''- Eu te amo! - exclamou o moreno, em alto e bom tom para que qualquer um pudesse ouvir e para que sua amada não tivesse mais duvidas de que ele falava sério.

Sua voz estava ligeiramente rouca - devido ao esforço de algumas horas atrás no coral, mesmo lugar em que conhecera a linda loira a sua frente - mas isso não diminuiu o valor que aquela frase teve para os ouvidos da garota, que até então, não estava acreditando.

Anne, uma garota fora dos padrões de beleza da mídia, estava recebendo palavras como aquelas. Isso não poderia ser verdade, Allan era o tipo de garoto que se casaria com a líder de torcida de seu time de basquete, um tanto clichê mas até que fazia sentido.

Mas como ela não iria acreditar nele? Principalmente agora. A luz que emanava do lado de fora da escola combinava muito bem com os olhos castanhos de Allan, os deixando brilhantes e transparecendo verdade, mostrando que ele não estava brincando. Allan não era um garoto qualquer, apesar de ser fisicamente lindo ele não se deixava levar por isso, o que o tornava lindo internamente também, ele era do clube de música assim como a loira, e havia se apaixonado por ela quase que no mesmo instante em que a solista percebeu que o amava.

Anne não conseguiu mais se conter e deixou uma lágrima escorrer por seu olho direito caindo sobre as lentes de seus óculos azuis.

Allan sorriu, um sorriso novo comparado aos outros que este sempre usava, sem mostrar nenhum de seus dentes, e tirou os óculos do rosto da menor com cuidado e se aproximou.

E sem se importar com os olhos alheios, selaram os lábios.''

– Não, isso não está bom. - moveu o mouse até o botão ''x'' e fechou o arquivo sem salvar.

Era a terceira vez que repetia tal processo, criava o desfecho de sua estória porem está não ficava tão boa, e acabava por cancelar tudo sem ao menos salvar a introdução.

Deidara sabia que ia chegar, mas não pensou que seria tão rápido.

Estava com bloqueio criativo.

Mas ele não podia, havia prometido entregar um novo capitulo de sua estória ainda hoje, depois de uma semana sem atualização seus leitores estavam ficando sem paciência, até ameaça de morte recebera.

Riu, sabia que deveria ter escrito tudo de uma vez enquanto estava com boas ideias.

Bom, fazer o que? Vida de aspirante a escritor não é fácil. Mas vale a pena.

Amanhã quando voltasse da escola iria terminar de escrever, por hoje já estava bom.

[...]

Escola é um lugar que dependendo do ponto de vista pode ser bom.

Para Deidara era péssimo.

Não é por nada, talvez fosse a crise de adolescência onde todos pensam odiar a escola, mas a verdade é que Deidara era um romântico e não aguentava mais ver todos com seus namorados e ele sozinho.

Para piorar a situação, Deidara é gay.

Não que isso seja ruim mas é que não tem muitos homosexuais na escola onde estudava e os que são não querem admitir, nem o próprio Deidara admitia.

Isso é frustrante.

– Bom dia Deidara. - foi cumprimentado, e assim liberado dos pensamentos ofensivos sobre a escola e como ele estava deprimido com a falta de romance em sua vida.

Olhou para o lado sem qualquer interesse, não estava afim de responder um ''bom dia'', na verdade, não estava afim de falar, só queria que o dia acabasse logo.

Mas mudou de ideia ao ver a cabeleira ruiva de seu pseudo amigo.

– Bom dia Sasori! - exclamou, visivelmente contente em ver o - ligeiramente - mais baixo.

Sasori e Deidara não chegavam a ser amigos, eram mais colegas, mas Deidara se animava sempre que via o ruivo, porque era o único com quem conversava na escola. O mesmo valia para o ruivo.

– Tem um trabalho de Geografia para sexta, já tem dupla? - perguntou, os dois sempre faziam os trabalhos juntos, e o loiro sempre ficava se questionando do porque Sasori perguntava se ele tinha dupla quando era obvio que não tinha.

– Não, juntos de novo?

– Claro.

E esse foi o momento de socialização do dia.

[...]

Deidara gostava do contraste que a luz do sol tinha ao entardecer. Principalmente quando era vista da janela do corredor principal de sua escola.

Era... Magnifico.

Como tinha imaginado na cena de sua estória, a qual ainda não tinha pensado em um desfecho.

Como queria um remédio para dar um fim no maldito bloqueio.

– Deidara! - ouviu alguém chamar seu nome, não chegava a gritar mas estava em um nível elevado de voz.

O loiro se virou em direção as escadas atrás de si que davam ao andar de cima onde os alunos tinham aulas, viu seu amigo desce-las apressado para alcançar o loiro, como se ele fosse fugir.

– Ei, Sasori, o que foi?

O ruivo estava eufórico e arfava muito, provavelmente teve aula no quarto andar e desceu as escadas com pressa.

Deidara o encarou com as sobrancelhas levantadas em um semblante de confusão.

O que estava acontecendo?

– Precisamos conversar. - disse, controlando a respiração e então completando a fala. - Ou melhor, eu falo e você escuta.

– Okay, sou todo ouvidos. - brincou o loiro, apesar de saber que aquela não era a hora certa para isso.

Ficaram se encarando por mais algum tempo, a expressão de Sasori era tranquila mas seus olhos aparentavam receio.

– Eu te amo.

E então o balde de água fria foi jogado.

Aquilo havia sido tão direto e tão sem emoção que custou até o cérebro de Deidara processar o que havia ouvido.

''Eu te amo''...

Como assim? Tão repentino? Desse jeito?

''Sasori me ama?''

Isso estava tão estranho, o ruivo nunca sequer deu um sinal de que sentia algo assim pelo loiro, ou Deidara que nunca havia parado para perceber.

Suas mãos começaram a ficar frias, as sentia molhadas, ao mesmo tempo que seu rosto estava ardendo, como se estivesse com febre, e seu coração, que ate agora não parecia estar batendo, começou a pular dentro de si.

''Essas sensações... São de alguém apaixonado... Quer dizer que eu amo o Sasori?'' pensou, perplexo.

Olhou para os lados.

Era isso.

Esse era o cenário perfeito, a frase que ouvira era a que mais almejava até o momento.

E no meio de tantos pensamentos e sensações teve uma hora que Deidara pensou:

''Porque não?''

– Eu sinto o mesmo por você Saso...