Marcas escrita por Random Ama


Capítulo 5
Capítulo 5




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A festa estava cheia. Metade das pessoas ali eram motoqueiros assustadores. Havia alunos da NYU, mas eu não conhecia ninguém. Não vi o loiro tatuado - mas também não o procurei. Música alta tocava, mas pouca gente dançava afinal a festa mal havia começado. Peguei um copo vermelho com refrigerante (eu não queria dor de cabeça ao entregar meu trabalho de língua inglesa amanhã), mas Peter pegou cerveja. Louise veio nos receber, com um grande sorriso.

–Que bom que vocês vieram! - Ela nos abraçou, e Peter aproveitou a oportunidade.

–Quer dançar um pouco, Lou? - Perguntou ele.

Louise sorriu, puxando-o pela mão para o centro do quintal. Peter me jogou o presente de Kaya. Então, eu fui procurá-la. Encontrei ela sentada na borda de um balanço velho e enferrujado, conversando com algumas pessoas que presumi serem seus tios e tias. Ela estava usando uma calça jeans azul escura, dobrada até o tornozelo, salto alto preto e uma blusa xadrez verde que destacava sua silhueta. Ela sorriu quando me viu e veio até minha direção.

– Bem vindo, tampinha. - Ela me cumprimentou.

–Oi... Feliz aniversário. Dezenove, hein?

–Ah claro. Fará uma grande diferença na minha vida.

Silêncio constrangedor.

–Eu trouxe um presente. -Entreguei-lhe a pequena moto colecionável. Ela logo abriu o embrulho e admirou o presente, como se fosse um filhotinho.

–Eu adorei Eddie. Muito obrigada.

–Sem problemas. -Sorri- E isso aqui é do Peter.

Ela adorou as meias, dizendo que precisava daquilo. Senti um pouco de inveja de Peter.

–Feliz aniversário, K. -Disse uma voz grossa. Olhei para seu dono. O tatuado loiro.

–Obrigada, Joseph. -Kaya se virou e o abraçou.

–Bem... Acho que vou indo.

Afastei-me e senti o ódio crescer em mim. Joguei o refrigerante na grama e fui até a mesa com bebidas. Enchi o copo e bebi de uma vez. Eu iria esquecê-la. Decidi tentar me misturar. Fui dançar com a galera, que crescia cada vez mais. Sentia muita sede -não estava acostumado a dançar- e bebia mais. Então Kaya dançou com Joseph, e fui beber mais. Quando percebi, já estava agarrado com uma garota com o cabelo parecido com o de Louise. Por um momento, quase pensei que fosse ela. Mas olhei para seu rosto, aliviado, e voltei a beijá-la.

Acontece que Peter também achou que aquela fosse Louise. Ele veio enfurecido até mim. Eu devia estar louco, pois vi fumaça saindo de suas orelhas. Ele me puxou para dentro da casa. Ouvi pessoas comentando isso, mas só consegui rir. Peter não parecia ver graça nenhuma e, quando chegamos à sala, ele me deu um soco. Eu já estava tonto, então caí no chão.

– Mas que droga! Eu realmente estava gostando dela, cara. Isso não se faz! - O rosto de Peter ficou vermelho enquanto ele gritava. Isso atraiu expectadores.

–Eu não sei do que... - Tentei me levantar, mas ele me socou de novo. E dessa vez doeu de verdade. Nesse momento, uma Louise perplexa descia das escadas.

–Mas que diabos... Quem se atreve a estragar minha, quer dizer, a festa da K?

A garota que eu beijara também entrou na casa nesse momento. Apesar do cabelo, ela e Louise eram completamente diferente. Peter olhou para as duas confusas. Me olhou arrependido, tentando me ajudar a levantar, mas o dispensei. Levantei-me e pedi desculpas para os convidados. Então saí cambaleando até a rua. Esperei. Vomitei. Até que um táxi parou para mim. Murmurei o endereço e só me lembro de cair na cama.

•••

Minha cabeça explodia. Tentei me lembrar de alguma coisa. Meu nome é Edmundo Kingsman. Tenho 18 anos. Hoje é sexta feira. Pelo menos eu não bati a cabeça em algum lugar. Levantei-me e senti o mundo girar. Estava com a mesma roupa do dia anterior, mas minha camisa estava suja de vômito. Ignorei o copo e comprimido na mesa ao lado da cama e me arrastei até o banheiro. Tentei lembrar o que aconteceu na noite anterior. Eu nunca ficara bêbado antes, então foi difícil. Só lembrava-me de uma pancada no rosto.

Ao sair do banho, procurei Peter, mas não o achei. Olhei o relógio. Eu estava atrasado. Me arrumei rapidamente e corri para a aula de língua inglesa. Consegui entregar o trabalho a tempo. Percebi que algumas pessoas me olhavam de um jeito esquisito, tipo pena misturada com raiva. Quando encontrei Peter, para perguntar o que estava acontecido, ele parecia arrependido e envergonhado. Explicou-me tudo que aconteceu.

–Desculpe Eddie. Eu estava meio bêbado...

–Tudo bem, cara. -Dei tapinhas no seu ombro- Nós deveríamos procurar as meninas.

Ele concordou. Elas estavam sentadas na borda da fonte da Washington Square. Kaya não parecia brava, só cansada. Quando Louise viu Peter, ela cruzou os braços e fez cara feia para ele, sem nem se atrever a piscar. Foi intimidante.

–Desculpe por arruinar sua festa. -Comecei.

–Não foi nada. - Kaya deu um sorriso fraco - Socos são quase uma tradição de família. Além disso, a festa durou até duas e meia da manhã.

Sorri agradecido. Peter não parecia ter a mesma sorte. Os poucos minutos que falei com Kaya e ele já estava ajoelhado diante de Lou.

–Vem, vamos deixar o casal ter a DR. - Disse Kaya, me puxando para longe.

Eu não sabia de nada disso de casal. Mas a acompanhei até sua Harley Davidson.


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