Heiress. escrita por minatozaki


Capítulo 15
Goodbye.


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Nhaw... Estou tão triste. QAQ
É o último capítulo, af.
Bem...
Boa leitura.
~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/609870/chapter/15

– Vocês... – Sibilei. – Vocês... O que é isso nas suas costas?

Levantei-me e andei até a direção em que estavam. Kevin estava no meio, e os outros estavam ao lado dele. Segurei em seus ombros, balançando-o levemente.

– Kevin, o que é isso atrás de você? – Ergui-me nas pontas dos pés para poder enxergar melhor. Meus olhos arregalaram-se e eu começava a suar frio. – A-Asas?

– Sim... – Concordou sorrindo. Olhei para os outros, igualmente, todos com dois pares de asas brancas de anjos em suas costas. – Está na hora, Elizabeth, de você saber toda a verdade.

– O-Ok – Murmurei engolindo em seco.

– Por favor, feche os olhos e segure-se firme em mim.

– Por quê? – Pedi.

– Você quer saber tudo, não é? Nós precisamos nos encontrar com todas as suas peças. – Fez uma pausa. – Aliás, precisamos nos encontrar com todas as pessoas que fizeram parte da sua, digamos, historia.

– C-Como assim? – Eu estava confusa. Todas as peças? Isso inclui... A Bianca?

– Lize, apenas feche os olhos – Lucy pronunciou-se. Ela estava ao lado direito do Kevin. – Não irá demorar.

– Certo.

Fechei os olhos calmamente e agarrei-me no pescoço do Kevin. Ele colocou uma mão em minha cintura e eu senti um vento leve batendo em meus cabelos, fazendo-os balançarem. Era uma brisa gostosa, confortável e aconchegante. Sentir o pequeno vento bater contra meu corpo me fez sentir-me confortável, o que foi realmente estranho comparando com a horrível situação que eu me encontrava. Claro, não preciso lembrar que vivenciei em apenas uma noite três mortes, duas delas sendo dos meus melhores amigos, descobri o meu provável terrível passado, e agora meus amigos estavam dando uma de usar... Asas de anjo.

– Pode abrir os olhos agora, Elizabeth. – Kevin tirou-me dos meus pensamentos. Sua voz estava calma e confiante. – Chegamos.

Abri os olhos rapidamente e deparei-me com um lugar totalmente lindo. O céu era um azul lindo e limpo, sem nenhuma nuvem rasgando sua cor. O gramado continha um verde vivo, com a grama corretamente aparada e sem nenhum indicio de algum bicho vivendo ali. Não havia mais nada no local. Apenas um céu maravilhoso e a grama perfeita.

– Porque vocês têm asas? – Pedi, já que ninguém se pronunciava.

– Espere Lize, precisamos dos outros para nós começarmos as explicações – Christian disse vindo ao meu lado. Colocou o braço direito sobre meus ombros e apoiou-se em mim. Apenas olhei-o, sem dizer nada.

E, no vasto céu, uma luz branca surgiu, fazendo meus olhos arderem. Fechei-os com força, e esperei para que a luz fosse apagada. Tudo estava muito estranho, porém eu não podia fazer nada. Afinal, num mundo em que existem três classes de pessoas, o que pode ser algumas asas e luzes brancas surgindo no céu, não é? Abri os olhos, tendo como esperança encontrar todos normais, em nossa casa, tomando um bom chá da tarde. Ou melhor, o café da manhã. Mas claro que isso não seria possível.

– É bom vê-la novamente, Lize. – Uma voz doce pairou sobre meus ouvidos. Apenas uma pessoa poderia ser dona daquela maravilhosa e doce voz. Bianca.

– Bi-Bia?! – Exclamei. Sim, era ela. Sim, ela estava viva. Sim, eu também não acredito. – Como? I-Isso não é possível! V-Você...

– Morreu? – Ela riu ironicamente. Falava com um sorriso no rosto. – Eu não morri teoricamente. Eu sacrifiquei um artefato meu para salvá-la... – Olhou para o lado, e eu acompanhei seu olhar.

Ela também tinha as mesmas asas de anjo que todos os outros, porém era apenas uma asa, e não duas. Ela só tinha a asa esquerda. Então ela havia sacrificado sua asa para me salvar. Certo. Vamos fingir que isso é possível. Mais pessoas vieram com ela. Homer, Kate, Caroline, Markus, Steven, Jorge, a Sra. Monique... Todos estavam lá. Como se nada tivesse acontecido.

– Alguém me explica isso, por favor! Homer, Jorge, vocês não estavam mortos? – Implorei.

– Lize, como pode ver, nós, as peças, temos asas de anjo – Kevin pronunciou-se, aproximando-se de mim. Christian, que estava com seu braço em meus ombros, saiu de cima, indo mais para longe. – Isso é porque nós somos, digamos, do bem.

“Bianca está sem uma asa porque ela a sacrificou para lhe salvar. Mas não se engane, pois essa opção de sacrificar as asas é apenas para as peças guardiãs, ou seja, se a Lucy, por exemplo, lhe salvasse, ela estaria morta agora. Por isso, os únicos que podiam lhe salvar naquele momento, era eu ou a Bianca. E ela estava mais perto. Por isso eu não chorei quando a Bianca ‘morreu’. Hehe. Enfim. Os caçadores, como você pode ver, também tem asas, porém são asas de demônios, dragões, como preferir; enfim, são asas diferentes das nossas. Isso porque eles têm como objetivo da vida nos matar, fazendo os herdeiros não recuperarem seus passados. Sendo assim, são considerados ‘maus’ pelas outras raças. Mas se você for ver pelo outro lado, eles estão fazendo uma coisa, afinal.”

– Como assim?! Eles matam pessoas! – Exclamei, interrompendo-o.

– Não exatamente – Bianca pronunciou-se. – Eles salvam os herdeiros.

– Salvam do que?!

– Dos seus passados, Lize! – Explicou. – Eles não querem que os herdeiros tenham seus passados de volta porque eles querem que os herdeiros continuem aqui conosco.

– Eu... Eu não entendo... – Comecei a chorar. Era muita pressão, muita informação, eu não aguentava.

– Basicamente, Lize, você está morta. Quando você tinha nove anos, você morreu – Bianca esbravejou. Eu gelei. Isso... Isso não podia ser verdade... Kevin puxou Bianca pelo braço, fazendo-a cair em seu peito.

– Nós combinamos que não seria assim! – Gritou. – Você estragou tudo agora! Explique a ela. Eu não falarei mais nada.

– Ah, estressadinho... – Debochou. – Lize, você viu seu passado, não é?

– Uma parte, sim... Eu acho.

– No final, você pôde ver três caixões, certo? Um do seu pai, Jeff, outro da sua mãe, Laura e o ultimo o seu.

– S-Sim... Isso eu não entendi, afinal, se eu morri o que estou fazendo aqui?

– Certo. Você morreu.

“Você morreu quando tinha nove anos, num acidente de carro com os seus pais. Estava nevando muito, e seu pai não enxergava direito. Quando ele foi fazer uma curva fechada, deu de cara com um caminhão, e vocês caíram no penhasco. Não restou nada de vocês. O carro pegou fogo e a neve cobriu a maioria dos destroços do carro, e de vocês. Seu pai e sua mãe eram caçadores, e eles faziam parte de um grupo de caçadores, que faziam reuniões uma vez por mês. Na ultima reunião que eles tiveram, eles avisaram aos membros do grupo que deixariam de serem caçadores, pois haviam tido uma filha que era herdeira, e iriam se mudar, para ela ter um lugar melhor para viver e para crescer. Os membros do grupo não aceitaram, e juraram que se Jeff e Laura saíssem da cidade, iam prendê-los e os mandariam de volta ao grupo, e quanto à filha deles, você, lhe matariam. Sentindo-se ameaçados, brigaram com os membros do grupo, e mesmo assim, resolveram sair da cidade. Por isso você viu sua mãe fazendo as malas, e por isso você viu vocês três no carro, sem ao menos saber aonde iam.”

– C-Certo... – Eu tentava raciocinar direito, mas era extremamente difícil, depois de receber tanta informação que eu realmente, não acreditava. – E quanto ao fato de eu ter morrido aos nove anos, mas estar viva aos dezessete?

– Você não está viva, Elizabeth. – Kevin disse. – Seus pais alcançaram o nirvana, você não.

– Então...? – Insisti.

– O que você viveu depois dos nove anos, o que você vive agora, suas lembranças do orfanato, dos seus amigos, das suas brigas, suas lembranças de nós... – Kevin explicou-me. – Não existem. Tudo o que você viveu até agora, foram apenas formas de você conseguir alcançar seu nirvana. Nós, as peças, temos o dever de lhe ajudar a fazer isso, fazendo você ir para o céu, para o “paraíso”, digamos assim. Os caçadores tentam impedir isso porque eles não querem que você alcance o seu nirvana. Eles querem que vocês fiquem nesse mundo. No nosso mundo. Eles, assim como nós, querem que vocês, os herdeiros, vivam conosco para sempre. Mas, infelizmente, isso não foi possível, não é, Elizabeth?

– Eu... Eu estou morta? – Murmurei. Coloquei as mãos em minha cabeça e ajoelhei-me no chão. Fechei os olhos com força e comecei a chorar novamente. – Não, isso não pode ser uma simples ilusão...

– Infelizmente, Lize, é. – Bianca afirmou.

– Mas... E vocês, o que vocês são? – Ergui meu olhar.

– Bom... – Bianca olhou para Kevin, parecendo tentar achar alguma resposta. – Nós somos anjos.

– Anjos?

– As peças, sim – Kevin explicou. – Nós somos anjos, os caçadores são... Demônios.

– Então vocês estão mortos também?

– Estamos. Cada um de nós está morto, assim como você. Eu e Bianca tínhamos uma doença rara, genética, que era mortal. Não há remédios que curem a doença, então nós sobrevivemos apenas até os oito anos. “Voltamos” a vida quando tínhamos quatorze anos, e foi então que descobrimos que éramos peças, e ficamos sabendo de todos os segredos desse mundo surreal.

– Nós – Oliver pronunciou-se, apontando para si e para a irmã, que estava ao seu lado. – Também morremos novos. Quando nascemos, nosso pai nos abandonou, e nossa mãe ficou depressiva.

– Ela não aguentou muito tempo e suicidou-se – Anne continuou. Ela estava melhor do que a ultima vez que eu havia a encontrado. Não parecia mais ter machucados, e não estava mais pálida. Ela estava bem. – Nós, que não sabíamos de quase nada, morremos de fome, com um ano de idade. Depois “acordamos”, e já estávamos com cinco anos. Fomos para o acampamento, e lá que descobrimos tudo desse mundo.

– Eu... – Lucy começou. Ela parecia totalmente desconfortável, mas seus olhos diziam que ela iria contar. – Eu fui estuprada quando eu tinha cinco anos... Meu próprio pai havia me estuprado. Minha mãe e meu pai sempre tiveram problemas, financeiros, amigáveis, enfim, qualquer tipo de problema gerava briga na família. Meu pai me estuprou muitas vezes, minha mãe sabia, mas não falava nada para minha ajuda... Eu tinha medo. Eu tinha medo de sair de casa, de denunciar meus pais... E então, um amigo dos meus pais foi lá em casa em certo dia, ele jantou lá e ficou até tarde. O resultado final: fui estuprada novamente. Semanas depois, minha mãe havia me levado para fazer um exame, e deu positivo. Eu estava com AIDS. Morri com sete anos. Voltei quando eu tinha dez. Resolvi que nunca mais me envolveria com homens novamente, mas pela bela ironia do destino, veja o pecado que sou – Ela sorria triste. – Mas estou feliz de gostar de alguém como o Kev... Mesmo ele não querendo, eu o amo, como nunca amei alguém na vida. Não é, amorzinho? – Abraçou-o pelo pescoço, aproveitando a oportunidade e dando um beijo em sua bochecha. Kevin simplesmente a ignorou.

– Eu fui atropelada – Alice disse. – Eu estava brincando com meu vizinho, acho que tinha dois anos. A bola caiu na rua e eu fui busca-la. Um caminhão passou e... Tchau, tchau, Alice – Ela riu da própria piada. – Voltei com quatro anos, e fui para o orfanato, como você sabe né, Lize?

– Sim... – Murmurei.

– E eu, bem – Foi a vez de Christian se esclarecer. – Eu morri de bala perdida mesmo. Que jeito chato de morrer, não? – Ele continha um sorriso, junto com um olhar triste no rosto.

Resolvi levantar-me. Sequei meu rosto e meus olhos. Inspirei e expirei três vezes, profundamente. Olhei para Homer e Kate.

– Vocês morreram como?

– Acidente de carro – Respondeu Homer. – Nós estávamos saindo da escola, um carro estava correndo e... Tchau, tchau, Homer e Kate – Imitou Alice. Os três riram.

– Vocês sempre foram amigos?

– Sim. Nós três – Kate disse. – Nós estudávamos juntos, Lize. Foi muita coincidência encontramo-nos novamente, depois da morte.

– Sim... – Murmurei. – Mas, espera! Tenho uma pergunta.

– Faça – Bianca falou.

– Eu precisava encontrar vocês para alcançar o nirvana?

– Sim. Aliás, você nos ajudou também. Nós precisávamos que alguém nos encontrasse. Você precisava nos encontrar, e nós precisávamos ser encontrados por você. Tudo isso para irmos ao “paraíso”.

– Isso é... Isso é loucura – Murmurei. – Por isso... Vocês sempre diziam que eu não era inútil?

– Certamente – Respondeu.

– Mas então... O que acontece agora, que já está tudo esclarecido?

– Nossos espíritos serão livres. Nós teremos paz. – Kevin respondeu-me.

– Sabe... Foi ótimo conhecer vocês. – Sorri. Mais uma lagrima caiu de meus olhos.

Comecei a abraçar um por um. Carinho, afeto, adoração, amor. Meus grandes amigos, minha herança, meu pensamento, meu sonho. Eles faziam parte da minha vida, assim como eu fazia parte da vida deles. Não nos conhecemos durante a “vida”, mas nos encontramos em outro mundo; totalmente alternativo.

Mais uma vez, surgiu uma luz branca no céu. Duas pessoas de mãos dadas desceram de lá. Um homem, eu diria com seus quarenta e cinco anos e uma mulher, com uma idade aproximada – quarenta e três anos, talvez? Rapidamente eu os reconheci. Eram meus pais. Meus pais verdadeiros. Eu estava paralisada, eu queria ir, mas não queria deixar meus amigos. Eu... Eu não sabia qual caminho seguir.

– Eles estão te esperando – Bianca disse, vindo ao meu lado. – Vá.

– Eles irão te acompanhar para – Kevin falou. – Eles serão seus guardiões agora.

– Eu quero... Quero ficar aqui com vocês – Murmurei.

– Você deve ir, Lize – Lucy motivou-me, com um sorriso caridoso no rosto. – Aproveite.

Lágrimas começaram a sair descontroladamente (realmente, eu devia estar com apenas 10% de agua no meu corpo agora, de tanto que chorei), e eu não iria seca-las.

– Boa sorte, Lize – Oliver sorriu. Ele estava de mãos dadas com a Anne.

– Sinto muito pelos desentendimentos – Anne desculpou-se. – Aproveite sua nova “vida” agora.

– Até logo, Elizabeth – Christian despediu-se. – Talvez nós nos vejamos em outra vida, hehe.

– Quem sabe, não é? – Eu sorri, dentre as varias lagrimas que ousavam sair.

– Sentirei saudades, Lize – Alice rapidamente abraçou minha cintura, apertando-me forte. Retribui o abraço. – Até algum dia! – Soltou-se.

Caminhei em direção aos meus pais, ficando a poucos passos deles. Virei-me para trás e lá estavam todos. Christian, Lucy, Kevin, Alice, Oliver, Bianca, Anne, Homer, Kate. Meus amigos. Meus irmãos. Meus companheiros. As pessoas que eu mais amo na vida. Sorri novamente para todos, e despedi-me com um aceno de mão. Olhei para frente novamente, e lá estava o casal que dera vida a mim. Papai e mamãe estendiam suas mãos para mim, e eu sem nem pensar, aceitei-as. Eles sorriam, e juntamente comigo, lágrimas saiam de seus olhos. Nós nos abraçamos fortemente.

– É ótimo vê-la novamente, filha – Ouvi Laura murmurar.

– Você está tão grande... – Jeff dizia num tom nostálgico. – Mas ainda é minha menininha!

– Pai! – Exclamei.

E então, á minha frente, eu pude ver como uma breve lembrança... Meu pai e minha mãe, sorrindo para mim, divertindo-se aos prantos. Eu, com – talvez – sete ou seis anos, estava segurando as mãos de ambos, uma de cada lado. Eu sorria para os dois, como se a felicidade que eu tinha naquela hora fosse a única que existisse.

Mais uma lágrima saiu.

Mais um adeus foi dito.

Mais uma despedida foi feita.

Mais uma vida sumiu.

Mais um sorriso nasceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Deu para entender todos os mistérios direitinho? Espero que sim, porque né, é tudo BEM confuso. ;u; Mas, basicamente, todos estão mortos, e só precisavam de um ao outro para encontrar o dito "nirvana". Os títulos "peças", "herdeiros" e "caçadores" eram apenas... Títulos. q
Enfim. Quero muuuuuito agradecer vocês, pequenos aliens, que me acompanharam nessa história magnífica e (certamente) louca. Acho que confusa, também. q
Quero agradecer demais aos 32 acompanhamentos, 8 favoritos e todas as pessoas que comentaram! ♥ VOCÊS SÃO DEMAIS! ♥ Sem vocês, eu não teria motivação para continuar a história, e é graças a vocês que eu a concluo hoje.
Espero não ter decepcionado ninguém com esse final.
(Se alguém ainda não entendeu algo, ou alguma coisa não ficou "realmente" explicada, por favor, peça-me nos comentários que eu responderei! Não deixe uma dúvida em sua mente, AUHEUAH)
É isso meus amores! ♥ Obrigadíssima por me acompanharem nessa jornada.
Nos vemos em breve (ou não). Em alguma outra história, talvez?
Beijos, até algum dia. ♥