Nove Meses escrita por Teddie


Capítulo 6
Dallas.


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou de volta para mais um capítulo. Estou cumprindo minha promessa de não demorar muito né?

As notas serão um pouco longas hoje:

Primeiro: Alguém curte Heróis do Olimpo? Eu escrevi uma One-Shot Caleo e adoraria que lessem (acho que já falei sobre isso, mas estou falando de novo). Deem uma moral.
https://fanfiction.com.br/historia/646929/Bromelia-Caleo/

Segundo: Eu agora estou no tumblr, esse mundo mágico estranho que acaba com a sua vida. Sigam-me, me perguntem, eu posso postar uns snippets lá, o que acham?
http://sship-to-wreck.tumblr.com/
PS: Vou por as outras redes rociais nas notas finais.

Terceiro: Passamos dos 50 comentários! Uhuul! Pode parecer pouco, mas é muito mais do que eu esperava, principalmente com o tempo que ela ficou parada. Queria agradecer a todos que comentam regularmente e a quem favoritou. O capítulo é dedicado a vocês.

Quarto (e último): Eu tenho outra Auslly, uma short-fic, se não leram, seria muito legal!
https://fanfiction.com.br/historia/570683/Aultimadanca/

Aproveitem!



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— Então, aparentemente eu sou muito burra por deixarem vocês serem amigos. — Kira mordeu um pedaço da pizza que pegara. — Já que você não sabe de quem é o pai do seu filho e um dos caras vem a ser meu namorado. Como eu posso permitir algo assim?

Trish não aguentou mais e começou a rir, sendo acompanhada por Kira. Dez gargalhava, quase cuspindo o refrigerante que tomava, muito embora eu não achasse que ele tivesse entendido a ironia. As pessoas olhavam intrigadas para a nossa mesa, tentando adivinhar qual razão para tanta risada.

Eu murmurei um “não tem graça” e me afundei na cadeira. Não estava de bom humor hoje. Kira é legal, legal até demais, mas isso não é realmente um problema. Ela não me olhava esquisito por estar grávida aos dezessete e não acreditava em nada que falavam sobre mim e Austin. Ela me apoiava e era uma boa garota para meu novo amigo.

Apesar de Austin nunca ter me confidenciado que eles namoravam mesmo. Nas duas últimas semanas, desde meu ultimo ultrassom, quando eu e o loiro fizemos as pazes, nos tornamos confidentes, e nenhum pedido de namoro foi citado.

Não que isso realmente importe. Fico feliz por Austin, estando namorando Kira ou não. Se ele não estiver... bem, Kira terá que explicar porque todos acham o contrário.

Doze semanas. Exatamente três meses. Minha barriga de ovinho estava começando a ficar visível, mas nada que uma roupa mais larga não resolvesse. Não é como se eu não escutasse coisas horríveis pelos corredores.

— Do que estão rindo? — Austin colocou a bandeja com o hambúrguer do lado da minha e se sentou ao meu lado.

Senti Kira lançar um olhar torto, mas provavelmente foi impressão.

— Sobre eu ser uma vagabunda e a Kira uma otária — dei uma mordida no meu hambúrguer e aquele gosto de ketchup barato me enjoou imediatamente.

Soltei o hambúrguer e coloquei a cabeça entre os joelhos, respirando fundo, como Dra. Lan me ensinou. Em poucos segundos, a vontade de vomitar passou. Quando levantei a cabeça para encarar meus amigos, eles me olhavam preocupados.

— Estou bem. — disse — Esse ketchup me enjoou.

Eles soltaram o ar e voltaram a comer. Eu tinha que admitir que amava a preocupação deles.

— Tem certeza que está bem? — Kira perguntou e eu assenti, tomando meu refrigerante — Como eu estava falando, Austin vai me levar para ver a Katy Perry.

Ela soltou um gritinho de exclamação que foi acompanhado por Dez. Olhamos para ele, assustados.

— Que foi? — indagou. — Eu adoro a Katy Perry. O filme dela é maravilhoso.

— Eu sei! — dessa vez quem exclamou foi Austin — Aquela cena em que ela chora por... — ele deixou a voz morrer quando viu que encarávamos incrédulos — Pelo menos foi que minha mãe falou. Ela adora Katy Perry.

Revirei os olhos e peguei uma batatinha da bandeja dele. Ele não se opôs. Austin me deixava comer tudo do prato dele por causa da gravidez.

— Claro que ela adora — digo e me viro para Kira — Se ele vai te levar para a Katy Perry, case com ele. Oportunidades assim não surgem toda hora.

Ela riu. Kira tinha uma risada muito bonita. Austin também tinha. Quando eu ria, parecia um macaco sendo enjaulado.

Por que isso é relevante? Não sei. Só sei que gosto de arranjar motivos para os dois ficarem juntos.

Eles combinam demais.

De qualquer maneira, Dallas uma vez e levara para ver o Bruno Mars. Nós nos beijamos ao som de Count on Me e disse que me amava. Eu nunca me senti tão amada na minha vida e eu tinha certeza que eu queria passar minha vida com ele.

Olhei discretamente para a mesa onde ele estava falando com a irmã e uma menina que eu não conhecia.

Suspirei, desviando o olhar e tentando segurar as lágrimas.

— E Noah, Ally, como vai? — Austin perguntou, chamando minha atenção. Ele ainda não perdeu a mania de chamar o bebê pelo nome do pai.

Kira franziu o cenho. Ela não costumava sentar com a gente – só quando Austin o fazia, e ele constantemente sentava com os amigos do time de basquete – então ela não sabia sobre o nome que Austin cismara em por.

— Quem é Noah?

— Meu f... — ele se corrigiu quando me viu estreitar os olhos — O bebê de Ally.

O clima na mesa não era mais o descontraído de antes. Kira não sabia do que eu e Austin passamos no começo de nossa relação em torno da criança. Não sabia o quanto Austin queria – e aparentemente ainda quer – assumir a responsabilidade e ser pai.

Isso era algo muito novo e pessoal para ela saber. Era um segredo que nós quatro mantínhamos. Embora que se Austin ficasse chamando meu bebê dele, seria difícil continuar como segredo.

Kira assentiu novamente, não parecendo muito satisfeita. Quis dar uns tapas em Austin por estar estragando as coisas com a garota.

— Quando é a próxima ultra, Ally? — Trish perguntou.

— Dia vinte, daqui a duas semanas — respondo, pegando outra batatinha da bandeja de Austin.

Ele coloca todas na minha bandeja e sorri docemente para mim. Nunca admitiria isso em voz alta, mas Austin tem um sorriso lindo.

Sorrio de volta e desvio o olhar, focando nas batatinhas.

— Carrie tem um ensaio. Não posso ir com você — Dez sorri culpadamente.

— Eu vou com a Ally. — Austin dá de ombros. Kira abre e fecha a boca algumas vezes até conseguir se pronunciar.

— Mas, Austin, é no dia da Katy — estava receosa.

Compadeci-me de Kira. Entrar em um relacionamento com Austin agora era ruim. Não deveria ser, mas a realidade era outra.

Senti-o enrijecer do meu lado e previ o que ele falaria. Não, Austin.

— Desculpe-me, Kira, mas não posso ir. Já não fui à última consulta e Ally não pode ficar indo sozinha.

Abro a boca para me intrometer, mas Trish me cutuca. Seu olhar dizia claramente isso é entre os dois. Ou isso, ou não se meta, quero ver a treta acontecer.

— Sim, sei que ela não pode ir e eu juro que não quero atrapalhar nada — seus olhos transbordavam sinceridade — Só que não é o primeiro encontro que você desmarca e eu fiquei muito tempo na fila para conseguir os ingressos.

— Kira — a voz dele estava tão séria que eu me assustei — Não.

— Não me surpreende que as pessoas achem que você é o pai. Você age como se fosse, mas não tem nada a ver com isso.

Dez soltou um uuuuh e Trish deu um tapa nele. Kira tinha pegado em um ponto fraco.

Sim, eu e Austin tínhamos nos resolvido em questão a isso. Pelo menos eu pensei que tivéssemos. Ele tinha concordado em parar de assumir as responsabilidades de pai, tinha concordado em ser o tio Austin.

Agora estava estragando tudo com uma garota legal porque não conseguia tirar da cabeça o fato de que não era o pai do meu filho.

— Ok, chega disso. Meus pés estão inchando dentro desses tênis, eu estou enjoada, gastei uma nota nesse hambúrguer que eu não vou comer e eu estou engordando. Estou em um mau humor impossível e não estou disposta a ouvir vocês falando coisas sobre a minha gravidez como se eu não estivesse aqui. — viro-me para Kira — Não me ofenda, por favor. Eu acho você super legal e odiaria que minha opinião mudasse. E você — disse a Austin — O que já conversamos sobre isso?

Afasto a minha bandeja e me levanto, ignorando a tontura que me assolou. Afasto-me da mesa, e saio do refeitório, procurando qualquer lugar para ficar e espairecer.

Estava cansada dos boatos, das fofocas, de pessoas próximas a mim compactuando com essas coisas. De Austin, de Dez, de Trish. Mas principalmente de Dallas, que deveria estar me apoiando nessa situação.

Eu evitava pensar nele, porque doía mais do que eu era capaz de suportar. Entretanto, já eram dois meses me ignorando e fingindo que a situação não era com ele. Era impossível carregar o peso daquela criança sozinha, e não falo no sentido literal. É uma vida pelo qual eu sou responsável. Eu e ele.

Era uma pena meu bebê ter sido gerado com amor, mas crescer em um ambiente onde não era bem vindo pela parte do pai. Um pouco da minha também, confesso. Contudo, eu estou me acostumando, uma parte minha aceita esse bebê e pode até o amar.

Vi que eu estava do lado de fora, no estacionamento. Eu não tinha carro, porque meu pai nunca me daria um e o dinheiro que eu economizara minha vida inteira tinha um novo destino, mas lá tinha uma árvore muito agradável da qual eu gostava de sentar durante as aulas vagas.

Sentei, apoiando as costas no tronco e me permiti relaxar um pouco em bastante tempo. Eu estava trabalhando mais para ganhar hora extra. Dormia menos porque estava sempre pensando sobre o bebê.

Usem camisinha, pelo amor de Deus.

Senti uma presença familiar do meu lado, mas não abri os olhos para ver quem era. Provavelmente Austin.

— Austin, vá embora. Não estou animada para conversas.

— Não é Austin. — o tom seco em nada combinava com Dallas. Abri os olhos de supetão, sentando ereta.

O que ele queria?

— Veio insinuar mais algo? Porque se veio para me irritar, perdeu seu tempo, já estou suficientemente irritada.

Ele negou rapidamente, chegando mais próximo de mim. Não falou nada, mas era visível que queria. Não o pressionei. Em vez disso, imaginei nosso filho.

Teria os cabelos castanhos, porque ambos e nossas famílias éramos cercados de morenos. Mas eu gostaria que tivesse os olhos dele. Um tom de verde que ficava castanho dependendo da iluminação. Quando o sol batia, ficava como um mar cristalino. Se fosse menina, puxaria meu maxilar fino e o porte franzino. Se fosse menino, seria esguio como ele.

— É menino ou menina? — sua voz me tirou dos meus pensamentos.

— Por que quer saber? — confesso que estava na defensiva. Ainda não tinha superado a humilhação.

— Você não está facilitando, Ally — soava perturbado.

Cheguei a conclusão de que a ficha finalmente estava caindo para ele. Finalmente.

— Não sei, está cedo para saber ainda. Hoje completo doze semanas.

Ele assentiu, não olhando eu meus olhos. Abraçou os joelhos, e esticou o rosto para o Sol, aproveitando o início da primavera.

— Melissa contou para meus pais — Melissa era a irmã dele, que ainda estava no segundo ano. — Sabe, foi horrível. Minha mãe e meu pai brigaram, comigo, entre eles. Foi um surto geral. Principalmente em saberem que eu e você não estávamos mais juntos. — ele ficou um tempo em silêncio e eu remoí as palavras dele.

Não estávamos mais juntos. Doía muito.

— Já considerou... — olhei para ele, esperando que continuasse — Abortar?

Ri sem humor nenhum, me dando conta do quanto ele havia perdido. Todos os momentos onde ele deveria estar presente, mas quem estava no lugar era Austin.

Pare de pensar em Austin, Dawson.

Contei a ele tudo o que aconteceu nos últimos dois meses, ocultando apenas as brigas com Austin e a necessidade dele de assumir a paternidade. Ele parecia ouvir atentamente, assentindo às vezes. Quando eu acabei, ele não respondeu nada e a demora foi agonizante. Eu queria saber o que Dallas diria sobre tudo isso. Estava esperando a chuva de ofensas.

— Você parece mesmo disposta a manter a criança — ele disse, contrariando todos os meus pensamentos — Ally, eu não sei se estou pronto para isso.

— Eu também não — falo suavemente, mais do que eu queria — Me fizeram uma proposta. Me deram uma escolha.

Ele me olha atentamente, esperando que eu continue. Era finalmente hora.

No dia que eu estava na praia, Angie chegara até La. É obvio que era muito estranho que ela aparecesse justamente onde eu estava.

Miami não era tão pequena assim.

Ela sorriu para mim e eu forcei um sorriso que era mais uma careta.

Você? — perguntei.

Ela riu um pouco. Os cabelos loiros estavam soltos e ela parecia ainda mais um anjo.

— Eu gosto de vir ao baixo bebê de vez em quando. Nunca pude ser mãe.

— Isso é um pouco psicótico. — digo mais para mim mesma, mas ela ouve e gargalha.

Volto a olhar as crianças ali brincando com os pais, o terror voltando mais um pouco. É apavorante que bebês viram crianças, que viram adolescentes, que viram adultos e que eu seria responsável por uma pessoa o resto da minha vida.

— Um pouco. Quando se trabalha com o que eu trabalho, você acaba criando certa repulsa pela maternidade, mas ser mãe sempre foi uma vontade minha.

— E por que não foi? — logo me arrependo de ter perguntado isso, era algo pessoal demais e nós nem nos conhecíamos direito.

Ela suspira, olhando-me nos olhos. Seus olhos azuis, cobertos pelos óculos de armação vermelha eram suaves e tristes. Sinto-me mal por ela, independente do motivo.

— Nunca encontrei alguém com quem me sentisse confiante o bastante para dar esse passo. E depois foi tarde demais.

Assinto. Eu não me sentia confiante para ter um bebê com Dallas, mas mesmo assim estávamos ai.

— Não sei se posso fazer isso. — suspiro — Parece muito mais do que eu posso suportar.

Ela não respondeu de imediato, mas eu a sentia tensa. Ela queria falar algo, eu tinha certeza.

— Não ache que sou louca, mas tenho uma proposta para você. Eu gostaria de adotar sua criança quando ela nascer.

— Você pede para adotar o bebê de todas as garotas que vão à sua clinica? — fiquei na defensiva, chocada com a proposta dela.

O resto da conversa passou como um borrão, mas ela me explicou o básico. Ela queria que quando meu filho nascesse eu o entregasse a ela. Angie acompanharia o desenrolar da gravidez e proveria tudo necessário enquanto eu estivesse grávida.

E se eu quisesse – e somente se eu quisesse – poderia manter contato com a criança. Ela não queria privar o bebê de crescer com a mãe biológica.

Eu nunca contara isso para ninguém, nem para meu pai, nem para meus amigos. Agora eu entendia o porquê. Eu precisava contar primeiro para o pai da criança. Expliquei tudo que Angie me contara a Dallas, e ele parecia ligeiramente mais animado.

— Vai fazer isso, não é? — indagou Dallas.

Tudo isso na terceira pessoa. Você vai fazer isso, você vai manter a criança, você já pensou em abortar. Nunca nós. A responsabilidade seria toda minha. Ele não assumiria a parte dele.

— Eu não sei, Dallas — confessei, sentindo o peso sair dos meus ombros — Eu não sei se quero ficar com ele. Uma parte de mim está desesperada para entregar a criança, que nunca vai conseguir suprir tudo que ela precisará. Mas outra...

Deixo minha voz morrer. Não tenho coragem para dizer que tem uma parte minha que quer ficar com ela. Que quer ser a mãe que Penny não foi.

Também não revelo uma parte ainda mais íntima que quer Noah. E quando eu digo Noah, quero dizer de tudo que esse nome traz junto. Austin.

Não. Isso não aconteceria.

— Você não pode estar considerando ficar com... ele — apontou para minha barriga. — Você tem dezessete anos, Ally. O fato de você nunca ter querido ser mãe era uma coisa que me atraía muito em você.

Reviro os olhos, me levantando e sacudindo a poeira que ficara presa na minha calça. Não sei como pensei que finalmente teria uma conversa consciente com Dallas. A imbecilidade dele impedia tudo isso.

— Eu não vou discutir sobre isso agora, Dallas. Hoje não é um bom dia e você, obviamente, não se tocou que é o pai dessa criança. Tratar-me como a única responsável, a pessoa que tem que dar para adoção, a pessoa que tem que abortar, a pessoa que tem que criar como se você não fosse nem um pouco culpado não é algo que eu possa suportar agora. Vou voltar para a aula, com licença.

— Ally, espera — em um minuto ele já tinha se levantado e segurava meu braço, me virando para ele.

Nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância e ele me encarava com bastante gravidade. Seus olhos verdes estavam quase que castanhos. Sua respiração pesada misturava-se a minha.

Eu tinha certeza que eu aparentava estar assustada com o movimento repentino dele.

Ouvi um sussurro vindo de longe, algo como não atrapalhe, mas não consegui identificar quem era. Eu só queria sair dessa situação em que eu mesma me colocara.

— O que está acontecendo aqui? — ouvi uma voz conhecida e senti todo o meu interior gelar.

O olhar de Dallas se desvia do meu e vai para além de mim. Permito-me virar, mesmo que ele não tenha me soltado.

Austin, que estava acompanhado de Kira, olhava para Dallas, para mim e para o aperto do moreno em meu braço. Sua expressão estava fechada e sua testa franzida de irritação. Suas mãos, fechadas em punho.

Eu tinha certeza que algo daria errado.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem a opinião de vocês! Favoritem, recomendem, o que acharem melhor!

Vejo vocês no próximo!

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