Naquela tarde de inverno, eu não esperava receber aquela notícia: minha querida filha, Zaku, estava namorando.

Lá estava eu em nossa sala, assistindo TV, quando Zaku entrou seguida de perto por um garoto um pouco estranho. Ele tinha cabelos brancos com as pontas pintadas, usava roupas antigas e, como pude notar logo após, seus olhos tinham cores diferentes, sendo um deles dourado como o ouro e o outro, verde como esmeralda.

Quando o vi no meio da minha sala, de mãos dadas com Zaku, logo pensei: "Aí meu Deus, o que eu faço com essa garota?", mesmo assim, propus-me a escutar o que eles tinham a dizer, mesmo já sabendo do que se tratava.

– Hã... Pai, o Lysandre e eu queremos falar com o senhor.

Pude perceber que ela estava nervosa e obriguei-me a conter a risada quando a vi esconder-se atrás do tal Lysandre.

– Vai amor, fala com ele - pude ouvir ela sussurrar.

Lysandre, apesar de parecer distraído e ter estampado em seu rosto uma, digamos, cara de paisagem digna de receber um prêmio, deu um passo à frente e falou:

– Senhor Oliveira, vim aqui com a intenção de pedir a sua autorização para namorar com Zaku.

Admito que o pedido me pegou desprevenido. Não imaginava que os jovens de hoje em dia se importassem com as opiniões dos pais ou, talvez, esse jovem rapaz tenha percebido o quanto minha filha é especial.

Depois de pensar um pouco, mandei que Zaku subisse para seu quarto. Eu queria conversar a sós com Lysandre.

Mesmo à contragosto, Zaku subiu acho que ela estava um pouco temerosa sobre o que eu poderia falar ao rapaz.

Posso dizer que gostei de Lysandre. Era um bom rapaz, mas não deixei transparecer meu contentamento com a escolha feita por Zaku. Após conversar com ele durante um período de tempo que poderia ser considerado longo, tomei minha decisão é chamei Zaku novamente.

– Pensei durante um tempo e finalmente tomei minha decisão - deixei que o silêncio se espalhasse pelo cômodo durante alguns segundos e olhei diretamente para Zaku, que engoliu em seco. Sim, eu já havia aprovado o relacionamento deles, mas isso não significava que eu não poderia me divertir um pouco com a situação. - Eu concordo com o namoro de vocês.

O sorriso que iluminou o rosto do Zaku me deu segurança sobre a minha decisão, o abraço apertado me fez sorrir junto com ela.

Hoje em dia, quando a vejo com os gêmeo (isso mesmo, gêmeos!), sei que não poderia ter escolhido melhor. Victória e Gregory são duas crianças lindas: cabelos claros assim como os do pai e olhos de um azul tão profundo quanto o mar, assim como os de Zaku. Eles nasceram pouco mais de um ano após o casamento, acrescentando ainda mais felicidade à vida do casal e deste pobre velho.

Pois é, meus amigos! Minha garotinha cresceu, virou mulher e tornou-se mãe. Às vezes, olho para o passado e lembro da menina espoleta que costumava correr pela minha casa. Essas são grandes lembranças, assim como a tarde em que conheci meu genro. Creio que viver o presente seja mais importante, mas voltar no tempo nunca feriu ninguém. E essas lembranças são boas.

Ah, essas lembranças...