Após uma noite inquietante, Vengeance finalmente notou os raios pálidos da manhã surgirem através da fina cortina, se levantou rapidamente e dirigiu-se ao banheiro ainda nu, com a intenção de aliviar suas necessidades básicas. Pensou em trancar a porta conjunta com Amberly, mas seria bobagem, já que as cinco da matina, ainda estaria dormindo pacificamente. Após esvaziar o volume de sua bexiga notou num gancho a sua esquerda uma pequena peça, rosa e delicada. A curiosidade era um dos problemas principais de Vengeance, e logo suas mãos alcançaram a peça rendada.

Era macia e suave, com bordados no tecido claro e de bojo médio. Médio. Sua mulher era pura tentação, sentindo-se um pouco culpado levou o sutiã ao nariz, fechou os olhos e inspirou fundo, maldita seja. O baque do susto que levou não foi o suficiente para encobrir sua vergonha ao se deparar com Amberly na porta contrária, olhos curiosos examinavam suas mãos e nunca Vengeance tinha se sentido tão pequeno em sua vida. Não havia barulho sequer no estreito cômodo, o olhar da loira vagueou lentamente de suas mãos para baixo, e logo os dois estavam focados em apenas um alvo. Porra, aquele era seu pau.

Encabulado não o suficiente pela situação ele tinha que estar duro e majestoso, exibindo toda sua glória e personificação. Porra, porra, porra. Olhou cautelosamente para Amberly, mas num piscar de olhos ela já tinha se retirado e batido a porta atrás dela.

...

Já eram cerca de 10 horas da manhã, e nada dela. O café especialmente preparado para Amberly aguardava sua dona, frio e pacato. O que falar numa hora dessas, era algo que Vengeance não teria coragem de perguntar, nem mesmo para Justice que tinha se mostrado tão amigo. Seguir o coração, sim, essa seria a melhor escolha, pedir desculpas era a solução, mesmo que humilhado ele iria atrás dela e pediria perdão pelo acontecido.

Era visível que suas necessidades básicas não eram atendidas há algum tempo, nenhuma fêmea se aproximara dele nos últimos tempos, principalmente por ter "atacado" algumas fêmeas comprometidas, mas a questão, era que não queria mais ninguém além de Amberly, nenhuma outra iria poder tomar o lugar da sua pequena loira, seria para sempre dele, e nenhum macho se atreveria toca-la também. Agora entendia o valor de uma companheira.

Queria pedir desculpas, mas não sabia ao certo como, aliás, o que iria explicar um pau duro? Novas Espécies são muito sexuais, ok. Mas será que Amberly sabia disso?  Frustrado correu a mão pela cabeça espetada por alguns curtos fios, ele começara a crescer, e dessa vez não o impediria, gostaria que sua fêmea se apaixonasse por sua antiga juba, assim como ele era apaixonado.

Quando cortou pela primeira vez se sentiu oprimido e demasiadamente furioso pela regra ordinária da Organização Novas Espécies, mas logo viu que não fazia mais sentido deixar crescer. Estava sozinho, apesar de tudo e todos, sentia-se solitário demais para ostentar sua cabeleira. Isso fazia sentido? Não importa, agora tudo em sua vida havia mudado, seu coração havia sido renovado, e não via motivos mais para se reclusar em volta de suas barreiras.

Levantou-se vagarosamente e dirigiu-se para a escada quando um bipe alto tocou pela cabana, atendeu o aparelho rapidamente.

— Vengeance? – A voz de Justice soou carregada.

— Justice, sou eu. – Vengeance logo reconheceu a voz do irmão rapidamente.

— Temos um problema. E dos grandes.

...

Merda fodida. Foi o que Vengeance pensou quando subiu apressado, as escadas atrás de Amberly, invadiu seu quarto sem ao menos hesitar e agarrou-a pelos ombros.

— Você é minha entendeu? Só minha, e ninguém vai tira-la de mim. Ninguém! – Rosnou furioso e tomou a boca da sua fêmea num beijo envolvente e fugaz. Envolvendo as mãos em torno de toda ela, tomou sua cintura com posse e agarrou o cabelo amarelo e macio. Tomado pela necessidade compulsiva de tela, a agarrou um pouco mais firme, e continuou saboreando a boca de sua fêmea até ouvir um som miúdo e estrangulado vindo de sua garganta. Separou se suavemente de Amberly para olha-la nos olhos.

— Sinto muito, – Passou as mãos furiosas pelo cabelo e lhe deu um pouco mais de espaço. – Eu... Eu não pensei que... Argh, merda, desculpe-me por ser um cretino esta manhã, e bem... – Movimentou os pés desconfortavelmente pelo carpete. – E por agora também, eu... Podemos conversar sobre isso mais tarde? – Apertou os olhos em desespero e observou o rosto confuso de Amberly.

— Okay. – Ela assentiu e voltou os olhos para o chão.

— Justice ligou, precisamos ir até seu escritório, agora.

...

Isso não pode ser real. Apenas... Não pode. Era tudo o que Amberly conseguia pensar, quando soube da drástica notícia anunciada por Justice. O cretino estava a sua procura, Antoni espalhara cartazes e comunicara a policia sobre seu suposto sequestro, como poderia ser tão estúpido a esse ponto? O que ele pensava? Que ela não o denunciaria pela agressão? Pelo estrupo?

Sentou-se desengonçada na poltrona polida e afundou a cabeça em suas mãos, lágrimas escorregavam por sua bochecha como uma catarata de tristeza, e uma nuvem escura e sombria se encarregou de aterroriza-la com a realidade dos fatos.

Não se deu conta da posição de Vengeance até suas mãos serem puxadas suavemente para longe dos fios de cabelo grudento em seu rosto.  Observou o NE, e desejou que ele pudesse fazer parar a dor trucidante em seu peito.

— Amberly? – Vengeance chamou sua atenção, mas tudo que podia enxergar era um grande e másculo borrão a sua frente, mesmo ajoelhado, sua altura e imponência era notável. Ela fungou mais uma vez e comprimiu os lábios para não soluçar novamente, lá estava ele, no momento em que ela precisava, cuidando, protegendo e o melhor de tudo, amando ela como nenhum homem no mundo foi capaz de fazer.

— Ven...

— Eu estou aqui, não precisa ter medo, te protegerei até a morte, nada irá nos separar, ele não vai encostar em um fio de cabelo seu que seja. Eu juro, por tudo que você considera de mais sagrado. Nada vai nos separar. Nada. – Puxou a cabeça dela suavemente para seu peito e beijou carinhosamente a têmpora esquerda da sua fêmea, enquanto ela cedia aos soluços baixos e incontroláveis.

— Eu sinto muito por essa situação Amberly, mas prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para que esse homem não tenha domínio algum sobre você. – Justice pronunciou-se pela primeira vez após o comunicado, dispondo de toda ajuda necessária.

— Não queríamos te pressionar nesse momento, mas a situação é séria Amberly, Antoni tem uma declaração de união estável, o que pode ser considerado uma declaração de casamento, afirma estar preocupado e não ter a mínima ideia de onde você pode estar. Câmeras de rodovia filmaram a entrada de você e Vengeance na Reserva, a polícia logo vai ter acesso a esse material, e não vai perder tempo em nos acusar pelo seu suposto sequestro, isso acarretaria mais problemas.  – Fury que se manteve afastado por um bom tempo se aproximou e se recostou sobre o corpo de uma poltrona alta e majestosa.

— Precisamos que responda a algumas outras perguntas, e nos dê permissão para um processo legal, acusando-o de tais... Ocorrências passadas entre vocês. Já tínhamos dado inicio a papelada, mas iríamos esperar estar tudo pronto pra dar inicio ao caso, pelo que podemos notar, ele se adiantou, sabemos o quão ruim esta situação está, mas precisamos mesmo que assine alguns contratos, e não precisará  se preocupar com mais nada. Lidaremos com tudo. – Justice continuou seu discurso e apoiou a mão delicadamente no Ombro de Amberly, por um breve instante.

— Porque? – Um som estrangulado saiu da pequena loira enquanto ela enxugava as lágrimas enfurecidas com o dorso de sua mão.

— Porque o quê? – Vengeance ajudou a recuperar um pouco de sua postura, afastando o cabelo amarelo para trás de suas orelhas.

— Porque... – Fungou mais uma vez e tomou um pouco de ar, antes de continuar. – Porque estão fazendo tudo isso por mim?  – Olhos vermelhos e brilhantes encararam um a um na sala, até parar no sorriso casto de Vengeance.

— Porque agora, somos a sua família.

Continua...