontou para um galpão.

Corremos tentando fazer o mínimo de barulho. Felizmente o galpão estava destrancado. Liguei o flash da câmera para iluminar o ambiente. O galpão era enorme, repleto de estantes e empilhadeiras. Caixas de todos os tipos de materiais para escritório estavam arquivados em ordem alfabética.

– Sorria – gritei para Freya que segurava duas caixas pequenas.

Tirei a foto.

Freya me entregou as caixas que couberam perfeitamente na mochila, depois ela pegou mais uma caixa e saímos correndo.

– Parados! –Alguém gritou assim que saímos do estoque.

Senti o meu corpo ser tomado pela adrenalina. Puxei Freya que corria com dificuldade devido a caixa que carregava. Sirenes ecoaram pelo ambiente. Cada vez eu corria mais rápido. O medo de ser preso não era nada comparado ao medo que eu sentia dos cachorros que latiam e babavam.

Freya jogou a caixa por cima da grade e começou sua rápida escalada. Resolvi fazer o mesmo com a mochila.

– Rápido Leo – ela gritou pulando para o outro lado.

Meus pés tocaram o chão no exato momento que os cães alcançaram a grade. Ajuntei a caixa e continuei correndo. Acompanhei Freya nas risadas, por mais que eu não estivesse achando graça e estivesse quase me mijando do medo.

– Eu vou matar o Kyle – disse ofegante.

– Eu te ajudo – Freya respondeu abrindo a caixa. – Agora vamos para a segunda tarefa.


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Notas finais do capítulo

Gente eu tive que dividir esse capítulo, mesmo deixando os desafios beeeem superficiais.



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