Elsa estava deitava sobre a cama de seu mais recente quarto, já era acostumada a dormir em vários lugares diferentes, então não se sentia tão incomodada com tal situação, Anna ainda estava na enfermaria, seu estado era bom, mas ainda estava em observação.  Enrolada em sua coberta ela voltou novamente a pensar sobre a maneira em que havia falado com Jack na estrada, aquilo a estava incomodando bastante, estava tão nervosa, com dor e preocupada com sua irmã, que sequer pensou que a culpa não era dele, nem de ninguém, mas mesmo assim, acabou descontando nele, e estava arrependida. Queria falar com ele, mas não o via desde o ocorrido, não podia sair para procura-lo, pois era impedida por sua perna ferida que ainda não podia ser forçada sem muletas. Bufou alto – eu tinha que ser menos impulsiva— pensou.

Como agora não podia fazer nada para consertar a situação, resolveu tentar dormir, se aconchegou, e levou o cobertor até o pescoço, parte dela ainda acreditava que ele era realmente uma proteção contra qualquer coisa.

Estava quase a dormir, quando escutou um barulho como um estalo, e um resmungo em seguida, sentou-se na cama, e tentou ouvir algo mais, não aconteceu nada. Guiada pela curiosidade, e teimando contra seu ferimento, e as recomendações de Rapunzel, ela se levantou devagar, e se arrastou até a porta, abrindo-a lentamente, deveria ter pegado suas muletas, mas não se preocupou com elas, queria saber logo o que se passava. O corredor estava escuro, mas ainda era possível ver algo graças à luz que entrava pela grande janela ao final. Olhou para o lado, e pode ver uma sombra se levantando do chão, por reflexo, tentou ficar em posição de ataque, esquecendo-se de sua perna ainda em recuperação, perdeu as forças no membro, e acabou caindo e sentindo uma forte dor.  A sombra se aproximou, deixando que um feixe de luz iluminasse seu rosto.

— Elsa?!

El- Jack?- Perguntou ainda desconfiada.

Jac- Sim, sou eu. Mas o que você esta fazendo aqui? Pelo que Rapunzel me disse, você só poderia andar por ai daqui a dois dias. – Disse se ajoelhando na frente dela.

El- Eu, ouvi um barulho, e vim ver o que era! O que estava fazendo andando por ai há essa hora?

Jac- Digamos que sou um ser noturno, não tenho muito sono durante a noite, então gosto de andar por ai, para passar o tempo, entende?!- Ele falou dando uma piscadela para ela, que revirou os olhos.

El- Olha Jack... Sobre aquela noite na estrada, eu sinto muito pelo o que disse, eu estava nervosa, e acabei descontando em você... - Ela falava em um tom calmo, e a sinceridade em suas palavras era sentida pelo garoto. Seu semblante mudou de brincalhão para calmo, até mesmo compreensivo.

Jac- Não precisa se preocupar com isso Elsa, sei que estava nervosa, tinha todos os motivos para isso, minha missão era trazer vocês em segurança, e eu falhei...

El- Não havia como ninguém saber que aquilo iria acontecer você não foi culpado!

Jac- É, verdade...

Um silêncio um tanto desconfortável se instalo entre eles, Jack pôs-se a olhar a vista que a janela proporcionava uma bela lua cheia, o céu estava totalmente limpo, dando todo seu espaço para ela brilhar. Jack parecia admira-la, seu olhar era tão sereno, em seus olhos podia até ver-se certo brilho.

Jac- É bonita não é mesmo?!

El- O que?

Jac- A lua... Não sei o porquê, mas sempre tive um fascínio por ela...

El – É realmente muito bonita...

Jack virou-se para Elsa com um leve sorriso no rosto, ela não entendeu aquela atitude, mas mesmo assim, sorriu para ele.

Jac- Bem, já que a senhora saiu do quarto sem suas muletas, deixe-me ajuda-la.

El- Eu agradeço. – Elsa disse um pouco sem graça.

Jack abaixou-se e a pegou no colo, Elsa segurou em seu ombro, e olhou para baixo, para tentar esconder sua vergonha. Jack adentrou o quarto, e colocou delicadamente Elsa em sua cama, ela encarou o rapaz, tímida, e agradeceu.

Jac- Elsa, além de Anna, você possui família? – Ele perguntou sem olhar para ela.

Aquela pergunta pegou Elsa desprevenida, era difícil voltar a tal assunto.

El- Por que a pergunta?

Jac- Todo mundo vem de algum lugar, de onde você veio?

Elsa sentiu-se triste com aquele assunto, ela e Anna foram obrigadas a lidar com aquela dor que nunca imaginavam ter que sentir. Seus pais nunca as trataram como garotas que precisassem de tratamento, sempre havia muito amor, muito respeito, eles apenas temiam quando ambas saiam, então era algo restrito, escola, casa, casa, escola.

El- Nós vivíamos com nossos pais, nunca fomos muito próximas de nossos parentes, eles sabiam de meus poderes e de Anna, prometeram não contar, mas também não serem próximos. Mas só ter mamãe e papai ali já era o suficiente.

Jac- Às vezes você não se pergunta por que isso ocorreu com você? Não com seu primo, tia ou vizinho, mas com você...

El- Prefiro pensar que aconteceu, pois tinha que ser assim, há sim uma explicação cientifica, mas destino é destino, o que tiver que acontecer vai acontecer.

Jack a fitou parecia refletir, ou estar surpreso pelas palavras ditas pela garota, era difícil achar alguém com aquele tipo de pensamento, sem uma revolta aparente.

Não que Elsa gostasse de ter aquele “fardo”, mas ela havia nascido daquela maneira, do que adiantaria ficar se lamentando?!  

Jac- Você é uma garota realmente surpreendente Elsa! – E sorriu. – Bom, vou para o meu quarto... Eu acho, boa noite.

El- Boa noite Jack, e obrigada.

Jac- Não foi nada. – E fechou a porta.

Elsa encarou a porta por mais alguns segundos, deu um longo suspiro e deitou-se novamente. Na verdade foi ela que foi surpreendida por aquele garoto que gostava de admirar a lua.