O castelo do barão Luiz era enorme e belo. Ficava posicionado ao lado de um bosque, e era rodeado por belos jardins, e enormes e floridos campos.

Jennifer ficou tão maravilhada ao descer do lombo da enorme cabra negra, que enquanto olhava os belos passarinhos que se banhavam no chafariz branco entalhado em pedra, Brown correu na direção do pequeno lago e bebeu um pouco de água, indo depois até uma estatua do barão e fazendo xixi nas botas de pedra da figura do imponente Lorde.

Eleanor fez com que Feliz soltasse o pequeno corço por sobre um arbusto e depois pousou o grande pássaro vermelho, chamando toda a atenção dos cavaleiros e criados da jovem baronesa.

Não se preocupem! — Gritou Diana! — Eles são meus convidados e estão aqui para falar com a baronesa. — Explicou a jovem duquesa aos cavaleiros que se aproximavam.

Puxa! Este castelo é muito bonito. — Comentou Jennifer maravilhada com o lado de fora do castelo.

Oh, você diz isso porque ainda não conheceu as masmorras deste lugar. Mas venham! Vou levar vocês até a baronesa. — Falou Diana ao entregar Saly sobre os cuidados de um dos guardas.

E você sabe onde ela estar? — Perguntou Eleanor com um sorriso meio irônico.

Hêhehehe... Onde você acha que ela estaria “Eli”? Lógico que ela estar na biblioteca lendo sobre alguma coisa que somente ela entende. — Respondeu Diana ao entregar o filhote de cervo para um dos guardas que vieram ver o grande pássaro.

Então aparentemente nada mudou por aqui. — Sussurrou Eleanor ao assoviar e ordenar que o gigante pássaro retornasse ao seu tamanho natural.

 Então, depois de atravessarem os belos portões azulados da entrada do castelo, Diana guiou as garotas até a biblioteca onde encontraram Meg lendo um livro sobre torturas avançadas.

Diana: — Oi amor. Voltei! E você não imagina o que eu encontrei e trouxe comigo.

Deixe-me pensar... Um animal esfolado e mal tratado ou um bandido e estuprador novo para nos torturarmos e nos divertirmos? — Perguntou Meg sem nem tirar os olhos da pagina do livro.

Não. Na verdade é algo bem mais interessante que isso. — Respondeu Diana com um sorriso serelepe no rosto.

E o que seria? — Perguntou a baronesa fingindo interesse na conversa.

Duas velhas amigas. — Respondeu Diana ao fazer uma reverencia e apresentar as duas garotas visitantes.

Meg então retirou o olhar do livro e ao perceber que se tratava de Jennifer e Eleanor se levantou abruptamente da poltrona e derrubou o livro no chão antes de exclamar — Não é possível! Como alguém convenceu a princesa fria a abandonar o seu reino gelado e vir nos fazer uma visita?

Apenas uma enviada da rainha o faria! — Respondeu Eleanor ao caminhar lentamente na direção de Meg para lhe dar um abraço.

Imaginei que esse seria o caso! — Ironizou Meg ao se aproximar e abraçar a velha amiga.

Como você está Eli? Você continua com a mesma cara de quem comeu e não gostou de sempre. — Zombou Meg ao acariciar e contemplar o rosto pálido e frio da princesa do norte.

E você continua a mesma baixinha esperta, arrogante e inteligente que acha que sabe tudo sobre o mundo só por causa desses livros e desse oculozinho que te deixa com cara de sábia. — Ironizou Eleanor ao sorrir para a pequena amiga.

Nossa. Magoou em sua insensível! Hunf. — Resmungou falsamente a baronesa ao fazer drama.

Eleanor sorriu e após dar um beijo na testa da baronesa, respondeu — Não tanto quanto a sua princesa faz com você.

Meg corou de vergonha, mas após dar uma tossida forçada, voltou a sua atenção a Brown e Jennifer, e falou — Olha só! Pensei que esta garotinha havia morrido no reino do mar enquanto voltava de uma viagem do reino dourado. Não estou certa?

Sim! Mas eu não morri no naufrágio. Sobrevivi e hoje estou aqui porque preciso de sua ajuda. — Respondeu Jennifer de maneira sincera.

Ah é? E que ajuda seria esta? E o mais importante. De quem é este cachorrinho que tanto cheira e lambe as minhas pernas? — Perguntou Margaret ao olhar para baixo e avistar Brown que examinava curioso as suas pequenas e delicadas pernas.

Este é o Brown. E ele é o parceiro da Jennifer. — Respondeu Diana ao pegar uma jarra branca que estava sobre a mesa e servir quatro taças de vinho.

Desculpe! Ele é meio curioso. — Explicou Jennifer envergonhada.

Tudo bem. Mas me diga. Em que posso ajuda-la? — Perguntou Meg curiosa sobre as verdadeiras intenções de Jennifer.

Nossa! A baronesa deve estar muito curiosa, a ponto de perguntar o motivo da visita de uma das convidadas sem nem sequer fazer uma reverencia ou servir algo para comer ou beber. — Comentou Diana ao oferecer uma taça de vinho para Jennifer e Eleanor.

Oh, não. Tem razão! Eu fiquei tão curiosa que me esqueci da cortesia. Perdão. E por gentileza, aceite um pouco da nossa bebida. — Se desculpou Meg ao fazer uma reverencia apressada e envergonhada.

Sem problema! Já estou acostumada ao ser mal tratada e recebida por vocês. — Zombou Eleanor antes de dar um longo gole e provar do doce vinho.

Cala boca Eli. Nós nunca te tratamos mal. — Comentou Diana ao entregar uma taça a Meg e beber o vinho num gole só da que ficou com ela.

Sem problemas baronesa. Eu não me preocupo com reverencias e bebidas. Na verdade... Eu nem sei se devo beber vinho com esta idade. — Comentou Jennifer ao olhar para a bebida vermelha em sua taça dourada segurada por suas pequenas mãos.

Ah, não se preocupe. Os adultos não estão por aqui para dizer se podemos ou não beber bebidas maduras. Vamos, tente. Você pode estranhar um pouco o gosto no começo, mas depois você vai se sentir muito bem depois de alguns copos. — Falou Diana ao retornar a mesa e encher a taça dela novamente.

Jennifer não estava muito segura se deveria provar a estranha bebida, mas ao olhar para o lado e avistar Eleanor bebericando e saboreando o doce vinho, a garota azarada falou — Bem, se vocês dizem que é bom... Talvez eu deva experimentar um pouquinho... Apenas para provar o sabor.

Então Jennifer levou a taça dourada a boca e provou da doce bebida vermelha que mais parecia ser feita com sangue do que com belas uvas.

O gosto não fora tão bom quanto Jennifer pensara, mas a bebida havia deixado uma sensação boa e diferente na língua da garota, o que fez com que a azarada garotinha arriscasse um segundo gole.

E então? É bom? — Perguntou Diana ao beber a sua segunda taça.

Sim. Não é tão ruim. — Respondeu Jennifer sinceramente.

Ótimo.  Agora por que não conta para Meg o que você encontrou e descobriu em sua viagem? — Indagou Diana ao encher a taça pela terceira vez e saborear um pouco mais do doce vinho.

Certo. Baronesa Margaret, você conhece algo sobre o corvo de três olhos? — Perguntou Jennifer esperançosa.

  Sim. Pelo o que eu sei e li o corvo de três olhos era uma figura mitológica das tribos selvagens da grande floresta. — Respondeu Meg rapidamente.

Você sabe mais alguma coisa sobre ele? — Perguntou Jennifer agora mais esperançosa e ansiosa do que antes.

Não muito, mas pelo o que eu me lembro, os selvagens acreditavam que ele era um espírito sábio e que possuía as almas dos mortos escolhidos para aumentar o seu conhecimento. — Explicou Meg ao encher a taça dela novamente.

Então você precisava ser inteligente para ser escolhido por ele? — Indagou Diana ao virar a jarra e perceber que o vinho havia acabado.

Meg endireitou os óculos e depois de dar um longo gole na taça de vinho, respondeu — Não precisava ser “inteligente”. Mas a pessoa, ou no caso o espírito, precisava saber informações preciosas para esta entidade. Mas... O que isso tem haver com a sua visita? — Perguntou a baronesa confusa.

Jennifer está trabalhando para o corvo de três olhos, e precisa saber o que ela vai fazer com o pólen dourado que ela ganhou das fadas. — Explicou Eleanor ao dar o ultimo gole em sua taça de vinho.

Pólen dourado? Fadas? Como assim? — Perguntou Meg extremamente confusa.

Calma. Eu explico. — Falou Jennifer para tranquilizar a baronesa.

Então senta que lá vem uma longa historia. Enquanto vocês escutam eu vou pegar algo para nós comermos. — Falou Diana ao ironizar e sair da biblioteca.

 Então, enquanto Diana buscava algo para petiscarem, Jennifer contou que fora enviada pela princesa em uma missão para destruir o mal do mundo. Mas que ela mesma não sabia o seu objetivo e nem como o alcançaria.

Então você encontrou uma floresta lotada de imps e fadas e elas te deram um pólen dourado que pode nos ajudar a destruir o grande mal? — Perguntou Meg antes de apreciar um dos biscoitos que Diana trouxera com ela.

Sim. Mas eu não sei onde fica ou o que é o grande mal. Então eu apenas segui o caminho que me indicaram e vim parar aqui. — Explicou Jennifer enquanto acariciava Brown que estava apoiado nas duas patas sobre o colo da dona que repousava sentada em uma confortável cadeira de mogno.

E então? Você sabe o que significa isso? — Perguntou Eleanor ao olhar nos olhos da jovem baronesa.

Talvez... Mas preciso consultar e ler uns livros antes. Jennifer, você poderia me mostrar o tal pó dourado? — Perguntou Meg curiosa sobre a estranha substancia.

Claro que sim. Está na minha mochila. Vou pegar para você. — Falou Jennifer ao sair da biblioteca acompanhada por Brown que corria e saltitava ao seu lado.

Diana sorriu ao ver o rosto de imersão em pensamentos que a sua amada fazia, e ao se aproximar lentamente, falou — E ai? O que você acha disso tudo?

Talvez possamos fazer alguma descoberta que ajude a mudar o rumo desta guerra. Afinal, faz meses que não recebemos mensagens dos nossos pais, e desde que os imps brancos invadiram o reino dos espinhos nossas vidas mudaram drasticamente. — Respondeu Meg sinceramente.

Você conseguirá descobrir algo? — Perguntou Eleanor esperançosa.

Espero que sim. Mas precisarei de muito tempo e de muita pesquisa para chegar a alguma conclusão. Diana, ordene para que preparem um quarto bem confortável para as nossas convidadas e peçam para que lhes sirvam a nossa melhor comida. E depois peça para que alguns guardas levem um de nossos prisioneiros até o meu laboratório. Esta noite promete ser longa. — Falou Meg ao começar a procurar por livros que falavam sobre flores e plantas.

Certo. Porem eu terei que pedir dois quartos diferentes. Acredito que nossa amiguinha congelada não queira dividir o quarto e a mesma cama com a nossa pequena heroína. — Zombou Diana ao sair da biblioteca e dar uma olhada sarcástica para Eleanor.

Meg não entendeu a piada e apenas olhou para Eleanor e perguntou — Vocês brigaram?

Não. — Respondeu a princesa fria diretamente.

Meg: — Então por que... ?

Apenas não gosto de dormir acompanhada. — Mentiu e respondeu a jovem condessa ao deixar e sair da biblioteca acompanhada de seu fiel e pequeno amigo.