Pai, mãe e pequena Kiwi.

Como podem ver, eu estou vivo.
Sei que neste momento um sentimento extremamente estranho deve estar atormentando cada um de vocês, mas antes de eu deixar algumas palavras saírem da minha ingrata boca, peço que vocês tentem ao menos entender, por mais que seja difícil, minha explicação.
Demorei a mandar este telegrama, pois no lugar em que atracamos não encontrei nenhum mensageiro. Antes que a dúvida os consuma, quando digo "atracamos", não estou me referindo a marinha...
Sim mãe, sim pai... Depois do naufrágio eu sofri muito, boiei até uma ilha, fui capturado e confundido com um Deus de um grupo de nativos. Quase fui sacrificado em vão em um vulcão denominado de "Grande Aquém de Fogo". Isto só não se deu, pois um amigo meu, também sobrevivente do naufragio, salvou-me.
Como?
Bem, ele foi resgatado por piratas enquanto flutuava sobre um pedaço de madeira. Sim, piratas. Eles o salvaram. E foi este mesmo navio pirata, o qual atracou para reabastecer na ilha que eu estava preso, que me salvou.
Desde então estou a bordo do Às dos Mares.
Nunca havia me sentido assim, tão vivo. Lógico que aí, junto a vocês, o aconchego familiar é indescritível, mas vocês sabem como eu sou teimoso e tenho sede de aventuras. Sei que sou um tolo dizendo isso, mas a liberdade que esta vida me permite é indecifrável em palavras. Assim como eu....
Quero dizer que o amor que eu sinto por cada um de vocês sempre será o mesmo e até mais intenso. Minha família é minha família e nunca a de haver quaisquer outros quem eu possa de fato confiar, estimar e ser fiel, assim como sou com vocês.
Sei que é difícil de aceitar, até mesmo de perdoar. Ser um pirata foi uma decisão que coube somente a mim traçar. Pai, você é e sempre será um ótimo representante da marinha de Verópolis. Eu me orgulho muito de você. Se orgulharia de mim também?
Pelo o que eu sou...
Do seu eterno filho, Terick Hoipky.