“Oh, and it’s breaking over me
Thousand miles down to the sea bed.
I found the place to rest my head.”

Sally encarou Poseidon. Olhos verdes, mãos calejadas, pele bronzeada de sol. Cheiro de sal. Lábios finos. Cabelo negro, repicado. Ombros largos.

Ela se perguntava se Percy teria as mesmas características.

— Sally, terá de esconder esse bebê — ele afirmou, com certa frieza no toque quando cobriu sua mão. Isso a fez se lembrar, ironicamente, das noites em que essas mãos tinham a mesma temperatura que as ondas quentes do Caribe, um dos lugares que ele lhe mostrara. O cheiro do mar parecia ainda impregnado em seu cabelo.

— Percy estará em boas mãos, posso lhe garantir isso. — Sorriu, cansada, reforçando o nome da criança para que Poseidon deixasse de asneira e percebesse que era uma criança, não um problema.

— Zeus terá a cabeça de nós dois se descobrir — ele avisou, mais uma vez, mas ela não deu bola. Estava estranhamente de cabeça leve. Só de pensar em seu pequeno bebê, sua barriga parecia se aquecer e suas mãos coçavam com a necessidade de abraçá-lo.

— Ele não vai descobrir, tomaremos medidas. E meu horário está acabando, tenho de voltar para a loja logo.

Ela se levantou, batendo as mãos no avental como se estivesse tirando o pó quando só tinha tomado água. Sabia que era loucura sua, mas podia sentir pequenos grãos de areia por toda a extensão de seu corpo.

— Quando ele nascer, posso visitá-lo? — veio a pergunta, depois de um certo tempo. Virando para trás, ela não viu as geleiras do Ártico, mas sim a calmaria dos mares brasileiros.

Os olhos verdes estavam tão intensos sobre si que ela não pôde evitar de pensar em quando ele lhe confessara que ela era a mortal mais linda que ele conhecera.

— Mas é claro! Percy vai adorar conhecer o pai.

"And the arms of the ocean are carrying me
And all this devotion was rushing out of me."