The Simple Things escrita por Vingadora


Capítulo 9
Broken Soul


Notas iniciais do capítulo

Ok, estou um pouco na dúvida de postar esse capítulo.
Sinto que muitas pessoas podem se desesperar com o caminho que esse final pode levar.
Mas tudo bem, agora não dá pra voltar atrás (suspiro).
Esse é o maior capítulo de toda a short fic (atualizando informações).
Eu peço a vocês que, além de prepararem o coração para aguentar as emoções, prepare também a vista (risos).


Vejo vocês lá no final.



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{Para relembrar os últimos momentos de "Who are you?"}

─ E quem você é? ─ sua voz soou baixa, mas cada palavra atingiu meu cérebro como um oceano sem fim.

─ Sou Ellizabeth Fury.

─ Não. ─ ele negou com a cabeça brevemente antes de puxar-me pela cintura e colocar-me corpo a corpo com ele ─ Você é a minha garota misteriosa.

E então me perdi em seus lábios.

Macios, gentis, carinhosos, apaixonados. Eram as quatro palavras que rondavam minha mente ao descrever o beijo de Steve me dera. Ao mesmo tempo havia uma pitada de posse em seus lábios charmosos e convidativos que dançavam em uma sincronia perfeita em torno dos meus. Aos poucos sua língua pediu permissão para apossar-se da minha e eu, sem sessar, permiti que ele entrasse. Suas mãos me puxavam para cada vez mais perto dele, forçando-me a ficar ali, parada, tomada entre seus braços e com permissão apenas para abraçar-lhe a nuca e acariciar seu cabelo. Pela primeira vez em toda minha vida, me senti beijada de verdade. Era aquilo que toda mulher buscava e eu havia conseguido. Eu estava sendo beijada pelo homem que roubara em poucas semanas meu coração e minha alma para si.

Antes, achava que no momento em que me apaixonasse, fosse me esconder em um casulo para me curar daquele vírus mortal... Mas agora? Agora que sei realmente como aquela mistura de sentimentos e sensações circulava saltitante por meu corpo, não consigo mais me ver longe de tudo isso.

Steve era meu oceano sem fim, e eu adorava a sensação de me afogar nele.

Apesar de nossos lábios terem cessado a dança, eu não conseguia deixar de sentir todo meu corpo se arrepiar. Caramba eu estou apaixonada por este homem!

─ Acho que precisamos conversar. ─ Steve não me soltou de seus braços. Só após recuperar meus sentidos que percebi que Steve me ergueu do chão para que pudéssemos ficar cara a cara. Tudo bem, eu entendo. O cara é forte.
─ É. Com certeza precisamos conversar.


❇❇❇

─ Garota misteriosa? ─ cruzei os braços e o encarei com meu sorriso zombeteiro no rosto.

Ele me levou de volta para o ringue onde pudemos conversar durante horas sem ser interrompidos.

Eu lhe contara tudo ─ ou quase tudo ─ sobre mim. Sem deixar de lado minha última aventura em Nova York com Delon.

No inicio eu pensei que ele iria sair correndo, me abandonar ali e dizer que eu era um verdadeiro monstro. Mas ele simplesmente disse: Todo mundo tem seus demônios para lidar. O que foi uma tremenda surpresa, afinal eu esperava que ele me chutasse dali no mesmo instante em que eu contei a verdade.

─ Pois é. Garota misteriosa.

─ O que exatamente isso significa? ─ insisti quando percebi que ele estava ficando sem graça com o assunto.

─ O que você quis dizer mais cedo sobre a Peggy?

─ Eu perguntei primeiro. ─ meu sorriso diminuiu um pouco, por acabar me lembrando do que eu havia dito a ele. Caramba, como eu estou me sentindo ridícula agora.

Steve me contou sobre sua antiga vida também. Certamente eu era a primeira pessoa com quem ele realmente conversava de verdade. E isso me deixou feliz, até, claro, ele admitir que ainda guarda um carinho especial pela Peggy. Tudo bem, ela é uma velha de sei lá quantos anos, mas mesmo assim. Ele compartilhou, mesmo que pouco, o que ele sentiu quando percebeu que havia ficado congelado durante anos. Confuso, atordoado, desesperado, com medo. Se sentiu pequeno, minúsculo no meio de uma infinidade de novas informações. Quando ele me disse aquilo, forcei meu lado carinhoso a funcionar e abracei-o durante o tempo que consegui suportar todo aquele meu lado meloso.

─ Primeiro as damas. ─ ele rebateu e pude sentir que ele sorria sobre meu cabelo. Pois é. Eu ainda estava abraçada com ele pois não encontrara forças para lutar contra a maravilhosa sensação dos seus braços em torno de mim.

─ Maldito cavalheirismo. ─ murmurei e ouvi ele rir ─ Sinto muito te informar, meu caro Rogers, mas atualmente existe uma coisa chamada feminismo. É é algo que eu recentemente resolvi aderir porq-

─ Kate, você está tentando me enrolar? ─ Puxa vida, eu adorava ouvi-lo me chamar.

─ Pode me chamar de Lilly se preferir. ─ continuei com a embromação ─ Meus amigos costumam me chamar assim, porque meu nome pode ser um pouco intimidador demais e...

─ E você continua a me enrolar. ─ ele se afastou de mim só o suficiente para me olhar nos olhos.

─ Para de fazer isso. ─ resmunguei e o encarei séria.

─ Isso o que? ─ ele franziu o cenho e me olhou curioso.

─ Esse lance com os olhos. ─ soltei-me de seu abraço e virei minha face para o outro lado. Não era possível que ele não sabia que tipo de efeito ele tinha nas mulheres.

─ Espera... Que lance com os olhos? ─ ele virou meu rosto em sua direção e ficou me encarando novamente e jogando seu charme. Não parecia ser intencional, mas ainda sim me afetava.

O que é que a gente estava falando mesmo?

─ Agente Fury? ─ uma voz brandou surpresa da entrada fazendo com que eu desse um pulo, levantasse-me e desse alguns passos para longe de Steve. Não estava preparada para que nos vissem daquele jeito.

─ Salt! ─ exasperei. O que raios ele e Jason estavam fazendo ali?

─ Senhores. ─ Steve se levantou e caminhou para mais perto de mim ─ Não sei se foram informados, mas essa sala é uma área privada.

Jason endireitou sua postura e percebi que Salt empinou seu peito e flexionou o músculo dos braços parecendo intimidado com todo o peitoral desnudo de Steve. Cara, eu estava abraçada com ele assim... Como é que eu não percebi isso?

─ Capitão. ─ ambos cumprimentaram o superior em uníssono. ─ Agente Fury... nosso comandante estava a sua procura. Fomos informados de que você se atrasaria para a reunião, mas não esperávamos que fosse tão... demorado assim.

Cocei a cabeça, procurando uma desculpa viável.

─ A agente Fury e eu estávamos conversando sobre... as estratégias que vocês pretendem para essa missão. ─ Steve deu um passo a frente, parecendo querer me ajudar.

─ A agente Fury não tem permissão para compartilhar esse tipo de informação sigilosa. ─ Salt falou mecanicamente ─ Esses assuntos devem ser tratados diretamente e unicamente com a equipe S.T.R.I.K.E.

A agente Fury está cansada de ser tratada como uma mulher invisível.

Bufei e resolvi intervir naquela baboseira toda.

─ Tá. O que o capitão quis dizer foi: ─ comecei a caminhar em direção a eles e me afastar ainda mais de Steve ─ Lilly e eu estávamos discutindo sobre a falta de capacidade que o comandante S.TR.I.K.E. tem para organizar estratégias.

Aquele comentário calou a boca dos três.

Salt e Jason viraram-se de forma brusca e caminharam para fora da sala e eu os segui.

Antes que eu saísse ouvi Steve dizer:

─ Continuamos depois?

Quantas promessas poderiam ser contadas em apenas duas palavras como aquelas?

Deixei um sorriso rápido escapar antes de responder:

─ Claro. Preciso te explicar melhor o que você consegue fazer com o lance do olho.

Pude sentir que ele sorriu após eu dizer aquilo.

É. Até que não é tão ruim esse negócio de flerte.

─ O que é esse lance do olho? ─ Salt estava de braços cruzados e me olhando irritado.

─ Sabia que é feio ouvir a conversa dos outros? ─ retribui o olhar a altura.

─ Tá, tanto faz. ─ Jason estava caminhando bem a frente, sem se importar muito com o que estava acontecendo ─ O Comandante quer te ver. Isso é o que importa.


❇❇❇

─ New Orleans?

─ Claro, desfilei várias vezes durante o carnaval de lá.

─ Maine?

─ Minha nossa, dá pra você expandir os horizontes?

Natasha resolveu se meter em minha conversa com Clint que parecia durar horas.

─ Chile.

Soltei um suspiro.

─ Olha... Chile é um lugar muito legal quando se trata de comida. Já provaram as iguarias de lá?

─ Noruega?

─ Já trabalhei para a policia de lá uma vez. Até que foi divertido.

─ Cazaquistão?

─ Minha nossa! Tive a pior noite da minha vida por lá. Eu nunca vou me esquecer da vez que fiquei presa dentro daquele tanque com um motorista bêbado tentando me agarrar.

─ Tá. Eu desisto. ─ ela jogou a garrafa de cerveja longe e bufou ─ Pra que lugar nesse planeta você ainda não foi?

Clint sorriu e entregou outra garrafa para ela.

Já havia escurecido e Romanoff me raptou de uma das reuniões para ficar de bobeira no térreo. No inicio eu pensei que fosse alguma estratégia estranha de Fury, mas ela explicou que estava esperando uma confirmação de missão e não estava muito afim de ficar zanzando pelo edifício.

Clint era um caso a parte. Ele deveria já estar na base secreta onde o cubo estava alojado, mas resolveu esperar pela equipe S.TR.I.K.E..

─ Canadá. ─ revelei e os dois me olharam surpresos ─ Que é? Não gosto muito do pessoal de lá. ─ dei de ombros ─ E é um lugar muito sem graça para ficar. Cultura bilíngue... não me dou muito bem.

Olhei para o relógio em meu pulso e percebi que já estava ficando realmente tarde.

─ Que merda! Eu me esqueci da reunião com Fury! Preciso correr antes que ele mande o exército atrás de mim.

─ Vai se reunir para pedir uns conselhos ao papai sobre o Rogers? ─ Clint ergueu uma das sobrancelhas me encarando intrigado e ironizou.

─ O que você quer dizer com isso? ─ franzi o cenho e o retribuí o olhar.

─ Olha... se eu fosse você não se envolvia nos assuntos amorosos de uma mulher que sabe muito bem usar facas. Acredite. Conselho de amiga. ─ Natasha murmurou para o amigo compartilhando do tom irônico.

Bufei e revirei os olhos.

─ Vocês são dois grandessíssimos idiotas. ─ levantei-me em um salto e deixei a garrafa de cerveja no chão ─ Se me derem licença, preciso terminar uma discussão de pai e filha com o tal homem de um olho só.

─ Boa sorte. ─ Clint acenou e Natasha o seguiu.

Enquanto era direcionada ao andar de Fury, comecei a perceber o tipo de mulher que estava me tornando. Meses antes eu era uma fugitiva internacional, ameaça global e qualquer tipo de coisa ruim que podia-se imaginar de uma pessoa. E agora eu sou uma agente da S.H.I.E.L.D. que está, finalmente, seguindo os trilhos certos da vida. Acho que Nick ficará um pouco orgulhoso disso. Finalmente eu havia encontrado alguém para me manter na linha.

Assim que saí do elevador, um pouco alheia ao meu redor, dei de cara com algo estranhamente familiar. Acho que já esbarrei nisso antes.

Ergui o olhar do celular para o que quer que fosse aquilo e percebi que era nada mais, nada menos que Steve.

─ Achei que já estivesse no hotel. ─ ele ergueu o celular e mostrou que ─ além de já saber abrir a caixa de mensagens, que eu sinceramente me orgulhava muito de ver ─ havia acabado de ler a mensagem que eu enviara mais cedo.

─ E eu achei que você só ficasse no subsolo. Sozinho. Trancado. Lutando. Subsolo. ─ Eu realmente estava falando pausadamente feito uma doente mental?

─ Vim falar com Fury. ─ ele explicou de forma breve, pois percebeu que o elevador já estava se fechando. Entrou às pressas e acenou rapidamente para mim.

─ Sério? O que exatamente? ─ mas não obtive resposta. A porta dupla se fechara e ele se fora.

Bom, só há um jeito de descobrir o que ele queria com Nick.

─ Agente Fury eu já avisei que você- ─ cortei a secretária enquanto rumava em direção a porta da sala do Diretor Fury.

─ Querida, eu já avisei que não me interessa o que você fala. Agora cala a boquinha e me deixa passar. ─ abri e fechei a porta da sala de Nick ignorando totalmente, como sempre, os protestos dela.

Nick estava totalmente ereto, em sua melhor postura, virado de costas para o interior da sala e obviamente focado na paisagem que a imensa janela de vidro proporcionava. Eu não prestei muita atenção na paisagem, mas parecia ser bem mais importante que a loira irritada que acabara de entrar em sua sala.

Já que estava no fim da noite, ele era o diretor de uma das maiores organizações secretas do mundo e estava enfrentando imensos colapsos de uma só vez. Por esses e outros motivos resolvi ser um pouco gentil.

─ Agente Fury anunciando a entrada da Agente Fury, senhor. ─ Não. Eu não consigo deixar de ser irônica.

Ele me ignorou por completo.

Dei alguns passos em sua direção bem lentamente. O que será que eu fiz dessa vez?

─ Nick?

─ O que quer que você e Steve Rogers tenham, deve terminar imediatamente. ─ ele bombardeou-me com as palavras de forma fria e muito bem calculada.

Precisei de uns segundos para projetar as palavras:

O que?

Eu ainda podia sentir o eco que a sua voz criara em minha mente, mas não tive tempo para me recompor, pois ele voltou a falar:

─ Você não é uma deficiente auditiva, isso eu tenho certeza.

─ Espera... Eu não estou entendendo o que isso quer dizer...

─ Você quer que eu desenhe? Porque sabe como eu sou muito bom em deixar as coisas visíveis.

─ Qual é Nick! ─ bufei ─ Então porque você levou o Steve na minha cafeteria? ─ cruzei meus braços e lutei contra a vontade de gritar as palavras.

─ Um erro! ─ ele devolveu de forma brusca ─ Um erro tolo de um homem iludido.

─ E o discurso do Central Park? Aquele papo todo sobre o que Steve tinha compartilhado com você?

─ Outro erro! ─ rebateu ─ Coisa que não pretendo cometer novamente.

─ O que o Steve veio fazer aqui agora a pouco? ─ resolvi perguntar o que já ansiava desde que entrara na sala.

─ O Capitão Steve Rogers veio pedir minha permissão. ─ ele fez uma pausa dramática enquanto se virava lentamente para mim. Minha nossa ele está bastante puto ─ Permissão de um pai. ─ outra pausa dramática ─ Para levá-la para jantar.

Tive de morder meu lábio inferior bem forte para reprimir um sorriso idiota que tentava escapar.

─ Você. Steve. Acaba agora.

Fui derrubada da nuvem em que eu estava flutuando com as palavras grossas de Nick

─ Que foi? Está tentando interpretar o pai do papel super-protetor agora? Protegendo a filha de relacionamentos?

─ Estou tentando proteger Steve. De você.

─ Mas o que... ─ minha voz soou fraca.

─ Eu errei de forma tão tola... tão iludida ─ ele suspirou ─ De um lado eu tinha Steve Rogers. O Capitão América recém-descongelado pairando em um novo mundo. Um homem desolado, atordoado, totalmente perdido. Ansiava por uma âncora. Algo ou alguém que pudesse o fortalecer, o prontificar, o ajudar a criar raízes nesse novo mundo desconhecido. Ele acorda em um cenário desconhecido, depara-se com pessoas desconhecidas, tecnologias desconhecidas... E foca sua visão em apenas um rosto. O rosto de uma mulher. Entre tantas possibilidades, tantas coisas para observar... Ele a vê no meio da multidão e grava seu rosto de forma tão perfeita que poderia até mesmo pintar um quadro sobre ela. ─ meu celular vibrou, indicando que uma nova mensagem chegara ─ Não ouse desviar a atenção agora, Ellizabeth! Pelo menos uma vez em toda sua vida preste atenção no que eu tenho para falar. ─ Minha nossa, a coisa realmente não estava boa para o meu lado ─ E do outro lado eu tinha você ─ ele prosseguiu com o discurso ─, Ellizabeth Fury. Havia acabado de passar por tumultuações, transgressões, transformações em sua vida que raramente é possível de se encontrar por aí. Mal voltou para a S.H.I.E.L.D. e já enfrentou uma missão que abalou suas estruturas. Encontrou um homem congelado que ainda respirava. ─ ele começou a caminhar pela sala enquanto falava, me deixando ainda mais tensa e admito que assustada ─ E, sei lá, por ironia do destino, Steve Rogers, no meio de uma imensa multidão, deparou-se com a mulher que temia manter contato com ele. A mulher que fora a primeira a vê-lo durante décadas, a primeira a tocá-lo a tentar contactá-lo... E a primeira a se recusar a ajudá-lo. ─ outro suspiro ─ Eu achei que seria a ideia perfeita. Unir duas pessoas completamente diferentes, porém com problemas tão parecidos... Torná-los amigos, confidentes, capazes de ajudar um ao outro... Mas infelizmente eu acabei acordando e percebendo que a realidade em que eu vivia não coincidia com a de meu sonho. Ellizabeth não está pronta. É uma péssima influência para este homem e eu pretendo cortar o mal pela raiz antes que se espalhe de forma viral e destrua de vez a chance que ele tem de ter uma vida.

Eu realmente não sabia o que dizer. Estava chocada demais até mesmo para perceber que segurava a respiração. Meus olhos ardiam e eu lutava contra as lágrimas que se formavam, ansiosas para escaparem e criarem caminho através de minha face. Lágrimas que carregariam com ela e exibiriam ao mundo ─ a este homem ─ mágoa, tristeza e dor. Eu não sabia que era realmente capaz de sentir aquela dor emocional capaz de me causar enjoo.

─ Você não é adequada para cuidar da relação entre o mundo e Steve Rogers. ─ ele não me deu tempo para respirar ou refrescar a memória ─ Por isso irei encaminhá-la amanhã cedo ao lado do agente Barton para a base secreta onde o cubo está alocado...

─ Permissão para sair, senhor. ─ as palavras saíram sussurrantes, mas eu tinha a certeza de que ele ouvira e as ignorou.

─... e irá ficar lá até segundas ordens. Seu comandante recebeu ordens de me relatar qualquer erro que você venha cometer futuramente. Salt e Gate foram encarregados...

─ Permissão... para sair, senhor. ─ pedi novamente, quase que suplicante, mas ele não me ouviu.

─ ... de vigiá-la de perto durante toda a estadia e fazerem anotações sobre seu comportamento.

─ O que foi que eu fiz de tão errado para você me odiar tanto assim? ─ não consegui resistir a tentação e perguntei. Uma lágrima escapou.

─ Não odeio você. ─ foi tudo o que ele falou.

─ Então que merda eu fiz pra você agir dessa forma? ─ o som da minha voz aumentou um tom, mas ainda era baixa demais para ser considerada normal. Outra lágrima.

─ Quer mesmo que eu diga o que observei em você para causar minha precaução imediata, Ellizabeth? ─ ele ainda agia de forma superior e fria.

Não disse nada, então ele considerou um sim.

─ Observei você atentamente durante o tempo em que esteve ao lado de Rogers em Nova York. ─ ele caminhou até a beira de sua mesa e se encostou nela ─ O plano que eu tinha em mente parecia surtir efeito. Steve estava cada vez mais atualizado, mais interessado e ativo. Então a coisa toda desandou quando ele percebeu que não era apenas ele que tinha uma carga, uma bagagem ali. Você também tem uma. E apesar de não dizer a ele, percebeu que era extensa e pesada. Talvez não tanto quanto a dele, mas o suficiente para fazê-la dormir mal a noite. E então ele se afastou. O que eu não disse a você naquela tarde no Central Park foi que ele me contou exatamente a lembrança que você compartilhou com ele. O que só Steve percebeu na hora, foi o que no instante em que você pousou em Washington eu pude perceber. A situação se tornou inversa. Não era você a âncora dele. Foi Steve que se tornou sua âncora. ─ ele desviou o olhar para observar um ponto fixo no chão por um momento, mas logo voltou-se para mim ─ Você pode pensar que eu odeio você, que eu estou cometendo um grande e absurdo erro... Mas quando eu digo que estou protegendo Steve de você, não é uma coisa tão absurda assim. Eu não posso unir uma agente que contem a maior bagagem neste mundo com um o homem que quase consegue superá-la nessas bagagens. Não seria certo com ele e muito menos com você. Pode parecer maldoso, mas Lilly... É o mais perto de um ato digno de pai que posso realizar agora.

O nó estava lá. Na minha garganta. Mas eu lutei da melhor forma que pude para vencê-lo e dizer:

─ E você só me diz isso agora?

─ Antes tarde do que nunca. ─ foi tudo o que ele disse depois disso.

Desisti de ficar ali para olhá-lo. Naquele momento eu me sentia pesada, lenta, suja. Minha maior vontade era correr dali e desaparecer rumo ao fim do mundo. As palavras dele giravam e giravam em minha mente, formando círculos e ondulações.

Minha visão ficou turva durante todo o caminho até o elevador, mas eu pouco me importava. Precisava sair dali.

Eu não conseguia assimilar qual discurso tinha surtido mais efeito ou se os dois foram um belo de um tapa ─ para não dizer uma surra ─ que eu levara em toda minha vida. O nó estava de volta em minha garganta e eu pouco me importava com isso.

Um buraco... Não, melhor: uma cratera formou-se dentro de mim e eu podia ouvir os caquinhos caindo de meu corpo enquanto eu andava em direção a saída mais próxima do complexo.

Ellizabeth Fury tinha sido derrotada finalmente. E pelo homem que dizia ser seu pai.


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Notas finais do capítulo

Tá. Vocês podem me odiar, odiar o Nick, odiar a Lilly, odiar o mundo... não, espera, o mundo não. Eu deixo.
Mas garanto que as coisas voltaram para a orbita normal, sério.

Gostaria muito de ler os comentários de vocês. Sério.
Então não se oponham, não se acanhem! Comentem :)
E não tenham medo de ser sinceros, sério! Eu não mordo (pelo menos, não muito {risos})

Até o próximo capítulo! õ/