It's Over escrita por AtaqueAosLivros


Capítulo 2
Francesca


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários :3
E sobre o capítulo ter ficado curto...É por que era o primeiro



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/610977/chapter/2

Minha cabeça estava completamente cheia de borrões. Eu estava tonta, largada sobre algo liso que de vez em quando balançava. Balancei meu rosto, recobrando a razão e vi Diego dirigindo rapidamente e murmurando coisas muito baixo.

– Vargas estúpido! - ele rosnava, parecia irritado, seu pescoço estava vermelho de raiva.

– Diego - sussurrei, confusa, meu cabelo estava no meu rosto.

– Francesca, cala a boca! - ele grunhiu. - Fique quietinha aí e nada de ruim irá te acontecer.

Suspirei, irritada e sentei-me no banco de couro em que eu estava, notei que cordas apertavam meu pulso com tanta força que chegava a doer bastante.

– Me solta! - rosnei e ele suspirou, balançando os ombros.

– Quando chegarmos na minha casa eu te solto.

Soltei um muxoxo de raiva e esperei o tempo passar. Eu queria saber o que estaria acontecendo com Violetta. Queria saber se ela estava bem.

– Onde está Violetta! - perguntei, de súbito despertando ele.

– Com sorte, está morta.

Com sorte?! - esganicei.

– Sim - ele murmurou, sério. - No mundo onde eu e Vargas vivemos, garotinhas como vocês não duram muito tempo.

– Idiota! - rosnei. - Quero minha irmã viva!

– Todos nós queremos coisas... - ele cantarolou, seco e indiferente.

– O que você quer?

– Dinheiro. Bastante dinheiro.

– Eu tenho aqui na minha bolsa.

– Não basta.

– Então, quanto basta?!

Muito dinheiro, Francesca, não entendeu.

– Entender eu entendi...

– ENTÃO FICA CALADA!

Assustei-me e me calei, abraçando meu corpo, ainda sentindo os nós das cordas me machucarem bastante.

[...]

Adormeci no caminho até a casa de Diego, onde ele me tirou, apertando meu braço com certa força.

Eu queria gritar com ele. Bater nele. Perguntar onde estava Violetta. Queria muitas coisas...

Meus olhos se encheram de lágrimas. E se a minha irmã estivesse morta?

– Entra.

Ele abriu a porta de um casarão branco no meio de várias outras casas caras e belas em um condomínio de rico.

– Você trabalha no que, Diego?

Ele riu, frio.

– Coisas importantes. Você não entenderia.

– Por que sou uma garota, não é?! Seu machista imbecil!

Ele me empurrou para dentro e meu queixo caiu com a sala de tão bonita e chique que a mesma era. Os tons escuros dos móveis combinavam com as paredes claras, quase cor de giz.

– Bem-vinda! - ele disse irônico. - Sinta-se em casa!

– Eu me sentiria em casa se você me respondesse direito e se me soltasse.

– Então - ele sorriu, me encarando com escárnio. - Não sinta-se em casa!

– Por que logo eu?! Tendo tantas outras meninas estúpidas no mundo, por que logo eu?!

– Já parou para pensar que talvez você seja a mais estúpida de todas?!

Minha boca se abriu em indignação. Uma lágrima escorreu pelo meu olho e molhou minha bochecha, queimando a mesma como ácido. Cai sentada no chão e escutei Diego murmurar.

– Napo, solte ela e a tranque no porão.

Eu não queria ir ao porão, porém estava acabada, cheia de tristeza. Vilu poderia estar morta e seria tudo minha culpa.

O tal Napo me guiou até o tal porão (escuro, úmido e frio) e me jogou lá dentro, cai sentada, puxei minhas pernas ao encontro de meu corpo e comecei a chorar, sentindo a escuridão me envolver aos poucos.

[...]

– Seu lanche - disse uma voz fria empurrando pão puro e água para mim.

– Sei que é você, Diego - sussurrei, minha voz embargada pelo choro de horas atrás.

Ele saiu da escuridão e me encarou, sentou-se na minha frente e eu me peguei encarando seus olhos castanhos belos e frios.

– Como está?

Viva– respondi.

– Não fique assim, Francesca - sua mão passou pelo meu rosto, secando minhas lágrimas.

"Já parou para pensar que talvez você seja a mais estúpida de todas?!" O imitei e ele revirou os olhos.

– Infantil - Diego murmurou, finalmente, depois de segundos me encarando.

– Não ligo se para você sou infantil, eu decido o que eu sou.

Ele riu.

– Pare de pensar assim e se dará bem no meu mundo Francesca.

– E quem disse que eu quero me dar bem no seu mundo?! Hun?!

– Francesca - ele disse, em tom de aviso, segurando meu queixo para encarar seus olhos frios. - O destino decide o que você é.

Cuspi em Diego e falei.

– Me solte, seu imbecil!

Ele riu.

– Só com o meu dinheiro, Francesca.

– VOCÊ É UM HOMEM MORTO, DIEGO! HOMEM MORTO!

– Ah... Tadinho de mim.

Falou e selou seus lábios nos meus, senti gosto de bebida, fumo e até trident de morango. Seus lábios colocavam uma força sobrenatural nos meus, deixando minha boca dolorida.

Não passou de um selinho demorado, eu sabia disso, porém senti uma dor enorme do meu corpo, senti nojo de mim, raiva de Diego e várias outras coisas. Queria dar um tapa na cara dele, mas não pude fazê-lo.

[...]

Ele permitiu que eu escrevesse uma carta a Violetta, o que me surpreendeu.

Eu não sabia que ele, Diego, tinha bondade o suficiente para deixar-me comunicar com minha irmã mais nova.

Peguei a folha, sabendo que ele provavelmente a leria depois e escrevi, com a letra mais feia que eu pude fazer.

"Estou com medo Violetta, sim, muito medo. Nojo, também, é claro, porém o que mais predomina meu corpo é o desespero e o medo. Quero sair daqui, do lugar onde estou entalada.

Preciso de ti, Maxi e Camila. Preciso de nós juntos, todos cantando, dançando, alegres, como era antes desse imbecil de Diego me pegar e me trancafiar em um porão escuro e sem graça. Claro, se fosse um porão pelo menos, decorado e com uma cama eu aceitava.

Mas não estou aqui para isso, quero saber se estás bem? Machucada? E emocionalmente, como estás? Me mande noticias se descobrir algo.

Amo-te,

De sua irmã mais velha,

Francesca"

Sentei-me no chão frio e entrego a carta para Napo, um rapaz nanico na minha frente. Ele a pega, arrancando-a de minha mão e passa os olhos por cima, saindo logo do porão e fechando a porta escura na minha cara, deixando um silêncio mortal no lugar.

Queria a resposta de Violetta. Queria sua risada. Sua voz. Até mesmo suas piadinhas sem graça.

Eu queria minha vida de volta!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!