Como Kyle resolveu que não soltaria Simon, tive que dirigir até a casa do moreno que reclamava de tudo que havia acontecido enquanto esteve longe. O fato de eu ter virado amigo de Scott ainda deixava ele muito mal-humorado, isso fazia Simon rir enquanto afagava o cabelo do menor.

– Você tem a chave? – Perguntei assim que avistei a casa do garoto.

– Não, mas o Miles tem. – Ele disse sério.

– Claro que tem. – Murmurei discando o número de Miles no celular que emitia uma luz um pouco forte de mais.

Miles demorou uma eternidade para atender.

– Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou sonolento.

– Seu irmão aconteceu. – Respondi um pouco carrancudo, já que as reclamações de Kyle eram meio contagiosas. – Preciso que abra a porta e pegue esse traste.

Miles riu do outro lado da linha.

– Se o traste for você eu pego com muito prazer, já estou descendo.

É estranho de admitir, mas eu sou um pouco metido, então acabei por vasculhar o carro de Simon enquanto ele conversava com Kyle sobre coisas que nem todo mundo sabia sobre alguns filmes. Enquanto checava o espaço ao lado da porta achei uma carteira de cigarros e um isqueiro com a estampa da Torre Eiffel.

– Você fuma? – Perguntei assustado.

– Ele é francês. – Kyle disse como se fosse óbvio. – Isso é tão sexy.

Simon e eu rimos, pelo espelho pude ver seu rosto corar. Assustei-me quando Miles entrou no carro pela porta do carona usando roupas para uma social ou passeio no shopping. Ele me olhou e sorriu, não com o seu sorriso sarcástico, mas com o sorriso de quando éramos crianças e compartilhávamos um segredo.

– Para onde vamos? – Ele perguntou animado.

– Eu e Simon vamos para a casa dele, você e Kyle vão para o segundo andar. – Disse ríspido. – Você está de castigo.

– Para de ser tão chato, é só a gente voltar antes da meia noite, igual a Rapunzel. –Kyle disse animado no banco de trás.

– Quem sai do baile à meia-noite é a Cinderela, e já são quase quatro horas...

– Então nós ainda temos vinte horas de diversão. – O moreno disse ainda mais animado.

– Miles leve ele. – Eu disse encarando o garoto que parecia achar graça do estado em que o irmão se encontrava.

– Por que não subimos os quatro? – Miles perguntou.

– Acho uma ótima ideia.

Kyle se colocou entre os dois bancos da frente, olhou para mim com a maior cara de cachorro que caiu da mudança, depois olhou para Simon com cara de safado, voltando o olhar de cachorro que caiu da mudança para mim novamente.

– Não podemos, deixamos Savannah dormindo e...

– Podemos sim. – Simon disse animado. – Savannah passa mais tempo na minha casa do que na casa dela, com certeza ela não vai se importar.

– Viu? O Pierre quer ficar.

– Simon. – O loiro corrigiu meio sem jeito.

Acabei concordando, depois que Simon ligou para Savannah e se certificou de que ela ficaria bem. Também fiz Miles falar para a mãe dele que passaríamos a noite em sua casa, talvez a mãe dele estivesse com muito sono para se importar com o castigo e acabou aceitando tudo de boa. Não que eu fosse chato, ou tivesse resolvido ser um garoto sério do nada, eu apenas queria que mais ninguém se metesse em confusão por minha causa.

Assim que entramos Kyle arrastou Simon para o seu quarto, enquanto isso Miles e eu ficamos conversando por alguns minutos na cozinha, enquanto ele preparava alguma coisa para comer.

– Por que você deixou Kyle e Scott brigarem? – Perguntei indo direto ao ponto que estava me irritando. – Sabe que eu odeio violência.

– Achei que você odiaria eles então eu eliminaria a concorrência. – Miles deu de ombros.

Fiquei tão surpreso com a resposta que não sabia se enchia o menor de beijos, lições de moral ou até mesmo umas belas porradas. Como Miles podia ser tão vazio e falar tanta bobagem em uma frase só?

– Kyle é meu amigo, assim como Scott e você. – Eu disse irritado.

– Então você também anda se pegando com eles? Ninfeta safada. – Miles fez a maior cara de indignado que eu já vi.

Tomei cuidado para controlar a risada enquanto me aproximava do menor. Miles sorriu e saiu correndo carregando uma tigela de cereal matinal. Eu tentava fazer o mínimo de barulho enquanto corria pela casa.

Eu não sei ao certo como acabamos chegando ao quarto de Miles, mas assim que porta foi fechada não pude me segurar. Empurrei e ergui o garoto contra a parede, deixando-o um pouco mais alto do que eu. Dei leves beijos em seu pescoço, depois na ponta do nariz e algumas leves mordidas no lóbulo da orelha, para só então chegar aos lábios macios e gelados do menor. Ficamos nos beijando por um longo tempo até estarmos sob as cobertas usando apenas as cuecas e meias.

Eu queria Miles, eu teria Miles. Alguns fatores biológicos, não podiam negar que ele também me queria. Eu podia sentir a ereção do garoto, assim como a minha também era evidente. O estranho é que eu estava completamente confortável com tudo aquilo.

– Estou com sono. – Miles murmurou ofegante.

– Você vai me deixar assim? – Perguntei olhando para a mão do menor que ainda tocava o meu membro.

– Você tem belos braços. – Ele me deu um beijo no rosto. – Boa noite, Leo.

xXx

Acordei com a risada de Miles. Ele, Kyle, Simon e para minha surpresa Savannah estavam conversando. Alguém abriu a porta com força. Pude ouvir o gritinho animado de Freya seguido pelo de Savannah. Observei a movimentação do quarto sem entender direito o que estava acontecendo.

– Amiga! Você está com os outros amigos – Freya disse se jogando na cama. – Olá Leo.

– Freya ele não está vestido, saia dai, por favor. – Miles disse. – Não toque no meu homem.

– Não sou seu homem. – Provoquei Miles. – Liv, pega a minha calça? Você está pisando nela.

– Desculpe. – A garota disse sem jeito jogando a calça de moletom que na verdade era do Simon.

Tive que colocar a calça como se estivesse em um reality show, além da dificuldade natural eu ainda tinha o fator Freya que estava deitada ao meu lado me espiando por debaixo da coberta.

– Amigo, me liga um dia desses. – A garota disse jogando o cabelo colorido para o lado.

Pude sentir meu rosto corar.

Ficamos no quarto conversando por algum tempo. Simon explicou como nós nos conhecemos e como tivemos que ir buscar Kyle no bar, escondendo o fato de ter sido apalpado e paquerado o caminho todo.

– Queria que dois caras brigassem por mim. – Freya disse.

– Você bateria nos dois garotos e faria deles seus escravos pessoais, como você já fez uma vez. – Rato disse sério.

– Eles não eram meus escravos, eu deixava cada um deles apertar meus peitos nas terças e quintas se revezando por apertão.

Todos encararam Freya com cara de indignados, mas a garota apenas deu de ombros.

– Bem, já que estamos todos aqui eu queria fazer uma coisa. – Simon disse exagerando no sotaque francês, ou apenas estivesse nervoso. – Ontem eu conheci alguém que eu já conhecia, mas dessa vez foi com um olhar diferente, dessa vez foi algo especial.

– Eu queria dizer. – Kyle estava um pouco envergonhado. – que Simon e eu estamos juntos, mesmo sendo algo inesperado e apressado.

Admito que fiquei feliz pelo namoro dos dois, mas também fiquei com uma pulga atrás da orelha por não ter provado o francês quando eu tive a oportunidade.