Viagem de si mesmo escrita por Bruna Glacy


Capítulo 1
Conto terminado


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é único e exclusivamente original, não baseado em nenhum livro, ou história publicada. Portanto, qualquer semelhança com alguma obra conhecida, é apenas coincidência.



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Fecho os olhos e me descubro em meio a grande escuridão. Nada há em volta, senão sussurros e respiração. Eu também posso ouvir o pulsar de meu coração e uma indescritível vontade de voar. Meu corpo me limita, não consigo sair de mim; não posso sair de mim.

Sinto que posso ir além, mas sou como rio que bate em pedra firme, querendo crer haver um mar, em algum lugar, onde quem sabe um dia, possa finalmente desaguar.

Descubro caminhos e mais caminhos... Uns são mais largos, outros já são mais estreitos. Cheiro de mar, o sal da água, o romper das ondas ao pé da areia fofa.

Conduzo-me por um dos largos caminhos. Me lavam a rios, cachoeiras, montanhas, pedras, rochas firmes. Voltando...

Conduzo-me por um dos estreitos. Encontro perigos, dificuldades, o cheiro do mar... O gosto do sal...

Novamente caminhos largos, novamente caminhos estreitos... O gosto do mar, o cheiro do sal... O salgado das águas, mas nunca, em si, o mar.

Respiro fundo. Afundo, mergulho. Prendendo a respiração vou em frente, nadando, confusa, nadando... Rio tem fé, rio acredita, acredita firma na ideia de um dia desaguar.

Pedras, o queimar do sol, o não saber, a dúvida... Estou perdendo a fé, o foco, não vejo meu inimigo, me afogo...

Deixa-me ir! Meus gritos não vão além, não ultrapassam muralhas, não movem montanhas, minha esperança é pouca, minha fé é morta...

Eu sei quem sou, eu sou o que sou. Eu sinto o que sou, não saio de mim, mas "mim" não sou eu. Eu me sinto. Não me vejo, não conheço meu mundo ainda; o mar...

Ergo as mãos, correntezas me carregam, mas não mais me levam à perdição. Sou filha do mar, lá irei chegar, como rio tranquilo, lá vou desaguar.

As gotas me escorrem pelo rosto, meu corpo imundo, impregnado, prisão, prisão...

Eu posso sentir, se eu me buscar, posso me encontrar... Estou presa, não posso voar, não posso desaguar, sou presa de "mim", só posso gritar.

Abro os olhos. De repente outros olhos me observam. Não sou rio nem ave. Mas estou perto do mar, um dia vou desaguar. Um dia vou desaguar... Pelas águas caminhar, o impossível farei...

Os olhos me observam, não compreendem...

Se busquem, se descubram, se encontrem... Decifre isto.


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Notas finais do capítulo

Decifre o conto. ;)



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