Após o toque do sinal, eles seguiram para a porta. Sophie ainda embaraçada, checou qual seria sua próxima aula e viu que era de álgebra. A matéria que ela mais odeia.

—Qual é a sua próxima aula? —perguntou Adam

—Álgebra, ninguém merece! —choramigou a menina —E a sua?

—Física. —respondeu —Bom, a gente se vê depois, tchau. —falou, seguindo um corredor diferente, enquanto ela tentava achar sua sala.

Depois de alguns minutos, ela finalmente achou a sala e seguiu para a porta. Sentou-se em uma das primeiras carteiras, ao lado de um garoto esquisito, mas quem era ela pra julgar os outros? Ela própria julgava-se uma esquisita. Após o início da aula, ela notou que na sala poucos prestavam atenção no que o coitado do professor falava, só os que ocupavam as primeiras carteiras que não desgrudavam o olho do quadro.

Depois de longas horas falando sobre números, o professor passou uma atividade no caderno. Ao olhar para o quadro, ela via apenas um embaraçado de números e não conseguia entender nada do que estava escrito ali. Notou que o garoto ao seu lado estava fazendo tudo, como se fosse dois mais dois, e pediu sua ajuda. Ele logo explicou tudo para ela, de uma forma simples que o professor não conseguia passar para a turma. Logo após, o sinal tocou e ela seguiu para outra aula chata, agora de física.

Mais algumas horas de aula e o sinal tocou. Ela não lembrava onde o refeitório ficava, mas foi seguindo a massa de alunos pelos corredores e conseguiu chegar até lá. Pegou uma bandeja e seguiu para a fila.

—Licença queridinha, mas você passou na minha frente. O final da fila é bem ali. —falou uma garota loira, com uma voz simplesmente irritante, apontando para trás de si.

—Eu acho que quando eu vim pegar minha bandeja, esse era o final da fila e eu não vi você aqui em nenhum momento. —ela não ia deixar barato

"Uuuuuh" gritou uma massa de alunos que estavam perto delas o suficiente para ouvir a conversa.

—Não ouse me peitar, sua caloura. —gritou a menina, ficando com o rosto vermelho

—Meninas, acalmem-se, o inspetor já está olhando para cá. —falou uma menina alta e magra, com cabelos lisos e pretos, que ela nunca vira na sua frente.

—Que olhe! E quem é você para me repreender, sua sem sal?! —gritou, dessa vez mais alto

—Vamos, Sophie. Eu deixo você passar na minha frente na fila. falou a garota de cabelos pretos, —ignorando a loira

Ela dirigiu-se com a menina um pouco mais a frente e não entendeu como ela sabia seu nome e porquê foi tão gentil com ela. A garota percebendo a dúvida nos olhos da outra, apenas disse:

—Depois eu te explico tudo, sirva-se.

Ao olhar pra frente, viu que já estava na sua vez. Pegou umas fritas, um hambúrguer e um copo de suco. Esperou a garota, que pegou a própria comida e guiou Sophie para uma mesa vazia.

—Então, você deve estar se perguntando quem eu sou, como sei seu nome ou porquê que eu te ajudei. disse olhando diretamente para Sophie Bom, meu nome é Eloise e eu estava na sua aula de álgebra quando escutei o Tedd, o garoto que te ajudou, falando o seu nome. Te achei legal e quando vi a confusão que a Brianna, a loira ridícula, tava armando pra você, eu resolvi te ajudar.

—Nossa, muito obrigada Eloise. Você não imagina quão grata estou! —falou sorrindo, com a mais pura sinceridade estampada em seu rosto —Bom, você já sabe, mas meu nome é Sophie, tenho dezesseis anos e sou brasileira.

—Sério? Meu Deus, que máximo! —falou, colocando a mão na boca —Mas você não é tão bronzeada como as mulheres de lá. —completou, sorrindo

—Hahaha, é porquê eu não curto muito sol e praias. —respondeu, sorrindo também

—Ah entendi. Bom , meu nome é Eloise, como você já sabe, também tenho dezesseis anos e sou britânica.

E assim seguiu o intervalo de Sophie, junto de uma nova amiga. Ela não podia nem acreditar que no primeiro dia já havia feito dois amigos. Estava radiante! Enquanto tagarelava com Eloise, procurou por Adam com o olhar, mas nenhum sinal do garoto. Logo após o sinal tocou e as duas dirigiram-se para suas seguintes aulas. Sophie não ficou no mesmo horário de Eloise e nem de Adam e passou o resto das aulas tentando prestar o máximo de atenção possível. Por sorte, não encontrou a tal da Brianna pelo resto do dia.

Quando o sinal tocou anunciando o fim das aulas, ela se dirigiu para a saída. Procurou Eloise, mas não a encontrou. Já estava indo embora, quando sentiu uma mão em seu braço, fazendo todos os seus pêlos se arrepiarem.

—Sophie, posso te acompanhar? —perguntou o dono de uma bela voz rouca

Era incrível como ela não precisava nem olhar para trás para reconhecer a voz do garoto.

—Claro, Adam. —falou, enquanto seus olhares cruzavam-se

Ele sorriu de volta e foi caminhando ao seu lado com as mãos nos bolsos. Ela queria fazer perguntas, como: "onde você passou o recreio" , "quais foram suas aulas", mas nada saia dos seus lábios.

—Eu te procurei durante o recreio, mas vi você conversando com uma menina e decidi deixar vocês conversando à sós. —falou olhando para ela

—Deixa de bobeira, Adam. Você poderia ter sentado-se conosco! —disse ela

Eles continuaram andando em silêncio e após alguns minutos ele disse:

—Então, o que achou do seu primeiro dia de aula? —perguntou ele, quebrando o silêncio

—Bom, eu gostei, fiz amigos, gostei dos professores... Tirando a parte que uma tal de Brianna veio gritar comigo.. Foi tudo ok! —disse ela

—O quê? A Brianna gritou com você? —perguntou surpreso —Aquela garota é um pouco sem noção.

—Concordo com você, haha —respondeu rindo

Andaram mais um pouco e chegaram em suas casas.

—Então, até amanhã Adam! —falou ela, sorrindo para o menino

—Até! —falou acenando, enquanto a menina seguia em direção a porta de casa

—Ei, Sophie, espera! —gritou, fazendo a menina voltar o olhar para ele —Eu queria saber se eu poderia passar aqui na sua casa amanhã, pra irmos juntos para a escola.. —perguntou, ansioso

—Pode sim, Adam! —respondeu, com um sorriso de orelha a orelha

—Passo aqui às 6h50, ok? —perguntou, também sorridente

—Ok. Tchau! —disse acenando e entrando em casa

—Tchau. —respondeu o menino, seguindo em direção a sua casa

Ela correu em direção ao seu quarto e deitou-se em sua cama. Ela não podia acreditar que ele teria se oferecido para acompanhá-la e depois para levá-la todos os dias para a escola. Ela não conseguia acreditar!