Nove Meses escrita por Teddie


Capítulo 12
Aqueles dias calmos


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, há quanto tempo não posto antes de meia noite... É até estranho. Como foi o ano novo de vocês? Muitas promessas?

Eu queria pedir desculpas pra todos vocês que me seguem no Twitter. Eu falo muita besteira nada a ver. E SE VOCÊ NÃO ME SEGUE DEVERIA.
Sério gente, se vês me seguirem, me mandem mensagem, minha dm é aberta. Vamos conversar. Eu até mando trechinhos dos capitulos às vezes.

Esse capítulo é mais um de transição, então desculpa se não acontece muita coisa interessante nele.

Aproveitem!



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Eu estou bonita, sei que estou. No entanto, não é como se isso importasse muito. Não tenho ninguém comigo para dizer que eu estou linda.

Trish disse, mas não é a mesma coisa. Estou com um pouco de inveja dela, que veio com o namorado, Trent. O namoro dela anda meio estremecido, principalmente porque ela anda conversando com esse menino, Jace, pela internet. De qualquer maneira, hoje eles estão bem, e eu tive que vir na limusine com eles – e Carrie e Dez – trocando elogios, muito embora Trish não fosse muito de elogiar. Quando Trent deu a ela uma pulseira escrita “mina do Trent” eu tive a certeza de que minha noite seria, no mínimo, horrorosa.

Dez também não ajudou muito. Quando me viu perguntou se eu precisava de mais tempo para me arrumar. Eu gastei um dinheiro no meu vestido – roxo, batia pelos joelhos e era esvoaçante abaixo da cintura. Em cima ele era composto de pedrarias furta cores – meu cabelo estava solto e ondulado e até minha maquiagem estava bem feita.

Mas, claro, ninguém repararia. Não depois do ótimo trabalho de Austin Panaca Moon em me difamar para toda escola com suas humilhações diárias. Não entendia porque Austin sempre colocava o pé na frente quando eu passava, ou jogava coisas em mim, ou ria das coisas que eu falava, ou denegrir minha moral. Não importava muito, na verdade, apesar de doer: pessoas como Austin Moon são infelizes por dentro e precisam da falsa sensação de felicidade e poder que zombar de alguém traz.

Solto um muxoxo enquanto termino de beber meu ponche, que por sinal está doce demais. Afinal, por que ninguém ainda entupiu isso de álcool?

Levanto da mesa onde estou sentada, aproveitando que Dez e Carrie sentaram por um minuto e atravesso a pista de dança até a mesa do ponche, tropeçando em alguns corpos que se mexem demais. Confesso que adoraria estar dançando, mas ninguém curte muito ficar perto de mim.

Finalmente chego até o ponche, enchendo meu copo vermelho com um liquido que parece água suja. A batida da música é contagiante e eu me permito balançar ao ritmo dela. Música é uma parte muito importante da minha vida e eu até me inscrevi para Julliard, apesar de não ter tido resposta nenhuma ainda.

— Olha quem está aqui — quase choro internamente ao ouvir a voz de Austin atrás de mim. Por que, Deus? — Estou surpreso que tenha depilado as pernas para vir, Ally. Na verdade, estou chocado que você até tenha pernas.

Reviro os olhos quando a acompanhante dele, uma líder de torcida loira ri de mim. Austin consegue ser tão desagradável quanto bonito. E sim, não tenho muita vergonha de admitir que o acho bonito, mesmo que incrivelmente babaca.

— Vou ter a mesma reação se eu descobrir que você tem um cérebro. — ergo meu copo em sua direção, fingindo brindar e ele fecha o sorriso malicioso e faz uma carranca — Se me dão licença.

Volto para minha mesa, quase perdendo o lugar porque Dez e Carrie a deixaram vazia. Eles dançam animadamente na pista, junto com Trent e Trish e eu não consigo deixar de me sentir melancólica, mesmo que feliz pelos meus amigos.

— Com licença — ouço uma voz masculina e acordo do meu devaneio, observando o menino, que claramente não frequenta o Marino. Ele é alto, moreno e tem incríveis olhos castanho esverdeados. Ele sorria timidamente para mim — Eu posso me sentar aqui? As outras mesas estão muito cheias.

— Ah... claro — digo, ainda que abobadamente — Claro. — dessa vez sai com mais firmeza.

Ele sorri lindamente e eu não deixo de pensar que ele parece algum tipo de príncipe. Obviamente ele não me daria bola.

— Minha irmã foi convidada por umas amigas do segundo ano para vir ao baile, mas como é caloura, meus pais mandaram eu vir junto. Eu nem estudo aqui — ele solta uma risada, muito melodiosa por sinal e eu me limito a dar um sorriso tímido. Ainda chocada que alguém como ele tenha coragem de falar comigo. — Mas ela prontamente me abandonou. Seu acompanhante não vai ficar com raiva se nos ver conversando, vai? Não me leve a mal, mas não quero arrumar encrenca. Melissa ficaria chateada se eu brigasse no primeiro baile dela.

— Não! — arregalo os olhos, notando que fui eloquente demais — Quer dizer, eu não vim acompanhada. Vim com uns amigos, mas eles estão dançando. Também fui abandonada.

Ele ri e estende a mão em minha direção. Eu pego prontamente com um sorriso no rosto. Talvez minha noite não fosse ser tão ruim assim.

— Dois abandonados se completam, é o que dizem. — fico vermelha com o comentário e ele é muito cavalheiro em não falar nada. — Sou Dallas.

Acordo subitamente, ainda um pouco perplexa com o sonho que eu tive. Fora, na verdade, uma lembrança. O dia em que conheci Dallas, e não deixo de ficar um pouco triste com isso. Eu amei Dallas com toda a intensidade de um primeiro amor e não queria que as coisas tivessem terminado do jeito que terminaram, apesar de ele ter merecido o soco de Austin.

Sinto-me enjoada, e a ânsia de vômito vem com força total. Só tenho tempo de colocar a camiseta que Austin usara na noite anterior antes de correr para o banheiro e vomitar tudo que eu comi no dia anterior. E eu vomitei bem, soltando tudo, até mesmo pensando que não teria mais nada para vomitar além dos meus órgãos.

Quase não tenho enjôos, mas é como dizem, não é? Nunca diga nunca.

Aproveito para escovar os dentes e tirar o gosto da regurgitação da boca e lavo o rosto, ainda caindo de sono. No caminho de volta para o quarto prendo o cabelo em um coque, mesmo sabendo que vai soltar em poucos minutos.

Solto uma exclamação leve ao ver que Austin estava ali, dormindo todo esparramado pela minha cama, parecendo uma pedra. Ele roncava levemente. Não alto o bastante para ser incômodo, mas suavemente e comicamente. Era fofo.

Pensei que a noite anterior tinha sido algum tipo de sonho, que se convertera na melancolia de me lembrar de Dallas, mas não. Fora real. Fora tão real que a prova estava ali, deitada na minha cama.

Eu me sentia tão completa e feliz que poderia explodir. Troco de roupa, mas silenciosamente para não acordá-lo e desço para tomar café, quase levando um susto.

Dez e Trish estavam discutindo alguma coisa e meu pai apenas ria dos dois. Quando viu minha cara confusa, tratou de vir até mim se explicar:

— Achei que depois de ontem ia precisar de seus amigos aqui para confortá-la. Ultimamente você tem se apegado apenas a Austin e isso pode não ser muito saudável.

Entendi o que ele quis dizer. Que eu poderia me afogar caso me afundasse demais nessa relação e Austin acabasse recuando. Namorados – ou o que quer que Austin seja — passam, mas os amigos ficam.

Amo meu pai mais um pouquinho.

— Vamos tomar café, amigos? — digo, assustando os dois, que estavam entretidos demais em sua briga para me notar.

— Bom dia para você também, Ally — disse Trish, enquanto sentávamo-nos à mesa já posta.

Pego uma torrada, lembrando da minha dieta. Frituras estavam proibidas, então nada de ovos e bacon para mim. Para ser sincera, o pior era a proibição de alimentos conservados, eu não podia comer meus picles. Nas primeiras noites eu sonhava com picles dançarinos e acordava realmente triste.

Trish abre a boca algumas vezes, na tentativa de falar algo e eu não entendo, mas antes que ela conseguisse se pronunciar, Dez solta um berro, cuspindo todo o suco que tomava. Meu pai fez uma cara de nojo e saiu da cozinha para buscar um pano.

— MEU DEUS, ALLY! AQUELA MULHER HORRÍVEL TE BATEU? — franzo o cenho não entendendo o ponto do meu amigo e Trish arregala os olhos, soltando uma gargalhada — NÃO NEGUE, VOCÊ ESTÁ TODA CHEIA DE MANCHAS ROXAS.

Engasgo-me com as torradas e Trish tem que vir correndo bater em minhas costas para desentalar. Tenho vontade de me esconder em algum tipo de buraco e permanecer lá até morrer. Dar uns socos em Austin também, só para completar.

Trish gargalhava e Dez balbuciava algo como Trish ser uma péssima amiga por rir das agressões que Penny me infringiu.

Morrer, Deus, é pedir muito?

— Austin já está sabendo disso? — ele continuou. Trish gargalha ainda mais — Vou ligar para ele, a gente vai na polícia ainda hoje. Ela não pode agredir uma grávida.

Apesar da vergonha e constrangimento, fico feliz por Dez me apoiar tanto.

— Dezidiota, isso não são marcas de tapas. Isso são chu...

— OK — me adianto, interrompendo Trish antes que ela terminasse. Tenho vontade de soltar os cabelos para que meu pai não veja, mas a essa altura, todo mundo em um raio de dois quilômetros já devia saber da minha vida intima graças a Dez — Agradeço muito, Dez, mas não será necessário. Penny não me bateu.

— Ué, então o que...

Ele fechou a boca ao ver Austin entrando na cozinha, usando uma calça e moletom e uma camisa branca. Austin se arrastava de olhos semicerrados e coçando a cabeça.

Ele estava tão lindo que eu só conseguia encarar.

Austin se sentou ao meu lado na mesa, e beijou minha bochecha, pegando algumas panquecas de uma pilha que tinha na mesa. Sorri levemente e dei um gole no suco de laranja que eu tomava.

— Passou a noite aqui, Austin? — Trish sorria maliciosamente para mim e para ele, entendendo tudo sem que eu tivesse que explicar.

Não que ela não fosse me fazer falar depois.

— Sim — ele bocejou enquanto derramava a calda pelas panquecas. — A vinda de Penny foi conturbada e acabei ficando por aqui. Por sinal, vocês fazem muito barulho pela manhã. O grito de Dez me acordou.

Ela deu de ombros e eu percebi uma coisa. A casa estava normal demais.

— Pai — gritei e ele apareceu da lavanderia, com o pano na mão e um avental florido. Provavelmente tinha ficado pó lá para dar privacidade aos jovens. — Onde está Penny? — falei mais baixo para que, se ela estivesse lá em cima, não ouvisse e resolvesse aparecer.

— Saiu cedo, não esperou nem o café da manhã. — deu de ombros. — Não estou muito preocupado na verdade.

— Ela é bem grandinha — murmuro — Ela sabe se cuidar.

Meu pai assentiu e voltou para a lavanderia, enquanto nós tomávamos café em paz. O único barulho ouvido era das louças se chocando e de nossas respirações. Eu adorava esse silêncio com todas as minhas forças. Queria que o dia inteiro fosse assim.

Mas é claro que com a minha vida do jeito que estava, dificilmente meu dia seria calmo. Não sei o que é um dia calmo, apenas com meus amigos em minha volta há um bom tempo.

Nem teria como ser calmo, não com Dez sendo um dos meus amigos.

— Mais tarde quero ir ao shopping — comento, enquanto pego a jarra de suco para encher meu copo e o de Austin, que agradece — Preciso comprar umas roupas maiores, estou começando a perder minhas coisas.

— Adoraria ir, mas tenho que trabalhar — disse Trish — Gosto de trabalhar no John’s.

Todos nós largamos o que estamos fazendo e encaramos Trish, assombrados. Quem era aquela criatura que estava no lugar da minha melhor amiga?

— O que foi? — ela continuou — Sempre tem rapazes bonitos para admirar e eu sempre fico com a gorjeta toda.

Fazia sentido. Bastante.

— Tenho que terminar de editar um filme para o clube de cinema — continua Dez — É um tributo aos Zaliens.

Reviro os olhos, vendo a animação dos meus três amigos quando Dez citou aquele estúpido filme de zumbis e aliens misturados. Não fazia sentido nenhum e era uma ficção científica estúpida, no entanto, meus amigos tratavam aquilo como se fosse uma das dez maravilhas do mundo cinematográfico.

Só para deixar claro: não é.

— Vou com você — Austin fala — Só vou passar em casa daqui a pouco e volto para de buscar. Também quero comprar umas coisas.

Assinto e o assunto se encerra, ocasionalmente Dez e Trish discutiam. Eu amava cafés da manhã como esse, meu pai tinha dessas. Ele sempre fazia uns cafés da manhã de gente rica porque, de acordo com ele, todos nós precisávamos nos sentir como se estivéssemos em filmes.

Também adorava quando...

— AH, AGORA ENTENDI TUDO — Dez berrou, me tirando de meus pensamentos. Ele olhava alternadamente entre mim e Austin, sorrindo meio malicioso, meio assustado. — Isso são chupões.

Trish voltou a gargalhar e eu e Austin nos olhávamos constrangidos.

Deus. Me. Leva. Por. Favor.

(...)

Nego veemente enquanto Austin tenta me puxar para fora da Sonic Boom, onde ele tinha acabado de comprar cordas novas para as guitarras dele. Não que ser arrastada para fora do meu trabalho fosse ruim, geralmente é ótimo, mesmo sendo meu dia de folga. O ruim era o lugar para o qual Austin tentava me arrastar.

— Austin, eu não quero — choramingo, me prendendo a entrada da loja. Estou segurando umas bolsas de compras, o que não facilita muito as coisas. — Vou gritar que está tentando me assaltar.

— Ally, todos me conhecem nesse shopping. Eu trabalho aqui — ele revirou os olhos, me puxando mais uma vez, sem sucesso — E eu nem estou querendo muito. É só uma loja de bebê.

— Não estou pronta para nada disso, Austin.

— Ally — ele suspira cansado — Você já está com quatro meses. Até quando vai fingir que nada disso está acontecendo com você?

Não respondo nada, até porque se eu revelar o verdadeiro motivo – não que o que eu tenha dito seja uma mentira enorme – vamos entrar em uma briga que eu não queria comprar.

Eu, de fato, não estava me sentindo psicologicamente pronta para entrar nessa onda de compras de bebês: era coisa demais para eu assimilar e existia tanta roupinha adorável para bebês, principalmente meninas, que me fariam entrar em um clima materno falso. Apenas o capitalismo me incentivando a gastar dinheiro.

E eu queria fazer isso com Angie, porque a menina seria dela, ela que decidiria o que era bonito ou não para a criança, seria o que ela quisesse.

Entretanto, a carinha de Austin era tão convincente e fofa que eu não queria resistir. Por que não agradar um pouco Austin depois da noite de ontem? Aliás, ele estava sendo tão bom para mima que eu não queria ser a pessoa que estragaria tudo.

— Tudo bem, Austin. Vamos.

Ele sorri e segura minha mão. Eu me solto da porta da loja e permito-me ser guiada. Não faria mal comprar um ou dois vestidinhos.

Então aconteceu muito rápido.

Em um minuto eu andava de mãos dadas com Austin e no outro eu ia de encontro com algo – não algo, alguém. Alguém loiro, alto, bonito e do sexo feminino.

— Desculpa, eu não... — deixo minha voz morrer ao ver Piper ali na minha frente.

Austin fica branco. Mais que o normal. Eu entendo o porquê. Teoricamente, eles ainda estão saindo, ou o que quer que seja. E nós estamos ali, no shopping, fazendo compras como um casal.

Também não gostaria de estar nessa situação.

— Acho que eu estou atrapalhando algo, não? —ela pergunta, a voz cheia de ironia.

E lá se foi o meu dia calmo.


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Notas finais do capítulo

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