O resto da viagem foi tranqüila, algumas vezes ela se mexia arrumando o corpo ou abria os olhos e me observava por alguns minutos. Volta e meia o Sam lançava olhares para mim, não entendendo o meu comportamento para com a garota que estava no meu colo, para ser sincero se fosse o contrario eu também ficaria desconfiado com tudo isso, de fato o que estava acontecendo não era normal.

       Porém eu não conseguia vê-la como um perigo, para mim Helena não passava de uma criança crescida, aos meus olhos ela era a garotinha de olhos verdes, pele clara,cabelos negros e lisos,de traços finos e sorriso doce, não podia vê-la como algo perigoso,violento e cruel essas palavras não se encaixavam nela, não podiam fazer parte de sua natureza ,por mais que o DNA dela tivesse essa tendência.

        Sam parou o carro na frente da casa de Bobby, sai do carro com ela no colo. Helena estava dormindo tranqüilamente parecia que nada afetaria o seu sono nem mesmos os gritos de Bobby que estava completamente chocado com a cena.

      Descemos ate a sala do pânico, porém não tinha como bater de frente com Sammy e Bobby também, como confiar de primeira em Helena, mesmo eu explicando que ela não era perigosa não tive outra escolha, teria que trancá-la no quarto era a única maneira de manter Sam e Bobby em paz na casa e Helena fora da mira de uma arma.

        Bobby tinha deixado aquele quarto no mínimo habitável se bem que para a cabeça do velho, aquele local estava ótimo para ela, como ele falou quando chegamos; ela era uma mestiça que mataria a todos nós em poucos minutos se quisesse.

           Tinha um colchão, um travesseiro, uma jarra d’água, os símbolos de armadilhas estavam completamente retocados sem nenhuma abertura para escape, pelo que dava para ver é que Helena ficaria ali por algum tempo e se dependesse do meu irmão e do Bobby esse tempo seria longo, muito longo.

         Coloquei Helena na cama que seria dela por um tempo, ela reclamou um pouco quando o seu corpo saiu de perto do meu, ela voltou a respirar profundamente, baguncei seus cabelos de leve saindo na sala do pânico, agora eu tinha que explicar para o Bobby e o Sam o motivo para tanta proteção com ela, minha menina de olhos verdes mal tinha aparecido e já estava arrumando dor de cabeça para mim.

      Subi as escadas me preparando mentalmente para o que vinha a seguir um interrogatório gigantesco, dava para ouvir de longo o Bobby andando de um lado para o outro da sala, cheguei na sala atraindo os olhares dos dois.

     Suspirei, essa foi à deixa para o começo do interrogatório.

-Então da para explicar essa situação?_ Sam estava batendo o pé no chão mais um pouco ele abriria um buraco no chão.

- Dean é melhor você ter uma boa explicação para isso, garoto._ Bobby parecia que a qualquer momento desceria e atiraria nela.

- Eu conheço ela Bobby,sei que Helena não é perigosa, a única coisa que eu não sabia dessa história toda é que ela era filha de Alastair.

- Por isso mesmo, por ela ser filha de Alastair que ela é um perigo ambulante.

- Sam. Isso não tem nada a ver. Se ela fosse machucar alguém, já teria feito isso.

- Não se sabe, ela só pode estar esperando uma brecha para fazer isso, garoto ela é um demônio, pelo menos parte dela é. Isso não dá para mudar, e você sabe disso.

- E como, por Deus você pode conhecer essa garota, Dean ?

- O tempo que eu passei no inferno, era a Helena que ficava comigo depois que Alastair saia, só que a imagem que eu tinha dela era outra. Há um ano ela era uma criança, aparentava ter uns doze ou treze anos não dezenove._Respondi a questão de Sammy.

-Garoto, você querendo ou não ela vai ficar naquele quarto até a segunda ordem, e se por acaso ela sair não vou pensar duas vezes em atirar nela._Bobby disse saindo da sala, aquilo era um aviso, se por acaso Helena se soltasse, ela morria.

- Dean, cara você sabe onde está se metendo ? _ Sam passou as mãos no cabelo.

      Por tudo que passamos nesses meses era claro que ele estava com o pé atrás, porém às vezes eu também não sabia explicar para mim mesmo a atração que ela exercia sobre mim, era como uma corrente elétrica que nos unia.

       Algo que eu só poderia entender o que era com o tempo, e tempo era algo que na minha vida estava em falta ultimamente.

~#~

           Era começo de madrugada, eu já estava me acostumando com a presença dela afinal ficava a maior parte do tempo olhando para ela; pela pequena janela que tinha na câmara da sala do pânico.

          Como agora eu estava em pé observando seu sono, em quanto o Sam estava no milésimo sono e eu não conseguia dormir, pois a única coisa que não saída da minha cabeça era se Helena estava bem. Eu sentia dor ao vê-la machucada só de lembrar como ela saiu do galpão fez meu sangue congelar, escutar ela murmurar o meu nome ainda inconsciente me fez perceber que naquela situação ela era tão frágil quanto cristal, qualquer coisa em um pequeno raio poderia matá-la com muita facilidade.

            Por mais que todos achassem que ela era perigosa, eu não conseguia ver perigo algum nela, era como se aos meus olhos ela fosse inofensiva. Parecia que meus olhos só podiam ver sua parte humana, como agora; ela estava encostada na parede do quarto, seus braços seguravam os joelhos trazendo-os para perto do corpo, o cabelo estava para o lado mostrando o rosto de expressões finas, os lábios levemente separados, um sono tranqüilo. Helena era uma menina a meu ver e acho que qualquer ser humano acharia isso também.

              Helena se mexeu um pouco, a vi levantar o rosto na minha direção por um segundo achei que ela via mais que meu rosto, ela via a confusão em que ela me deixava, via minhas fraquezas, meus medos. Ela realmente me via era essa sensação que eu tinha ao olhar para ela, por mais mulheres que eu já tenha ficado e olha que foram muitas, nem que fosse por uma única noite não conseguiram me hipnotizar como ela, seus olhos tão parecidos com os meus e tão diferentes ao mesmo tempo mais escuros e misteriosos.

              A vi levantar mais um pouco o rosto, eu ficava impressionado como um simples olhar ela conseguia me prender. Helena arrumou o corpo e veio na minha direção devagar, às vezes ela me lembrava um filhote curioso e medroso, parecia que todas as suas reações dependiam exclusivamente das minhas. Ela parou na minha frente, ficando com o rosto perto da janela franziu as sobrancelhas um pouco, algo que ela viu em mim a deixou confusa também.Helena se afastou da porta.

-Entra, eu não vou fugir você sabe disso, Dean._ Um sorriso quase infantil brincava na sua boca.

         Por um segundo hesitei, Sam me mataria se soubesse disso e Bobby arrancaria a minha pele, porém o que poderia acontecer. Entrei fechando a porta logo em seguida, podia jurar que escutei ela abafar uma risada. Quando me virei novamente ela estava muito perto de mim, Helena ergueu um pouco o corpo encostando a testa na minha, deixando o rosto dela deslizar pelo o meu em um carinho simples, a boca dela desceu pela lateral do meu rosto em um toque sutil passou pela minha bochecha até meu queixo.

-O que foi ?

- Nada, Helena._Suspirei meio tenso, será que ela tinha notado.

-Então por qual motivo estar tão inquieto ?

- Não estou inquieto._Estava tão na cara que ela me deixava nervoso?

- Mentiroso.

      A boca dela estava na minha bochecha, era perturbador, excitante. Ter o corpo dela colado no meu era pior ainda, uma coisa trazê-la. Ela estava dormindo e agora Helena estava acordada.

- Seu coração está acelerado e sua respiração está irregular. Você está definitivamente inquieto. E eu sei o motivo disso, não precisa ficar assim tão perturbado comigo.

       Olhei para Helena seus olhos realmente pareciam sinceros, vi seu corpo se afastar do meu e não gostei desse espaço entre nós, antes que eu pudesse perceber o que tinha acontecido meu corpo já tinha feito. Puxei o corpo dela de volta para mim, meus braços em volta da sua cintura, nunca foi de temer uma mulher, porém com ela era diferente eu tinha medo de ser rejeitado. Essa poderia ser a piada do século, Dean Winchester com medo disso.

- O que você quer, garota ?

- Você.

  Por essa eu não esperava, de todas as respostas do mundo ela me manda essa. Logo essa. Senti suas mãos no meu braço em cima da marca que Castiel tinha feito, um lembrete para eu nunca se esquecer da onde ele tinha me tirado,sua boca tinha voltado para o meu rosto traçava um caminho tortuoso até a ponta da minha orelha e voltava para o canto da minha boca, isso era uma brincadeira de mal gosto da parte dela.

-Só quero você vivo, isso não basta para ti ?

       A boca de Helena estava a milímetros da minha era uma tentação muito grande para mim. Quando seu rosto voltou para mais perto do meu, eu não resisti , colei a minha boca na dela com força e sem cuidado o gosto que ela tinha era exótico, nem doce, nem amargo lembrava o gosto da ambrosia era raro.

     Beijo que não foi rejeitado no início mesmo que tenha começado de forma bruta, ela afastou os lábios do meu devagar pensei que por um segundo tudo iria ao chão, contudo me enganei os lábios dela voltaram para os meus devagar, sutil e doce. Beijo que tinha começado sem jeito e bruto se tornou doce e lento, senti suas mãos nos meus cabelos a pouca distancia que ainda tinha parecia incomodá-la, nos separamos a contra gosto.

-Hora de você ir dormir Dean.._ Ela se afastou de mim dando alguns passos para trás , se encostou na parede.

  Sai da sala e quando estava fechando a porta escutei um “Bons sonhos”. Subi as escadas,pensando em tudo que tinha acontecido a alguns minutos atrás, me joguei no sofá poido da casa do Bobby e fechei os olhos tentando dormir.