60 dias apaixonado escrita por Mayara de Souza


Capítulo 6
Capítulo 6




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– O que você aprontou em Londres para te mandarem para a casa da Ana? – Hugo pergunta entre dois goles da cerveja.

– Meu pai. – digo e olho ao redor, observando as pessoas. Me viro e encontro Hugo me observando, esperando o restante. – Ele não curte álcool, nem destilados, nem porres, nem noitadas, nem merda nenhuma do que eu faço. – solto uma gargalhada. – Acho que na realidade ele não me curte muito.

– Sei como é. – ele sorri tristemente. – E é por isso não moro mais com os meus pais. – Hugo se vira com a garrafa de cerveja na mão, ficando de costas e apoiando os cotovelos no balcão.

– Não consigo me virar sem a grana do meu pai. – suspiro. – E a herança tanto da minha mãe como a do meu avô, tem uma condição para ser liberada. – tomo um gole da minha cerveja e me movimento para ficar na mesma posição que ele. Volto a observar o movimento do bar.

– Que merda! – ele grita me dando um susto e logo em seguida, caí na gargalhada.

– Que grande merda! – o corrijo e o acompanho na risada. – Pior do que tá, é impossível ficar. – ele apenas concorda com a cabeça e beberica sua cerveja.

– Qual é? – pergunta.

– O que? – o encaro confuso.

– A condição. Pra você poder receber a sua herança. – ele me olha como se a pergunta fosse óbvia e eu fosse um baita idiota.

– Terminar a faculdade. Em Yale. – sorrio.

– Yale? Você cursa Yale? – ele parece... Surpreso?

– Sim. – termino de virar a cerveja e bato a garrafa vazia no balcão, ele apenas acompanha o movimento com o olhar.

– CARALHO. – exclama e volta a me encarar. – E porque tá aqui no final do semestre?

– Meu pai conseguiu antecipar todas as provas... E eu já concluí o semestre.

– Seu pai é algum chefão da máfia ou algo assim? Só pra mim me prevenir. – ele diz em um tom divertido.

– Quase isso. – ele sorri e eu também. – E a Isabella?

– O que tem ela? – seu sorriso se desfaz e eu tenho a impressão de que fiz a pergunta errada.

– Ela tá aqui no Brasil. Na casa da Ana também. Por quê? – pergunto e ele desvia o olhar para um ponto qualquer no bar. Procurando por uma resposta, imagino.

– É complicado. – diz por fim. – É só... Bem complicado. – vira o restante de sua cerveja e também bate a garrafa no balcão.

O garçom substitui as garrafas vazias por garrafas cheias e eu sorrio em agradecimento.

– Ok. – dou o primeiro gole na sexta ou talvez sétima cerveja da noite.

Conversa vem. Conversa vai. Cerveja vem. Cerveja vai. Eu provavelmente já bebi o bastante para minha primeira noite no Brasil, mas quem disse que eu consigo parar? Acho que eu estou descontando toda a minha raiva e frustração, na minha boa e velha amiga, a cerveja. Claro que tem também, a vodca, o uísque e a tequila... Acho que tem mais alguém, mas não me lembro. Que se foda!

– Hugo! – escuto alguém gritar e me viro para olhar a garota se aproximar.

– Ju. – ele diz enquanto a puxa para um abraço e ela se enrola na cintura dele. – Tá fazendo o que perdida por aqui?

– Tentando me divertir... – diz fazendo biquinho enquanto se afasta dos braços dele. – Mas isso aqui tá tão chato hoje.

– Meu Deus você continua... – pigarreio atrás dele, chamando a atenção dos dois. A garota é loira e têm olhos verdes, claro. Ela sorri de maneira maliciosa quando seu olhar encontra o meu.

– Quem é esse? – pergunta enquanto seus olhos me examinam dos pés a cabeça, parando nos meus lábios.

– Esse aqui é o Enzo. – ele me apresenta enquanto se aproxima de mim, passando o braço por cima dos meus ombros. E dá dois tapinhas nas minhas costas, acredito que como incentivo.

– Murat. – sorrio.

– Como? – ela pergunta confusa e se aproxima.

– Enzo Murat. – ela morde o canto do lábio. – E você?

– Juliana Delgado. – sorri. – Pode me chamar de Ju.

Eu não conheço essa menina. É claro que não. Só que ela está se jogando descaradamente para cima de mim. E eu já estou bêbado o bastante para tentar negar qualquer coisa que ela queira. Porra. Eu não negaria nem se estivesse sóbrio.

– Ju. – repito de maneira mais sedutora que consigo, devido a grande quantidade de álcool e outros derivados. Ela solta um risinho e vejo pelo canto dos olhos quando o Hugo se afasta de nós.

Eu não precisei dizer mais nada, porque a garota literalmente se jogou em cima de mim. Eu não tive tempo pra raciocinar e a loira já estava com a língua à procura da minha. CARALHO. Como eu sou uma pessoa muito difícil, eu tentei afastar ela. Mentira. Tentei afastar ela, porque eu estou com medo mesmo. Não que eu seja medroso, longe disso, mas acho que eu tô com uma ninfomaníaca pendurada no meu pescoço. A garota já passou a língua em todas as partes descobertas do meu corpo, que no momento são poucas, infelizmente. E voltou os lábios aos meus, novamente encontrando a minha língua. Bom... Acho que posso me acostumar com ninfomaníacas. Se bem que eu acho que a garota só esta bêbada. O que seria uma pena. Porque em hipótese alguma, eu levo garotas bêbadas para a cama. Simples. Eu não vou conseguir transar com ela.

1ª OPÇÃO: ela vai desmaiar assim que entrar no quarto. O que seria uma pena.

2ª OPÇÃO: ela vai passar a noite toda vomitando. E eu não sou nenhuma espécie de babá e nem nada parecido.

3ª OPÇÃO: ela vai começar a chorar que nem uma louca e me contar todos os seus problemas. Não tenho a mínima paciência com esse tipo de coisa.

4º OPÇÃO: pode até ser que a gente transe... Aí no dia seguinte eu descubro que ela é menor de idade e vai me acusar de estupro ou aparecer grávida depois de alguns meses, porque eu me esqueci da camisinha ou pior ainda, o sexo vai ser tão ruim que nenhum dos dois vai conseguir chegar ao ápice. O que seria realmente péssimo.

E eu definitivamente não estou preparado emocionalmente para nenhuma dessas opções. Então por favor, que ela seja uma ninfomaníaca maior de idade e sóbria. Agradeço desde já Deus.

(...)

Olho no visor do celular para verificar que horas são. 04h30 da manhã. Exatamente 04h32 da manhã e eu passei as últimas duas horas escutando essa loira chata falar. Acabei descobrindo que ela não está bêbada. O que seria um motivo de grande alegria, caso eu não estivesse. Nunca foi minha intenção chegar nesse ponto, de me enrolar com as palavras quanto tento falar. Mas a loira é tão chata, que eu comecei a beber para tentar aguentar ela até os finalmente... Exagerei. Eu sei. Sabe como? Porque eu não sinto as minhas pernas. Merda.

– Enzo? – escuto o tom agudo e familiar me chamar.

Aí droga! Eu não mereço isso. Não agora.

– Ma-mari-rina? – eu tentei.

– Eu tô com vontade de matar você Enzo. – ela bufa enquanto se aproxima de mim.

– Juliana? – pergunta Isabella encarando a loira, com a cara emburrada.

– Olha só se não é a vadia de olhos azuis. – tento entender o que está acontecendo a minha volta, só que mais nada está fazendo razão... Não. Mais nada tá fazendo sentido. Isso.

– Sério? Eu sou a vadia? – Isabella pergunta incrédula. – Eu deveria quebrar a porra da sua cara Juliana. – eu tenho certeza, ou quase, que ela fez questão de dizer o nome da “Ju” com nojo.

– Isabella? Será que da pra você me ajudar aqui? – e isso é uma das últimas coisas que eu me lembro. A voz da Marina, enquanto ela tentava me segurar.

Até tentei ficar com os olhos abertos ou até mesmo em pé, em vão. Ouvi Isabella resmungar alguns palavrões no caminho até o carro, enquanto o Hugo, o filho da puta do Hugo, que me deixou ficar bêbado, me “carregava”. Ouvi quando ela me xingou de palavrões que eu nunca tinha ouvido só porque eu vomitei no banco de couro do carro dela e quando eu coloquei a mão suja de vomito no seu cabelo. E me lembro da risada da Marina. A maldita não parava de rir. E aí eu apaguei. Literalmente.


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