Por onde você andou, Miles Foxx? escrita por Lord


Capítulo 23
King.


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo pelo ponto de vista do meu amor da minha vida, o menino Miles.
Espero que gostem de como a mente confusa dele funciona.
Ouçam King de Years & Years, ela descreve perfeitamente como o Miles se sente em relação ao Leo depois disso tudo.



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– O que você vê no desenho? – A mulher negra e baixa perguntou.

– Um dragão. – Respondi, não sendo sincero, já que para mim aquilo parecia mais uma das várias manchas de tinta que eu havia visto em todos os dias desde que eu resolvi voltar para casa, a minha casa e não a casa da minha mãe.

Há dois meses eu percebi que era uma pessoa horrível. Então eu saí de uma casa noturna que eu estava e resolvi voltar para casa. Pode ser uma coisa costumeira, você sai de uma boate, volta para casa, dorme, acorda e volta a viver sua rotina. O pequeno detalhe é que eu tive que pegar um voo de mais ou menos doze horas para voltar para casa. Por mais que eu achava que a Finlândia era a minha casa, não era. Eu conheci pessoas ótimas, eu nunca cheguei de fato ver o sol na Finlândia, então posso fingir que fiquei apenas um dia fora.

– Tudo bem, a sessão está encerrada. – Ela disse por fim.

– Graças a Deus. – Murmurei.

Meu pai estava me esperando do lado de fora da sala. Ele lia uma revista sobre decoração. Sorriu quando me viu. Meu pai alcançou a meia-idade, mas de fato ela não alcançou ele. Não havia nenhum fio de cabelo branco, ou uma ruga muito evidente, os olhos cor de mel eram sinceros e carinhosos.

– Ela ligou outra vez. – Meu pai disse.

– Não quero falar com ela. – Respondi. – Nem com ela, nem com o meu irmão, nem com ninguém.

– Nem com o Leonard? – Ele ergueu uma das sobrancelhas.

– Eu vou ter que voltar e falar com o Leonard alguma hora, eu prometi isso. – Eu disse descendo as escadas. – Mas não disse quando, posso voltar em 2031. Se eu ainda estiver vivo, é claro.

– Não brinque com isso.

– Vocês acharam que eu tinha morrido? – Perguntei abrindo um sorriso.

– Claro que sim. – Meu pai disse surpreso com a pergunta. – Quer dizer, você deixou todos muito preocupados, você ficou três meses sumido sem dizer nada para ninguém. Eu te amo, eu me preocupo e me importo com você...

Soltei a gargalhada mais irônica e sarcástica que eu pude.

– Não se importa tanto assim. – Respondi. – E eu não fiquei três meses sumido, apenas dois. Meus amigos conseguiram me encontrar antes de eu ir para a Finlândia.

Meu pai parou e me encarou assustado.

– Leonard estava dizendo a verdade?

– Claro. – Respondi. – Eu só precisei chantagear os outros e pareceu que o Leo estava delirando. Podemos ir comer alguma coisa? Eu estou faminto.

– Como você pode dizer isso com tanta leveza e sem remorso. – Ele disse sério.

– Da mesma maneira que você pôde dizer ao seu filho mais velho que me acariciar e me expor em uma webcam para Deus sabe quem era errado. – Gritei. – Eu fui reconhecido. Depois de todos esses anos um cara me ofereceu dinheiro para chupar ele. Depois de onze malditos anos. Eu não fugi do nada, eu não sou você, eu não sou o Ross. Eu fiz coisas horríveis porque por mais que você não ache eu tenho traumas. Por sua culpa, eu tenho vergonha de você Teodor.

A dor veio junto com o sorriso, depois uma careta já que o golpe foi um pouco mais forte do que o esperado. Meu pai nunca foi à pessoa mais paciente do mundo, então era só tirar a paciência dele para eu levar uma pancada. Sempre foi assim. Graças ao gene da minha mãe eu era completamente branco e qualquer toque mais forte deixaria marcas.

Aproximei-me do meu pai e sussurrei.

– Canto esquerdo superior. – Apontei para a câmera de segurança. – Espero que te estuprem na cadeia.

Enquanto meu pai estava sem entender as coisas direito eu corri escada acima em direção à sala da psicóloga.

– Shanon abra a porta, por favor. – Bati com força. – Meu pai me bateu, ele está furioso.

Chorar sempre foi algo que eu consegui fazer com a maior facilidade, então algum esforço e lágrimas estavam nos meus olhos.

A mulher abriu a porta e me encarou surpresa.

– Miles, volte aqui, agora. – Meu pai disse subindo as escadas.

– Me ajude, por favor.

***

– Como eu disse ele me bate todas as noites. – Menti. – Principalmente quando ele usa drogas. Eu quero voltar para a casa da minha mãe, mas ele não permite porque eu fugi uma vez. Mas eu fugi porque eu tenho alguns traumas causados por ele e pelo meu irmão.

Como eu tinha quase certeza ele não seria preso apenas por me bater eu fui mais além. Escondi vários tipos de drogas sintéticas e algumas fotos de Liza nas coisas dele. Liza era uma garota legal, não é sempre que você pede para uma recém-conhecida te enviar algumas fotos pelada e a pessoa realmente enviar. Não tem mais pessoas assim nos dias de hoje.

O policial anotava tudo o que eu dizia em um pequeno bloco de notas.

– Você tem alguma testemunha? Vizinhos ou alguém que more com vocês? – Ele perguntou.

– Uma câmera de segurança gravou ele me batendo no consultório da psicóloga. – Falei. – E eu tenho algumas marcas de duas noites atrás. Além disso Shanon viu como ele estava transtornado.

– Posso ver essas marcas? – Ele perguntou.

– Claro.

– Então tire as roupas, você pode ficar de cueca...

– Não tenho esse problema. – Falei com voz de choro. – Quando eu era menor meu irmão exiba meu corpo na internet, meu pai sabia, mas nuca fez nada.

– Isso é verdade? – Ele perguntou assustado.

– Infelizmente.

Tirei a camisa depois a calça. De fato havia vários hematomas pelo meu corpo, nenhum deles causado pelo meu pai exceto o do olho esquerdo. Pode parecer burrice pagar para alguém te dar uma surra, mas valeria de qualquer forma era por uma boa causa.

Algumas fotos do meu corpo foram tiradas. O depoimento de Shanon foi tomado, assim como o do meu pai. Além de tudo o vídeo de segurança foi entregue. Torci com todas as minhas forças para o fato de eu ainda não ter dezoito ter me ajudado. Isso tudo levou muito mais tempo do que o esperado, tempo o suficiente para que minha mãe e Carter saíssem de casa e fossem até a cidade em que o meu pai morava. Quando vi os dois meu choro falso entrou em ação mais uma vez, assim como um abraço em cada um dos dois.

Algumas horas de dialogo entre a polícia e meus responsáveis depois, eu estava no carro indo para a casa de minha mãe.

Não consegui me vingar de Ross que era o principal culpado, mas consegui me vingar do meu pai que impediu que a coisa toda explodisse. E de fato me vinguei de minha mãe ficando vários meses desaparecido.

Peguei o celular e disquei o único número que eu sabia de cor. O número da única pessoa que eu poderia amar algum dia. De qualquer modo eu poderia ir embora para sempre, viver na Finlândia, eu amava a Finlândia, mas eu não conseguiria viver longe dele. Leonard me impedia de ir embora, por mais que eu quisesse, ele era como a droga mais viciante do mundo.

– Leo, eu estou indo para casa. – Desliguei antes que ele pudesse dar qualquer resposta.


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Notas finais do capítulo

Eu postei esse capítulo 01:08 da manhã, não revisei, sorry. Também não respondi os comentários do capítulo anterior ainda, mas eu vou responder, eu juro.
bjbj