Jennifer acordou bastante exausta, e logo percebeu que não estava na sua casa, e sim em um quarto escuro e úmido.

O lugar parecia um pequeno porão transformado em quarto. O chão e as paredes eram extremamente úmidas, e a única luz do quarto era a luz da lua que entrava pela pequenina janela no topo da parede.

O lugar possuía uma cama de solteiro, um armário com um urso de pelúcia encima, uma mesinha, e uma cadeira de madeira com algumas roupas brancas de menino encima.

Jennifer percebeu que no chão havia dois sapatinhos negros e uma fita verde bastante parecida com a que estava amarrada no pescoço do ursinho.

Cansada, a garota azarada se sentou na cama e apanhou a fita verde do chão, á examinando com cuidado e bastante atenção.

Jennifer olhou novamente para as roupas brancas sobre a cadeira e pensou — De quem será essa roupa?

Então a porta do quarto se abriu, e um homem alto e de corpo forte e olhar serio entrou.

O estranho homem trazia em uma das mãos um prato com sopa de ervilhas e um pedaço de carne cozinhada, e um copo com água na outra mão.

Jennifer ficou um pouco assustada e perguntou — Quem é você?

O estranho homem apenas entregou o prato de sopa para garotinha e respondeu — Eu já tive muitos nomes! Mas isso não importa agora, certo?

Eu acho que não... — Respondeu Jennifer enquanto pegava o prato de sopa das mãos do homem misterioso.

O homem alto colocou o copo de água sobre a mesinha e falou — É melhor você comer! Você dormiu por durantes dois dias seguidos. Você deve está com fome.

Jennifer concordou com a cabeça e provou a sopa de ervilha que estava bastante quente e muito boa.

Então, depois de provar a sopa, Jennifer perguntou — Onde eu estou? Que lugar e esse?

O misterioso homem encarou Jennifer com o seu olhar frio e respondeu — Você está na minha casa! Eu encontrei você caída e perdida no meio da floresta negra.

E o que eu estava fazendo nesta floresta? — Perguntou Jennifer confusa.

Você deve ter se perdido e acabou adormecendo. Isso acontece bastante com crianças travessas. Agora coma! — Ordenou o homem com um olhar assustador.

Jennifer pensou em perguntar mais alguma coisa, mas achou melhor não provocar o seu misterioso anfitrião, e resolveu provar da carne cozinhada.

O gosto da carne era bom, mas estranho e esquisito para o paladar refinado da pequena garotinha, (Que só se alimentava dos melhores ingredientes do reino!), a carne não parecia ser carne de coelho ou cervo.

Então confusa e com um pouco de relutância, a garotinha azarada perguntou — Senhor! Eu posso perguntar que tipo de carne é essa?

O misterioso homem apenas olhou para o prato nas mãos da garota e respondeu — É carne de castor! Eu encontrei alguns castores perto do rio ontem!

Ah! Então é por isso que tem um gosto estranho! Digo! Diferente! É que... Eu nunca comi carne de castor antes sabe? — Falou Jennifer com um sorriso inocente no rosto.

O homem alto apenas sorriu e se virou em direção á porta, na saída e entrada do quarto.

Mas antes que ele pudesse deixar o local, Jennifer gritou — Espere!

O homem misterioso apenas olhou para a pequena garotinha e perguntou — O que foi?

Já que o senhor não me disse o seu nome... Como eu posso chama-lo? — Perguntou Jennifer com uma voz fofinha.

O homem aparentou ficar confuso por um momento, mas logo em seguida falou — Bom! Você pode me chamar de pai! Se você quiser!

Pai? Tá bom! Se você gosta assim... Tudo bem papai! — Falou Jennifer com um sorriso no rosto e uma voz bem fofinha.

O amargo homem sorriu contente e falou — Boa noite... Joshua!

Jennifer ficou confusa, mas antes que pudesse perguntar quem era Joshua, o homem saiu do quarto e fechou a porta, á trancando com uma chave pelo outro lado.

Jennifer continuou a comer e terminou a sua refeição. Depois foi ate a mesinha e bebeu a água que estava no copo que o misterioso homem havia deixado sobre a mesa.

Depois de saciada, Jennifer retornou a cama e se deitou novamente. A pobre garota estava muito cansada e não tinha energia suficiente para explorar o local.

Jennifer não lembrava o que aconteceu com o navio e com a sua família! Na verdade ela sequer lembrava que eles existiam! A mente da pobre garota azarada estava confusa, e ela apenas conseguia lembrar-se de algumas coisas.

Depois de uma longa noite de sono, Jennifer acordou com a luz do sol entrando pela janelinha do quarto e iluminado o escuro, frio e úmido local.

Jennifer foi até a porta do quarto e percebeu que ela estava aberta! A garotinha saiu do quarto escuro e encontrou varias caixas de madeira com ervilha e cenouras dentro. Também percebeu que havia vários cogumelos pelo chão, mas ela não sabia se aqueles fungos eram comestíveis ou não.

Então Jennifer subiu por uma escada de madeira e saiu em um corredor com uma porta de frente para a porta da escada.

Jennifer decidiu explorar a casa e entrou na porta da frente.

Então a garotinha misteriosa encontrou um pequeno quarto com uma mesa cheia de desenhos e livros infantis, ao lado de garrafas de bebida e um enorme diário.

Jennifer resolveu ler o diário e descobriu que o misterioso homem era na verdade um humilde agricultor camponês. E que o seu verdadeiro nome era Gregory M. Wilson.

Então ao ler um pouco mais ela descobriu que no passado, o Senhor Wilson foi um bravo cavaleiro conhecido por todos como o Lobo do norte, mas que depois de um problema com uma maldição, ele abandonou a vida de herói e decidiu virar um fazendeiro, escritor e caçador solitário.

Sir. Gregory abandonou o nome de cavaleiro e construiu uma casa no meio da floresta, onde ele arou e cultivou a terra em volta para cultivar algumas verduras e vegetais.

Depois de algum tempo morando na floresta, Gregory descobriu que não estava sozinho, mas que naquela floresta existia uma linda feiticeira chamada Samantha, morando em uma humilde cabana, e um gigante de um olho só que morava perto do rio.

Gregory se apaixonou pela bela feiticeira ao ver a sua estonteante beleza pela primeira vez!

A feiticeira também se apaixonou pelo forte e misterioso rapaz, e juntos, eles tiveram um filho chamado Joshua.

Porém a feiticeira Samantha morreu após adquirir uma doença negra e incurável. Deixando o seu marido sozinho com o pequeno garoto.

Jennifer queria ler mais, mas sabia que estaria encrencada se o misterioso homem a pegasse bisbilhotando as coisas dele.

Então a garotinha azarada fechou e diário e saiu do quarto, e foi em direção á sala, onde avistou uma armadura velha e empoeirada coberta por teias de aranha.

Jennifer olhou pela janela e viu Gregory trabalhando nos campos com uma enxada e uma pá.

Jennifer saiu da casa e foi até ele para lhe cumprimentar e dar um educado e receptivo bom dia.

Jennifer: — Bom dia senhor! O senhor dormiu bem esta noite?

Gregory ficou surpreso ao ver a garotinha trata-lo com tanta educação e respondeu — Sim! Eu dormi bem! E você? Dormiu bem?

Sim! Obrigada! Eu agradeço muito por sua hospitalidade senhor. — Respondeu Jennifer contente.

Bom! — Falou Gregory antes de retornar ao trabalho.

Jennifer então se aproximou um pouco mais e perguntou — Eu posso ajudar o senhor?

Gregory parou o trabalho mais uma vez e falou — Talvez...

Jennifer continuou olhando para Gregory esperando uma tarefa como um cão espera um osso suculento.

Gregory ao perceber que a garota queria realmente ajudar, pediu — Você poderia pegar alguns baldes de água no poço?

Sim! — Respondeu Jennifer com euforia.

Então a garotinha foi até o poço de pedra ao lado da casa e retirou dois baldes de madeira cheios de água fresca do poço.

Depois de encher os baldes, Jennifer retornou á Gregory que havia parado para descansar um pouco e limpar a sua pá com um pano branco.

Jennifer deixou os baldes de água perto de Gregory e percebeu que a pá que ele limpava não era uma pá qualquer!

O metal da lamina daquela pá era feito de ferro de anão! Um metal produzido apenas nas montanhas remotas do oeste, onde se localiza o reino dos anões.

O senhor já foi ao reino dos anões? — Perguntou Jennifer enquanto admirava a pá.

Gregory olhou para os olhos da garota e olhou para pá, percebendo então a origem da pergunta, antes de responder — Sim! Mas isso foi há muito tempo!

O senhor gostou de lá? — Perguntou Jennifer.

Sim! É um lugar calmo e tranquilo, mas com muito trabalho, ferro, e anões! — Respondeu Gregory.

Jennifer: — Entendo... O senhor é do reino do norte não é?

Gregory: — Por que você acha que eu sou de lá?

Porque eu tenho uma amiga que mora no norte! O nome dela é Eleanor. E ela é bem reservada! Igual ao senhor. — Respondeu Jennifer.

Gregory sorriu debochadamente e falou — Sim! Eu sou do norte! Mas eu não sabia que você conhecia a princesa do norte! Como também não sabia que você conhecia ferro de anão.

Jennifer sorriu e respondeu — É que eu já vi algumas ferramentas com esse tipo de metal. Hehehe...

Entendo... — Comentou Gregory com um olhar desconfiado.

Porem apesar das conversas estranhas da garota, Gregory percebeu que Jennifer era na verdade apenas uma garota muito fofa e gentil, que apesar de ser bastante curiosa, sabia respeitar os limites impostos pelos outros.

Ao anoitecer, Gregory e Jennifer comeram cenouras cozidas e beberam chá de erva-doce. Depois Gregory ordenou que Jennifer voltasse para o quarto-porão e que se deitasse para dormir.

Jennifer obedeceu, mas pediu para Gregory ler um livro ou contar uma historia para ela.

Gregory então escolheu um dos vários livros que ele escrevia e começou a ler o conto para a pequena garotinha que logo adormeceu.

Ao perceber que Jennifer havia dormido, Gregory se levantou em silencio e beijou a testa da garotinha depois de falar — Boa noite, Joshua!

Depois o grande homem saiu do local silenciosamente e trancou a porta do quarto, sem perceber que alguém espionava pela pequena e discreta janelinha.