Pin Up escrita por Cannibal


Capítulo 2
De Erwin


Notas iniciais do capítulo

*3*



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Querido, o batalhão teve uma folga essa semana. Fui até a praia e é onde estou agora. Eu sinto sua falta, as coisas estão bem por aqui, mas sempre há aquela tensão de não saber o que vai acontecer e quando vai acontecer. Nessa quarta-feira uma bomba explodiu a uns 2km de onde estou. O barulho é medonho. Ainda sinto o eco em meu ouvido. Mas não tem nada com o que se preocupar, eu prometo que estou bem. Eu sinto muito por não ter lhe respondido a última carta, haviam tantas coisas para se fazer que não tive tempo. Eu sinto muito, mas eu a lia todos os dias até me mandar outra. Mas chega de falar das coisas que prometi que não ia contar.

Estou com inveja de você sentir o sol nos ombros e andar pelo parque causando inveja nas outras mulheres; eu também quero, mas que tudo, voltar correndo para seus braços Rivaille. Quero gritar que te amo. E não precisa se preocupar porque “meus amiguinhos da Marinha” sabem. Eles te viram me beijando no porto, se você não se lembra. Foi à última vez que te vi, e mesmo depois de seis meses eu ainda consigo sentir o cheiro do seu perfume. Diga ao meu pai que estou feliz por ele, e que quando voltar vamos todos jantar juntos para que possa finalmente conhecer a salvação dele. E não, minha mãe não tinha os olhos azuis. Quer dizer, não me lembro muito dela. Rivaille eu sei que parece injusto, mas sua parte do acordo te mantem longe do perigo e da dor que vejo todos os dias. Cada dia que passa isso fica pior.

Eu estava com Mike quando aconteceu. Não derramou uma lágrima o desgraçado, eu não me lembro de suas últimas palavras, mas me senti na obrigação de enviar a Nanaba o anel de seu noivado. Diga a ela que sinto muito. Eu vinguei Mike na mesma moeda Rivaille, achei que fosse me sentir bem com isso, mas não. Não durmo direito desde que cheguei aqui então eu matei um homem, eu sequer sabia seu nome, se tinha família, irmãos, uma garota que gostava ou a causa para a qual lutava. Eu só puxei o gatilho. Ele tinha uns 18 anos. Nem devia saber por que estava ali, ou porque um bando de malucos usando uniforme estava matando as pessoas por algo que eu não acredito mais. Você tinha razão Rivaille, naquela noite em que te contei que havia me convocado você disse que isso ia me mudar. E eu me sinto diferente. Às vezes, depois de um confronto eu me olho no espelho, não para ver os arranhões em meu rosto, mas para procurar algo que talvez você ache estranho quando eu voltar. Eu pareço velho, cansado.

Eu estou com medo Rivaille.

Medo de dormir e não acordar, eu não quero morrer longe de você em um lugar sujo de sangue que eu ajudei a derramar. Se eu tivesse uma única oportunidade de voltar atrás eu teria negado o pedido, mentiria por você. Eu não provei que te amo o suficiente quando vim para esse buraco.


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Notas finais do capítulo

perdoem os erros