Alasca - INTERATIVA [ Hiatus ] escrita por Lontra Potter


Capítulo 4
III- Socorro!


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou grandinho, né gente? Mas eu estava inspirada...
OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA pelo feedback no último capítulo, muito agradecida, viu coleguinhas? Vocês são leitores muito legais!



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( Tobias P.O. V ON)

Tobias ficou calado olhando para as paredes durante ( ele supôs ) o resto do dia. Pietra estava na cama de baixo do beliche fingindo estar muito interessada nas unhas. Era estressante estar num quarto sem paredes e nem janelas, e ele já estava se sentindo claustrofóbico.
– Olá, garotos - Falou uma voz feminina e doce.
Milah entrara no quarto de algum modo, e estava usando os cabelos presos numa trança e um vestido. Ela também tinha uma tatuagem SPQR, mas era de tinta, e tinha duas conchas. Filha de Vênus, ou na mitologia grega, Afrodite.
– Você! - Tobias grunhiu. Ele se levantou, sem se lembrar que estava de mãos completamentes vazias. - Filha de uma Hera!
Pietra tinha se levantado, mas ela tinha uma arma, então estava em vantagem. Tobias teve por um momento a humilhante idéia de passar ela para frente, como as crianças fazem no baleado, se escondendo atrás das pessoas.
– Juno, para os romanos, querido- Corrigiu Milah. - Mas não vim aqui para conversar, de verdade. Venham comigo, graecus.*
– Me obrigue - Desafiou Pietra.
– É! Obrigue ela! - Tobias não pensou em nada mais inteligente para dizer. A filha de Hades o encarou.
– Venham comigo. - Repetiu firmemente Milah.
Uma onde de calor percorreu todo o corpo de Tobias. Ei, de repente parecia uma boa ideia ir com ela. Por que não?
Provavelmente seu lado sucinto, de filho de Ares, falou mais alto.
" Não. Ela está o usando o charme. "
" Sim!"
" Não!"
" Siim! "
" NÃO!"
" Ok, não."
– É... boa ideia... - Pietra falou, hipnotizada pelo charme. O poder das palavras de filha de Vênus eram intensos demais.
Tobias segurou a filha de Hades pelo casaco.
– Não, eu não vou com você para lugar nenhum.
Milah ficou espantada, e cerrou os olhos.
– Esqueci como os filhos de Marte podem ser teimosos.
Ela estalou os dedos e um homem entrou na sala. Segundo a tatuagem, filho de Plutão. Ele agarrou Tobias, sem muita delicadeza, pelos ombros.
– Vamos lá, graecus! Seja bonzinho! - Ele pediu, leia-se ordenou.
Nessa hora, o senso de defesa de Tobias não falhou. Ele mordeu a coisa mais próxima que viu ( quer por um milagroso acaso era a jugular do homem ) e começou a bater e chutar. Chutou nos lugares mais improváveis, e sinceramente não sentiu pena quando o homem caiu de dor no chão, com uma mão no pescoço e outra... poupe- me os detalhes.
– Mas como? Filho de Ares, você vem comigo AGORA! - Ordenou Milah.
Dessa vez o charme o charme foi forte demais. Ele e Pietra andaram hipnotizados atrás da filha de Vênus. A mesma chamou outro homem, filho de Plutão, que os teletransportou através das sombras.
Pietra e Tobias pararam numa sala mal iluminada, onde estava um frio excruciante. Mas não era isso que chocava.
Inúmeros outros adolescentes estavam sentados, amarrados em cadeiras de ferro. Todos eles eram diferentes, e todos tinham a tatuagem á fogo, de diferentes símbolos. Alguns guardas estavam olhando, e usavam togas de várias nuances de roxo.
– Vocês vão para lá - Apontou Milah para as únicas cadeiras vazias, usando o charme.
Onde Tobias ficava era entre um filho de Hécate e uma filha de Apolo. Pietra se dirigiu até a extremidade oposta da fileira, ainda hipnotizada. Assim que eles se sentaram, as cordas se prenderam.
Assim que a romana filha de Vênus saiu do recinto, todos acordaram.
– Ahhh! - A filha de Apolo gritou. - Maldita! Não acredito! Não acredito que caí num truque de uma filha de AFRODITE!
– Qual o problema com Afrodite? - Perguntou irritada uma voz ao longe de onde eles estavam.
– Droga! Droga! Essa tatuagem maldita ainda dói, caramba! - Falou o filho de Hécate, estressado. - Eu deveria ter conseguido fugir!
Os adolescentes continuaram gritando e esperneando, até que um idoso entrou na sala, usando uma capa de frio romana.
– CALEM- SE! - Ele ordenou.
As vozes pararam aos poucos, mas as pessoas continuavam a resmungar e um garoto de 13 anos, filho de Hefesto, começou a chorar de medo. Tobias ficou morrendo de pena. Coitado do garoto.
– Olá, Meios- Sangues! - O homem falou. Ele estava com um sorriso sádico no rosto. - Sejam muito bem- vindos! Espero que esteja sendo de seu agrado a estadia aqui!
Ha, ha. Além de tudo ele era sarcástico.
– Bom, meus semideuses, sejam bem- vindos á sua nova terra! A terra dos criminosos! - Ele falou. Alguns dos guardas deram risadinhas irônicas. - Aqui, nós temos basicamente três regras:
" Regra número 1: Vocês vão me obedecer. Vão fazer tudo que eu mandar, não importa como nem porquê. Absolutamente tudo que eu mandar. Entenderam?
Regra número 2: Não vão se atrever tentar sair daqui. Se desobedecerem essa ordem, podem aguardar um castigo. E não poupo pessoas de castigos.
Regra número 3: Não vão aceitar nada do que lhe derem que não venha diretamente de mim ou de Milah. Vocês já devem conhecê- la. Obedecendo essas simples ordens, vocês levarão uma vida menos difícil aqui.
E só mais uma coisinha. Vocês serão simpáticos, na medida do possível, quando alguém quiser entrevistá- los. Vocês vão dizer o que eu mandar dizer. Por que não importa o quanto implorem, o quanto chorem, vocês estão aqui por Roma."
– Ave! - Gritaram os guardas, felizes. Deviam estar se divertindo pacas.
– E, bem, não fomos devidamente apresentados. Muito prazer, Imperador Louiz.- O Imperador disse. - E agora, Semideuses, me divirtam.
Tobias mal teve tempo de raciocinar antes do cão infernal entrar na sala.
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( Angie P.O.V On)

Angie estava acabada, cansada, queria deitar e dormir, mas na verdade teve que acordar cedo par ir para a escola, e isso parecia absurdo, por que era muito... normal.
Todas as pessoas pareciam normais, e normalmente ela levaria isso na maior naturalidade, mas como assim ninguém estava desesperado?
– Olá, An! - Cumprimentou Nina, a melhor amiga de Angie. - Ah, você nem imagina o que aconteceu no aniversário de minha tia, foi ótimo!
Nina era baixinha, tinha cabelos loiros compridos, e uma vozinha irritante, muito irritante. Especialmente irritante aquela manhã.
– Sim, deve ter sido muito interessante - Angie falou, só da boca pra fora mesmo.- Parabéns para sua tia, viva.
Nina começou a contar como foi no aniversário.
– Ai, meu Deus, e eu entrei na festa, e tipo, estava toda de calça jeans, camiseta preta e all star, e, tipo assim, todo mundo estava com traje de gala, e eu tipo, imaginando que ia ser, tipo, uma festa de família, tipo, umas quinze pessoas, mas, tipo assim, tinha umas duzentas, e tipo, minha vó surgiu e me obrigou a tipo, vestir um vestido supervelho, mas tipo assim, o Harry me viu e disse que eu estava linda, então tipo, estou com ele desde ontem, tipo, não o vestido, e sim o Harry.- Falou, se referindo ao irmão do amigo do tio do sobrinho do pai dela.
Angie não teve como não sorrir, mas estava meio irritada com todos os " tipo" presentes na frase.
– Ah não, tipo, eu falei muitos tipos? - Nina se repreendeu. - Poxa vida, eu já devia, ti... ter aprendido.- Ela parou no meio de um " tipo". - Mas agora me fale sobre sua vida amorosa, estou curiosa, quero saber tudo, daqui a duas semanas eu vou para Orlando, quero que todas as tretas aconteçam agora!
Tretas? Mais? Não, obrigada...
– Está MUITO BOA, obrigado por perguntar! - Angie falou, sorrindo para a amiga.
Nina retribuiu o sorriso e começou a olhar em volta.
– Ãhn, mas onde está o Tobias, afinal? Eu costumava o ver com você. - Ela perguntou.
Hora do improviso. Angie começou a se lembrar de alguns fatos, como no dia que Tobias disse que quando ficasse doente e faltasse a escola seria um dia bem legal. Mas que teria que ser uma doença bem radical, como AIDS ou infecção intestinal. As vezes Angie achava que o namorado era louco.
– Ele ficou com AIDS e está em casa, com muita dor de estômago, deitado na cama. - Ela falou para Nina, que ficou espantada e falou algo como " tadinho".
Nessa mesma hora, Claúdia apareceu, com cara de ofendida. Ela cruzou os braços para Angie.
– Hey, que trabalho de Ciências foi esse? Sua mãe me ligou ontem, estou chateada, ela começou a dizer que eu deveria ter ajudado, que você ficou estressada com todo o resto... só por que faltei está achando que pode inventar mentirinhas?
Angie demorou dois ou três segundos para se lembrar do que a colega estava falando.
– Ah. Desculpa, Claúdia. Eu pensei que pudesse te encobrir, não vi você ontem, então... hã, resolvi te procurar na praia, sabe como é, lhe entregar os cadernos de ontem e tal, mas não te achei, acabei sendo sorteada para fazer o tal trabalho de ciências com você, mais m motivo para te procurar. Mas não te achei, tive que fazer tudo sozinha, fiquei cansada, minha mãe deve ter entendido errado.
Foi uma desculpa muito bem formada, mas tinha vários riscos. Como Angie ia saber se Claúdia realmente morava perto da praia? E não existia trabalho de Ciências.
– Oh. Então, tudo bem. Você acertou, minha casa é um pouco abaixo da orla da praia, não fui ontem só por que estava com dor de cabeça. Devo fazer meu trabalho sozinha? - Ela disse, ansiosa.
Nina já tinha sacado que era mentira, então se meteu no meio da conversa para salvar Angie.
– Na verdade, o trabalho foi adiado. Ninguém se lembra mais. Sabe como é. - A loira falou, decidida. - Pode ir embora, agora.
Assim que Claúdia saiu, com uma cara bem mais feliz, Nina voltou novamente seu rosto par Angie.
– Vou ter que correr e convencer um professor a fazer esse trabalho. - Angie falou. - Mas obrigada por me salvar.
– Fica me devendo essa. OK, sei que não devo fazer perguntas, então vamos logo para a aula, por favor?
As duas subiram, e Nina zarpou com Harry nos corredores.
A primeira aula era de História, sobre os deuses romanos. Angie permitiu seus pensamentos voarem para o dia anterior, quando Milah, a lunática, dissera coisas como " Filho de Ares" e " Graecus", coisas que ela não entendia.
O professor começou a passar entre as mesas, colocando um papel cor de rosa.
" A Escola Oficial de Roma apresenta:
Deuses, deuses, e mais DEUSES!
Você está convidado para entrar nesse mundo de seres fantásticos num evento muito
especial, onde aprenderá de forma divertidíssima mais sobre nossos patronos: Os deuses!
Romanos ou gregos, esses seres tem muita coisa para contar!
Compareçam!"
– Isso vocês devem entregar para seus pais ou responsáveis. Será quinta- feira que vem. Vocês terão que fazer um estande, em duplas, falando de cada um dos deuses, sendo que será sorteio. Vamos começar desde já.- Disse o professor.
O homem colocou uma caixa negra em cima da mesa, que continham vários papeizinhos.
– Venham aqui na frente, tirem um papel, e escolham suas duplas, sendo que as pessoas escolhidas não irão tirar papéis, entenderam? - Explicou o homem com voz monótona. - Podem vir.
Uma ruiva dentuça que sentava na primeira cadeira de primeira fileira se levantou e pegou um papel. Ela o abriu e anunciou:
– Plutão.- Disse. - Minha dupla será a Nancy, certo, Nancy?
Nancy concordou.
E assim em diante, vários deuses foram saindo, até deuses menores que Angie nem sabia que existiam. Um menino reclamão acabara de tirar Vênus. Depois dele, foi a vez de Nina.
Ela se levantou e fechou os olhos animadamente para escolher um dos muitos papéis que ainda sobravam e retirou um . Ela o abriu.
– Marte!
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( Tobias P.O.V ON)

– Erre es korakas! **- Praguejou Tobias quando as cordas da cadeira se soltaram. É sério, isso?
O garoto filho de Hefesto imediatamente começou a invocar bolas de fogo, como se fizesse isso todo dia. Mas o cão infernal não se abalava.
– Ah, VAI PARA O TÁRTARO, SEU... - Gritou um garoto ( Filho de Hécate, segundo a tatuagem) atrás de Tobias, que empunhava uma espada de aço. Ele foi interrompido por um latido especialmente forte do cão infernal.
Tobias estava desarmado, no meio de vários adolescentes que xingavam e atiravam e flechas e facas ( não se esqueça das espadas! ) e um cão infernal solto pela sala. Ou seja, ele estava na pior, então começou a correr bem pra longe do cachorro tamanho GGGGGGG. Pietra o viu e sinceramente não ficou muito satisfeita de ver um filho do deus da GUERRA correndo de um simples cão infernal.
– Por Zeus...eu não merecia ver isso. - Ela falou, segurando uma adaga de ferro estígio.
– POIS É, PENA QUE VIU! - Tobias gritou, indo na direção oposta do cão infernal.
Péssima decisão.
O bichão decidiu que seria muito melhor deixar uma filha de Hades apetitosa e seus amiguinhos para atacar primeiramente um único filho de Ares, como um tira- gosto. Não tinha molho Barbecue, mas o que é molho perto de sangue?
O cão começou a correr na direção oposta, também, e estava chegando perto demais. Muito perto.
O cachorrão estava a praticamente um metro e meio de Tobias, e seria bem fácil abrir a bocona e devorar um semideus apavorado de jantar, mas ficou parado um milésimo de segundo antes de provocar a ação.
Foi esse milésimo de segundo que fez Tobias sobreviver.
Talvez seu lado mais " Ares" acordou naquele momento, mas ele conseguiu correr, correr rápido demais para qualquer padrão, e quando percebeu estava segurando uma espada de bronze celestial. Mil golpes de espada e de luta apareceram em sua mente, como se ele gravasse todos eles todos os dias, e já que Tobias tinha o recurso, por que não botá- lo em prática?
Todos os golpes que lhe vieram á mente foram usados. Toda vez que ele precisava de um arco, BUM! Lá estava o arco, BUM! Lá estava a espada, BUM! Lá estava a adaga.
– Uau. Valeu, papai.- Ele murmurou.
O cão infernal já estava sofrendo vários danos, tanto vindos dos outros semideuses como de Tobias. Mas ele precisava dar o golpe final, se não a " diversão" ( que conceito bacana de diversão! ) do rei não iria acabar tão cedo.
Ei, como eu queria uma bazuca.
Uma bazuca impressionante se materializou nas mãos de Tobias. Ele nunca tinha mexido naquele troço, mas fez tudo automaticamente, como se fosse absolutamente comum. Talvez mais um poder de Ares?
Quando o cão infernal abriu o bocarrão para tentar matar de uma vez aqueles semideuses irritantes, Tobias se jogou na frente do cachorro, tentando chamar a atenção.
– EI, TOTÓ! AQUI! - Ele gritou. O cão olhou para ele, já meio lerdo, mas ainda ameaçador.
BANG!
Vários dardos enormes de ferro estígio saíram da arma, direto para a boca do monstro. Os outros meio- sangues olharam impressionados.
Não foi uma cena muito agradável...
O cão infernal explodiu de dentro para fora, em um pó dourado. Um montão de pó demoníaco se espalhou por toda a sala. Os semideuses estavam arranhados, queimados, arrasados e cansados, mas ficaram eufóricos. O Imperador Louiz ficou extremamente chateado com o fim de seu Show de Talentos. Ele assistia tudo, seguro num andar superior. Todos os guardas fecharam a cara.
– Muito bom, semideuses.... muito bom. Creio que por hoje já deu - Falou o Imperador, se levantando batendo palmas. Tobias teve a certeza que ele estava pensando por que ninguém tinha morrido. - Voltem todos para os quartos. Tenho a certeza absoluta agora que vocês definitivamente não são normais.
– Obrigado por lembrar, tio! - Falou Pietra, com todo o sarcasmo possível na voz.- Valeu mesmo!
Os guardas agarraram de novo todos os adolescentes, e começaram a escoltá- los.
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( Louiz P.O.V ON)
Assim que todos os meios- sangues saíram, o Imperador se levantou com ar sombrio.
– Olhe isso Milah- Ele disse, segurando o ombro da filha. Ele a guiou para o " palco", onde ainda estavam vários vestígios da batalha recente.
Várias marcas de um líquido dourado estavam espalhadas pelo chão. Milah contraiu o rosto.
– Mas isso... é Icor.- Disse, chocada.
– Icor, Milah. É icor mesmo.- Concordou o Imperador, impressionado. - Eles são meus peões principais. Vamos reerguer Roma. Eles não são normais.
Definitivamente não eram...
Icor. O sangue dos deuses....


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Notas finais do capítulo

** Graecus é uma " gíria" romana, que significa " Grego", mas também é usada como " Inimigo ou Invasor".
**Erre es korakas!! é uma frase em grego que significa " Vá Para Os Corvos!". Aqui no Brasil não parece uma grande ofensa, mas acredite, lá significa muito mais.