Californication– Red Hot Chili Peppers

Blake D'Vanelle Arton

Abro os olhos lentamente contra a iluminação do sol que entra em meu quarto, especificamente em cima de minha cama. Resmungo um "Só pode ser brincadeira" e me levanto para fechar a cortina. O lugar estava novamente limpo e arrumado, e considerando a posição do sol já alto, alguma criada havia passado por ali enquanto eu ainda dormia.

Arrasto os pés para o banheiro, começando mais um dia na prisão domiciliar depois de um longo e pensativo banho.

— Dormiu bem querido? - minha mãe pergunta no instante em que me vê no salão de jantares. Em seus olhos, via o brilho de mil sois que aposto que meu pai adorava. Amélia exalava a tardes quentes de verão no jardim do castelo, onde passara a maior parte de minha infância brincando de explorar.

"— Meu filho! Não corra tão rápido, pode se machucar! - A mãe exclama, com um sorriso no rosto. Era uma tarde de céu azul, sol brilhante e quietude na França, e tudo indicava que a família teria um piquenique tranquilo.

O garotinho gargalhava e fugia de sua mãe, que estava em seu encalço com uma arminha de água igual a sua. Os dois esperavam o pai, que no momento estava em uma reunião com os parceiros da Alemanha alguns andares acima. Blake para de repente, fazendo a Amélia de longos cabelos castanhos escuros parar também. A cena a frente era chocante para o menino de apenas três anos. Um passarinho caído em baixo de uma de suas asas.

A rainha tenta se ajoelhar ao lado da pequena ave, mas gritos chamam sua atenção. Vindos de todos os lados, tiros e sons de coisas quebrando ativaram o instinto de mãe dentro da jovem mulher, que colocou o garoto nos braços e correu para dentro do castelo. Por sua vez, Blake mantinha os olhos arregalados, tendo a certeza de que não esqueceria o primeiro ataque sulista que presenciou."

Estas lembranças atacavam sua mente sempre que via a mulher tão amada e tão forte sorrindo de maneira doce e gentil, como tinha lhe sorrido naquela tarde, para que se acalmasse.

— Estou bem mãe. Estou ótimo. 15 garotas ficarão aqui, lutando por mim e pelo trono, não há motivo mais tranqüilo que este. – digo sarcástico, mas mordendo a língua logo depois. Sabia que dia era hoje.

— Por que tão azedo hoje, Blake? Pensei que tínhamos conversado. E ainda mais porque hoje é aniversário da mamãe. – Claire diz, me olhando com a intensidade inabalável de seus olhos azuis.

— Perdão. – digo num resmungo e dando um beijo na testa de Amélia, sussurrando um “feliz aniversário” em seu ouvido.

Papai me dá um sorriso mínimo de aprovação. Inclino-me para pegar uma maça vermelha e a mordo, sentando-me na mesa.

— Nem acredito que teremos novamente o salão das mulheres cheio! Estou muito ansiosa! – minha irmã deixa escapar, olhando esperançosa para sua mãe.

— Acredite filha, tem dias que não é tão maravilhoso assim. Nem todas as garotas são... Boas. – meu pai fala com uma das sobrancelhas arqueadas e lançando um olhar significativo a sua rainha.

— Oh, deixe disso Eron! Vai assustar as crianças! – Amélia diz sorrindo elegremente – Todas são maravilhosas em sua própria maneira de ser. Não se esqueça disso, nenhum dos dois. E saiba que qualquer escolha que fizer será apoiada Blake, meu filho.

Bom, se a intenção era me acalmar, aquilo me deixou mais tenso. Tomo um gole de suco. Já sabia que haveria garotas gananciosas, mas e aquelas que encobrem sua própria personalidade?

“Fique tranquilo Blake, você pode lidar com garotas.”

— Quando será o anúncio? E o sorteio? – digo engolindo o nó formado em minha garganta. Precisava manter a postura, por mais irritante e estressante que aquilo fosse.

— O anúncio será hoje. No Vrai Journal (Jornal Real). Para todas as províncias.

— O QUÊ? – me levanto transtornado e todos da mesa me encaram espantados – Eu realmente não posso fazer isso agora!

— Blake! Se controle! Será o futuro rei e não pode deixar suas emoções virem à tona numa discussão pacífica! Se dependessemos de você, já estaríamos em guerra com todos os países. – O rei fala com uma expressão séria e o garoto de 19 anos se senta inconformado.

5 horas depois...

Eu estava usando meu sorriso mais sacana, o cabelo sempre bagunçado – me recuso a ser o engomadinho que todos querem – e uma camisa branca de listras finas rosas claras.

Lá estava Marcy Bunton, com seus cabelos ruivos radiantes e olhos cor de esmeralda, a apresentadora do jornal televisivo da França de 45 anos conversando animadamente com mamãe e papai sobre os detalhes da seleção. Claire dava uma volta por todo o estúdio, encantada com o figurino que estava em uma arara.

— Começamos em três minutos! – ouço alguém gritar e encaro as lentes a minha frente. Amélia e Eron se sentam nos respectivos tronos enquanto Clar se senta ao meu lado direito. Marcy pega o microfone, pisca para mim divertidamente.

— Boa noite França! Aqui está mais uma edição do Jornal Real para vocês, queridos! Temos um pronunciamento extremamente empolgante para todos, principalmente as meninas. – a apresentadora ri de si mesma e se desloca para meu lado – Teremos uma ótima noite ao lado de Blake Arton!

— Pode apostar, Marcy. Farei questão de fazer suspense até o final do programa para dar meu pequeno... Recado. – falo confiante e travesso, vendo os olhos da mulher brilharem de diversão.

Ela se dirige ao centro do palco e dá as noticias do dia: tempo, economia, política, aniversário da rainha, moda e esportes. Nesse meio tempo, deixava meus olhos vagarem para qualquer lugar onde ele se prenda para me acalmar. A partir daquele anúncio, minha vida ficaria de cabeça para baixo. A mídia atacaria ainda mais nossa família e a das garotas também, a privacidade sumiria dentro de minha própria casa, e não deixaria de me sentir mais um meio de chegarem ao trono, ao poder. Deixo meus devaneios de lado bem no momento em que Marcy oferece o microfone a mim. Sabia o que ela e todos a minha volta estavam esperando que eu falasse. A pressão e ansiedade estavam palpáveis no ar.

— Gostaria de anunciar a todas as garotas que as inscrições para a minha seleção estarão abertas a partir de agora – sorrio para a câmera, encarando fixamente a pequena luz vermelha até o fim do programa, quando finalmente consigo respirar aliviado.