Filhos da Guerra escrita por Brunno Pessanha


Capítulo 2
Battle-Born




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Carver e o resto de sua tropa se encontravam a bordo do Grendel, havia sido mandado junto com seu irmão John, trinta homens e um exímio druida. Carver com vinte e dois anos era um bruxo, seu bigode maléfico, barbicha e uma pele naturalmente morena combinavam com sua classe, mas não havia muito de cruel nele, era difícil para ele fazer amigos, mas era um homem justo, o fato se devia a ter passado a maior parte de sua vida estudando magia em sua mansão, os Battle-Born eram um clã rico e influente em Ventobravo, a maior parte de seus familiares preferia se envolver em política e deixar que outros lutassem por eles, John seu irmão com vinte e um anos, acabou se tornando um exímio guerreiro, era famoso em Elwyn pela estranha escolha de manejar uma espada em cada mão ao invés de optar por carregar escudo e espada ou armas de duas mãos, mas era certamente perigoso com aquelas armas.

Os dois irmãos estavam navegando para um pedido de socorro, Guilnéas acabara de ser invadida, deveriam resgatar quem conseguissem. John estava tranquilamente encostado no mastro com suas armas embainhadas e cabeça raspada para que não pudessem lhe puxar os cabelos, ele observava com ansiedade interna a cidade em caos, havia treinado durante anos e mal podia esperar para ter alguma ação, já havia lutado com bandidos e gnolls, mas jamais havia estado em um campo de batalha real, essa era sua chance de trazer gloria para seu clã, junto com a ansiedade vinha o medo, medo de falhar. Carver permanecia quieto observando o terreno a cerca de quinhentos metros a sua direita, ao contrario de seu irmão ele não estava ali por sede de sangue, apenas para por feitiços em pratica e por já ter vindo a Guilnéas antes, tendo assim a idéia de por onde procurar sobreviventes.

–Senhor, aonde devemos ancorar? – Perguntou um dos soldados com o inconfundível tabardo dos Battle-Born, um escudo com duas cabeças de leão, uma espada e um martelo de guerra.

Carver parou por um momento e se colocou a pensar, estava havendo uma batalha naval mar adentro e o navio encalharia se seguisse pelo lago, após alguns segundos de espera conclui seu raciocino com a aparição de um acidente geológico.

Vamos ancorar ali. – Disse o bruxo enquanto apontava para uma caverna na qual entrava o mar, o navio caberia ali dentro e ficaria escondido dos olhos de batedores inimigos.

Desceu primeiro, Carver, depois John seguido de Cedrick Wintersatlker, um elfo da noite druida que devia um favor aos Battle-Born por terem o salvado da forca quando foi injustamente acusado de assassinato, o druida não gostava de campos de batalha, partia-lhe o coração ver a natureza e os seres vivos morrendo por causas que ele julgava fúteis, como dinheiro e posses.

John fez sinal para que dez soldados descessem e o acompanhassem, andou até a praia com água nos calcanhares e lá ficou com o irmão em silencio em quanto aguardavam que os soldados fizessem duas fileiras de cinco homens.

–Homens, a principio pensei em entrarmos todos na cidade a procura de sobreviventes, mas isso significaria matar todos nós.- Dizia Carver para seus homens enquanto andava de um lado a outro.

–Então o que faremos senhor, voltar a Ventobravo? – Perguntou um dos soldados.

–Errado, vamos procurar sobreviventes sim, mas apenas nas redondezas. Cedrick, consegue rastrear sobreviventes?-Indagou o bruxo enquanto olhava para o elfo, Carver tinha estado com druidas antes, ao contrario de John, que achava eles inúteis.

–Sim, mas como vocês vão acompanhar meu ritmo?-Perguntou o druida. - Afinal, pretendo assumir forma felina para farejar o que estamos procurando.

–Talvez pudesse soar uma corneta para nos avisar. -Disse John.

–Está maluco homem, a partir do momento que ele soar a corneta vai atrair a atenção de todos os renegados próximos. -Disse Carver em tom de censura. John sempre foi um bom guerreiro, mas não era bom estrategista, Carver fazia questão de sempre lembrar o irmão de que a cabeça não serve apenas para segurar o elmo.

–Eu posso deixar rastros para vocês seguirem, como arranhar arvores e desenhar setas na terra fofa apontando a direção em que fui. – Disse Cedrick por fim. O druida aprendeu a deixar rastros legíveis para que seus compatriotas o seguissem quando era batedor em Darnassus.

–Então está combinado, vá Cedrick. - Disse o bruxo vendo o irmão ficar emburrado por ter parecido idiota na frente de seus homens.

O elfo avançou adentrando em forma de uma negra pantera, um bosque que ia dar na ponte que levava á cidade. Cedrick deslizava sobre os últimos metros de mata densa até sair do bosque. Ao se deparar com uma cena, vários guilneanos mortos e renegados em maior número, manteve-se calmo colado ao chão, pois a grama ali era baixa, felizmente a negra pele de sua forma felina o camuflava naturalmente, e duvidava que qualquer renegado parasse de lutar para enfrentar uma pantera razoavelmente longe. Haviam vários gritos e expressões de dor e ódio que vinham aos aguçados ouvidos do elfo ao observar a entrada da ponte, quando ouviu um grito:´´ Aragornn ´´, era um grito de dor interna, algo ruim acabara de acontecer. O elfo esgueirou-se até mais perto para observar a cena antes de agir, quando viu o paladino ser socorrido e os quatro jovens serem cercados por renegados, Cedrick sentia-se na obrigação de salva-los, mas como o fazer era uma difícil questão, e não havia muito tempo para pensar.

Aragornn ainda perdendo sangue pelo ferimento nas costas tentou se levantar, vacilou e caiu, nesse momento o semi-circulo de renegados deu um passo a frente na direção dos jovens. Caterina estava mais no centro do circulo armada com suas facas, estava mais branca do que nunca, o medo corria mais mortal por seu corpo na medida em que aqueles cadáveres brandindo armas se aproximavam. Tony sentiria o mesmo, mas a doença que o ferimento no braço lhe causou estava piorando, agora ele apenas conseguia rosnar alto com seus dentes desproporcionais a mostra, agarrando o cabo da espada com força. Aragornn sentia impotência, o ferimento nas costas não o permitia ficar de pé, estava ajoelhado enquanto uma parede do semi circulo se aproximava, Rhona estava atrás dele esperando que ele levantasse e seguisse com ela para onde estavam seus colegas, Aragornn fez esforço outra vez, mas dessa vez houve reação negativa de seu corpo fazendo-o cuspir sangue na grama, a loira garota assistia aquilo horrorizada quando um morto vivo começou a falar.

–Eu vou comer a carne do paladino depois que os pegarmos. – Disse o ser grotesco enquanto passava uma língua podre e fina sobre os lábios inferiores.

–Vocês nunca o terão!!!-Gritou a guerreira enquanto desembainhava a espada e puxava o paladino para que ficasse de pé. Aragornn finalmente ficou de pé enquanto via um dos mortos se aproximar, a essa altura desembainhou a espada e lotou o escudo no chão pois teria que segurar a espada com as duas mãos graças a seu estado.O morto vivo se aproximava girando uma espada enquanto todos os outros ficavam parados observando, tentou furar o coração de Aragornn já que suas mãos seguravam a espada na altura da cintura, quando Rhona se pôs a frente e defendeu com o escudo o golpe que se dirigia ao paladino,como em uma gesto de surpresa o morto vivo fez o corpo recuar deixando o braço exposto, Aragornn não perdeu tempo e lhe arrancou o braço em um golpe na vertical. O renegado correu para trás dos outros após ver que o paladino estava em estado de adrenalina, Rhona o olhou de lado e sorriu. Aragornn havia a salvado antes, ela sentia uma onda de carinho pelo paladino que mesmo tendo perdido uma quantidade boa de sangue, havia mais uma vez colocando-se de pé para lutar, aquilo era tudo que ela admirava, heroísmo, altruísmo e um espírito indomável que mesmo diante de uma batalha perdida lutaria até o fim, Rhona realizou que não era uma forma feia de morrer, ela tombaria em combate junto a outro guilneano, melhor, um guilneano por quem ela sentia admiração naquele momento. Antes que outro morto vivo avançasse, uma esfera de luz acertou um renegado, e ao olharem para a esquerda, viram em cima de uma pedra com pouco mais de dois metros, um elfo da noite os encarando.

Os mortos ficaram sem reação por um minuto quando um grito foi ouvido:

–Matem todos!!! - Um dos renegados gritou e o grupo começou a correr, alguns na direção de cada adversário.

Cedrick foi o primeiro a reagir, saltou de cima da pedra assumindo forma felina em pleno ar, caiu com as garras sobre o cabo da lança de um morto vivo, arremessando-o ao chão e mordendo sua jugular com ferocidade, mortos vivos não sentem dor, porem aquele gritava de desespero ao ver a pantera arrancar pedaços de si.Logo outros dois renegados correram para enfrentar o druida, um deles carregava espada e escudo, outro um grande machado, os dois se colocaram diante do elfo, lutar contra dois deles seria complicado em forma felina,vendo isso Cedrick tomou forma de urso e rugiu.

O primeiro renegado partiu com um machado para cima do elfo arqueando os braços para dar um golpe vertical esmagador, o druida aproveitou que os braços do morto vivo estavam levantados e atirou-se sobre ele, o urso bateu violentamente com a pata em um dos lados da cabeça do renegado quebrando seu elmo e fazendo um ruído metálico ensurdecedor, o renegado não resistiu ao impacto e tombou inconsciente sobre a grama, Cedrick pensou em terminar o serviço mas assim que se distraiu um pouco levou um golpe de escudo no rosto fazendo com que caísse tonto sobre a grama abandonando a forma de urso.O morto vivo aproveitou o inimigo caído para tentar acabar de vez com sua vida, o elfo percebeu o que ia acontecer e tentou rolar para o lado, mas acabou sendo acertado com um corte nas costas,mal sentira o corte no momento, porem ele viria a doer mais tarde, se houvesse um ´´ mais tarde ´´.

Cedrick parou de barriga para cima ainda no chão quando viu o morto-vivo o olhar com vingança, rapidamente projetou uma esfera de fogo solar na mão direita e arremessou no renegado. O inimigo correu para longe enquanto ardia em chamas, provavelmente para o lago ali perto. Cedrick levantou e olhou com frieza o inimigo que estava a vinte metros de distancia se dirigindo para o lago.

–Você não vai não!-Disse o druida com ódio atirando outra esfera solar pelas costas do morto-vivo, ele viu o ser asqueroso tombar, para nunca mais levantar.

Aragornn pegou seu escudo no chão mais uma vez vendo que não sobreviveria sem ele, os quatro jovens se juntaram de costas uns para os outros enquanto se preparavam. Tony foi o primeiro a reagir, vendo um renegado se aproximar carregando um escudo e espada. O começou a bater violentamente a grande espada contra o inimigo, ele rugia e rosnava como um animal enquanto atacava, a essa altura, seus braços estavam maiores e mais fortes por conta da maldição. O azarado morto-vivo que lutava com Tony já havia deixado a espada cair e agora desesperadamente segurava o escudo com as duas mãos, até que Tony acertou um golpe nas pernas desprotegidas arrancando uma delas, havia medo no olhar do renegado caído enquanto a pesada lamina caia sobre si com a ponta.

Tony não sabia por que, mas o ódio que sentia só aumentava a cada golpe que acertava a cada inimigo que via, a cada vez que olhava a ferida nas costas do paladino que fora um de sés únicos amigos naquela cidade, seus dentes estavam grandes demais para conseguir falar, por fim, Tony soltou um alto rugido, agarrou a espada com força e começou a girá-la enquanto corria na direção de inimigos mais distantes.

Rhona e Aragornn sentiam-se preocupados com Tony, ele com certeza mataria muitos inimigos em seu estado de fúria, mas e se ele morresse, ou pior, os atacasse depois. Caterina via vantagem em Tony, tinha certeza que ele morreria após levar muitos com si, mesmo ele tendo a salvado antes ela não sentiria nada caso ele tombasse, a ladina uma pessoa má, apenas não sentia compaixão ou caridade pelo próximo.

Caterina viu um renegado se aproximar com uma lança em mãos, aí estava uma arma que temia. O lanceiro tentou primeiro uma estocada, mas a leve menina deslizou para o lado e segurou o cabo da lança para que a lâmina ficasse atrás de si, não podendo assim perfurá-la, ao agarrar o cabo da lança com uma das mãos acabou cometendo um erro, o inimigo puxou a arma em sua própria direção fazendo com que a garota cambaleasse para perto com a cabeça para frente. Antes que caísse no chão, foi atingida por um soco do renegado fazendo com que ela largasse a faca que estava em sua mão direita. Ainda que estivesse de pé, estava tonta, sentiu uma mão gelada agarrar seu pescoço e a erguer vinte trinta centímetros do chão para que ficassem na mesma altura. Quando sua visão desembaçar, conseguiu ver o renegado a poucos centímetros a segurando, a lança que ele carregava estava presa na grama com a ponta no chão, ela percebeu que alem da lança havia uma espada embainhada com ele, enquanto analisava o inimigo foi interrompida quando seu pescoço foi apertado com mais força.

–Sente o gosto da morte garota?-Disse o renegado enquanto abria um sorriso.

A ladina olhou para ele com desdém, percebeu naquele momento que embora cruéis, os renegados tinham emoções, como aquele que no momento queria ver sofrimento antes de matá-la.

–Nem um pouco, tudo que sinto é nojo do cadáver á minha frente. Preparado para morrer pela segunda vez?

O morto-vivo viu que suas palavras não a fariam desgosto algum, e ele realmente queria que ela sentisse algo ruim antes de morrer.

O renegado a puxou para perto enquanto ela se perguntava o que ele faria quando sentiu o morto-vivo lamber o canto de seu rosto de baixo a cima.

–Pois eu sinto o gosto da morte agora. –Disse o renegado sorrindo ao ver a vítima indefesa se contorcer de nojo pelo que havia feito, ela já não consegui pensar direito e sentia ânsia de vomito. Quando viu atrás do inimigo Tony vindo ao fundo correndo e rugindo, não sabia ela se ele vinha em sua direção por perceber que estava em perigo ou se tinha apenas sido um golpe de sorte.

O renegado olhou para a pequena garota e disse gentilmente.

–Espere por mim. –Em seguida acertou-lhe uma cabeçada a fazendo cair desmaiada no chão.

Aragornn viu três renegados se aproximarem dele e da guerreira, dois deles carregavam apenas espadas enquanto um andava no meio deles, usava um robe preto e carregava um cajado com um crânio na ponta. Os dois guilneanos perceberam que se tratava de um bruxo, ficaram na formação defensiva com os escudos na altura do peito e espadas para frente e esperaram o ataque. Os espadachins tentaram um golpe na diagonal para acertar os rostos dos defensores, a dupla em um movimento sincronizado empurrou as laminas inimigas para cima, e com suas espadas perfuraram os renegados que sob a grama, Aragornn sorriu por perceber que ainda agüentaria lutar mais um pouco, quando percebeu que o bruxo havia canalizado uma esfera de energia negra e preparava para atirá-la. Rapidamente colocou-se a frente de Rhona com o escudo levantado, a esfera negra se chocou com o escudo em uma pequena explosão que o partiu ao meio queimando o braço do paladino. Aragornn preparou-se para correr e enfrentar o bruxo de perto mas não percebeu outra esfera a caminho e atirou-se para o lado, Rhona viu que precisava fazer algo mas ouviu passos as suas costas e virou para interceptá-los, tinha fé que Aragornn pudesse vencer o bruxo em condições normais, mas ele estava profundamente ferido, enquanto se defendia dos golpes de um espadachim renegado sua preocupação em relação ao paladino apenas aumentava.

Aragornn se aproximava do bruxo quando foi acertado por uma espécie de esfera roxa atirada, a esfera roxa fez com que a ferida em suas costas se abrisse mais e causasse uma hemorragia, Aragornn deu um grito de dor enquanto andava os últimos metros até o renegado, levantou a lamina para acertar o inimigo, mas caiu antes que pudesse atacar, tombou de bruços na grama com sangue escorrendo de sua boca e a visão turva, até que desmaiou.

O bruxo riu vitorioso, quando foi cortado por uma voz tranqüila.

–Vejo que se dá bem atacando um homem ferido a distancia, quero ver o que é capaz de fazer contra outro bruxo. -Disse Carver enquanto se aproximava.

–Vai precisar de ajuda irmão? -Perguntou John enquanto desembainhava as espadas.

–Não, esse aqui eu cuido sozinho, da pra ver que ele está caindo aos pedaços. –Disse Carver enquanto apontava o renegado que ardia de raiva ao ouvir os insultos.

John concordou e guiou os soldados para batalha, ele viu que havia uma garota lutando com renegados e resolveu ajudá-la.

Rhona estava lutando com dois espadachins quando viu um guerreiro aparecer e começara a provocar seus atacantes.

–Vamos lá, venham para um verdadeiro desafio, acho que essa garotinha já teve bastante esforço por hoje. -Gritava John.

Rhona sentiu-se furiosa ao ver os inimigos simplesmente a ignorarem como se não fosse mais uma ameaça e correrem para o guerreiro.

O primeiro espadachim tentou um corte lateral, que foi aparado por John, quando o renegado pensou o que fazer em seguida era tarde demais, o guerreiro lhe acertou um corte na garganta fazendo com que sua cabeça ficasse pendurada no corpo pelo pouco de pele que havia restado presa ao corpo, antes que pudesse cair morto, o guerreiro chutou o cadáver sobre o outro renegado que vinha o atacar, e assim que os dois estavam caídos um sobre o outro, perfurou os dois em uma única estocada.

Rhona vendo que os soldados cuidariam do resto dos mortos vivos virou-se para procurar pelo paladino.

Caterina recobrou a consciência minutos depois, sendo arrastada por um morto vivo, ela tentou virar-se para olhar, mas levou um golpe com o cabo de uma espada atrás da cabeça para que ficasse quieta.

Ela viu que estava no alto de uma pequena colina quando foi obrigada a virar-se e ficar de joelhos, dali ela podia ver seus amigos em batalha e o recém chegado reforço.

Haviam cinco mortos vivos em volta dela, quatro guerreiros e uma ladina, ela percebeu algo assustador, há cinqüenta metros dela á esquerda, havia uma abominação com seis metros de altura, aquele ser era gordo, haviam tripas saindo para fora de sua mal costurada barriga, mas ele não parecia se importar, tinha um braço carregava uma imensa faca de açougueiro, outro com apenas três dedos carregava uma corrente com a ponta de uma foice em forma de lua, e havia outro braço saindo de suas costas carregando um machado de carrasco, um de seus olhos era esbugalhado e o outro estava costurado, a boca estava cheia de dentes quadrados e tortos com partes rasgadas dos lábios. Aquele era sem duvida o ser que ela mais havia sentido medo em toda sua vida.

Caterina percebeu que havia uma espécie de carroça ali com pilhas de cadáveres, então finalmente realizou que os renegados haviam a trazido para que se juntasse a pilha e fosse ressuscitada outro dia como morta-viva, seu coração ficava apertado e lagrimas escorriam de seus olhos enquanto uma morta viva vinha e encostava uma faca em seu pescoço com a ponta levemente fazendo pressão, não eram lagrimas de tristeza, mas de medo. Quando a renegada ia deslizar a lamina sobre sua garganta, viu uma pantera saltar sobre ela soltando um rugido. Era o druida que havia visto mais tarde. Todos os mortos vivos se afastaram com a repentina aparição e recuaram vários metros, o druida assumiu forma de um robusto cervo com enormes galhadas e fez sinal para que a garota subisse rápido. A garota entendeu a mensagem e subiu, um dos renegados correu para tentar impedi-los, mas acabou levando um coice e caiu no chão com um ruído metálico do elmo agora amassado. A menina riu da desgraça do renegado e o cervo disparou colina abaixo, eles seguiram por uns dez minutos quando a menina começou a sentir-se mal, o druida parou imediatamente em uma pequena caverna ali perto, e fez sinal para que a ladina descesse de suas costas.

Ela saltou para o chão cambaleando e caiu sentada, o elfo retornou a sua forma verdadeira e ajoelhou ao lado da ladina enquanto a olhava tentando descobrir o que causava mal estar na jovem.

–Obrigado por ter salvado minha vida, eu realmente aprecio o que você fez... – A garota agradecia com certo esforço na voz, tanto por conta do mal estar, quanto por desconhecer seu salvador, não era comum que Caterina agradecesse por qualquer coisa, mas ele havia a salvado, e mais, agia com toda humildade como se nada tivesse feito.

–O seu rosto esta com algum tipo de liquido seco asqueroso, isso pode ter causado enjôo. – Começou a falar enquanto tocava o rosto e corpo da ladina com um olhar profissional a procura de ferimentos. – Seu pescoço está com um leve corte, felizmente não vai sangrar. – O druida percebeu que ela estava um tanto inclinada para o lado e que precisava ver melhor os ferimentos, então começou a tirar a capa com capuz que cobria a ladina, ela permitiu sem protesto, até que ele começou a puxar sua blusa até a altura do umbigo.

–Ei, o que esta fazendo atrevido?! – Disse a menina enquanto agarrava o braço do elfo com força.

–Percebi que há algo te machucando nessa parte, estou errado? – Disse o elfo enquanto tentava acalmá-la.

–Sim..... você esta certo, disse a ladina guiando as macias mãos do druida para o ferimento na lateral do abdômen.

Cedrick ia pedir que se deitasse mais adentro da caverna, mas se lembrou de que humanos não enxergavam bem no escuro como sua raça, lembrou também que a adrenalina havia acabado e deixado o corpo da garota, assim o ferimento a deixou com grande dificuldade de se mover.

Cedrick levantou, andou até o fim da caverna onde havia um ninho abandonado de algum animal e o utilizou como lenha, fez uma fogueira com sua magia e a deixou queimando no centro da caverna para que iluminasse todo o ambiente. O druida andou novamente até a garota e ajoelhou para tomá-la em seus braços e levar para mais perto da fogueira, podendo assim ficar aquecida e relaxar.

–O que você vai fazer? – Perguntou a garota olhando para o elfo que sorria com ternura.

–Entendo que você não me conhece, mas lhe faço uma pergunta em resposta a sua. – Disse o elfo sorrindo para a assustada ladina, os humanos não sabiam nada sobre os procedimentos de cura dos druidas. –Você duvida que eu saiba o que estou fazendo?

–Bem..... acho que sim. –Disse a ladina gaguejando. Ela sabia que o elfo não a machucaria, mas afinal, quem era ele? De onde ele surgiu? Porque havia saído do campo de batalha para salva-la?

Perguntas como essa rodeavam a cabeça da garota até sentir o elfo tomá-la em seus braços e carregar para um lugar liso e quente da taverna, um tanto longe do fogo que mais servia para iluminar do que aquecer colocou-a gentilmente deitada e percebeu que precisava fazer um travesseiro para a garota. Cedrick tirou o próprio colete de couro e enrolou fazendo uma espécie de travesseiro, colocou-o debaixo da delicada cabeça da ladina que deitou agradecida, agora ela reparava no elfo, seu corpo tinha algumas cicatrizes, mas o que mais a chamava atenção era uma tatuagem rúnica que cobria de um jeito uniforme , ombro, peitoral e costas do elfo. Caterina foi cortada em seus pensamentos quando o elfo fez sinal para que mostrasse a ferida, a ladina retirou com a ajuda do elfo o colete de couro que usava, deixando apenas uma fina blusa de seda que usava por baixo, ela a puxou até a altura do umbigo para que a ferida ficasse na visão do elfo. Cedrick começou a esfregar as mãos até que uma energia verde escura começou a fluir por elas, e começou a massagear o local da ferida.

–Relaxe garota, quanto mais você, relaxar mais preciso conseguirei ser. –Disse o druida.

Cedrick não gostava de conversar enquanto cuidava de ferimentos, mas realizou que caso não distraísse a garota ela não relaxaria.

–Qual seu nome pequena garota? –Perguntou Cedrick.

–Me chamo Caterina Stormcloak, e você? –Perguntou ela com curiosidade.

–Eu sou Cedrick Winterstalker. –Disse o elfo sorrindo por perceber que havia ganhado a atenção daqueles olhos castanhos e curiosos que o encaravam com certa admiração.

–Então você é realmente um druida? – Perguntou a menina com inocência. O elfo sorriu sarcasticamente antes de responder.

–Não, eu sou o John Suarez. –Disse ele com sarcasmo se referindo ao grande e gordo comediante guilneano que passou por sua cidade natal algumas vezes. A garota riu de seu comentário, e ao ver que havia certo humor no elfo, sentiu-se mais livre para perguntar outras coisas.

–Que animais você consegue se transformar?-Perguntou a ladina com um sorriso curioso sem perceber sua ferida começando a queimar e cicatrizar.

–Bem.....-Respondeu ele enquanto mordia o lábio pensativo. – Posso me transformar em pantera, urso, cervo, tubarão-martelo e bem, atualmente estou treinando transformação em águia. –Disse Cedrick para a menina que o olhava fascinada.Ela sentia uma onda de simpatia pelo elfo, viu que ele era uma boa pessoa.

–Está com fome? –Perguntou o elfo.

–Sim. –Disse ela sorrindo tristemente.

–Vou buscar o que comer, não saia daqui. -Após dizer estas palavras, Cedrick saiu da caverna em forma de pantera.

O bruxo renegado encarava Carver com um sorriso, projetou mais uma esfera de energia negra a arremessou na direção do bruxo.

Vendo a esfera se aproximar, Carver segurou seu cajado com força e o bateu no chão a sua frente, a esfera negra se desfez antes de o atingir. O morto-vivo olhava com medo ao perceber que lidava com um bruxo poderoso. Carver olhou nos olhos de seu inimigo e disse:

–Minha vez! –Os olhos do homem brilhavam uma energia verde quando ele estendeu as mãos e soltou uma torrente de energia. O renegado inexperiente tentou se proteger com seu cajado, que quebrou fazendo com que a torrente esverdeada o acertasse em cheio. Carver começou a fazer um fluxo e roubar a alma do renegado que caia e se debatia enquanto sua pele secava e sua alma era escravizada pelo bruxo. Carver parou o fluxo após ter pego o que queria e deixou o corpo desalmado ali mesmo, pois morreria horas depois.

Os soldados dos Battle-Born estavam trucidando os renegados.

John saia na frente de seus homens lutando como um demônio, manejava as duas laminas com maestria, e seus sorriso com sede de sangue destruía a coragem dos poucos renegados que pensavam em o enfrentar.

Assim que a batalha acabou, Rhona achou o paladino que procurava, caído em batalha.

–Aragornn, não!-Dizia ela enquanto virava o paladino de barriga para cima, ele ainda estava quente, mas tinha parado de respirar. –Você não pode morrer assim, o reforço chegou, temos uma chance, não vá. –Rhona sabia que a guerra não perdoava ninguém, mas ele havia tombado tão perto de ser salvo, o que mais doía, era o fato de que minutos atrás, mesmo gravemente ferido, ele lutou com todas forças e coragem até o ultimo segundo para proteger ela e os outros.

–Eu vi o que houve a ele. –Disse Carver ajoelhando ao lado da chorosa garota que abraçava o corpo como se ele fosse simplesmente sair flutuando dali.

–Saia daqui bruxo, se vocês tivessem chegado antes, podiam ter o salvado! –Gritava a menina entre soluços.

O bruxo sentiu uma onda de culpa naquele momento, a garota possivelmente tinha perdido alguém que gostava, e pior, se ele não tivesse ficado com medo de ancorar mais próximo da cidade, poderia ter o salvo. Uma onda de fracasso atingiu Carver quando ele teve uma idéia, havia aprendido um feitiço de ressurreição, mas ele só funcionaria na primeira hora após a morte, e no mínimo oitenta por cento do corpo deveria estar inteiro, era um feitiço que os bruxos conseguiriam realizar seguramente apenas uma vez na vida, a segunda vez, colocaria a vida do próprio bruxo em risco.

–Talvez eu possa ajudar. –Disse Carver enquanto seu irmão parado em pé logo atrás o olhava de forma esquisita.

–Você pretende o que, ressucita-lo?! –Disse a menina com grosseria, ela não tinha idéia que isso era possível, ainda mais pelas mãos de um bruxo.

–Pior que pretendo. –Disse Carver abrindo um sorriso. Seu sorriso se espalhou entre Rhona e os demais soldados que assistiam emocionados a cena.

–Afaste-se. –Disse Carver enquanto ajoelhava e colocava as mãos sobre o cadáver, uma na cabeça, outra no coração.

Rhona obedeceu sem questionar, enquanto uma energia verde-claro se agitava em volta do bruxo e depois em volta do corpo.

Aquilo durou cerca de dois minutos, quando em um momento ouviu Aragornn soltar um grito, abrir os olhos, e depois desmaiar, mas dessa vez, respirando profundamente.

Os olhos de Rhona se encheram de lagrimas de felicidade, ela correu e abraçou o bruxo, Carver se assustou, mas retribuiu com um sorriso de satisfação.

–Posso tocar nele? –Perguntava ela ansiosa.

–-Sim, mas, espere um minuto. -Carver fez sinal para que dois soldados viessem para perto e começou a dar ordens. –Levem-no para o navio junto com esta garota, e de aos dois toda comida e água que precisarem. –Os guardas assentiram e apanharam delicadamente o paladino desmaiado para levá-lo ao navio.

Rhona sorria enquanto ia com eles quando foi parada pelo bruxo e pelo guerreiro.

–Se não for muito incomodo, gostaríamos de fazer algumas perguntas. – Pediu o bruxo.

–Sim, diga.

–Conhece aquele ali?- Perguntou o bruxo apontando com o polegar para o Worgen que estava sendo trazido segurado por cinco homens, dois em cada braço e um verificando se a corda que usou para amarrar a boca da fera estava bem presa.

–Sim, é o Tony, ele foi mordido por um dos monstros dentro da cidade, pode fazer algo por ele? –Perguntou a garota achando estar pedindo demais.

–Na verdade, tudo que precisarei é banir o espírito imundo que se apossou do corpo com a doença, isso é relativamente simples, agora, ele vai ter essa aparência para sempre, sinto muito. –Disse o bruxo com um sorriso meio decepcionado no rosto.

–Ah, havia mais uma pessoa conosco, uma menina baixa, usando uma roupa de couro. –Disse Rhona.

–Os renegados a levaram, mas não precisa se preocupar, eu vi Cedrick indo atrás, ele é o melhor druida que já vi. –Disse John no intuito de tranqüilizar a garota, na verdade Cedrick era o único druida que ele havia visto em toda sua vida.

–Certo, então vou para o navio. -Disse a menina se apressando para acompanhar os soldados que levavam Aragornn.

Assim que Rhona saiu os irmãos começaram a conversar entre si.

–Quer que eu vá com meus homens atrás de Cedrick, irmão?-Perguntou John.

–Hum..... não, acho que o druida pode se virar, e não devemos sacrificar nossos homens por conta de um druida e uma guilneana, já salvamos três sobreviventes, cumprimos o papel político-social de nossa família tirando alguém vivo daqui.

–Abandoná-los seria errado. –Disse John censurando o irmão.

–Então você que se mate indo atrás deles num país desconhecido. -Disse Carver se dirigindo para o barco.

John era teimoso, e achava errado simplesmente abandonar pessoas ali, haviam sete homens a sua disposição no momento, ele sabia que o navio partiria no maximo no fim da tarde do dia seguinte.

–Homens!!! Quero que dois de vocês fiquem aqui para o caso dos desaparecidos voltarem. Quanto aos outros cinco, vamos acampar aqui esta noite, afinal já é bem tarde, mas amanha, vamos procurá-los.

Cedrick retornou horas depois com uma cesta improvisada feia de galhos e folhas abarrotada de frutas. Ele jogou a cesta na frente da garota e sorriu.

–Vamos, coma, estão deliciosas, tomei a liberdade de matar minha fome enquanto vinha para cá. - Disse o elfo e em seguida sentou-se ao lado da ladina. Cedrick não costumava achar humanas bonitas, mas aquela tinha certo charme, ela estava usando apenas uma camisa de seda e uma calça de couro. Comia as frutas que ele trouxe com vontade, e isso o deixava satisfeito. Mas havia um ar de preocupação nela.

–Não precisa temer os renegados, eu matei os batedores deles enquanto apanhava frutas. –Disse ele sorrindo enquanto acariciava os curtos cabelos da garota.

Ela não costumava se abrir com as pessoas, nem sequer permitir que tocassem nela, mas aquele elfo estava amolecendo seu coração, ele a protegeu, cuidou de suas feridas, lhe trouxe o que comer, e acima de tudo, fazia ela se sentir feliz. Naquele momento, ela desejou que o mundo fosse apenas ela e o elfo, e que pudessem morar o resto de suas vidas naquela caverna acolhedora. Um lado dela queria o abraçar ali mesmo, o outro censurava, ela sabia que não devia confiar em ninguém, todos te abandonam alguma hora.

–Cedrick.... –Disse ela com preocupação.

–Sim?

–Estou preocupada com o que acontecerá depois daqui. –Disse ela tremula. –Meus pais morreram, não tenho família em outro lugar, não tenho profissão.

–Você é uma grande garota, será também uma grande mulher no futuro. –Disse Cedrick abraçando-a, a garota tremia enquanto encostava o rosto na parte mais alta do abdômen do elfo. –Talvez não haja lugar para você em Ventobravo, mas pode morar comigo em Darnassus. –Disse ele sorrindo enquanto tirava o rosto da ladina de seu peito para olhá-la nos olhos.

–Mas eu seria apenas um peso para você. –Disse a garota tentando evitar os olhos roxos e profundos de Cedrick.

–Você pode trabalhar comigo vendendo poções, posso te ensinar alquimia. Eu moro em um bosque próximo a cidade, você ia adorar, tenho um tigre-sabre branco chamado Ártico, eu te ensino a montar.

Eu te ensino tudo que eu sei, apenas quero que venha comigo para Darnassus depois que sairmos daqui. Aceita?-Perguntou o elfo enquanto segurava em suas mãos.

Pela primeira vez na vida, Caterina sentiu-se amada, ela viu que o elfo retribuía tudo que estava sentindo.

–Aceito! –Disse ela sem pensar duas vezes.

Os dois ficaram se olhando em silencio por alguns segundos, Caterina buscava coragem no fundo de seu ser para dar um beijo naquele belo elfo, ela nunca havia beijado ninguém, e aquela era a chance perfeita, eles estavam sozinhos, em um lugar agradável.

Finalmente ela teve coragem e arriscou meio sem jeito, se aproximou do elfo fechando os olhos e no momento em que seus lábios se tocaram sentiu Cedrick a agarrar com força. Um selinho Havia se transformado num beijo intenso e longo. Ela afastou o elfo por alguns segundos e ele sorriu. Ela não tinha coragem para ir além e tentou fugir dos braços do elfo quando foi puxada para perto e sentiu-o morder sua orelha lentamente. O desejo por mais se espalhou pelo corpo da ladina, seu coração estava acelerado.

Colocou as mãos no peito de Cedrick e o empurrou no chão para que ficasse por cima, mergulhando sobre o elfo, caçando sua boca e lhe dando um caloroso beijo. Eles não tiraram as roupas ou fizeram sexo, pois embora o desejo fosse grande, ela tinha medo. A noite foi boa, ela dormiu abraçada em seu salvador.

No dia seguinte, acordou e olhou em volta procurando o elfo, viu que ele estava de pé e trazia um cantil em mãos entregando-o por fim a sua ´´ amiga ´´.

–Bom dia pequena raposa, consegui fazer um pouco de café. – Disse o elfo sorrindo.

–Obrigado, é muito gentil da sua parte. –Disse ela dando-lhe um beijo antes de aceitar a bebida. Em seguida, deu um gole na bebida, e se animou com a idéia de que Cedrick fizesse um café tão bom.

–O melhor tratamento, para a melhor mulher. –Disse ele com um sorriso, ainda sem camisa, em seguida começou a vestir a ladina com o colete de couro que a pertencia, em seguida entregando-lhe seu manto com capuz.

Os dois foram interrompidos quando viram a abominação dos mortos-vivos passar pela frente da caverna enquanto um dos renegados entrava para procurar os dois.

–Fique aqui, vou acabar rápido com eles. –Disse o elfo com um sorriso no rosto, assumiu a forma felina e saltou sobre o primeiro renegado mordendo-o a jugular.

Caterina levantou-se e espreguiçou, para ver melhor a luta correu para a entrada da caverna onde podia ver do lado de fora, sem nenhuma arvore ou algo que atrapalhasse.

Cedrick arrancou com uma esfera solar o braço que segurava a corrente, fazendo com que a criatura se desesperasse e cambaleasse para trás. Cedrick viu um renegado ladino se aproximar por trás, agarrou o braço do inimigo e o atirou para que um dos golpes da aberração cega de dor o matasse. Em seguida canalizou todo fogo solar que podia em seu corpo e se colocou frente a frente com a enorme aberração que o olhava com ódio arqueando o braço lentamente, olhou para Caterina com um sorriso e o atacou com um feixe de fogo solar poderoso. O golpe fez um buraco no peito da aberração, que fechou os olhos e gritou.Cedrick sorriu cansado e vendo o buraco naquele grotesco ser que estava de pé paralisado em sua frente.

–Isso Cedrick! –Gritou Caterina satisfeita.

De repente a grotesca criatura reabriu o olho, o golpe de Cedrick não o havia matado, mesmo com toda magia gasta, quilo foi insuficiente, o braço da criatura esta arqueada pronta para o golpe, mesmo que Cedrick tentasse saltar dali nunca seria rápido o suficiente. O druida olhou para a enorme aberração a sorrir, a expressão de Cedrick estava pálida, cheia de medo e impotência.

A enorme faca de açougueiro passou como um raio o decapitando.

A última coisa que Cedrick ouviu foi o desesperado grito da ladina ao ver alguém que passou a significar muito ser morto diante de seus olhos.

Caterina caiu ajoelhada, com uma expressão tão morta quanto a que o elfo tinha feito antes de perder a cabeça, ela sentia medo, dor, desespero e impotência correrem pelo seu corpo. Quando ela perdeu tudo, Cedrick apareceu e a prometeu vida nova ao lado dele, se tornou tudo que ela tinha, e agora ele se foi e não havia nada que ela pudesse fazer para voltar atrás.

–Morra demônio. –Gritou John saltando de cima do barranco ao lado da caverna sobre a aberração e perfurando o olho da gorda criatura com uma das espadas.

Outros cinco guerreiros se juntaram a ele, pondo abaixo assim a enfraquecida aberração.

John estava cheio do sangue criatura, finalmente havia matado sua sede por combate.

–Viemos te resgatar. –Disse ele para a ladina enquanto esta permanecia ajoelhada imóvel e indiferente á suas palavras. -Não temos tempo, Philemon, leve-a.-Gritou e um dos solados agarrou a ladina que gritava e esperneava tentando chegar ao corpo de Cedrick.

A garota o arranhava, batia, e esperneava, andar com ela desse jeito por horas seria impossível. O guarda a colocou no chão e acertou atrás de sua cabeça com o cabo da espada. Assim eles caminharam tranqüilos na direção do navio. A única coisa que intrigava John era por que aquela pequena garota havia tido uma reação tão exagerada com a morte do druida.

Aragornn acordou no dia seguinte de manhã com Rhona ao seu lado.

–Estamos vivos?! –Perguntou ele enquanto sentava na cama assustado sem saber como havia ido parar ali.

A cabine em que estavam era de uso pessoal de John, todo ambiente era de madeira, com alguns móveis feitos de uma madeira mais escura, Aragornn havia sido vestido por Rhona com apenas uma espécie de calça branca de marinheiro que ia até os joelhos. Rhona estava em uma cadeira na cabeceira da cama vestindo calças de couro marrom e uma blusa de botões branca, estava com seus loiros cabelos soltos.

–Finalmente você acordou meu herói. –Disse a garota enquanto se sentava ao lado dele na cama.

–Onde estão os outros? –Perguntou olhando em volta como se algum deles fosse aparecer a qualquer momento.

–Seu amigo Tony está no convés, a ladina está desaparecida mas já mandaram um grupo de busca atrás dela. – Disse Rhona segurando suas mãos para acalmá-lo.

–Ótimo. - Disse ele levantando-se mas quando chegou na porta viu que estava trancada, antes de se virar Rhona começou a massagear seus ombros.

–Que tal termos um tempo, só nós dois? –Perguntou a garota loira enquanto suas mãos acariciavam o corpo do paladino.

Ele não tinha sentimentos intensos demais por Rhona, mas gostava da garota, então se podia acontecer e os dois queriam não havia motivo para recusar.

Aragornn empurrou Rhona para a cama, mas antes que pudesse começar a despi-la, ouviram batidas na porta.

Seja lá o que fosse parecia ser importante, não era comum que perturbassem Rhona em sua vigia ao paladino. A moça deu um passo a frente e abriu a porta. Viu Carver, acompanhado de John carregando Caterina desmaiada e a colocando em cima da cama agora desocupada.

–Pela luz, o que houve? Perguntou o paladino, e logo após cuspir a ultima palavra o barco começou a se mover.

–Ela estava resistindo em vir conosco, eu tive que desacordá-la. –Disse o guerreiro dando de ombros.

Havia com certeza muito a ser explicado, mas aquela era a hora de partir, todos deixaram a cabine e se dirigiram ao convés. Ao contrario do que se esperava, ninguém conversou durante a viajem, Caterina se recusava a dizer muito sobre o que aconteceu entre o momento em que ela e o druida entraram na caverna e o momento de sua morte, ela se irritava com qualquer um que tentasse insistir.

Dois dias depois, eles chegaram a Ventobravo, não conheciam a cidade, Carver havia lhes dado dinheiro para que se hospedassem e alimentassem. Grande parte das tavernas da cidade estavam lotadas devido a temporada de alta caça em Elwyn.

Por fim tiveram que ir a uma taverna chamada ´´ Os três fanfarrões ´´ localizada no bairro antigo.

Ao entrarem, havia gente sentada nas mesas comendo, bebendo e conversando sobre caça em sua maioria.

Os quatro guilneanos foram até o barman para alugar um quarto.

–Queremos um quarto para mim e esta moça e outros dois para nossos amigos. –Disse Aragornn jogando sobre o balcão uma quantia que achava justa.

O barman era um homem de quarenta anos com um cavanhaque, ele pegou dinheiro para um quarto e começou a explicar.

–Olha, vocês vão ter que resolver com aquele anão pois ele já planeja pagar um quarto no fim da noite, o quarto de você e sua acompanhante já está garantido, agora, só tenho dois quarto para três pessoas, um deles tem uma cama de casal se quiserem.

–Não! –Responderam o worgen e a ladina ao mesmo tempo. -Fique aqui Tony, eu vou dar uma lição naquele anão barbudo.

Continua.......


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