CAPÍTULO 01

— O que aconteceu? Mione, você está bem? Está sentindo dor em algum lugar? Os bebês estão bem? Você acha que vai nascer agora? Mas ainda está no sexto mês... Merlin! Se nossos filhos nascerem antes da hora?! Eu lhe falei que deveríamos comprar logo os berços e decorar um só quarto perto do nosso, mas você não me escutou! — Draco tagarelou sem parar enquanto levantava e sua pele adquiria um tom levemente esverdeado, ele realmente parecia estar desesperado. Com um milhão de problemas na cabeça para resolver. A castanha o encarava ainda em pânico e sem saber o que estava acontecendo, mas logo uma coisa lhe passou pela cabeça.

— Que tipo de brincadeira é essa, Malfoy? Tentando me deixar mais nervosa ainda, um dia antes dos NOM’s? — ela falou em fúria, já se recuperando do choque, enquanto também ficava de pé.

— O quê? Como assim?

— Ah, não se faça de desentendido, sua doninha podre! Pare já com esse feitiço e nos leve de volta à Hogwarts! Você acha que só por que seu pai, ou seja lá quem for, era amigo da profª Marchbanks você vai se livrar de ser cuidadosamente avaliado? — O loiro a olhou como se ela fosse completamente louca e tentou se decidir sobre o que dizer ou fazer.

— Hermione... Sobre o que você está falando? — Foi então que a morena percebeu que ele estava tão assustado quanto ela e concluiu: Draco Malfoy era, realmente, um ator esplêndido!

— Com que direito você me chama de Hermione ou de Mione? Quem você acha que é para falar comigo com tanta intimidade? Malfoy, eu exijo que você pare já com essa brincadeira sem graça. — Ela olhou para o relógio em cima do criado mudo do lado dele e viu os ponteiros apontarem 8:30 — Olhe doninha! Vamos nos atrasar! Não acredito que dê tanto valor para uma brincadeira, então, por favor, pare com tudo isso e leve-nos de volta a Hogwarts.

Draco a encarou, ainda tentando entender o que estava acontecendo com sua esposa, em todos os anos que a conhecia, nunca tinha a visto daquele jeito. Claro que já tiveram milhares e milhares de brigas e que ela já o havia chamado de doninha várias vezes, mesmo depois de casados. Só não entendia muito bem por que ela o chamava de Malfoy, sendo que ela mesma era uma, e por que insistia em falar dos NOM’s como se eles fossem acontecer hoje, quando na verdade, já tinham se passado cerca de 11 anos desde que terminaram seu quinto ano.

Ao mesmo tempo Hermione fitava o loiro em fúria e percebia que ele estava obviamente bem mais velho do que no dia anterior.

— Você só pode estar brincando comigo! Como você faz isso sabendo do nível de preocupação que estou? Sinceramente, Hermione, você nunca fez nada assim e decide brincar justo agora? — O rosto dela, antes pálido pelo susto, agora tomava uma tonalidade de vermelho forte.

— Ora sua doninha albina e irritante — ela ia xingando enquanto condenava mentalmente a cama que os separava, por ter de andar mais para estapeá-lo e caminhava na direção do loiro, que tinha os olhos arregalados –, pode parar JÁ com essa brincadeira! — se aproximou dele, ainda proferindo todos os nomes ruins que lhe vinham à mente e preparou a mão para começar a esmurrá-lo, decidindo esquecer que tinha uma varinha.

— Você está louca? O que deu em você? — ele falou, tentando se controlar para não gritar e nem começar a dar um chilique igual ao de sua mulher, se dedicando a tentar desviar dos inúmeros golpes que eram proferidos contra ele mesmo.

— MALFOY! ME LEVE PARA HOGWARTS, A-GO-RA! — decidiu gritar de vez e ele quase a xingou por ter feito o grandessíssimo favor de acordar todas as irritantes hóspedes que ela tinha insistido em levar para lá desde que ficara grávida, com a desculpa de que elas a ajudariam quando precisasse, como se ele não fosse o bastante. Continuou a encarando-a e se irritou com seu olhar de indiferença, a máscara que ele tinha decidido colocar para não gritar com a castanha. — Malfoy... já chega dessa palhaçada toda! Onde é a saída? ONDE? Só faltam quinze minutos pras nove e eu ainda nem me arrumei! ME LEVE DE VOLTA PARA HOGWARTS! Merlin, como vou me organizar? Nem deu tempo de revisar nada! — ela começou a murmurar enquanto batia e tentava abrir uma das portas do quarto, que levava ao closet.

Abriu com violência a porta de lá e partiu para a próxima, esta dava para o banheiro e ele viu quando ela abriu e prendeu a respiração parecendo impressionada. A mesma reação da primeira vez que ela viu o cômodo. O momento de susto logo passou e continuou seguindo para a próxima porta que ia para fora do quarto, mas antes de abri-la a porta foi escancarada e Gina Potter entrou esbaforida, com o cabelo assanhado, parecendo em demasiado com a Sra. Weasley.

— Mi! Hermione, você tá bem? Tá sentindo alguma coisa? — a ruiva começou enquanto checava a amiga rapidamente — Eu ouvi os gritos... O que aconteceu? Por que todas as portas estão escancaradas? E Draco, por Merlin, olhe o estado da sua mulher! Por que não a ajuda? — o loiro puxou o ar para respondeu, mas foi interrompido pela sua castanha que vinha, mais uma vez, na sua direção, como um touro revoltado.

— Como você pôde? Enfeitiçou até a Gina?! Já chega, Malfoy! Não sei que tipo de feitiço você usou, apesar de admitir que é impressionante — ela falou a última parte uns três tons mais baixo — Mas já chega! Leve-nos de volta a Hogwarts! — Gina encarou a castanha com o mesmo olhar que Draco a dedicara mais cedo, como se ela fosse louca.

— Mione, sobre o que você está falan-... — a ruiva foi interrompida por uma mulher, cujo os cabelos iam perdendo o tom castanho e ficando esbranquiçados. O rosto possuía umas poucas e bem marcadas rugas que lhe davam uma aparência mais velha.

— Mãe?! — Os olhos dela aumentaram de tamanho de forma exagerada e a senhora no começo da meia idade passou os olhos pelo quarto, tentando descobrir o que estava acontecendo.

— Que história é essa de voltar para Hogwarts? Como você espera voltar para Hogwarts? Quer voltar quando seus filhos forem?

Foi nesse momento que Hermione deu uma boa olhada em tudo realmente. O rosto de sua mãe possuía bem mais rugas do que quando tinham se separado na plataforma 9 ¾. Encarou Gina e ela estava mais madura, parecia ter envelhecido uns 10 anos. Como não tinha notado isso antes? Virou para Malfoy e teve certeza que estava cega pela raiva, ele não era mais um moleque de 15 anos, mas sim um homem que aparentava ter no mínimo 23, apesar de ela achar que ele teria bem mais.

Parou tudo que fazia e seguiu para o banheiro, fitando-se no espelho com bordas ricamente decoradas. Seu rosto tinha traços bem mais marcantes, os cabelos ainda eram ondulados, mas de um jeito bem leve e que lhe lembrava os de sua mãe. Seu corpo parecia ter evoluído até demais e ela tinha uma barriga enorme, que com seu tamanho exagerado, provou ser de gêmeos, além de uma clara mudança nas medidas dos seios.

Seu cérebro trabalhou rapidamente enquanto ela ainda tentava se convencer que tudo não passava de uma brincadeira de Malfoy para irritá-la.

— Isso não é uma brincadeira inventada por você e Zabine, certo Malfoy? — perguntou num fio de voz e de esperança. Assistiu ele negar ainda parecendo não entender o que estava acontecendo. Fez uma careta de desgosto depois da resposta do loiro e tentou ter uma outra ideia do que poderia ter acontecido. Brilhante como era, não demorou para decidir fazer uma outra pergunta. — Em que ano estamos?

— Dois mil e cinco. — sua mãe respondeu, fazendo com que os olhos da castanha se arregalassem. Da última vez que olhou no calendário, o que aconteceu no dia anterior, pela manhã, estava em mil novecentos e noventa e quatro. Instantaneamente, se viu na obrigação de defender uma coisa que, para ela, era óbvia.

— Não... Estamos em noventa e quatro. Certo? — Hermione respondeu com outra pergunta e todos que estavam no ambiente a encararam.