American Virgin escrita por Clarice Reis


Capítulo 1
What's Your Number?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Como você imagina que vai estar sua vida quando tiver vinte anos de idade? Na infância, eu costumava pensar que vinte anos seria a melhor idade de todas. Eu terminaria a faculdade e já teria uma vaga garantida em algum escritório de advocacia; teria meu próprio apartamento onde moraria sozinha ou com alguma amiga e já teria meu próprio dinheiro. Claro, também esperava que quando tivesse vinte encontraria ou já teria encontrado um cara legal e teria um relacionamento feliz e duradouro. Isso era o que eu achava.

Hoje é meu aniversario de vinte anos e posso assegurar que não tenho nenhuma dessas coisas. Vou terminar o curso de direito no fim do ano, mas ainda não recebi nenhum convite de trabalho no lugar onde faço estágio. Quando terminar a faculdade, provavelmente voltarei para a casa dos meus pais e ainda vou depender bastante do dinheiro deles. Pelo menos você achou o cara, certo? Errado. Meu último namoro foi no colegial e nós terminamos porque eu descobri que ele era gay e só estava comigo para esconder isso da família.

Depois de algumas decepções amorosas resolvi deixar os relacionamentos de lado e me foquei inteiramente nos estudos. O resultado disso? Entrei em uma das melhores faculdades do país. Achei que quando estivesse na universidade conheceria caras legais e voltaria a ter relacionamentos, mas me foquei tanto em conseguir boas notas que acabei ficando de fora das atividades sociais do campus.

E aqui estou eu, voltando para o quarto que divido com as minhas primas depois da última aula do dia. Não, não vou comemorar meu aniversário porque amanhã irão começar as provas e decidi tirar o resto do dia para estudar. Excelente celebração de vinte anos, não?

Assim que entrei no alojamento comecei a vasculhar minha bolsa a procura das chaves e quando percebi, já estava na porta do quarto. Estranhei que as luzes estavam apagadas, geralmente a esse horário as meninas já chegaram. Fui abrindo a porta devagar e tomei um susto quando as luzes se acenderam e minhas primas e Alvo surgiram gritando parabéns.

― Feliz aniversário, Rose! ― Lily se aproximou trazendo em mãos um bolo com duas velas.

Dei um abraço em cada um e depois assoprei as velas.

― Não achou mesmo que iríamos deixar você ficar estudando no dia do seu aniversário, não é? ― Dominique inquiriu e logo depois me entregou uma caixa. ― É meu e da Roxy, esperamos que você goste.

Abri a caixa e quando vi seu conteúdo senti meu rosto corar.

― Eu vi na loja e achei que ficaria perfeita em você.

― É bem sexy ― Lily comentou. ― Vai impressionar muitos caras com essa lingerie, Rose.

Alvo que estava bebendo uma cerveja pareceu engasgar por um momento.

― Obrigada, meninas, é muito bonita.

Ficamos conversando e comendo pizza até que Roxanne deu a ideia de jogarmos alguma coisa.

― Verdade ― Alvo sugeriu.

Todos concordaram e as perguntas começaram.

― Alvo, com quantas garotas já transou? ― Dominique parecia bastante curiosa.

― Nove ― afirmou.

― Isso é muito ― comentei.

― Na verdade, é um número bem razoável ― Lily disse em defesa de seu irmão.

― Sério? Para mim isso é muito.

― Qual o seu número, Rose? ― Alvo questionou e todos os olhares se voltaram para mim.

Essas pessoas são os meus melhores amigos, costumo contar tudo para eles e eles para mim. Sabia da vida sexual de todos ali, mas nunca cheguei a comentar que era virgem. Não, não foi por ter vergonha disso ou coisa parecida, eu só não via como essa informação poderia ser relevante.

― Eu não tenho um número ― disse dando de ombros.

As meninas me encaravam boquiabertas enquanto Alvo tinha um sorriso discreto no rosto.

― Mas e o Kyle? ― Domi perguntou.

― Nunca fizemos nada disso. Ele nem gostava de mulheres.

― Meu Deus, Rose, você é virgem ― Roxy ainda parecia não acreditar.

― Qual o problema? ― questionei.

― Nenhum, quer dizer, é até bonito você estar esperando o cara certo ― Lily tratou de responder rapidamente

― É só que não é algo muito comum nessa idade. ― Domi afirmou.

― Não é? ― Indaguei.

― Bom, acho que você é a única garota do nosso ano que nunca fez sexo ― Roxy comentou.

Eu olhei para Roxanne abismada. Não era possível que eu fosse a única.

― Não se importe com isso ― Alvo falou passando o braço pelos meus ombros. ― Cada um tem seu tempo e tenho certeza que o cara certo vai aparecer ― Ele sorriu para mim.

Alvo é meu melhor amigo desde que nós tínhamos cinco anos de idade. Ele sempre foi muito gentil e tomava conta de mim a todo instante, sem dúvida, é a pessoa em que eu mais confio. Justamente por ser meu melhor amigo, ele sabia que eu possuía um defeito extremamente irritante: Eu me importava muito com a opinião dos outros.

Eu juro que sempre tentei controlar isso. Sei que não se deve se importar demais com o que as outras pessoas pensam, mas é inevitável. Por sorte, eu consigo manter esse defeito escondido das pessoas que sempre me viram como uma pessoa forte e bastante decidida.

― Eu não me importo ― afirmei.

Alvo me encarou como se dissesse "eu sei que está mentindo", mas resolvi ignorar e não falamos mais disso pelo resto da noite.

Já era madrugada quando Alvo foi embora e nos recolhemos para dormir. As meninas caíram no sono rapidamente, mas eu fiquei pensando sobre toda essa história de virgindade.

Não havia problema nenhum em ser virgem, mas eu me perguntava se os caras com quem eu fosse sair no futuro não se importariam com isso. Quer dizer, geralmente na adolescência você tem um namorado e vocês passam o colegial inteiro juntos e quando chega perto da formatura vocês fazem sexo. Na maioria das vezes, o relacionamento termina porque cada um vai para uma faculdade diferente e na universidade, cada um segue seu caminho conhecendo pessoas novas. E isso me faz pensar, será que um universitário aceitaria entrar em um relacionamento sem sexo como se estivesse no colegial?

Eu sei que o "cara certo" não vai se importar com nada disso e me amar de qualquer forma, mas quem garante que esse cara existe? E se existir, quanto tempo ele ainda vai demorar para aparecer? Pode ser amanhã, daqui a dois anos ou nunca. E se eu ficar esperando por ele para sempre e acabar nunca fazendo sexo?

Esses pensamentos ficaram me incomodando pelo resto da madrugada e eu acabei dormindo muito pouco. Fiz minhas provas pela manhã e depois do almoço voltei para ter aula. O primeiro horário seria de direito constitucional, uma das minhas aulas favoritas, e eu continuava pensando sobre o que as meninas me disseram ontem à noite. Sentei no meu lugar de costume e fiquei observando todas as pessoas da sala, eu me perguntava com quantas pessoas cada um já tinha transado.

Estava tão absorta em pensamentos que nem percebi quando um rapaz puxou sua banca para perto da minha.

― Por que puxou a banca? ― Inquiri.

― Acho que alguém está prestando muita atenção na aula ― Ele disse de forma irônica ― Esqueci meu livro e o professor pediu para eu me juntar a você.

― Ah, claro ― Respondi indiferente.

O garoto que havia sentado ao meu lado era Scorpius Malfoy. Ele era muito popular entre as garotas por ser inteligente e muito bonito, mas era bastante galinha e pelo que eu ouvi nunca namorou sério com ninguém.

Nós dois não conversamos depois disso e me distraí com meus pensamentos novamente. Estava balançando uma caneta entre os dedos freneticamente e totalmente por impulso acabei perguntando:

― Com quantas garotas você já fez sexo?


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