TiMER escrita por Witch


Capítulo 3
Eu, você e... Mal?!


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO!

Oficialmente a história acabou no capítulo 2. Esse aqui é uma experiência APENAS.
Veja, eu sou apaixonada com Swan Queen e Dragon Queen, então POR QUE NÃO SHIPPAR DRAGON SWAN QUEEN?!

Então, sim, esse cap é OT3. Dragon Swan Queen ( ou para quem não sabe: Mal x Regina x Emma). Se não gosta, não tem problemas, é só reler os dois primeiros caps... MAS se tem curiosidade ou se shippa loucamente como eu, espero que seja uma leitura interessante! Eu gostei muito de escrever, embora eu achei estranho em algumas partes ;)



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Quando Regina disse que socaria o destino se pudesse, ela estava falando a verdade.

Passaram-se meses desde que seu TiMER zerou com Emma Swan. Foram ótimos meses com Emma e Henry. Ótimos. Três meses depois o relógio de Abi zerou com Fred. Parecia que tudo acabaria bem.

Exceto uma coisa: Mal estava miserável.

Regina não percebeu imediatamente, mas no decorrer das semanas, ficava cada vez mais óbvio que ela estava murchando e o fogo em olhos desaparecendo. Ela foi a primeira a perceber e atentou as amigas para o fato. Ursulla a olhou com um pouco de culpa, mas ficou em silêncio. Então, os meses seguintes foram tentando trazer um pouco de felicidade para Mal, qualquer sorriso, qualquer risada já valia a pena, mas a mulher, quando sorria, ainda era miserável.

Quando elas saiam juntas e Mal se perdia em pensamentos, o coração de Regina se partia quando via a angústia nos olhos da amiga e ela tinha vontade de consertar aquilo, de fazer qualquer coisa para ajudar, mas ela não sabia o quê.

As coisas começaram ficaram muito complicadas quando, no sétimo mês em que Regina estava com Emma, as duas brigaram feio. O problema: Neal, o pai de Henry. Ele estava indo para a cidade passar uns dias com o filho e Emma só se lembrou de avisar para Regina quando Neal chegou à cidade e ela o encontrou jantando com Emma e Henry na Granny’s. Ela se sentiu... Traída não é a palavra certa, mas foi bem próximo disso. Ela e Emma não se falaram por três dias até que a tenente apareceu na mansão num dia de madrugada, pediu desculpas e as coisas se resolveram. Aparentemente, Neal iria se casar dentro de algumas semanas e queria contar para Henry pessoalmente.

Só havia um grande problema: nesses três dias, mais especificamente o dia da briga, Regina foi para o bar de Mal sozinha. Cro e Ursulla estavam numa ‘viagem de negócios’, Abi estava muito ocupada com Fred e ela estava brigada com Emma. Mal foi sua primeira escolha e a mais lógica. Então, lá estava ela, com um vestido justo negro e bebendo no balcão. Mal estava ao seu lado com uma roupa estranhamente social para a ocasião.

Tinha algo em Mal que fazia Regina simplesmente esquecer. A energia dela era algo que Regina adorava e devorava com prazer. Sempre foi assim. Com Mal, ela conseguia esquecer Daniel e Robin, Cora, os problemas do dia a dia e os problemas pessoais. Era só riso e um sentimento bom.

Naquela noite, depois de contar o porquê da briga e o quanto estava chateada, Regina perguntou o que estava acontecendo com Mal. Ambas tinham bebido bastante, mas não o suficiente para Regina esquecer-se da noite. Mal riu e disse que era nada, mas Regina insistiu.

– Você está miserável. Todo mundo notou.

– Eu estou bem.

– Você não está bem. Eu te conheço e você não está bem.

– Vai passar.

– O que vai passar?

E talvez, por que Mal estivesse mais ou menos bêbada ou cansada, ela tirou os braceletes e pulseiras do seu braço direito e mostrou o 0. Regina soltou um ‘oh’ e perguntou quem era.

– Não importa. O tempo dela zerou com outra pessoa. – e bebeu mais uma dose – Eu vivi anos sabendo que não iria acontecer, e quando o tempo dela zerou, eu fiquei feliz, mas – riu – eu sou uma pessoa egoísta.

Regina nunca viu Mal chorar, mas a loira parecia perigosamente perto disso e ela não sabia o que falar. Ela não era expert em números, então fez o que qualquer amiga, com números ou sem, faria: beberam.

Mal era alguém muitíssimo inteligente e esperta. Ela era sagaz e percebia as coisas com facilidade. Absurdamente sincera e não tinha medo de se queimar para tentar ajudar os amigos. Regina se pegou pensando nas qualidades da amiga enquanto conversavam e Mal ria. Mal namorou algumas pessoas e dormiu com muito mais. Regina sabia que ela era ferozmente fiel e se lembrava dos ciúmes quando Mal começou a namorar uma garota chamada Rose na faculdade, ela se lembrava dos toques e de como Mal a olhava com se Rose fosse tudo, fosse o universo inteiro e se lembrava da inveja, da vontade de empurrar Rose para lado e tomar seu lugar.

Na época, ela simplesmente achou que era inveja dos números, inveja de jamais ter alguém para ela. Várias vezes, ela sabe que imaginou que não se importaria de ficar com Mal, com números ou sem. Uma parte dela até achou que isso fosse acontecer eventualmente, Mal ignorava o TiMER em seu pulso e Regina não tinha um, seria perfeito, mas nunca aconteceu. E nem aconteceria por que agora existia Emma.

– Quando? – perguntou Regina interrompendo uma história que Mal contava. – Seus números zeraram... Quando?

Mal pensou em não responder, mas tomou mais um gole e sentiu o álcool queimando sua garganta.

– Faculdade.

E de repente, Mal fazia todo o sentido. Os namoros fracassados, o sexo casual – muito casual – e o desdém dela pelos números.

– E você nunca falou?

– Não.

– Por quê? Os números dela poderiam zerar com você eventualmente.

– Não poderiam.

– Por quê?

Mal bateu o copo com raiva no balcão.

– Não interessa. Hoje os números dela zeraram com outra pessoa. O que importa?

– Tudo importa por que você está miserável e você nunca ficou assim antes.

– Os números dela não tinham zerado com alguém antes, então me desculpe se eu não estou feliz. – Mal parou de falar, fechou os olhos e respirou fundo. – Eu estou feliz por ela. Eu quero que ela seja feliz e eu quero ficar ao lado dela, então eu estou dando um jeito, ok? Eu vou ficar bem.

– É a Abi?

Mal a olhou como se ela tivesse ficado louca.

– O quê?! Faz sentido! – respondeu Regina bebericando seu Martini.

– Não faz. Enfim, não importa. – abriu um sorriso – Não conhece alguém sem números? Eu, com certeza, poderia ser feliz com uma presença quente na minha cama.

– Você sempre tem uma presença quente na sua cama e agora, faz todo o sentido. Você estava tentando esquecer! Como eu nunca percebi isso antes?!

– Não doía tanto antes. – respondeu Mal perdendo a vontade de sorrir – Agora dói.

Regina queria resolver o problema, queria abraçar Mal e fazer toda a dor desaparecer, mas ela tinha Emma.

– Antes, eu sabia que os relacionamentos dela não iriam funcionar, então eu tinha paciência... Já esse... Esse vai durar e eu a perdi para sempre. Podemos mudar de assunto?

– Por que nunca disse nada antes?

Mal balançou os ombros.

– Porque eu sou uma covarde estúpida.

– Mal, é claro que não. Mas você esperou muito.

– Eu sei... Disso, eu sei.

E os lábios delas tremeram. Regina a puxou para um abraço e sentiu Mal relaxando entre seus braços.

– Vai ficar tudo bem. Vamos dar um jeito nisso.

Mal não respondeu, só a abraçou com força, depois respirou fundo e a deixou ir.

– Quer ver uma coisa impressionante?

Regina disse que sim.

As duas saíram do bar e foram andando. Mal a guiou para algum lugar no bosque ao redor de Storybrooke e Regina reclamou de dor nas pernas umas 10 vezes... Até que Mal declarou que elas tinham chegado.

Regina estava mais bêbada do que menos, mas ela se lembra do céu maravilhoso que a recebeu. Parecia mais um pintura do que algo real. Um vento frio a fez tremer, mas nada tirou a maravilha do momento. As estrelas, milhares, enfeitavam o céu escuro com seus brilhos – algumas mais, algumas menos – e embora Regina soubesse que existiam bilhões de estrelas no céu, ela se pegou realmente vendo isso.

– É incrível. – e se virou para Mal, que a olhava. Os olhos de Mal provavelmente refletiam o seu próprio fascínio e Regina não pensou nada demais sobre o fato de Mal não ter olhado para cima uma única vez.

– Eu venho aqui com um telescópio as vezes. Uma garrafa térmica com café ou chocolate quente, um cobertor e fico observando as estrelas.

– Eu sempre soube que você tinha uma coisa com o céu e as estrelas, mas eu nunca achei que você continuava. Eu nunca vim aqui.

Mal riu.

– É uma coisa minha. Que eu gosto de fazer para relaxar a mente.

– É maravilhoso!

– Eu posso te fazer um pedido?

– Claro. – a olhou. – Qualquer coisa.

– Não traga Emma aqui.

Okay. Foi um pedido estranho.

– Certo, mas por quê?

– Como eu disse: é um lugar meu. Eu gostaria de preservar. Pelo menos, uma coisa tem que ser minha.

– Mal.

– hum?

– É Emma?

E Mal riu.

– Eu não a conheci na faculdade.

E sim, tem razão.

Depois daquela noite, Regina começou a ver Mal de uma forma diferente. Era estranho conhecer alguém por tanto tempo e de repente olhar para eles e ver algo diferente, maior, mais interessante. Dois dias depois, no dia seguinte a Emma pedir perdão, no dia seguinte a ela aceitar concorrer a Senadora pelo partido democrata, os números apareceram no seu punho esquerdo.

Ela acordou no meio da noite com a Emma a abraçando como um coala e uma dor incomoda em seu braço. Quando conseguiu chegar ao banheiro, foi que viu os números no seu braço esquerdo e o zero em seu braço direito e o mundo não fazia mais sentido.

Ela, em suas pesquisas pela internet, sabia sobre a possibilidade de alguém possuir dois TiMERS, ou seja, duas almas gêmeas ao mesmo tempo. Havia vários casos do tipo: algumas dessas pessoas acabaram destruídas em diversos pedaços, outras escolheram apenas um parceiro e uma parcela conseguia ser muito mais feliz com os dois parceiros. Era mais comum ter dois TiMERS do que nenhum número

Por medo, ela não contou para Emma sobre os novos números em seus braços e nem para Abi ou Ursulla ou Cro. Também não mencionou para Mal. Ela só marchou no dia seguinte para o consultório do Dr. Hopper e pediu por alguns minutos do tempo dele (na verdade, ela roubou 10 minutos entre sessões).

– Regina, tem muito tempo desde que nos falamos. Como você está?

Regina só balançou a cabeça negativamente e mostrou o braço direito com o 0 de Emma. Ele abriu um sorriso e a parabenizou.

– Você não parece feliz.

– Eu estava. – e depois mostrou o braço esquerdo.

Archie arregalou os olhos e soltou um ‘oh’.

– Como está a sua agenda? Acho que consigo te encaixar em algum horário.

Naqueles dez minutos, eles concordaram em não falar nada para ninguém, especialmente para Emma. E no dia seguinte, quando voltou, Archie a esperava com um sorriso.

– Eu já atendi pessoas com dois TiMERs. – ele disse com um suspiro – E não é uma situação fácil.

– Nada fácil.

– Mas também não é impossível de ser resolvida. Diga-me sobre quem zerou o primeiro TiMER.

E era fácil falar sobre Emma. Falar sobre como o sorriso de Emma a fazia derreter, sobre como os beijos da loira a faziam feliz e em paz, sobre como os braços de Emma a faziam sentir segura, sobre como ela podia contar com Emma para tudo, como as coisas faziam sentido com Emma por perto. A convivência não era perfeita – nenhuma é! – mas faziam Regina sorrir como uma adolescente e imaginar a vida como uma criança. E principalmente, ela não se sentia sozinha mais.

– Você parece que gosta muito dela.

– Eu gosto, por isso estou com muito medo do que esse Timer significa e de como ela vai reagir a isso.

Archie concordou.

– Os parceiros nem sempre reagem como esperado. Isso pode ser bom ou ruim.

Regina só apostava no ruim.

– Agora me diga. Houve algum grande acontecimento na sua vida?

– Eu decidi que irei me candidatar a Senadora.

Aquilo fez Archie rir como uma criança e a parabenizar.

– Mais alguma coisa?

Regina pensou. Não havia nada... Nada de novo... Nada... Oh. Mal.

– Eu comecei a ver uma pessoa bem diferente do que eu a via antes.

Aquilo fez Archie se inclinar para frente.

– Como assim?

– Somos amigas há anos, mas de repente, ela mudou diante dos meus olhos e eu a vejo diferente.

– Coincide com o aparecimento do TiMER?

– Quando eu percebi o TiMER, foi o mesmo dia que eu aceitei concorrer e que eu percebi que a via diferente... E também pensei nela... Como alguém para me auxiliar nesse caminho.

– Não Emma?

Regina sorriu.

– Emma não serve para política, para todas as coisas que precisavam ser feitas para uma eleição. Mal me ajudou em todas as eleições que eu participei... Mal sempre estava lá gritando com as pessoas para saírem da frente e intimidando meus competidores. É que Emma é sincera e é um amor, ela é o tipo de pessoa que você quer abraçar quando tudo terminar. Mas, Mal é uma parceira para esse tipo de coisa. Ela se envolve e ganhar, para ela, se torna pessoal. Mal tem paixão e isso é algo que sempre nos uniu. Ela sabe o que é preciso ser feito e ela faz, sem crise de consciência sem criar problemas.

– E isso te impressiona?

– Muito.

– Entendo.

– Você entende? Por que eu não!

Ele sorriu e continuou a fazer perguntas.

Devido ao TiMER, Regina teve que evitar contatos prolongados com Emma e felizmente, a loucura causada pela sua decisão de concorrer lhe deu uma ótima desculpa. O problema era que passava mais tempo com Mal, que fingia que nada tinha acontecido.

A vida seguia normalmente para a maioria, mas Regina sentia que estava enlouquecendo.

Mal ficava cada vez mais miserável e Regina não sabia o que fazer.

– Não há o que fazer. – disse Ursulla enquanto as duas almoçavam juntas. – Números são cruéis.

– Então, você sabe sobre o 0 de Mal! Desde quando?

Ursulla balançou a cabeça.

– Alguns anos, mas eu descobri por acidente e achei que ela iria me matar depois. Olha, eu estou fazendo o possível por ela agora, eu prometo.

– Você sabe quem é?

Ursulla hesitou e Regina continuou a pressionar.

– Quem é? Talvez, ainda haja uma chance.

– Regina, meu amor, não tem. Os números dela zeraram com outra pessoa e a não ser que ela tenha um segundo TiMER, não há futuro para a Mal.

– Eu me recuso a acreditar nisso.

– Isso nunca te incomodou antes.

– Antes, ela não parecia tão infeliz. Isso me machuca por que eu conheço Mal há muitos anos e, deus, Ursulla, ela quase chorou quando estava me contando sobre isso. O que eu deveria fazer a não ser querer ajudar?

Ursulla a olhou com... Regina não soube definir, mas era algo entre dor, pena, compreensão e tristeza.

– Como eu disse. Sem outro TiMER...

– Mas é possível surgir outro TiMER. – disse Regina com confiança. – Talvez, tenha surgido nela.

Ursulla suspirou.

– É mais comum que nenhum número, mas não tão comum assim.

– Você não sabe. Ninguém sabe. Os dois TiMERs ainda são um mistério maior que um. Eu me recuso a acreditar que existe alguém sortudo o suficiente para ser amado por Mal e não corresponder a esse sentimento. Não faz sentido.

– E se você fosse? E se Mal quisesse você?

Regina ficou em silêncio um minuto, depois respondeu.

– Mas eu tenho Emma.

– Então, é possível Mal querer alguém que ela não pode ter.

– Está falando que sou eu a pessoa misteriosa?

– Não, apenas que é possível. Vai ver é uma pessoa exatamente na sua situação. Como você se sentiria se alguém dissesse que os números zeraram com você, sabendo que os seus números zeraram com Emma e vice versa?

Regina sabia o que responder se alguém viesse falando isso, mas se fosse Mal, ela estaria perdida por que sinceramente não saberia o que fazer.

A situação ficou ainda mais complicada quando Emma disse que iria ao casamento de Neal com Henry. A celebração seria exatamente no dia em que Regina teria uma reunião muito importante com o partido, além de dezenas de coisas para resolver, então pediu desculpas centenas de vezes por não poder ir.

Emma, doce, brilhante, incrível Emma só sorriu e a desculpou.

– Mas você vai dever um favor para o Neal e para mim. Ele gostou muito da idéia e disse que tem umas coisas que ele gostaria que você resolvesse como Senadora.

– Eu posso nem ganhar!

E Emma sorriu, sorriu como se Regina tivesse dito a coisa mais tola do mundo.

– Eu sei que você vai ganhar.

E o coração de Regina doeu, apertou e derreteu de uma só vez. Ela abraçou Emma e a beijou repetidas vezes. Depois se desculpou por estar tão ocupada e Emma beijou seu pescoço, sua bochecha e sua testa.

– Você está correndo atrás dos seus sonhos. Eu já disse: esperei 10 anos, o que são mais alguns meses?

E Regina não soube como teve tanta sorte de ter alguém como Emma. Até que se lembrou no outro TiMER e teve vontade de morrer. Os números iriam zerar em três dias, Emma e Henry ficariam apenas o fim de semana e depois voltariam!

Só que não foi o que aconteceu.

Aparentemente, a viagem dos dois demoraria cinco dias e o casamento seria no quarto dia – num sábado – e os dois voltariam para Storybrooke no domingo a tarde. O TiMER zeraria na quinta e Regina roia as unhas sem saber o que fazer. Se falasse com Emma, a loira, com certeza, não iria ao casamento, ou iria e ficaria paranóica. Ela não podia estragar isso... Os dois estavam tão felizes por Neal e ela não queria estragar isso, não podia estragar isso, então ficou em silêncio e beijou Emma como se fosse a última vez antes dos dois partirem para Nova York.

Henry gritou “que nojo!” algumas vezes, mas sempre que Emma ia entrar no carro, Regina se pegava a puxando de volta e a beijando repetidas vezes.

– É só você vir com a gente. – disse Emma entre beijos. – Podemos nos beijar várias vezes indo – beijo – vindo – beijo – lá – beijo- aqui – beijo-, no meio do caminho - beijo- Nova York é linda essa época do ano.

Regina queria ir com eles, mas não podia. Simplesmente não podia.

Por fim, Emma e Henry partiram para Nova York e Regina ficou sozinha para enfrentar a bagunça que virou a sua vida.

Os próximos dias passaram num piscar de olhos. Entre todos os problemas de Storybrooke e preparação para sua eleição, Regina só teve tempo para dormir e conversar com Emma ao telefone todas as noites.

A loira sempre falava com a voz baixa e quase triste.

– Eu sinto sua falta. Eu queria que você estivesse aqui

Ou

– Eu quero voltar para Storybrooke o mais rápido possível para te ver.

E Regina sentia uma parte dela mesma morrer.

Por outro lado, vinha passando muito tempo com Mal. Regina exigiu que Mal pertencesse a sua equipe e quando não estava conversando sobre a campanha, estavam bebendo e jogando conversa fora. Regina se via pensando mais e mais em Mal e quando estava juntas, se via olhando para os números escondidos de Mal, pensando no 0.

Como fez da primeira vez, limpara seu horário no terceiro dia – no dia em que os números zerariam – e se recusou a atender qualquer um, exceto Emma. O plano era ligar para Emma pouco antes do TiMER zerar e ficar conversando com ela para sempre, ignorando qualquer outra coisa ao seu redor. E foi isso que fez até que percebeu que era Mal em sua porta.

Mal bêbada, encharcada da chuva que parecia não ter fim, e chorando.

Mal nunca chorava.

Regina terminou a conversa com Emma depois de explicar que Mal não estava bem e depois a puxou para dentro de casa.

– Meu deus, Mal, você está tremendo! O que aconteceu?

Mas a loira permaneceu em silêncio. Regina a puxou para o banheiro, mandou que ela se despisse e tomasse um banho quente. Depois, colocou um pijama para ela se trocar e foi para a cozinha, onde fez dois omeletes e esperou.

Mal apareceu na cozinha vestindo o pijama e parecendo ainda mais miserável.

– Você vai me falar o que está acontecendo?

Mal balançou a cabeça positivamente, mas ficou em silêncio. Comeu o omelete rapidamente e bebeu três taças de vinho antes de começar a falar.

– Eu não agüento mais.

– O quê? – disse ignorando o seu resto de omelete. – O que está acontecendo, Mal?

– Eu achei que agüentava. Eu juro que achei, mas não dá. Dói e eu estou cansada de sentir dor.

– O que dói? É com relação aos números?

Mal concordou e Regina sentiu-se tensa.

– Aconteceu alguma coisa?

– Eu não consigo mais fingir, não consigo mais esconder. – e se levantou. Olhou para Regina algumas vezes e tentou falar, mas não conseguiu e saiu da cozinha.

Regina terminou a própria taça e a seguiu. Seu coração batia fortemente em seu peito e ela não sabia o quê esperar.

Mal estava sentada no sofá e Regina sentou-se ao seu lado.

– É você. – disse Mal com uma voz derrotada.

– Eu?

– Os meus números zeraram com você.

– Oh.

Regina olhou para um ponto da parede e tentou pensar, mas nada vinha... Só o branco, o nada.

– Quando?

– Lembra da festa que os números do Diego zeraram? Foi lá.

Elas já se conheciam há alguns meses antes da fatídica festa que Cruella as lembrou por muito tempo.

– Por que nunca me falou nada?

Mal balançou a cabeça.

– Nunca pareceu certo. E você sempre deixou claro que não confiava em números. Você sempre se afastava dessas discussões e ignorava qualquer coisa com relação a isso. É como eu disse... Uma parte minha esperava que ficássemos juntas eventualmente... Mas...

– Emma.

Mal concordou e depois soltou uma risada triste.

– Sabe o pior de tudo? Eu não a odeio. Eu não a odeio nem um pouco. E eu queria, mas eu não consigo.

Regina não respondeu. Apenas olhou para parede mais um pouco.

– Está com raiva? – perguntou Mal. – Eu entendo se não quiser mais me ver...

E Regina queria chorar.

– Não, não é isso.

Tirou o bracelete do braço esquerdo e o estendeu para Mal, que arregalou os olhos e a olhou.

– Você tem dois TiMERs?

E Regina com lágrimas nos olhos admitiu.

– Apareceu algumas semanas atrás.

– Emma sabe?

Regina negou.

– Eu não sei o que fazer.

– Nem eu.

O TiMER zerou e as duas se olharam, depois olharam para a parede e suspiraram.

– E agora?

– Eu não sei, eu não sei.

Mal passou a noite num quarto vazio e Regina quase não dormiu. Ela não sabia o que fazer! Perder Emma seria horrível e nem queria pensar nisso, mas Mal estava tão miserável e Regina queria fazê-la a pessoa mais feliz do mundo.

E ela não fazia a mínima idéia do que fazer.

Na sexta de manhã, ela saiu cedo para o consultório do Dr. Hopper, que a recebeu com surpresa. Ela roubou mais 10 minutos de uma outra consulta e mostrou os dois TiMERs zerados.

– Emma sabe? – perguntou Archie e Regina negou.

– Foi com Mal. E eu não sei o que fazer. Eu não faço idéia do que fazer. Eu estou tão perdida!

Archie a acalmou e deu a seguinte idéia: “venha na segunda com Emma e Mal. Vamos conversar aqui. O ambiente é seguro e você não vai se sentir ameaçada.”

Mas Regina já se sentia ameaçada.

Ela contou o que aconteceu para Mal no almoço.

– Oh, okay, se Emma quiser ir... Você contou para ela?

– Não é algo que se conte pelo telefone ou skype. Tem que ser pessoalmente.

Regina cogitou várias vezes pular de uma janela e esperar pelo melhor. Não queria ter aquela conversa com nenhuma das duas.

– O que você vai fazer? Emma vai te pedir para escolher.

– E você não pediria?

Mal balançou os ombros.

– Eu não saberia o que fazer.

Regina queria gritar.

– Mas sabe... – começou Mal. – Eu fico feliz pelo segundo TiMER.

– É?

– Pelo menos, ele reforça o que eu sempre soube: somos perfeitas uma para outra.

O jeito que Mal a olhava deixava bem claro o que ela queria fazer e Regina queria o mesmo, mas ela não era uma traidora. Estava num relacionamento monogâmico com Emma e não importa o que o segundo TiMER lhe dissesse, ela não quebraria a confiança da sua namorada assim. Jamais.

– Não me olhe assim.

– Assim como?

– Como se quisesse me beijar.

– Mas eu quero.

– Não podemos e você sabe. Eu tenho que conversar com Emma, resolver essa bagunça e descobrir o que fazer.

– O que você quer?

– Eu não sei.

– Você quer a mim? A ela?... Nós duas?

E o pensamento de ter as duas foi muito atrativo. Algumas pessoas com dois TiMERs entravam em relacionamentos poliamorosos e eram os mais felizes. Ter Emma e Mal... Regina tremeu com o pensamento, mas não respondeu.

Naquela noite, ela foi num fórum para pessoas com dois TiMERs, se cadastrou e contou sua história. Depois, ela se aventurou por outras postagens e absorveu todo o conhecimento que podia.

A primeira resposta ao seu post foi pouco tempo depois por ‘Eric’. O seu avatar era um rapaz bonito sendo beijado por uma mulher de um lado e um homem do outro.

‘Eu sei como é. Nem quero me lembrar do desespero da época. Olha, eu tentei namorar os dois separadamente e não deu certo. Quando eu estava com um, eu queria o outro. No fim, eu não sabia o que fazer. Eles me queriam e eu queria os dois, então eu sugeri isso. Eles aceitaram e hoje, somos mais felizes do que julgamos possível. Você pode sugerir isso para a sua namorada e sua amiga. Tentar o relacionamento a três por alguns dias, ver o que dá. Eu só sei de uma coisa: ignorar qualquer um dos TiMERs vai te trazer dor.’

O segundo era Mary, que contou um pouco da sua história – ela estava num relacionamento com dois homens – e reforçou a experiência de Eric.

‘Se você ignorar, as três vão sofrer. É fato. O melhor é conversar, abrir o canal de comunicação e deixá-lo aberto. Assim como elas não podem evitar se sentirem conectadas a você, você não pode evitar se a conexão que você sente com as duas. ’

Nana foi a terceira. Ela, assim como Regina, teve dois TiMERs em tempos diferentes para duas mulheres diferentes.

‘Os dois estão certos. Ignorar é um grande não-não. Eu nos tranquei num quarto e forcei a conversa. Eu disse que não dava para evitar e que eu não queria escolher. Olha, não foi fácil. Elas não se gostavam no começo, mas estamos entrando num ritmo, um dia chegaremos lá. Vai por mim, três não é demais ;)’

Várias outras pessoas comentaram e todos com conselhos semelhantes: vá com calma, respire, não se desespere, não ignore e converse. Ela respondeu e comentou sobre a idéia de Archie. Nana respondeu que era uma boa idéia.

‘Ninguém vai poder matar ninguém lá ;)’

Era uma brincadeira, mas aquilo fez Regina lembrar que Mal e Emma não eram particularmente pacifistas. As duas gostavam de brigas, as duas gostavam de defender o que era delas e as duas seriam sim capazes de uma luta de punhos por alguma coisa.

‘Não brinque com isso, Nana. Elas realmente podem fazer algo assim.’

– Henry.

Ela pensou no garoto e quis evaporar na cama. Ele seria pego no meio daquela bagunça! Rapidamente, procurou respostas no fórum sobre alguma situação assim quando um dos parceiros tinha uma criança.

Havia alguns casos. Neles algumas crianças nunca aceitaram, outras tinham vergonha e uma pequena parcela aceitou com facilidade e não tinha vergonha.

Ela não podia sugerir aquilo para Emma, mas não conseguiria ver Mal tão triste também! Nem queria pensar na sua candidatura...

Foi uma pessoa aleatória que escreveu o último comentário que ela leu antes de dormir: ‘A decisão não é só sua para tomar. As duas também têm que opinar. Você não pode negar o que sente, se elas aceitarem, ótimo; se não, você não é responsável pela dor delas.’

Ela comentou isso com Mal no almoço no sábado.

– Eu não sei o que acho disso. – comentou Mal. – Eu nunca gostei de dividir.

– E eu não sei se posso escolher. É assim que é. Eu quero ficar com Emma e com você também, eu sei que isso é egoísmo, mas... Eu não consigo ver outro jeito que ninguém saia machucado dessa história.

– Você disse que poderíamos tentar alguns dias e ver no que dá?

– Foi o que me foi sugerido.

– Eu tenho lido também sobre dois TiMERs e até comentei num fórum sobre o nosso caso.

Regina parou no meio de uma resposta para uma mensagem de Emma.

– Ah é?

– Sim.

– E?

– Regina, eu tento te esquecer e seguir em frente há anos. Não deu certo. Por que eu vou tentar de novo?

– Então, você concordaria?

– Eu-... Sim. Se Emma concordar, claro.

O caso é: O que Emma acharia daquilo tudo?

Regina estava tremendo quando Emma finalmente bateu na porta da sua mansão no domingo a noite. A porta mal se abriu e Emma a tinha entre os braços.

– Eu senti tanto a sua falta.

E Regina a puxou para um beijo, e outro e outro e por fim, as mãos de Emma estavam por debaixo do seu vestido e as coisas não deveriam estar assim. Com muita dificuldade, ela se afastou de Emma, que reclamou.

– Regina, tem semanas! Tem alguma coisa errada?

– Emma... Nós precisamos conversar.

A postura da loira mudou completamente e ela seguiu Regina para a sala, onde as duas sentaram no sofá.

– Então...

Regina passou as mãos pelo rosto.

– Eu não sei como começar.

– Pelo começo é bom.

Suspirando, Regina estendeu os dois punhos para Emma e mostrou os dois 0. A loira ficou olhando para as tatuagens, depois para Regina sem saber o que falar.

– Desde quando?

– Desde que brigamos sobre o Neal. Eu não sabia o que fazer... Uma parte de mim achava que-

– Quem? – perguntou Emma com os olhos cheios de lágrimas.

E sim, Regina se sentia um monstro.

– Não, não, não chora. – pegou o rosto de Emma com cuidado e beijou. Depois, limpou as lágrimas que teimavam em cair.

Emma a afastou e a olhou com seriedade.

– Quem?

– Mal.

– Quando?

– Quinta.

– Você e ela-

– Não! – Regina imaginou para onde a mente de Emma tinha ido. – Eu te juro: nada aconteceu. Não sabemos o que fazer. Eu não sei o que fazer.

– Tem outras pessoas assim? Com dois TiMERs?

– Existem.

– O que elas fizeram?

Regina decidiu prosseguir com cuidado. Aproximou-se da loira e entrelaçou seus dedos.

– Algumas pessoas escolheram uma de suas almas gêmeas, mas as histórias não são muito felizes pelo que eu consegui achar.

Emma engoliu com dificuldade.

– E as outras?

Será que poderia deixar de existir naquele momento?

– Entram todos em um relacionamento.

– Os três?

– É.

– E isso funciona?

– Os relatos são felizes.

– Eu não sei se eu consigo. Só de pensar... –passou as mãos no rosto. – Meu deus, o que está acontecendo?

– Emma, eu não quis isso!

– Você poderia ter me falado antes!

Regina concordou.

– Eu estava com medo.

– Quem mais sabe?

– Meu terapeuta... E Mal.

Emma levantou e andou pela sala.

– Então, você tem dois TiMERs. Um zerou comigo e o outro com Mal. Certo?

Regina concordou.

– E nada aconteceu entre vocês duas?

Regina balançou a cabeça novamente.

– Eu juro. Nada aconteceu.

Emma concordou.

– Okay. Okay. E agora?

– Eu não sei. – lutava contra as próprias lágrimas. – O meu terapeuta, Archie, disse que poderia ser uma boa idéia irmos amanhã conversamos com ele.

– Eu e você?

– Eu, você e Mal.

Emma voltou a andar de um lado para o outro.

– Isso não faz sentido! Vamos fazer o quê? Te dividir? Cada dia você fica com uma? Isso é uma porcaria!

– Emma... – Regina se levantou, mas a loira não quis ouvir.

– Eu preciso ir. Preciso pensar. – e foi em direção a porta com a cabeça baixa e quente.

– Emma. Você vai amanhã?

A loira parou, mas não olhou para trás. Tentava conter as lágrimas, mas cada segundo ficava mais difícil que o próximo.

– Me mande os detalhes. Eu vou tentar ir.

Regina acompanhou com os olhos até Emma sumir no bug amarelo pelas ruas de Storybrooke.

E só teve uma vez que ela se odiou mais do que naquele instante: quando percebeu que machucara Mal constantemente durante anos.

–-

– Eu sabia que te encontraria aqui.

Emma olhou para Mal que se sentou ao seu lado no balcão do bar. Ela carregava uma garrafa aberta de whisky e a colocou em frente a Emma.

– O que você quer? – perguntou Emma. Sentia-se cansada, confusa e derrotada.

– Acho que precisamos conversar.

– Eu não quero conversar com você.

– Não é como se tivéssemos escolha...

Emma pegou a garrafa de whisky e encheu seu copo, depois tomou um gole.

– Eu acabo de descobrir que a minha namorada tem outro TiMER que foi zerado com outra pessoa.

– Não é uma situação fácil. Eu nunca pensei que isso aconteceria.

– Somos duas. Nada contra você, mas é injusto.

– Injusto? – Mal soltou uma gargalhada. – O meu TiMER apareceu quando eu tinha 10 anos e-

– Dez? E ele zerou agora?

Mal negou.

– Ele zerou há alguns anos.

– E ela não tinha números...

Mal tomou um gole de whisky.

– E então eu apareci... Você deve me odiar.

– Odiar? – riu – eu queria, eu queria muito, mas eu não te odeio.

Emma olhou ao redor para o bar cheio. Ninguém, nem mesmo o bartender, estava preocupado com as duas mulheres bebendo no canto do balcão.

– Você a espera desde os 10 anos... Como você não a colocou no ombro e saiu correndo?

Mal riu.

– Eu pensei nisso algumas vezes, confesso. – lambeu os lábios e olhou para Emma. – Sabe, eu não sabia o que eu sentia por ela quando o TiMER zerou. Nem sempre é romântico e como ela não tinha números, eu supus que era o nosso caso. Ela teve alguns casos no decorrer dos anos, eu nunca gostei de nenhum deles, mas nunca me senti ameaçada também.

– Quando você percebeu?

– Robin. O cara tinha um 0, uma esposa em coma e uma criança que simplesmente adorava Regina. Quando Abi mencionou casamento, eu surtei e percebi que não era só amizade. Aí, eles terminaram e ela ficou bem chateada por um tempo, por isso eu fiquei na minha... Eu achei que tinha todo o tempo do mundo. – soltou um risinho e bebeu novamente.

– Meu TiMER apareceu quando eu tinha 18 anos e quando ele zerou, eu não conseguia caber em mim. Eu a esperei por tanto tempo, mas deus, você a espera há mais de 20 anos! Como você aguentou tanto tempo?

– Como eu disse: eu achei que eu tinha todo o tempo do mundo. Aí ela descobriu o TiMER dela e depois, ele zerou com você... Eu achei que iria aguentar, mas dói.

– Você parecia feliz por nós.

– Eu estava. Eu juro, mas eu estaria mentindo se eu falasse que a situação era perfeita e que a minha vida estava completa.

As duas suspiraram e beberam mais um gole do whisky.

– Essa coisa de relacionamento a três... Isso sequer funciona?

Mal balançou os ombros.

– Não sei. Você pensa em tentar?

Emma grunhiu.

– Eu não sei. Eu penso em Henry e ugh, o que eu falaria para ele?

– Por que tem que falar algo para ele?

Emma a olhou com confusão.

– Como assim?

– Olha, por que ele tem que saber? Isso é entre eu, você e Regina, apenas. Eu pensei bastante nesses dias e o que mais me incomoda é a eleição.

– Esse tipo de relação pode ser um problema.

Mal concordou.

– A decisão que eu cheguei inicialmente foi a seguinte: não há por que contar para alguém. Você é a namorada e eu sou um dos responsáveis pela campanha dela. Passarmos tempo juntas é um requerimento.

– E você acha isso justo com você?

– Injusto é ficar sem ela ou ser o motivo pelo qual ela perdeu a eleição. Estou pensando em mim também. Não terei que lidar com fofocas ou paparazzis, nem fazer entrevistas ou ser examinada por todas as minhas palavras. No máximo, haverá alguma especulação sobre a nossa amizade. Eu serei invisível.

– E isso é bom?

– Eu não ligo para o que as pessoas pensam. Eu me importo com os meus amigos, e só. Pouco me importa se o mundo acha que eu não existo, é melhor assim. Você ficaria surpresa com a quantidade de informação que os invisíveis possuem.

– Você disse isso para Regina?

– Não, ela estava muito preocupada com a sua reação e eu não quis colocar mais coisa na cabeça dela.

Emma pegou a garrafa de whisky e encheu os dois copos.

– Ou seja, ninguém saberia e isso não impactaria Henry nem a eleição.

– Isso.

– Mas tem tanta possibilidade de dar errado.

– Como?

– Eu e Regina não planejávamos morar separadas para sempre. Eventualmente, moraremos no mesmo lugar e Henry também. Eu entendo que você consiga ficar com mínimas demonstrações de afeto em público, mas dentro de casa também? Sabe... Não poder beijá-la quando você quiser por que o Henry estará por perto? Você conseguiria ficar assim?

– Eu já não posso. Qual é a diferença?

– Você vai abrir mão de muita coisa, Mal!

– E vou ganhar outras! Se isso for funcionar, teremos que abrir mão das coisas. As maiores consequências são: o rapaz e a eleição. Mantendo segredo protegemos os dois. Não há outra opção possível... A não ser...

– A não ser?

– Que ela escolha só uma de nós.

– Oh.

– E é óbvio que ela vai te escolher.

– Você não sabe disso.

– Eu tenho certeza. – bebeu o resto do whisky. – Entende agora por que esconder, para mim, não é tão ruim?

Emma também terminou a sua bebida.

– Eu não sei o que fazer. Sendo bem sincera, parte de mim quer pegar Henry e Regina e correr para bem longe. Mas...

– Mas?

Emma a olhou.

– Parte de mim quer que ninguém saia machucado dessa situação.

– A culpa não é dela.

– Eu sei. – suspirou. – Mas isso é tão confuso. Tão complicado.

– Não é fácil para nenhuma de nós.

– Mas também não podemos simplesmente decidir o que fazer sozinhas. Eu não sei se ela vai aceitar te esconder como um segredo sujo.

– E ela não vai aceitar te perder ou perder a eleição.

– Não se pode ter tudo.

– Mas é possível ter tudo.

Mal encheu os copos novamente.

– Sabe. – começou Emma. – Quando ela me contou do segundo TiMER, eu juro que me imaginei te socando.

Mal soltou uma gargalhada.

– E por que não o fez?

– Porque a situação dói em você como dói em mim. Não tem outra pessoa que me entenderia melhor.

Mal estendeu o copo, as duas brindaram e beberam.

–-

O telefone tocou às três horas da manhã e Regina atendeu com um grunhido.

– Prefeita? Aqui é Antônio, eu sou o gerente do Fantasia.

Fantasia era o bar de Mal e aquilo a fez sentar na cama.

– Está tudo bem com Mal?

– Sim, ela está bem, mas ela e a tenente estão muito bêbadas. Eu pensei em ligar para o xerife, mas achei que não era necessário. Você poderia vir busca-las?

Emma e Mal bebendo juntas? Regina sentiu sua cabeça doer.

– Você fez certo. Eu vou busca-las.

Arrumou-se o mais rápido possível e foi até o Fantasia implorando para qualquer ser que a ouvisse que a situação não fosse tão ruim quanto poderia ser.

Antônio já a esperava na porta e suspirou aliviado quando a viu.

– Elas estão lá dentro.

O bar estava cheio, mesmo assim Regina conseguiu identificar a gargalhada de Mal quase imediatamente. Ela e Emma estavam escoradas uma na outra, bebiam e gargalhavam.

Regina passou pela massa de pessoas e se aproximou de suas almas gêmeas.

– O que vocês estão fazendo?!

As duas abriram sorrisos bobos e Mal respondeu:

– Bebendo.

Regina revirou os olhos e Emma começou a rir.

– Vamos para casa. Agora.

Emma escorregou do banco e agarrou-se a Regina com força. Murmurou alguma coisa desconexa e parou de se mexer.

– Emma?

– hum?

– Você consegue andar?

– uhuuuuum – mas a loira não fez questão de mexer os pés.

Regina a segurou firme pela cintura e olhou para Mal, que só observava com uma expressão séria.

– Você também, Mal. Vamos.

– Eu não quero.

– Mal, eu não vou te deixar aqui nesse estado. Vamos.

– Eu e Emma estamos conversando.

A loira, ao ouvir seu nome, largou Regina e fez menção de voltar à cadeira e à bebida, mas Regina a puxou.

– Você e Emma podem conversar mais tarde. É madrugada e eu estou exausta. Por favor, Mal.

Emma soltou uns risinhos em seu pescoço.

– Fofo. – disse Emma com um sorriso bobo. Regina não resistiu e dei um rápido beijo em cabelos loiros.

Mal a olhou e pulou em seus braços.

– Mal?

Regina sentiu beijos de ambos os lados do seu pescoço e a tentação de virar para o lado – qualquer lado – e beijar uma das loiras – ou as duas – era muito grande. Mas o bar estava barulhento e isso a manteve sã o suficiente para cumpri seu dever. Com muito custo, ela conseguiu empurrar as duas loiras para fora do bar. Ela acenou para Antônio, que agradeceu.

Com muita dificuldade, Regina conseguiu colocar as duas loiras dentro do carro e começou a dirigir. As duas riam, despreocupadas, e sussurravam palavras arrastadas entre si, então soltavam mais gargalhadas.

Inicialmente, ela deixaria as duas em suas próprias casas, mas nenhuma delas parecia em condição de ficar sozinha. Estacionou o carro e abriu a porta traseira, onde as duas abraçadas cantavam alguma música sem ritmo e sem letra. Ela puxou Emma primeiro, que sorriu e a abraçou, depois tentou convencer Mal a sair do carro, que se recusava.

– O que eu vou ganhar?

Emma começou a beijar seu pescoço e bochecha.

– O que você quer?

– O que ela está fazendo.

Emma soltou um risinho, mas não parou de beijar cada centímetro de pele que achava.

– Pode vir, Mal.

Armar o carro e andar até a porta se provou uma tarefa bem complicada com duas loiras agarradas no seu pescoço, mas soltou um suspiro de alivio quando fechou a porta.

Não seria possível levar as duas para os quartos vazios no segundo andar da casa sem todas caírem na escada, então deixou Mal deitada no sofá – depois de prometer coisas que nenhuma das duas se lembraria mais tarde – e levou Emma para o andar de cima. A loira sussurrava alguma coisa que Regina não conseguia entender até que uma frase em especial chamou sua atenção.

– Eu não quero te perder.

Regina sorriu e a colocou na cama, depois pegou um cobertor reserva num dos armários e a cobriu.

– Eu também não quero te perder. – e beijou a testa de Emma.

A loira não a deixou se afastar e pressionou seus lábios. Regina a beijou por alguns segundos e se separou. Tinha que descer e colocar Mal no outro quarto. Desejou boa noite para Emma e desceu rapidamente.

Mal não estava no sofá. A porta ainda estava trancada e a cozinha, vazia. Subiu as escadas e olhou nos outros quartos de hospedes: vazios. Olhou os banheiros: vazios também. Abriu o quarto de Emma e, com surpresa, notou que a outra loira também não estava lá.

Soltou um suspiro cansado.

O único quarto que não tinha olhado era o seu.

Emma e Mal estavam lá. As duas deitadas e abraçadas na cama. Regina ficou aliviada e se aproximou.

– Aqui.

As duas loiras se separaram e abriram um espaço no meio da cama. Sem pensar muito, ela trocou de roupa rapidamente no banheiro e entrou no lugar indicado.

Não demorou a adormecer com dois braços sobre a sua cintura.

–-

Quando Emma acordou, a cama estava vazia. Sua cabeça doía e ela sentiu seu estomago embrulhar.

Estava no quarto de Regina, o que era óbvio pelo lençol absurdamente macio sobre sua pele. Tentou se lembrar de como foi parar lá, mas conseguia supor pelo pouco que se lembrava.

Ela e Mal bebendo no bar e conversando sobre a confusão que virou a vidas das três.

Sentou-se e notou o copo de água com um comprimido. Sorriu e tomou-os. Depois, saiu da cama e foi se arrastando até a cozinha na esperança de ter algo para acalmar seu estômago.

Havia vozes vindo da cozinha e franziu as sobrancelhas quando percebeu que Mal também passou a noite. Ela não sabia como ela e Mal saíram do bar e foram para a mansão de Regina, ela só esperava que não tivesse acontecido alguma briga das três por causa do álcool.

– Bom dia. – disse Regina sorrindo para ela.

É, não teve briga. Mal bebia uma grande xícara do que Emma imaginou ser café e a olhou.

– Você se sente tão mal quanto eu?

Emma balançou a cabeça positivamente.

– Parece que eu fui atropelada por um avião.

Mal concordou e puxou a cadeira ao seu lado. Emma se sentou com um pouco de dificuldade, a cozinha estava muito clara e sua cabeça doía.

– Tomou o remédio? – perguntou Regina colocando uma xícara de café e uma banana para Emma, que agradeceu e concordou. – Bom. Antônio disse que vocês beberam o suficiente para o resto de suas vidas.

– Dificilmente. – disse Mal e Emma balançou a cabeça concordando. – Tem reunião hoje com o partido?

Regina concordou.

– Minha agenda está meio louca essa semana. Você conversou com o Paulo?

– Já está resolvido. Só estou esperando o pronunciamento oficial.

– Que pronunciamento? – perguntou Emma descascando a banana.

Foi Mal que se virou para ela e respondeu.

– Teremos uma reunião formal em Washington com resto do partido, depois Regina vai pronunciar sua candidatura em rede nacional.

– E isso será quando?

– Mês que vem, provavelmente. – respondeu Regina terminando seu café e se virando para lavar a xícara. – Até lá estamos menos atarefados.

– Uau, eu achei que vocês estavam atolados de serviço.

– Estamos. – respondeu Mal – e isso por que nem começou a campanha ainda. Serão tensos meses para todos nós. – e olhou para as costas de Regina. Emma fez o mesmo.

– Pense pelo lado positivo. – disse Emma – Quando você for senadora, você estará um passo mais próxima de se tornar Governante Suprema do Mundo.

Regina riu e virou-se para Emma.

– Você se lembra disso?

Emma abriu um sorriso orgulhoso e explicou para Mal.

– Henry perguntou a infância dela e qual profissão ela tinha escolhido naquela época. Ela respondeu: bruxa ou governante suprema do mundo.

Mal riu.

– É a sua cara.

As três ficaram em silêncio até Regina anunciar que tinha que sair.

– Eu irei até o consultório de Archie às 10. Vocês irão também?

Mal concordou. Emma hesitou, mas concordou. Ela beijou Emma nos lábios e beijou a testa de Mal, depois saiu.

Emma se sentiu horrível, mas ficou em silêncio e observou Mal se levantar e limpar a xícara.

– Não tinha serviço hoje?

– Troquei com Graham. Vou ter a patrulha noturna hoje.

– Hum! – ela guardou a xícara e declarou que iria voltar para cama. – Me sinto um lixo.

Ficou sozinha um pouco e deitou a cabeça na mesa. Queria ir para casa, mas Henry já estaria na escola e ela não queria ficar sozinha. No fim, arrastou-se para cima e voltou para o quarto de Regina. Mal pegou um dos quartos de hóspede.

Ela nem percebeu quando adormeceu.

–-

Eram 10:20 am e Regina conversava sozinha com Archie.

– É compreensível elas não terem vindo. – disse Archie para Regina que não parava de olhar o relógio. – Conversar com um terceiro sobre algo do tipo pode ser humilhante para algumas pessoas.

– Elas são do tipo que pensam assim. Duas idiotas.

–Tudo pronto para o pronunciamento?

E Regina começou a falar do estresse e da reunião mais cedo que a esgotou.

– Você já pensou como seu relacionamento com elas pode afetar a eleição?

Regina concordou.

– Sim, eu sei que irá afetar, mas eu simplesmente não posso desistir da eleição sem algum tipo de resolução para a nossa situação. A única coisa na minha vida que eu tenho certeza hoje é que eu quero concorrer.

– E se elas concordaram? O que você vai fazer?

– Concorrer do mesmo jeito.

– Relacionamentos do tipo não são muito comuns.

– Mas eles existem e não tem relação nenhuma com a qualidade do meu serviço. Eu não acho que será fácil, mas respeito as duas demais para mentir que elas significam menos para mim do que realmente significam. Eu tenho dois TiMERs e as pessoas têm que aceitar isso.

Archie abriu um sorriso satisfeito e iria falar alguma coisa, mas as tímidas batidas na porta o interrompeu.

– Só um segundo.

Regina olhou o relógio novamente e suspirou.

– Desculpe a demora. – disse Emma entrando no consultório com Mal logo atrás.

– É, alguém dormiu demais. – disse Mal.

Emma revirou os olhos.

– Só eu, né?

Mal riu.

– Archie. – disse indo até o sofá se sentando do lado esquerdo de Regina.

– Você deve ser Emma Swan. – disse Archie estendo a mão.

– Sim. – respondeu Emma com um sorriso sem graça e apertando a mão do homem. Depois, foi até o sofá e soltou-se do lado direito de Regina.

As três olharam para Archie que se sentou numa poltrona de frente para elas.

– Então, podemos começar?

–-

No fim da consulta, Emma pediu um tempo para pensar sobre tudo que estava acontecendo.

E a vida prosseguiu.

Emma admitiu sobre o segundo TiMER para Mary Margareth quando estava muito bêbada para pensar direito, por sua vez MM disse para David, que comentou com Abi, que contou para Ursulla e Cruella.

E então, logo na manhã em que Regina daria uma entrevista importantíssima, Cruella, Abi e Ursulla invadiram o set de televisão para tentar chegar até Regina, mas Mal as viu e as puxou para um camarim vazio.

– O que vocês estão fazendo aqui?!

E antes que alguma pudesse responder, ela prosseguiu.

– Aqui não é a prefeitura de Storybrooke. É uma entrevista importante que vai ditar o perfil dos eleitores dela!

– Estamos aqui por que nenhuma de vocês ousou falar do segundo TiMER dela! – disse Cruella – Quando iríamos saber? Tem quanto tempo que vocês estão se pegando no escuro?

– Eu não ligo se as duas soubessem ou não! – começou Ursulla – mas eu estava ao seu lado o tempo inteiro. Eu te apoiei quando você estava miserável por ai, o mínimo que você podia fazer era me contar!

Eu não acredito que vocês fizeram isso com Emma! – disse Abi irritada – David disse que ela está miserável!

Mas respirou fundo e respondeu.

– Iríamos contar eventualmente quando resolvêssemos o que fazer. Nós não estamos ‘nos pegando no escuro’ ou qualquer coisa do tipo. Fizemos nada com Emma. Regina nem aceita me abraçar direito por sentir culpa. Emma disse que queria tempo, Emma está nos evitando, Emma não quer conversar sobre tudo isso. A culpa não é de Regina se o TiMER apareceu, não temos como controlar isso. – respirou fundo. – Menos histéricas agora?

– Não! – exclamaram as três ao mesmo tempo.

Mal revirou os olhos.

– Olha, poderemos conversar calmamente depois da entrevista.

– Não queremos esperar a entrevista. – disse Ursulla – Vocês vão ter um relacionamento a três? Porque eu ouvi que é o único jeito de resolver um duplo TiMER...

– Emma está com dificuldade para aceitar. – disse Abi entendendo. – Mas vocês não fizeram nada mesmo?

– É claro que não. – respondeu Mal. – e me sinto insultada que vocês pensem isso. Regina está muito triste por que ter ‘perdido sua chance com Emma’ e não quer nem pensar em TiMER.

– Pense pelo lado bom. – disse Cruella. – Se Emma sair correndo, você vai ter a Reg toda para você.

– Eu não acho que ela vá sair correndo. – disse Abi pensativa. – Mas acho que ela pode demorar um pouco para tomar uma decisão.

– Melhor assim!

Ursulla se aproximou de Mal e a abraçou.

– Que bom que ela teve um segundo TiMER. – sussurrou.

Mal a abraçou de volta e concordou.

– Eu sou a pessoa mais egoísta que existe por que, mesmo que tenha trago tantos problemas, eu estou feliz.

Quando elas voltaram para o set de gravação, a entrevista já estava no final. Regina viu as amigas, mas a sua expressão permaneceu neutra. O entrevistador continuou:

– Bem, as suas respostas foram melhores do que 90% dos políticos que eu entrevisto e o seu portfólio de Storybrooke é impressionante. – ele olhou para a câmara – tudo que ela fez está disponível da página da prefeitura de Storybrooke, aba ‘projetos’ – depois voltou para Regina. – Você cumpriu com 80% das promessas de campanha e tem uma aprovação de mais de 90%! É um grande feito.

– Incompetência me incomoda. Quando eu tomei posse, a primeira coisa que eu fiz foi procurar os problemas de eficiência dos setores e consertá-los. Foi demorado, quase um ano para resolver problemas internos, mas depois...

– Depois nada mais te parou!

Os dois partilharam uma risada e ele prosseguiu.

– Sabemos do seu currículo profissional e agora, a América quer saber mais sobre você. Creio que não é casada e não tem filhos, certo? Como está o TiMER?

Mal disse para Regina ignorar o segundo TiMER.

–“Faça uma declaração de amor em rede nacional para Emma.”

Mas Regina hesitou e Mal soube que seu conselho seria ignorado.

– Eu não acho que meu TiMER influencia no meu dever como é demonstrado pelos meus números e pela minha experiência, mas eu tenho dois TiMERs.

Pequenos sussurros eclodiram no set e o entrevistador pareceu muito interessado.

– Dois TiMERs? Isso é bem raro, não é?

– É mais comum do que parece, Stephen. E não temos controle sobre isso. Os TiMERs simplesmente aparecem e nós temos que aceitá-los, querendo ou não.

– Posso ver?

Regina levantou as mangas do blazer e mostrou os dois zeros para ele, que exclamou e pediu para a câmera se aproximar.

– Então, você tem duas almas gêmeas?

– Sim.

– Pode nos falar sobre eles?

– São elas, na verdade. Uma, eu conheci recentemente e mudou a minha vida. Ela me faz feliz por existir, por estar aqui nesse momento. Ela é tudo para mim, é o meu porto seguro e quando eu a olho... Eu não sei explicar, mas o mundo faz sentido.

– E a outra?

– A outra é uma das minhas melhores amigas. Eu a conhecia desde a faculdade, mas apenas recentemente o meu TiMERs zerou. O dela está zerado há anos e ela nunca me falou! Ela estava com medo de sobrecarregar com essa informação. Mal sempre me protegeu a distância. Ela também é tudo para mim, e eu só percebi isso quando estive muito próximo de perdê-la.

– E como isso funciona exatamente? Dois TiMERs? Duas pessoas? Elas têm dois também ou só um?

– Elas têm só um e bem, estamos tentando nos entender sobre os nossos ‘zeros’. Não é fácil, mas é possível e eu acho que vale muito a pena. Os TiMERs não são apenas românticos, não importa o que a sociedade tenta nos impor, então mesmo que, por alguma razão, romance não dê certo, eu as quero do meu lado para sempre, seja como for. Eu confio nas duas e não consigo me imaginar sem elas. Simplesmente não consigo.

– Uau! É muita coragem falar isso. Muitas pessoas consideram o segundo TiMER um “erro”. O que você acha disso?

– É como eu disse, Stephen, o fato de alguém ter um, dois ou nenhum TiMER não afetar a nossa competência ou o que podemos fazer num trabalho. Erro, ao meu ver, é tentar se esconder e ser quem você não é apenas para satisfazer as outras pessoas. Meus TiMERs me trouxeram pessoas maravilhosas com quem eu posso me ver passando o resto da minha vida, por isso, eu não consigo ver um erro nisso.

– Incrível! Foi um prazer ter essa conversa com você!

As câmeras pararam de gravar e houve aplausos pelo set. Abi foi a primeira a sair correndo e se jogando nos braços de Regina, seguida por Ursulla e Cruella. Mal ficou parada só observando a cena. Iria gritar com Regina mais tarde sobre a tolice de admitir sobre os TiMERs naquela entrevista, mas no momento, ela só queria aproveitar o fato de que era amada.

Mal esperou Regina no camarim e abraçou assim que a outra entrou no cômodo.

– Sua idiota! – disse e a abraçou com mais força.

As duas se separaram e Regina abriu um imenso sorriso.

– Posso te beijar? – perguntou Mal.

Regina não respondeu, apenas juntou seus lábios. Mal levou suas duas mãos para o rosto de Regina. Elas não souberam quanto tempo ficaram trocando pequenos beijos no camarim até as batidas na porta as forçarem a se separar.

Era o entrevistador, Stephen. Ele pediu licença e ela o convidou a entrar.

– Desculpe, eu só precisava falar com você em particular.

Mal, sentada num sofá marrom, só olhou desconfiada para o homem. Ele sorriu e levantou as duas mangas do paletó azul escuro.

Dois zeros. Um em cada pulso.

– Você não está sozinha e meu voto é seu. – ele a abraçou e Regina olhou surpresa para Mal, que riu.

– Eu nem imaginava!

– Eu muito menos. – respondeu Stephen e mostrou os TiMERs novamente. – Anna e Elise. Os amores da minha vida.

Regina riu contagiada pela felicidade do homem e apontou para Mal, no sofá e depois para o TiMER em seu pulso esquerdo.

– Mal.

– E a outra?

Regina parou de sorrir e não soube exatamente como responder.

– Estamos resolvendo. – interrompeu Mal. – Emma não está aceitando muito bem o segundo TiMER, ou seja, eu.

– Eu sei como é. – disse o homem. – Elise não aceitou bem quando Anna entrou na minha vida.

– E o que você fez? – perguntou Regina. – Por que eu estou perdida e aceito conselhos.

– Nada. Eu apenas a amei,fiz com que ela tivesse certeza de que eu a amava da mesma forma que antes do segundo TiMER zerar e disse que esperaria quanto tempo fosse preciso para ela nos dar uma chance. Anna aceitou com mais facilidade.

– E como é a relação de Elise e Anna hoje?

Ele sorriu.

– Elas se amam. Não foi rápido, mas foi. Somos felizes. Muito felizes. Temos filhos e cachorros. Sabe, deveríamos marcar um dia. Um jantar! Quando começamos o relacionamento a três, estávamos meio perdidos e um amigo nos ajudou. Eu posso te ajudar... Se quiser.

Regina aceitou e Stephen saiu feliz do camarim.

Mal a avisou:

– Nem todo mundo vai reagir da mesma forma.

E de fato, não reagiram. A semana seguinte foi densa. Com muitas mensagens negativas, mas as positivas foram o suficiente para fazer Regina acreditar que tinha feito a coisa certa. Na segunda semana, as coisas melhoraram quando novos escândalos começaram a acontecer. Na terceira semana, já nem era mais falado.

– Eles vão trazer isso de volta quando a campanha começar.

Regina não era inocente o suficiente para duvidar disso, mas estava firme. Aparentemente, os resultados negativos não atingiram muito Emma – pelo menos foi o Mary Margareth disse, então não estava muito preocupada. A campanha estava adiantada e em dois meses, ela sairia da prefeitura e começaria a viajar com a sua equipe para iniciar oficialmente o ano eleitoral.

Era novembro. Estava frio e as cores do natal já enfeitavam Storybrooke.

Regina saiu da Grannys com um café na mão e parou na rua quando viu Emma e Henry entrando. O rapaz sorriu para ela e perguntou como estava a campanha, depois todo animado mostrou o TiMER em seu pulso.

– Apareceu três semanas atrás! Minha mãe falou que são dez anos! Nossa, é muito tempo!

Dez anos. Foi o tempo que Emma esperou. Mal esperou vinte. Olhou para Emma.

– Me desculpe.

Emma não respondeu e Regina se foi.

–-

Mal estava bebendo no bar com Ursulla e Cruella quando Emma entrou e se aproximou.

– Será que podemos conversar um pouco?

As três se olharam.

– Claro. – disse Mal se levantando.

Cruella sussurrou alguma coisa para Ursulla, que riu. Emma só revirou os olhos.

As duas foram até o canto do balcão, no mesmo lugar que se encontraram no fatídico dia que Emma descobriu sua vida virada para baixo. Mal pediu duas cervejas.

– E então? – começou Mal dando um gole.

– Regina não está aqui?

– Ela está em casa trabalhando. Com as coisas da campanha, o trabalho acumulou.

– Não devia estar ajudando?

Mal levantou uma sobrancelha.

– Ela me obrigou a vir. Você realmente acha que ela aceitaria ajuda?

Emma não pôde discordar.

– E então? – repetiu Mal. – Cansou de fugir?

Emma tomou um gole da cerveja e olhou para Mal. Estava cansada, não estava dormindo bem e tinha emagrecido alguns quilos, pelo que Mal conseguiu perceber.

– Você está horrível.

A tenente riu.

– Eu estou horrível. – respirou fundo. – Lembra quando conversamos e você disse que achou que agüentaria, mas que não dava... Você disse que doía, certo?

– Bastante.

Emma tomou outro gole.

– Dói. Eu não sabia o quanto. – riu – Acho que uma coisa é tentar esquecer uma pessoa que te machucou e que não está nem aí para você, outra bem diferente é tentar esquecer alguém que te quer.– suspirou - eu não sei o que fazer.

– Você deveria dizer isso para ela.

Emma negou.

– Se formos fazer isso, eu também tenho que falar isso para você... Isso também tem que ser importante para você.

– Se? Ainda está nessa?

– Eu fugi. – mais um gole – Eu nem sei se ela ainda vai me querer... Deuses, ela nem consegue me olhar mais quando nos encontramos!

Mal sorriu.

– Ela acha que você a odeia. Eu sei por que ela ainda está sofrendo muito com a sua decisão.

– Mas ela ainda te tem...

– Ah, esse é o problema de dois TiMERs. Não importa o quê, o outro vai fazer falta. Não é que não somos o suficiente, não é isso. Parafraseando o que eu li na internet, é que eles têm tanto amor para dar, que transborda. – tocou na mão de Emma no balcão. – Eu estive muito feliz essas semanas, mas eu me sentia mal por saber que você estava horrível.

– Eu senti o mesmo nos dias seguintes ao saber sobre o segundo TiMER. Eu me sentia horrível por poder beijá-la e você, não. Mas acho que isso já foi resolvido, não é?

– Ela sente a sua falta, Emma. Você viu a entrevista?

Se ela tinha visto? Emma gravou a entrevista e reviu a parte que Regina falava dos TiMERs várias vezes.

– E eu sinto a falta dela.

– Ela não vai escolher e eu não vou embora. O que você quer fazer, Emma?

– Eu quero ter paz. É só isso. E é exatamente o que eu não estou tendo.

O que você quer, Emma?

Emma tomou um longe gole da cerveja.

– Eu conversei com Henry sobre os dois TiMERs e o que aconteceria com a gente se eu voltasse para Regina e para você. Sabe o que ele me disse?

Isso é estúpido, mãe! Quando eu encontrar a minha pessoa, eu não ligo se ela tiver outro TiMER ou não. Eu vou ficar com ela. E daí se as pessoas falarem? Como o Dr. Seuss disse: “Aqueles que ligam não importam e aqueles que importam não ligam” ou algo assim, mas o importante é que você seja feliz e você não está feliz.”

– Eu tentei argumentar com ele... Sobre os boatos e sobre o que as pessoas vão falar sobre nós, mas ele disse que não se importa se ele tiver a família dele unida e feliz. Às vezes, eu acho ele não é meu filho... Não é possível que um rapaz da idade dele tenha tanta sabedoria.

Mal riu.

– Mas eu concordo com ele. – Mal deixou a garrafa no balcão e se levantou do banco – Vamos até Regina. Temos que conversar.

– Eu-

– Não vá correr de novo, por favor. Não merecemos isso.

– Eu só não sei se consigo fazer isso. Eu gosto de você, Mal, mas eu não te amo.

Mal a olhou como se fosse óbvio.

– E você acha que eu te amo? Mas podemos aprender, pelo menos temos que tentar. Eu tentei ignorar e não deu certo. Você tentou ignorar e obviamente não deu certo. Só resta uma a coisa a fazer: aceitar e fazer a coisa funcionar.

Emma não respondeu, mas abandonou a garrafa e saiu do banco.

– Vamos lá.

Cruella e Ursulla saíram correndo há vários minutos, então só Mal e Emma saíram do bar depois de avisar a Antônio que ela não voltaria naquela noite.

– Então, o rapaz não se importaria caso fossemos morar em uma grande casa?

Emma riu.

– Acho que não ou talvez, ele ainda não tenha entendido no que vai se meter.

– Vai dar certo. Não vai ser fácil, mas vai valer a pena.

– Eu sei que sim. Eu sei.

Mal não bateu na porta, apenas abriu com sua própria chave e Emma se lembrou de sua própria cópia dentro do bug.

Regina estava no escritório e só levantou o rosto quando Mal fechou a porta.

– Emma? – perguntou e se levantou. Os papéis esquecidos na mesa.

– Ei.

– Ei. – respondeu sorrindo. – O que está acontecendo aqui?

– Nós vamos conversar. – respondeu Mal – e resolver o que fazer. Não dá mais para seguir assim.

Regina olhou para as duas loiras.

– Okay. Vamos resolver isso.

–-

A senadora pelo partido democrata, Regina Mills, foi vista com suas esposas, Emma Swan e Mal Van Dragoner, e filho, Henry Swan, andando pelo Disney World! Até alguém tão ocupada como a senadora precisa de um tempo para recarregar as energias antes do recesso do Congresso terminar!

A foto que acompanhava a postagem retrava Regina de mãos dadas com Henry. Ela, vestida em jeans escura e uma blusa da Rainha Má, andava olhando alguma coisa no celular, enquanto o rapaz, com a blusa dos Vingadores, comia um enorme algodão doce.

Duas loiras, as duas vestidas com blusas iguais de Snow White, andavam logo atrás e ambas riam de alguma piada interna que só elas conseguiam entender. Mal estava com óculos escuros e Emma tinha os cabelos presos num rabo de cavalo.

Elas também estavam de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Aiai, eu realmente gostei desse final... E não me xinguem! O aviso tá lá no começo!



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