( Angie P.O.V ON )

Angie achava que os melhores momentos da sua vida era os que passava com o namorado.
Os familiares já tinham dito que ele era o " garoto problema". Que ela estava ficando apaixonada demais por ele, e que se continuasse assim ela ia enjoar, que era muito grude, mas Angie achava que não tem como se enjoar do que se ama. Tobias era uma das coisas.
Certo, ela amava a família, também. Só que as vezes eles eram tão implicantes. Angel, sua irmã mais nova, vivia a azucrinando para brincar de Barbie. E ainda tinha essa idéia ridícula de colocar o nome das filhas com praticamente duas letras de diferença...
A mãe de Angie era muito ocupada. Vivia para o trabalho, e praticamente só via as filhas a cada dois finais de semana. Ela amava o trabalho. Também tinha o pai, Kaíque, que também não era muito diferente. Se isolava no quarto de TV com algumas garrafas de cerveja e amendoins e ficava por lá o dia todo, seguindo essa dieta super saudável.
– Ei, Angie, você está aqui comigo? - Perguntou Tobias sacudindo a mão na frente da cara dela. Angie não tinha notado que estava calada, olhando para o nada, até então.
– Ah. Sim, desculpe. Eu só estava viajando. - Ela se desculpou. - Você tinha falado algo?
Os dois estavam sentados na parte mais escondida da praia, em cima de uma toalha de patinhos, no completo escuro se não fosse por uma velinha de aniversário que estava protegida em um copo de vidro quebrado, para não apagar. Mas ela também não ajudava em muita coisa.
– Eu tinha perguntado - Tobias repetiu. - onde você gostaria de estar se fosse o fim do mundo.
– Exatamente aqui.- Angie respondeu.
Ele sorriu e os dois ficaram mais próximos, por que estava muito frio.
"I had a dream that I kissed your lips and it felt so true
Then I woke up as a nervous wreck and I fell for you
I'll spend the night living in denial
Making paper planes just for a while
I'll crash into you, crash into you
Did you crash in my imagination too?
Break a leg and you crushed my heart
I'm a mess and you're a work of art
Count your blessings going zero to five
Steal a kiss and I took a dive
And I went down like the speed of sound
You're out of sight but not out of mind"**
– O que você está cantando? - Angie perguntou rindo. Tobias fingiu uma cara de bravo, mas voltou a sorrir depois.
– Ah... uma música que me lembra você.- Ele falou. - Não vou dizer o nome, fique na curiosidade.
– Tá bom.- Angie disse, anotando mentalmente os versos da música. Repentinamente, uma música da Taylor Swift começou a tocar.- Espera, é o toque de meu celular. Onde está?
– Lá na frente, não se desespere. Dentro da sua bolsa.- Tobias respondeu, fazendo uma careta ao decifrar a cantora da música. - Sinto dizer, mas como você gosta dessa mulher? Que voz de pato atropelado.
– Melhor que a sua, cantor de banheiro...- Ela se levantou e foi pegar a bolsa. -Até os animais se escondem quando você começa a cantar.
– Também te amo.
Angie atendeu finalmente á chamada, que dizia " PAPAI". Lá vem coisa, ela pensou.
" Onde você está? Estamos só te esperando! " Soou a voz forte do pai.
" Como assim? Minha mãe está em casa? "
" Sim. Elefantes. "
" Ah...claro. Chego daqui a pouco. Tchau. "
" Patos azuis são legais "
" O quê? "
Angie ouviu o som do telefone sendo arrancado da mão do pai.
" Filha, estou em casa. Venha logo, não vou esquentar a comida. Seu pai está bêbado."
" Entendido. Tchau."
" Tchau."
– Ei, más notícias. - Ela suspirou. - Minha mãe chegou, ela vai me obrigar a voltar para casa...se não ela é capaz de rastrear a ligação e vir me buscar.
– Ah... tudo bem. - Tobias pareceu meio chateado. - Rumo á Roma!
Ultimamente era cada vez mais perigoso sair sozinho, de noite. Cada vez mais casos de desaparecimento na Grécia brotavam na TV, e embora houvesse uma grande separação entre as nações, os romanos eram prevenidos por natureza. Em Nova York era tão melhor.
Eles subiram na moto vermelha de Tobias. Algumas pessoas olharam, irritadas com o barulho do automóvel tão tarde. Devem ter pensado que dois adolescentes de 17 anos eram arruaceiros sem nada para fazer da vida.
Angie fechou os olhos, por que odiava o movimento da moto. As paisagens passavam tão rápido que em cinco minutos já estavam relativamente perto da casa dela.
– Então, é aqui que te abandono. - Ele falou, quando estavam a uns três quarteirões da casa de Angie. - Até outro di...MMMM!
Um homem completamente vestido de preto amordaçou Tobias pelas costas. Angie estava apavorada. Ela começou a gritar para atrair a atenção dos vizinhos, mas outro homem ( estava brotando homem do chão, agora?) saiu de algum lugar e prendeu as mãos dela com uma corda.
– Grite mais um pouco, e seu namorado morre. - Ele avisou.
Tobias estava lutando para ser solto, chutando e batendo, mas isso fez com que o homem se irritasse e prendesse as mãos dele também.
" Bata nos olhos, nas pernas e no pescoço," ensinara Tobias uma vez. Quando Angie perguntou como ele sabia isso, Tobias dera de ombros, confuso. Nasci sabendo, dissera.
O.K. Era hora de botar em prática as técnicas de luta.
Ela chutou com todas as forças a perna do seu agressor, e assim que ele ficou cambaleante, tacou a bolsa nos olhos e no pescoço dele. O homem imediatamente caiu no chão, grogue, e ainda tentou se levantar, mas logo desmaiou. Um broche prateado quase imperceptível estava em sua camisa. SPQR era o que estava escrito. Por algum motivo, Angie achou importante guardar aquilo.
– Reforços! - Pediu o homem que ainda prendia Tobias, que não parava de lutar, mesmo que com as pernas. Ele chutava inutilmente o ar, em uma imitação ridícula de Kung- Fu.
Mais alguns homens pularam do telhado. Seguraram as mãos de Angie violentamente, enquanto o resto deles ajudava o maior, que estava segurando Tobias, que de algum modo tinha conseguido se livrar da mordaça de pano. Mais técnicas de luta?
– Vamos ver. Garoto, fique quieto. - Rosnou o homem grandalhão. -Milah . Por favor.
Milah, que Angie suspeitou que fosse uma mulher, pegou uma agulha de dentro do bolso. E sem dó, nem piedade, nem álcool, enfiou a agulha no pulso de Tobias, que a menina sabia que morria de medo de coisas furantes pequenas.
– Não! - Angie grunhiu. - Por favor! O que vocês querem?
– Cale a boca, Greacus. - Disse um dos homens que prendia Angie. Isso não fazia muito sentido, por que ela era Novaiorquina... mas lembrou que nascera na Grécia.
– Filho de Ares, senhor. Sei reconhecer meus priminhos gregos. Mas o sangue confirma.- Informou Milah.
– Me solta! Me soltem, seus lunáticos! - Tobias começou a gritar. - ME SOLTEM!
Imediatamente os olhos do garoto ficaram vermelhos. Uma espada vermelha minúscula começou a girar espectralmente em sua cabeça. O símbolo de Ares. Ele começou a correr, e os homens dessa vez fizeram esforço para contê- lo.
– Solta ele! Por favor! - Angie começou a chorar. Alguns vizinhos começaram a olhar pelas janelas, mas logo saíram com uma cara amarrada.
– Sua burra! Eles não veem através da Névoa. Devem enxergar uma briga de gatos...ou um bando de cachorros! Agora pare de gritar.- Ordenou um dos encapuzados. Angie notou que ele também usava o broche SPQR.
– Vamos logo, Jonatan. Não temos a noite toda. - Grunhiu Milah.- Prenda o filho de Ares com mais força. Ele recebeu uma bênção do pai. Não vai acabar tão cedo.
– Não! NÃO! Vocês não vão me levar para lugar NENHUM! - Tobias continuou a se movimentar, com a bênção de Ares. Os olhos continuavam vermelhos. Isso assustava e admirava Angie. Na verdade, ela estava mais assustada.
– Só não matamos você por que será útil em Roma. - Sussurrou Milah. - Mas acredite... não vou poupar sua namoradinha.
Imediatamente Tobias ficou em estado de pânico.
– Ok. Eu vou ficar quieto. Podem me levar para onde quiserem, mas não machuquem ela... por favor.- Ele falou olhando para Angie. Tudo que ela pensava era não, não, não.
– Só por que você pediu com educação - Debochou o agressor de Angie. Ele a chutou para longe.- Agora, vamos!
Eles nocautearam Tobias. Angie ficou revoltada, com medo, apavorada e muito, muito culpada. O maior dos homens jogou o garoto desmaiado como um saco de batatas por cima dos ombros e sumiu pelas sombras, agarrado nos outros companheiros. Apenas um deles ficou.
– Olá, menininha - Falou Milah, agarrando o broche SPQR. - Só uma coisinha. Não importa o que perguntem a você, não importa o quanto te obriguem a falar sobre o filho de Ares, não fale ABSOLUTAMENTE NADA do que foi ouvido aqui, entendeu? Diga que ele era acusado de crimes. Roma foi prendê-lo. E não deixe de assistir á TV toda sexta- feira de noite.
– Ele não é filho de Ares- Angie falou. - Ele é filho da mãe e do pai dele. Veio da Grécia. Se mudou para Roma dois anos atrás. Isso lhe parece anormal?
– Definitivamente não... mas ele é filho de Ares, garota. Fale o que quiser. Falando sério. Ele já falou do pai em algum momento?- Provocou Milah.
A mulher subiu no telhado de uma casa, e foi sumindo na escuridão.
E Angie voltou correndo para casa.
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