Aconteça o que Acontecer... escrita por Matheus Moraes


Capítulo 5
Capítulo 5 - Mudanças da Noite


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpa adiantado... O site não permite que eu faça a separação dos tempos da minha história. Então, leiam com atenção, pois vai causar confusão na cabeça de vocês. Vai haver horas que irá ocorrer a mudança de local e personagem, porém não há como sinalizar.

Decidi então colocar "***".



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Há coisas que simplesmente não temos o dom de controlar, coisas que se pararmos para pensar caminharemos para uma encruzilhada. Nossos caminhos e vidas podem ser completamente opostos, mas somos nós que escolhemos com quem queremos caminhar e mesmo que as mudanças cheguem nada pode mudar aquilo que se escreve em um coração.

Até mesmo as noites mais frias podem ser aquecidas, até mesmo as mais fortes mudanças podem ser vividas sem que sejamos derrubados. A vida deve ser vivida sem medo, quando damos um passo de cada vez nos equilibramos, somente segure todas as mãos que se estenderem a você, e jamais se esqueça, as mãos daquele alguém especial sempre serão capazes de acender a chama da esperança.

***

Na manhã seguinte Nathan ainda estava deitado, ele tinha a engraçada mania de colocar seu travesseiro entre as pernas para conseguir dormir. Seu quarto era escuro naturalmente, sua cama ficava perto da porta, mas ninguém entrava ali antes que ele acordasse, os Hill eram bem educados. A janela do quarto dava para o grande carvalho do fundo do quintal e já era possível ouvir o som dos pássaros pousados nos galhos ali perto.

O dia seria longo, Nick e Louis haviam o convidado para andar de Skate, o rapaz não era muito bom, mas gostava de sentir a sensação que aquele pedaço de madeira com rodas lhe dava, liberdade. Na realidade o que ele mais esperava mesmo era encontrar Caroline, ele ainda não era capaz de acreditar na sorte que tinha.

Theodore carregava uma caixa com alguns enfeites de natal, ele a levaria para a garagem estava ocupando espaço demais no sótão. A senhora Hill (ninguém a chamava muito pelo nome – Lillian – apesar de ser muito bonito) colocara no corredor um longo tapete branco, o que ela não havia notado era que ele fazia as pessoas escorregarem, Nathan quase rolou escada abaixo umas três vezes por causa do tapete.

Sem prestar a atenção ele escorregou, o homem usou suas mãos para não cair de costas no chão duro, a caixa havia sido jogada para o alto e os enfeites zanzavam pelo chão fazendo muito barulho, alguns deles desciam as escadas e só paravam ao alcançar o térreo.

Nathan acabou acordando com todo aquele barulho, o rapaz deu um pulo e parou sentado sobre sua cama, seus olhos estavam semicerrados ainda com muita vontade de permanecerem fechados. Ele ficou paralisado por alguns segundo até perceber que não havia acontecido nada, sua mão foi até sua cabeça onde ele ajeitou seu cabelo. Logo e seguida o jovem olhou para o relógio, eram dez da manhã.

– O que houve? – perguntou Nathan abrindo a porta de seu quarto, ele estava vestindo uma camiseta azul, usava chinelos e uma bermuda verde-escuro. – Está tudo bem pai?

Lillian já subia as escadas e tentava se controlar para não rir, ela já deveria ter retirado o tapete dali só não havia se lembrado.

– Sim, sim... Foi só um escorregão – ele parecia querer rir de si mesmo.

Nathan não conseguiu se segurar por muito tempo, quando abriu a porta o pai estava com as mão para trás e o corpo meio levantado enquanto encarava tudo esparramado pelo chão. Ele começou e rir, vendo aquilo Lillian aproveitou e gargalhou junto. Eles estavam todos ajoelhados juntando os enfeites.

O homem começou a esboçar um pequeno sorriso e logo estava rindo também. Theodore tinha um grande espírito esportivo, ele sabia que aquilo era um bom motivo para todos estarem rindo. Eles eram uma família com altos e baixos, mas estavam constantemente com um sorriso no rosto.

– Me desculpe Theo, mas isso é engraçado – Lillian ainda ria, ele puxou o marido e o abraçou.

Nathan se sentia constrangido ao ver os pais sendo carinhosos um com o outro na sua frente.

– Isso é que é engraçado... – Theo esticou sua perna esquerda e empurrou Nathan, o rapaz caiu sentado no chão.

– O que foi que eu fiz? Empurre a mamãe! – disse Nathan se recolocando em seu lugar.

– Ok! Ok! – contou Lillian. – Chega de brincadeiras por hoje, vamos arrumar essa bagunça – ele continuou a guardar os enfeites, o garoto e o pai não falaram mais nada simplesmente a obedeceram.

– E onde está Emy? – Theodore não costumava ver muito a garota, mas achou estranho ela não ter aparecido até agora, afinal, era feriado.

– Eu... Não sei – respondeu com um pouco de incerteza. – Ela deve estar ocupada.

A mãe o olhou com suspeita, sabia quando ele estava mentindo.

– Vocês não tinham combinado de sair? – Lillian guardava a última bolinha colorida.

Ele não sabia como explicar para a mãe que iria sair com outra garota, não gostava muito de tocar nesse assunto perto dos pais, morria de vergonha. Pensando bem ele não tinha o que temer, já tinha 17 anos.

– Na verdade vou sair com outra garota – ele se levantou e ajeitou sua roupa.

Theo sorriu.

– Outra garota? E Emy? – a mulher expressa não ter gostado nada da ideia, todos sempre acreditavam que os amigos ficariam juntos.

– Deixa ele querida – interviu o pai. – Os garotos devem sair com várias garotas, só assim irão saber qual é a certa. Quando eu tinha a idade dele... – ele foi interrompido.

– Tudo bem! – exclamou a mulher. – Nathan – ela o olhou bem nos olhos. – Tenha certeza daquilo que faz por que depois que fizer dificilmente conseguirá voltar atrás.

Aquele assunto estava indo para um caminho estranho, Nathan estava ficando ainda mais envergonhado, consegui entender muito bem o que sua mãe estava lhe dizendo.

– Eu... Sei – terminou ele.

O pai continuava a parecer orgulhoso, aquilo era normal. Pais sempre ficam orgulhosos ao saber que seu filho está se relacionando com alguém. Lillian e Theo saíram, eles desciam a escada enquanto Nathan os acompanhava com os olhos. Sem o que fazer ele voltou para seu quarto, não estava com fome para comer qualquer coisa.

“Uma grande besteira!” pensou ele enquanto se lembrava do que a mãe lhe disse há alguns minutos atrás.

***

Ela desligou o telefone.

– Quem era querida? – perguntou a senhora Johnson - seu nome na verdade era Anne – para a filha.

A garota colocou o telefone no gancho.

– Era a senhor Hill – respondeu Emy, seu tom de voz demonstrava irrelevância.

– O que ela queria? – Anne segurava um porta-retratos do qual tirava pó.

– Perguntou se eu não queria jantar com eles esta noite.

– Ótimo! Se quiser pode usar aquela blusa que...

– Não vou! – exclamou Emy.

Anne estranhou.

– Porque não?

– Disse que o papai vai vir aqui me visitar - respondeu finalizando o assunto.

A mãe não disse mais nada. Colocou o retrato sobre a mesinha da sala e foi para cozinha.

Os pais de Emily haviam se separado quando ela tinha 11 anos, foi difícil no começo, entretanto ela já se acostumou. Ele morava do outro lado da cidade e raramente a visitava, tinha se casado novamente, mas não tinha filhos.

A menina preferiu subir para o seu quarto, ela sabia muito bem o que a senhora Hill estava tentando fazer, também sabia que Nathan ia sair naquela mesma noite. Ou seja, queria usar Emy para segurar Nathan, ela sempre foi indiretamente a favor de os dois ficarem juntos e não iria dizer que não estava satisfeita com o ver saindo com Caroline.

No entanto, Emily não estava a fim de ver ninguém aquela noite. Já eram quase cinco horas da tarde e ela não havia feito nada praticamente o dia todo, o final de semana mais parado de toda sua vida.

***

– Vamos Nathan!

Louis e Nick pegaram seus skates, eles estavam em uma pequena praça com uma enorme árvore no centro, ali não havia como eles praticarem muitas manobras, mas para Nathan estava excelente.

Eles subiram se equilibraram e tomaram impulso cortando a praça ao meio, as ruas estavam um pouco movimentadas e tinha algumas casas que estavam fazendo venda de garagem. A temperatura estava temperada – nem muito fria nem muito quente – estava agradável.

Faltavam mais ou menos duas quadradas para eles chegarem à casa de Nathan e ele já conseguia ver a casa de Emy. A janela de seu quarto ficava para rua, o rapaz a encarou, porém estava fechada. Ele parou, parou seu skate bem na frente da casa da amiga, os amigos ao o verem também pararam.

– Nathan? – Louis tinha a voz um pouco rouca e tocou o amigo o ombro.

O rapaz não o respondeu, apenas continuou olhando para a casa.

– Quer que eu vá chamar Emily? – Louis foi quem perguntou, seu joelho estava um pouco ralado do lado devido a uma árvore que ele não viu em seu caminho e sua calça estava suja de poeira branca.

Sem dizer nada Nathan colocou seu skate no chão e seguiu em frente, ele precisava se preparam para seu encontro, não tinha a menor noção do que usar e dessa vez Emy não iria o ajudar.

Em sua casa ele colocou sobre sua cama várias peças de roupas que ele ainda não tinha certeza de qual iria, mas primeiro resolveu ir tomar um banho, um longo banho.

***

Quando Nathan finalmente estava pronto para ir pensou em mandar uma mensagem para Emily, mas depois de pensar bem concluiu que era uma péssima ideia. Ele usava calça jeans preta – não eram nem muito largas nem muito justas – com uma camisa azul cobalto de mangas longas, ele as dobrava deixando seus antebraços para fora. Usava um sapato preto um pouco pontudo que dava certa elegância ao andar. Se Emily o visse ficaria orgulhosa.

– MÃE! – gritou ele. – ESTOU INDO.

Eles tinham marcado para se encontrarem às sete e meia, porém Nathan saiu de casa mais cedo, queria ir andando. Agora à noite as ruas estavam bem mais calmas, eram iluminadas pelos postes e pelas luzes que saiam das janelas das casas. Ele não fazia nenhum barulho caminhando, tinha passos leves.

Seu coração parecia dividido, parte queria desesperadamente encontrar Caroline, parte queria ver Emy. Eles geralmente não passavam mais de dois dias sem se falar, o problema era sempre o orgulho da garota.

Nathan estava com as mãos bolso, havia arrumado seu cabelo como sempre – arrepiado para frente formando um pequeno topete – mas o vento o bagunçava. Essa vez ele caminhava ao lado oposto ao da casa de Emily então não tinha que se preocupar em vê-la.

Aos poucos ele se aproximava de lugar marcado, ele já estava caminhando fazia mais ou menos quinze minutos, seus passos eram longos e rápidos e ainda sentia incerteza em tudo que pensava. Agora ele já conseguia ver a pizzaria, uma longa parede detalhada com madeira e tijolos seguida por uma longa fileira de mesas era à frente do lugar.

O sinal para os pedestres estava verde, ele atravessou a rua e entrou, não queria ficar ali fora. Sentou-se em uma mesa que ficava do lado oposto ao da porta, ela ficava bem no canto e tinha uma janela ali perto que levava ao fresco até o garoto. Nathan estava absolutamente flutuando no nada, só queria pensar em silêncio.

– Posso ajudar? – quando Nathan reparou uma mulher com um grande avental preto estava parada a sua frente segurando um bloco de papel e uma caneta.

Ele a olhou.

– An... Estou esperando alguém – respondeu ele educadamente.

– Tudo bem senhor – a mulher saiu.

“Senhor? Tenho apenas 17 anos!” pensou ele, mas aquilo não importava muito, ele só queria que Caroline chegasse.

***

Ele já a esperava há quase trinta minutos, já havia lhe mandado muitas mensagens e tomado mais de sete copos de água e ela não apareceu. Caroline não deu nem sinal de vida, aquilo fez Nathan entender tudo, talvez tudo aquilo não passasse de uma brincadeira de mau gosto, talvez Caroline nunca tivesse o chamado para sair.

O rapaz já havia se levantado e ido até a porta muitas vezes, mas agora estava furioso, ele estava indo embora. Nathan se levantou e deixou quinze dólares sobre a mesa para agradecer a atenção da bela moça, seus dedos se contorciam de raiva e a única coisa que ele queria agora era poder se deitar.

Aquele era o primeiro fora que Nathan levava em sua vida e certamente era o maior que levaria até o fim de sua vida. Ele não podia acreditar, não queria nem imaginar o que as pessoas na escola iriam dizer, não queria nem mesmo falar sobre isso com qualquer amigo.

O problema era que Nathan não se importava mais com o fato de ter sido deixado sozinho esperando dentro de uma pizzaria, ele só se importava com ter tido todo um desentendimento com Emily para acabar em nada.

Seus pés batiam forte no chão, seu celular começou a vibrar e ele não queria nem saber quem era. Ele estava indo para casa da amiga, queria pedir desculpas. O sinal estava demorando a abrir e Nathan atravessou mesmo assim, um carro passou ao seu lado e buzinou, ele não deu a menor bola.

Ele já se afastava dali quando ouviu uma voz o chamando.

– Nathan!

Ele olhou para trás.

– Nathan?

Era Caroline.

– Me desculpe! Acho que estou um pouco atrasada.

Nathan não sabia o que fazer nem dizer, ele só conseguia sentir sua raiva desaparecendo aos poucos.

– Vamos? – perguntou ela.

Ele concordou com a cabeça e seguiu a garota.

***

O garoto não conseguia parar de olhar o decote da blusa de Caroline, ele descia em um vê e quase mostrava o inicio de seus seios. Eles tinham pedido uma pizza de queijo, era a única comida ali que os dois comiam, seus gostos eram bem diferentes.

Caroline estava muito bonita, a garota usava um sapato com um salto não muito alto, sua calça era bem justa definindo suas pernas e quadril e sua blusa era bem detalhada com desenhos brilhosos e um detalhe bem chamativo. Seus cabelos louros estavam soltos, eles eram lisos em cima e nas pontas formavam alguns cachos.

As coisas iam bem, tudo começa a mudar em relação à Nathan, ele já estava se divertindo e nem mesmo se lembrava muito de Emy. Os dois haviam comido quase metade da pizza já, eles comiam despercebidamente enquanto partilhavam acontecimentos de suas vidas. Ele já havia lhe contado sobre sua infância, ela falou sobre sua vida em geral, mas nenhum dos dois tocou no nome de Emily Johnson... Até agora.

– Nathan, eu... Na verdade nós precisamos ir! – ela já começava a pegar suas coisas quando ele a interrompeu.

Nathan segurou seu braço.

– Mas... Ainda é muito cedo, vamos ficar mais um pouquinho – ele sorriu para a menina, realmente havia gostado de Caroline.

– Eu não quero arrumar brigas entre você e sua namorada! – por um instante Nathan achou ver Caroline sem graça.

– Namorada? – ele pareceu espantado, que tipo de pessoa tem uma namorada e nem mesmo a conhece?

– Sim, como é mesmo o nome daquela garota que está sempre com você?... É... Lily? - ela estava se referindo a Emily.

Nathan sentiu seu rosto corar.

– Emily? Emily Johnson?

– Isso – afirmou a garota. – Não quero ser motivo de brigas.

Ele sorriu.

– Relaxa – ele puxou a jovem para que ela se sentasse novamente. – Somos apenas amigos.

Ela se sentou, parecia duvidar muito do que ele dizia.

– Sabe – começou ela. – todos sempre falar de Emily Johnson e Nathan Hill, sempre achei que fosse um casal, na verdade até acho que formaria um belo casal.

Nathan sorriu.

– E hoje – continuava ela. – Fiquei com medo de você não aparecer, não sabia o que acontecia entre vocês, mas algo me disse na última hora que eu devia estar aqui e... Bom, estou aqui – ela levantou os ombros e riu.

Ele também riu.

– Eu... Estou feliz por estar aqui – seu sorriso de lado era intrigante e encantador.

A garota ficou sem reação, seu rosto avermelhou instantaneamente.

***

– Também estou.

– Estou indo comprar alguma coisa pra gente comer, quer ir comigo?

– Estou cansada.

– Ora Emy, você passou o dia todo neste quarto – ela andou até a filha e puxou seu cobertor. – Vamos!

Parece que Emily está sofrendo pelo amigo não é mesmo? Na verdade não, o que estava a deixando assim desde quando eles haviam brigado era o início de gripe, quando ela acordou nesta manhã estava com um pouco de dor no corpo, mas a essa altura do dia já estava bem mais dolorida e seu nariz estava completamente entupido.

– Emy! – exclamou a mãe. – Você está com febre – ela havia encostado-se ao braço na garota e ela estava muito quente, agora sua mãe passava por todo rosto da filha.

– Eu... Estou bem, é só uma gripe! – respondeu ela puxando seu cobertor.

– Emily Johnson! – Anne havia se irritado. - Levante-se agora e vá se trocar, vamos comprar alguma coisa para comer e depois passar na farmácia – ordenou ela com um tom de voz duro.

Emily bufou. Levantou-se e foi se trocar.

Alguns minutos depois ela desceu as escadas.

– Pronto.

Elas saíram.

Dentro do carro não houvera muita conversa, Emy ficou o tempo todo olhando para a janela, era verdade, ela estava muito cansada. Geralmente quando ficava assim era Nathan quem passava o dia todo em seu quarto com ela, logo em seguida os dois estavam gripados, todavia, dessa vez isso era bem improvável e Emy não dava a mínima, ela só queria dormir.

Anne decidiu quebrar o gelo.

– Achei que Nathan havia feito alguma coisa para você – ela olhava para frente e suas mãos estavam firmes no volante.

Emily não ouvia aquele nome há quase dois dias, ela se virou bem devagar para a mãe.

– Por quê? – ela não entendia.

– Ué... Ele não aparece há uns dois dias, não te ligou, você mentiu para não ir jantar com eles hoje e você só ficava deitada o tempo todo... – explicou ela. – Se eu não que estava com febre iria à casa dos Hill amanhã, ia falar com Nathan.

A garota não queria que a mãe entrasse naquilo.

– Tudo bem, vou ficar bem – disse ela, Emily até mesmo sorriu para a mãe.

– E... Nathan ainda vai ficar conosco enquanto seus pais vão para Nova Iorque? – ela esperava uma resposta afirmativa.

– Acho que sim, por quê? – Emy não fazia a menor questão de onde e com quem ele iria ficar.

– Por nada...

Depois daquela curva ficava o lugar onde Anne queria tanto comer, era um lugar novo, todos diziam ter uma boa Pizza. Era o Pizza Huts.

Anne estacionou um do outro lado da rua, o lugar estava com muitos carros estacionados na frente. Elas atravessaram a rua e Emy leu na fachada “Pizza Huts”, no mesmo instante Nathan veio a sua mente e uma estranha sensação de culpa e ódio. Bom, ela fingiu não sentir nada.

O balcão da recepção ficava logo de frente coma entrada, o lugar era muito bem decorado, o mais legal era o toque rústico que tinha quase todos os móveis. Emy estava com seus olhos quase fechados e estava sentindo sua bexiga muito cheia, aquela calça apertada estava piorando ainda mais a situação.

– Eu preciso usar o banheiro – ela disse em um tom baixo para a mãe, não queria que ninguém ouvisse.

– Fica a esquerda – disse a mulher que as atendia. Parece que sua tentativa de sigilo havia sido em vão.

– Obrigado! – agradeceu ela com uma ponta de vergonha.

Emy andou olhando para os lados, as pessoas não eram conhecidas. Ela virou para esquerda e já viu quase no canto as portas dos banheiros. As mesas estavam em uma longa fileira chegando até o canto da parede onde havia uma grande janela. A menina ficou imaginando em como devia ser boa a Pizza dali já que o lugar estava bem movimentado. Casais, crianças, idosos e... Nathan. Nathan?!

Quando a garota caiu na real se lembrou de que Nathan tinha um encontro aquela mesma noite com Caroline, só não imaginava que eles estariam bem ali. Ela fingiu não os ver andou disfarçadamente para próxima das portas e viu Nathan se levantando, ela correu e entrou para o banheiro.

“Não, não, não...” Pensava ela sentada naquela privada protegida por acentos descartáveis. Ela estava se preparando para falar com ele, sabia que ele estaria a esperando do lado de fora e ela precisa fingir que não havia o visto. E então, ela saiu.

Para sua surpresa ele só havia se levantado para sentar ao lado de Caroline, agora os dois estavam de costas para as portas dos banheiros e Nathan a abraçava apoiando a cabeça da garota em seu ombro. Ele não havia a visto.

Paralisada foi como ela ficou. Mesmo de longe podia ouvir o som dos risos vindo da mesa e observava o modo como eles estavam. Emy sentiu aquela grande vontade de chorar, ela queria grita, mas sabia que não podia. Ela os olhou por mais alguns segundo e secou a única lágrima que conseguiu fugir de seus olhos.

– Vamos! – disse ela para a mãe quando voltou ao balcão.

– O que houve?

– Vamos!

– Você não está bem?

– Nem um pouco!

De trás de duas portas vai e vem saiu um homem segurando uma caixa de pizza.

– Aqui está senhora. Obrigado!

Mas antes mesmo que Anne respondesse ao homem Emily a puxou pelo braço quase a fazendo derrubar tudo que segurava.

– Calma! – pediu a mulher com os olhos arregalados. – Não acha melhor irmos ao hospital?

– Acho melhor irmos para casa – respondeu ela sem falar mais nada, entrou e bateu a porta do carro.

Anne não queria se irritar, então, preferiu não dizer nada, ela seguia para a farmácia, ficava perto dali.

***

Os dois já estavam muito bem familiarizados. Nathan estava contando histórias engraçadas para a garota. O que ele não percebeu era que estava fazendo o mesmo que costumava fazer com Emy, na realidade ele estava tentando suprir a falta da amiga com Caroline, mas ele nem mesmo percebia isso.

O clima ali dentro estava um pouco frio, ele tentava a aquecer a abraçando (aquilo era uma grande desculpa para tocar a garota) e gostava do cheiro que ela tinha.

– Obrigada Nathan! – disse ela levantando seus olhos para cima para ver o rosto do garoto.

– Obrigado? – porque ela estava o agradecendo?

– É, eu... Eu não consegui te agradecer naquela noite na festa do Louis – ela explicou. – E obrigada por hoje também, foi uma noite incrível.

Ele pela primeira vez se sentiu especial.

– Sobre aquela noite: não foi nada – disse ele. – E sobre hoje: estamos quites.

Ela sorriu.

Eles caminhavam pelas ruas vazias de Newton, se aproximavam de uma pequena praça e logo mais ficava a casa de Caroline, eles se sentaram ali antes de se despedirem.

– Obrigada mais uma vez Nathan – ela segurou a mão dele. – Foi divertido.

Ele sorriu de lado.

– Consegue definir esta noite em uma palavra?

Ele pensou, pensou...

– Incompleta – respondeu.

Ela pareceu não gostar do que ouviu, seu sorriso sumiu aos poucos.

– Entendo, eu... É melhor eu ir embora, meus pais devem estar me esperando.

Ela se levantou, arrumou sua bolsa de lado e já ia saindo.

– Não! Espere – pediu ele.

Ela se virou e o encarou.

– Não pode ir – Nathan falava sério.

– Não? – ela semicerrou os olhos.

– Não até a nossa noite ficar completa – Nathan a olhou com um sorriso malicioso.

Ele se levantou e começou a andar em direção à garota, ele a segurou pela mão e a guiava para a parte mais escura da pequena praça. Havia uma árvore em uma das extremidades do local, bem ao fundo casas, ninguém os veria ali.

Nathan levou Caroline até a árvore, ele encostou a menina. Suas mãos correram dos braços até a cintura da garota, então elas subiram, subiram e levaram consigo os braços da jovem. Ele a deixou em uma posição de submissão e aproximava seu rosto vagarosamente até o dela.

– Posso? – perguntou ele cochichando nos ouvidos de Caroline, sua voz quente a vez sentir seu corpo estremecer.

– E se eu disser não? – ela deixou seus lábios bem próximos ao do garoto, seus narizes praticamente se tocavam.

– Você não sabe mentir – essas foram suas ultimas palavras.

O rapaz levou seus lábios até o dela, a sensação foi a melhor, os lábios de Caroline eram macios e carnudos, o faziam querer mais. Eles faziam movimentos delicados, ambo fecharam os olhos e ele apertava seu corpo contra o dela, fazia a garota sentir a sua barriga gelar.

Ele havia soltado os braços de Caroline e a acariciava atrás da cabeça, dando leves puxões no cabelo da menina. Seus lábios sairão do dela e em alguns segundos passeavam pelo pescoço da jovem a fazendo delirar.

Nathan voltou à boca da garota, agora ele beijava com força parecia querer mais e mais. Suas mãos apertavam o quadril da menina e ela podia sentir perfeitamente o corpo de Nathan sobre o dela. Caroline entrelaçou seus braços no pescoço do rapaz e subiu os pés para alcançá-lo.

– Acho que agora sim a noite está completa - terminou ele com uma leve mordida nos lábios dela.

Ela estava um pouco sem ar e completamente sem reação para falar qualquer coisa para Nathan. Aquele havia sido – sem nenhuma dúvida – o melhor beijo de ambos.

– Vamos, eu te levo até sua casa – ele esticou a mão para ela.

Ela finalmente sorriu e segurou a mão de Nathan.

A noite havia trazido mudanças. Talvez mudanças para a vida dos dois. Aquele poderia ser o inicio de um grande relacionamento ou um simples beijo. O grande problema é que sempre tentamos adivinhar tudo e para isso usamos a mente. Quando todos entenderem que nossos sentimentos são nossas maiores armas não deixaram que as noites de mudanças afetem o seu destino.


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Notas finais do capítulo

Hey Galera, não sei o que estão achando da História, mas estou aberto a sugestões... Comentem por gentileza, a opinião de vocês faz toda diferença! Obrigado



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