—Como assim vocês nunca me contaram sobre isso? Como ousam me esconder sobre a minha família! —Derrubava tudo pela casa de campo onde morava com meus pais, ou melhor, minha mãe e meu padrasto.

—Hope, quem te contou isso?

—Eu sempre me perguntei porque todos os lobos daqui me olhavam torto. Ou porque eu conseguia me curar mais rápido e fazer as pessoas terem colapsos só com a raiva. Porque eu não tinha amigos, porque sentia sede por sangue. Porque, do nada, eu decidi fazer uma tatuagem intitulado “Always and Forever” sem pensar no castigo que você iria me dar. Está tudo explicado! Você destruiu a minha vida, minha chance de ter uma família. Você e a droga do meu padrinho Elijah fizeram isso comigo! VOCÊS ADAGARAM O MEU PAI POR UM LOBISOMEM DE MERDA!

—Olha a boca!

—“Olha a boca”? É isso que você tem para me dizer?

—Hope Marshall Kanner, quem....

—Mikaelson! Meu nome é Hope Mikaelson! Eu sou filha do indestrutível Klaus Mikaelson! Hoje eu sou a rainha, e vou punir quem me destruiu.

Com um movimento quebrei o pescoço de minha mãe, saindo escondida pelos fundos. Não acredito que ela escondeu tudo de mim! Como ela pode? Justo a minha mãe? Eu tenho um pai! Mamãe sempre disse que Jackson é meu pai, mas eu nunca acreditei. Como eu, loira de olhos azuis, teria um pai moreno e de olhos verdes? Brincava dizendo que era filha de outro lobo, mas era bem mais que isso. Eu era filha do grande Klaus Mikaelson!

Cheguei na estrada e comecei a movimentar minha mão, pedindo por ajuda. Finalmente uma pessoa parou.

—O que uma garota faz na estrada as duas da manhã?

—Puberdade. Tenho 16 anos, mereço isso. Quem é você.

—Eu que deveria fazer essa pergunta.

—Hope Ka... Mikaelson. Hope Mikaelson.

O rosto do homem negro ficou pálido ao escutar quem eu era. Droga, ele me conhecia!

—Por favor, não me leva de volta pra lá! Eu só quero conhecer meu pai, prometo que ficarei quietinha, sou uma ótima companhia!

Relutante ele abriu o banco do carona e eu entrei rapidamente.

—Eu sou Marcel. Marcellus Gerard.

—Eu lembro de você!

—Acho que não, conheci você quando tinha uns 6 meses.

—Você me resgatou de três bruxas que queriam me matar a mando de Esther. Depois, eu lembro de um borrão e de uma casa meio medieval.

—Quando seu pai me salvou da mordida de lobisomem.

—Você mantém contato com o meu pai? —Perguntei esperançosa—Por favor me deixa falar com ele!

—Meio impossível, garota.

—Marcellus, por favor! O que custa, se ele me matar eu volto por favor eu só quero ver como ele é, eu preciso conhecer Rebekah, Kol....

—ELE FOI ADAGADO, DROGA!

—Como assim adagado?

—Você sabe que seu pai é o grande Klaus Mikaelson, mas não sabe o que é adaga?

—Não, eu não sei. Só sei o que minha analista me diz.

—E quem é sua analista?

—Caroline Forbes.

—Nunca ouvi falar.

—Ela é bem animada, e chegou um dia que ela me contou sobre meu pai, e disse que estava deixando a cidade por não consegui encontra-lo.

—O que será que ela queria com ele.

—Não sei, mas meus pais nem sabiam quem era ela, só sabiam que era da escola.

—Adagar é uma faca que você usa com as cinzas da única arma que mata o seu pai e toda sua família e os adormece.

—Oh meu Deus! Quem fez isso com ele?

—Elijah!

—O QUÊ? O PRÓPRIO IRMÃO? Eu tenho que desfazer isso!

—Você não pode. Eu perdi muitos dos meus amigos porque precisava do sangue do Klaus e Elijah se recusou a dar, ele vive com Rebekah e Freya.

—Freya, a garota que jogou meus tios contra o meu pai.

—Em outra época poderia dizer que é pura paranoia, mas não agora. Ela literalmente faz eles dois de macacos.

—Aqui, chegamos. Essa é a antiga casa dos Mikaelsons, você pode ficar aqui, mas se Hayley perguntar sobre você, eu não vou negar.

—Só não diga que estou aqui.

Ele assentiu.

—Caroline me falou sobre você também. Você foi criado pelo meu pai, o que significa que somos meio que irmãos.

—Pois é, maninha—Sorriu e eu sorri de volta.

—Até mais, maninho.

Saí do carro e entrei com a chave que Marcellus me deu. A casa estava organizada para alguém que nunca vivia aqui. Talvez alguém viva, ou simplesmente a deixe organizada.

Subi as escadas, olhando todos os cômodos, até que cheguei em um quarto cheio de pinturas. Havia uma tela onde havia uma mulher seminua ruiva, uma loira sorridente e a minha analista.

Será esse o quarto do meu pai?

Sempre tive um bom desenho, mas minha mãe me proibiu de desenhar, então perdi a prática. Olhei uma da vista de New Orleans a noite, que linda.

Como eu não pude viver com ele? Eu sei que ele é cruel, mas era o meu pai? Como eu simplesmente posso não ter vivido com ele?

Fiquei um bom tempo olhando a biblioteca, até que encontrei um livro bem esquisito falando sobre magia.

Será que era essa a explicação dos colapsos que eu causava aos professores que não davam aula de aramaico direito? Magia?

Tentei fazer algum tipo de magia:

—Pasmatus Incendia

Minha mão começou a pegar fogo e eu comecei a gritar.

—PARE! PARE! Para por favor! —O fogo do nada apagou.

—Olá, minha criança! —Uma mulher de olhos pretos e o cabelo da mesma cor apareceu para mim. Eu me levantei imediatamente.

—Quem é você?

—Uma pessoa que pode te ajudar a controlar a dádiva que foi lhe dada e não pode ser aproveitada.

—Minha mãe me mandou não falar com estranhos.

—Sua mãe? Aquela que te enganou sobre o seu pai? Que te fez sofrer nas mãos dos lobos?

—Como você sabe de tudo isso?

—Eu sei de tudo, minha querida. Você sabe que eu sou.

—Dahlia.

—Exatamente. Eu finalmente, após quase vinte anos vim pegar o que é meu.

—Eu não sou sua propriedade!

—Claro que não! Eu descobri com o tempo que não é assim que as coisas funcionam. Eu irei lhe ajudar a se vingar de todos que tiraram sua felicidade de você, que tiraram você dos braços de seu pai.

—Você realmente pode fazer isso? Pode trazer meu pai de volta e fazer Freya e todos pagarem?

—Sim, eu posso. Posso fazer muito mais.

—Hope! —Escutei a voz da minha mãe subindo as escadas e ela chegou onde eu estava—Hope Marshall Kanner...

—É sua decisão, Hope.

—Vamos embora daqui tia Dahlia—Sorri e ela retribuiu—E ... a propósito, é Hope Mikaelson!

E assim, Dahlia nos fez desaparecer.

...

Isso aconteceu há 116 anos atrás. Quando, pela primeira vez, eu soube quem eu era. Dahlia e eu fomos para o Sul da África e, com o tempo e a minha determinação, eu estava mais poderosa que a própria Freya. Devido ao meu poder de não envelhecimento, consegui fazer com que Dahlia e eu não precisássemos cair no sono nunca mais e ainda assim ficarmos poderosas.

Enquanto a mim, fiquei a par de tudo o que acontecia em New Orleans. As buscas por mim eram falhas, obviamente, mas gostei de saber que muitas pessoas que eu nem conheciam se importavam comigo. Jackson morreu, tal como Josh e Camille.

Infelizmente, eles não acordaram o meu pai. E isso foi o basta para todos estarem incluídos em minha vingança. Um por um.

Olhei para minha tatuagem, acariciando-a.

—Estou chegando, pai.

Eu só iria voltar a New Orleans quando um filho de Freya viesse. Mesmo que ela tenha tentado evitar, nada como um príncipe encantado, construído pela minha hipnose sobre o perfeito homem para minha odiada tia, para fazê-la mudar de ideia.

É claro, a notícia os deixou apavorados. Claro que eu gostei, já que Dahlia disse que esse era o momento para pegarmos o Mathias, filho de 8 meses de Freya.

—Está pronta, minha Hope?

—Sim, tia, eu estou.

Fizemos um feitiço chamado Kenning e eu pude entrar no corpo de alguém chamado Davina Claire.

—Meu amor, está na hora! —Kol dizia, percebendo que o corpo em que eu usava olhava para a lua—O casamento de Freya e Leonard já irá começar!

—Você já viu essas flores verdes, Kol?

—Claro que sim, ontem foi o nosso aniversário, te presenteei com elas.

—É muito elegante da sua parte. Sabe o que essas flores significam?

—Não.

—Nem eu, mas eu sei a cor.

—Como assim?

—Significa Hope, tio Kol.

O moreno logo empalideceu, tentando se afastar de mim e eu ri do ato.

—Que tipo de pessoa diz que tudo o que queria era que o irmão se importasse com ele e deixa o mesmo apodrecer em um caixão?

—Ele mereceu, Hope.

—Ah, claro, e eu mereci crescer sem pai também!

—Você tinha Jackson! Elijah! —Gritava por ajuda.

—Você chama aquele imprestável de pai? Tudo o que ele dizia era que eu deveria agradecer.

—O recado está dado. Daqui a dois dias, eu quero Mathias juntamente comigo e Dahlia. Caso o contrário haverá guerra.

E saí do corpo da Davina.

—Como foi? —Perguntou Dahlia quando cheguei no cemitério.

—É engraçado, mas foi bom.

—Qual foi o prazo que você deu?

—Dois dias.

—Muito bem, é o suficiente. Iremos conquistar o seu pai e vingar todos. Eu ficarei com Rebekah e Freya...

—Não, eu fico com Rebekah e Elijah. É justo que você fique com a filha que lhe tirou poder.

—Você é a filha que todos querem ter, sou uma tia sortuda.

—Eu que sou sortuda, tia Dahlia. Conseguiu achar o corpo do meu pai.

—Estou quase. O feitiço do carvalho branco é mais forte do que eu pensava, mas não é páreo para nós.

—Nada é páreo para nós.

Dois dias depois.

—Receberam minha oferta? —Dahlia perguntou.

—Meu filho não está à venda! —Gritou Freya enquanto Leonard a abraçada.

—Leonard, corte sua garganta—Ordenei e ele o fez. Todos o olharam surpresos.

—Vocês nem perceberam que ele era um macaco hipnotizado a seguir ordens como vocês, não é? Agora, se vocês me permitem, Elijah, Rebekah e Hayley, por favor. —Ordenei subindo as escadas—Agora!

—Hope, nós realmente sentimos muito... —Rebekah começou.

—Quanto tempo? —Perguntei.

—Como assim?

—A quanto tempo vocês manteriam meu pai longe de mim?

—Alguns anos, talvez. —Respondeu Hayley.

—Vocês são uns egoístas. Fizeram-me acreditar que eu era esquisita, que minha família eram lobos egoístas! Nós poderíamos ser uma família com ele. Mas vocês escolheram ser macacos de Freya Mikaelson! Só para deixar claro, Klaus nunca matou Aiden, Dahlia matou ele. Ela própria me contou. TODOS VOCÊS SÃO COVARDES E AGORA IRÃO PAGAR.

Fiz o lugar tremer e, calmamente peguei a estaca de carvalho branco do meu sobretudo.

—Vocês guardam objetos valiosos em lugares óbvios! Mas eu não pretendo usá-los. Deixarei que ele descida por mim e por vocês.

—Você não sabe como acordar Klaus.

—Mas é claro que eu sei, mãe. Assim como eu sei que você dorme com Elijah todo dia, que se pergunta onde eu estou. Mas, mãe, você não deveria ter me traído, não dessa maneira. Venha aqui, amor—Chamei com os braços e ela se aproximou, mas eu a interrompi—Não estava falando com você!

Puxei o seu coração sem tocá-lo e ele voou até minha mão.

—Hayley! —Gritou Elijah indo em sua direção.

—Como você pode fazer isso com sua própria mãe? —Perguntou Rebekah já chorando.

—Como vocês puderam fazer isso como o meu pai? Mas você está certa, tia Bex. Se eu posso fazer isso com a minha mãe, que me criou e alimentou, o que poderia fazer com vocês?

Caminhei até uma cômoda onde estava a sala de estar e abri uma gaveta, pegando 10 lâminas que eu havia localizado. Com rapidez, atirei uma em Elijah, que caiu rapidamente.

—Você, tia, não mataria nem se quisesse. Eu me lembro de cada toque desde o dia em que meu pai me entregou para você, eu só gostaria de agradecer, por ter cuidado de mim.

Ela deu um meio sorriso.

—Eu prometo-te, quando meu pai acordar ... Irei implorar que você acorde—E empalei-a também. Com os dois desacordados, saí, mas alguém me barrou.

—Você demorou! —Reclamei.

...

—Adeus, minha Freya—Vi Dahlia transformar a sobrinha em cinzas, não me assustei com o ato, porém, senti pena. Sei que Freya já perdeu um filho para Dahlia e que se ela não tivesse feito o que fez com o meu pai poderíamos ser uma família feliz, mas ela fez. Pelo menos salvarei Mathias de tudo isso.

—Estamos prontas! —Exclamei—Tudo ok com Kol, ele está empalado e Davina desacordada?

—Sim, vamos. Hope, lembre-se: depois que salvarmos seu pai você irá embora comigo.

—Eu sei, vamos—Respondi e entramos em um galpão dentro da piscina na mansão. Foi esperto, mas estava perto o suficiente. Chegamos no caixão e recitamos o feitiço que logo abriu o caixão.

—A propósito, tia, obrigado.

—De nada, querida.

Quando ela respondeu, Kai veio em direção a ela e sugou toda a magia que havia nela.

—O QUE VOCÊ FEZ!

—Me desculpe, Dahlia. Mas se não fosse você, minha família não teria tantos problemas, é melhor sair, quando o meu pai acordar e descobrir que você não tem todos os seus poderes, ficará furioso.

Dahlia, sem opção saiu do local.

—Isso terá volta, meu poder é muito maior que um idiota.

—Ela é assustadora—Comentou—mas foi legal da sua parte fazer isso. Ela mereceu. Obrigada por ter me transformado em híbrido e me libertado.

—De nada—Respondi e troquei olhares com ele.

—Não vai retirar a adaga?

Respirei fundo, assentindo, e caminhei a passos largos até ele, retirando a adaga. Peguei a mesma e cortei meu pulso o alimentando. Após um tempo, a pele dele parou de se ressecar e ele segurou meu pulso, mas eu o soltei. Ele se sentou olhando para mim e para Kai.

—Quem é você?

—Olá, pai!