In-Sanidade escrita por Redblue


Capítulo 6
Nos bastidores


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à "i.n.". Então desta vez não teremos a presença do Mart (não diretamente). Mesmo assim é um capítulo importante, retratado na visão de três pessoas diferentes da organização (o já conhecido funcionário responsável por monitorar o Mart e suas transações com o cartão, o responsável pelo trabalho pesado e a chefe do departamento de relações públicas).
Sendo assim, através da visão dos três, será possível entender mais tanto sobre a organização quanto sobre o Senhor B.
Espero que gostem!



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–---- POV Peter Klein

– Eu não quero saber! – gritou o Senhor B, enquanto andava pela sala. – A audiência pode estar ótima, mas os patrocinadores não querem contribuir. Esse moleque tem que fazer algo.

O Senhor B não costumava perder sua calma. Na verdade, eu não me recordava da última vez que o vira daquele jeito. Eu duvidava se apenas os problemas com os fornecedores ocasionaram aquela reação.

– Eu fiz o que o senhor pediu, utilizei a influência da “i.n.” para melhorar a audiência, e melhorou. Eu não sabia do problema com os patrocinadores! – não conseguia disfarçar o nervosismo, que transparecia em minha voz. – O que faremos então? – perguntei.

– Eu te pago um salário excelente para você fazer isso.

Na verdade não era dessa forma que funcionava. Ele me contratou para monitorar os participantes e acatar suas decisões e não tomar decisões, agora ele havia fornecido um passe livre para eu tomar decisões e mesmo assim estava aqui me dando ordens.

– Não podemos condená-lo por não matar os três assaltantes, pois era exatamente o que queríamos, não era? – quem interrompia nossa conversa era Carla, uma loira alta, dona de lindos olhos dourados e belas curvas, responsável pela divisão das relações públicas da “i.n.”. – Sabia que você ia concordar. - nenhum de nós reagiu ao seu comentário. – O Mart ajudou a capturar os três, conforme planejamos e conforme o combinado com o departamento de policia. Isso ajudou a manter nosso relacionamento com eles e, claro, continuar com saldo positivo de favores. Então pare de reclamar!

O que aquela mulher tinha sobre o Senhor B eu não sabia, mas com certeza era algo extremamente comprometedor, pois ela sempre o tratava daquela forma e ela continuava trabalhando na "i.n." e ocupando um cargo de extrema importância.

– E quem tomou essa decisão idiota de realizar um acordo estúpido como esse? – perguntou o Senhor B, agora com sua calma de volta. – Sim, você! Não quero saber dos relacionamentos com esses órgãos públicos corruptos, eu quero que o programa tenha sucesso. Simples.

– Capitalista. – a loira retrucou. – Essa sala me incomoda, até meninos. Te espero para conversarmos mais tarde.

E da mesma forma como ela entrou, sem aviso algum, ela saiu da sala, sem nem ao menos fechar a porta.

– Ignorando essa presença inoportuna. – Senhor B disse.

– Sim. Então, acho que para mudar o rumo dos acontecimentos deveríamos travar a próxima transação que o Mart realizar com o cartão. E ele irá fazer outra compra nos próximos minutos. Veja, o rastreador está indicando o caminho para a concessionária de carros de luxo.

– Você acha que vai funcionar impedir que ele compre um novo carro? – surpresa transparecia da voz do Chefe, porém era notável que era um falso sentimento. Ele provavelmente pensara nisso tempos atrás e não quis falar. Velho filho da mãe.

– Provavelmente. Levando em consideração que o vendedor vai ser tão idiota quanto na última vez quando perceber que o Mart não é rico.

– Então vamos depender de uma possível reação do vendedor?

– Na verdade podemos garantir que ele irá tratar Mart dessa forma, desde que o senhor permita que eu o contate e ofereça alguns trocados. – sugeri.

O Senhor B voltou a andar pela sala, enquanto pensava no que eu acabara de sugerir. Não era uma ótima ideia, mas era boa o suficiente para cumprir o que ele queria.

– Pode agir.

E eu agi. Liguei para o vendedor e após alguns minutos de conversa consegui convencê-lo que o Mart era um garoto mimado, que recebia privilégios dos pais milionários, sendo eu um deles, e que tivera o cartão bloqueado, pois estava gastando muito. Ofereci algumas centenas de dólares para que ele agisse como um idiota com Mart. Minha justificativa era de que ele merecia um castigo pelas suas atitudes irresponsáveis. Ele aceitou, porém condicionei a transferência do pagamento pela sua ajuda após a “pegadinha”.

Quando recebi as solicitações de compra em um das telas, não as autorizei. Não autorizei nenhuma das três tentativas de compras de Mart.

Sua reação em cada uma foi maravilhosa e eu agradecia em silêncio poder acompanhar tudo aquilo através das câmeras de segurança.

– Ele está reagindo. – apontei para a tela do monitor. - Não! Ele realmente vai pegar o carro sem pagar. – comentei.

– Espera. Isso não é tudo.

As câmeras não forneciam som, nós conseguíamos ouvir o que estava acontecendo graças aos celulares, que foram programados para captar o som em sua volta. No entanto, naquele momento, apenas as imagens eram necessárias para entender o que acontecia.

Mart segurava uma das armas da “i.n.” e a apontava para a direção do vendedor e do segurança.

– Ele não vai atirar. – eu disse.

– Ele vai sim. – Senhor B disse, com um tom confiante e macabro em sua voz. Aquele velho era maligno.

Dois tiros. Dois corpos caídos no chão.

Mart acabara de deferir dois tiros no meio do peito de cada um deles. Dois tiros certeiros. Duas mortes.

Nos últimos anos o que eu mais presenciara eram mortes por motivos idiotas - querendo ou não, era uma das consequências de fornecer armas às pessoas comuns. No entanto, eu sempre me chocava quando o participante cometia o primeiro homicídio.

– Bom trabalho, Peter. – disse o Chefe, enquanto saia da sala. – Continue acompanhando todos os passos do Mart.

–---- POV Silva

– Chefe, devemos retirar os corpos ou adotamos o protocolo alternativo? – perguntei para o Senhor B.

– Podem retirar! E sejam rápidos. – respondeu. – Mas, continuem me informando sempre que houver a necessidade da retirada de corpos, não iremos retirar sempre.

– Tudo bem. – respondi. – Só uma coisa, consegui contatar o segurança com antecedência e fiz o combinado, conversei sobre nossa proposta, dele agir conforme nossas direções com o garoto e que, caso ele fizesse isso, o contrataríamos.

– Então o que era todo aquele sangue? – o Chefe questionou.

– Era disso que queria conversar. Além da proposta eu direcionei para que além do colete a prova de balas, ele utilizasse um dispositivo que soltasse sangue, como nos filmes, para ficar verossímil.

– E o outro? O vendedor.

– Ele morreu mesmo. Não quis seguir nossa sugestão.

– Verossímil? Tomando decisões sem me consultar? – O Senhor B falava para sai mesmo enquanto andava pela sala. – Talvez alguém esteja com um desejo de morte.

– Senhor B. Não era isso que eu queria. Eu simplesmente achei que não seria acreditável apenas um dos dois sangrar após tomar um tiro. – comecei a explicar de forma desesperada. Precisava consertar aquilo, não queria ser vítima da fúria do Chefe. Era incrível como mesmo eu, um homem de dois metros de altura, viciado em academia, conhecedor das artes marciais, tinha medo daquele pequeno homem.

– Você achou...

– Senhor B, a audiência e os fornecedores descobririam a farsa.

– Tudo bem. – ele disse, com seriedade. – Você fez o que eu esperava de você. Ajudou o programa continuar perfeito.

– Obrigado pela compreensão, Senhor. – disse, olhei para as minhas mãos por um momento e percebi que estavam molhadas de suor.

– Agora termine o seu trabalho. E, Silva. Cuidado.

Aquela última palavra, aquele pequeno “cuidado”, conseguiu causar arrepios por todo o meu corpo.

–---- POV Carla Heide

– Fale daquela forma comigo novamente e eu mato você, mulher. – o homem em minha frente falava de maneira calma, mas eu notava o sentimento de ódio através do seu olhar.

– Sério Black? Vai me tratar desse jeito, como se eu fosse um simples funcionário da “i.n.” – perguntei.

– Você É um funcionário! – ele gritou.

– Você sabe bem que sou muito mais do que isso. – disse calmamente. Decidi há muito tempo atrás largar meu orgulho e não rebater as ignorâncias de Black com ignorância. Afinal, ele era o chefe daquela coisa toda. E, além disso, contra atacar com calma e sensatez o irritava muito mais.

– Não imp...

– Lembre-se do que seria desse programa sem as minhas influências – o interrompi. – Agora, mudando de assunto, não gosto do rumo que esse programa está tomando. Esse garoto Mart vai ser ótimo para a audiência e para os patrocinadores. Mas, não sei, sinto que ele tem potencial para nos foder de uma maneira nada agradável.

– Sente? Não estou muito preocupado com intuições, Carla.

– Olhe a história do garoto. Ele é genial, mas sempre escondeu essa genialidade. Nós sabemos muito bem que ele não é completamente são, mas foi dissimulado o suficiente para passar por todos os psicólogos durante a infância. E, além disso, você viu a reação dele ao “matar” duas pessoas? Ele simplesmente não teve reação! – exclamei. Observei a expressão de Black, ele estava prestando atenção nas minhas palavras, talvez eu conseguisse convencê-lo – Foi como se ele tivesse pisado em uma formiga.

Black parou e refletiu sobre o que eu havia falado por alguns minutos.

Foi então que um sorriso surgiu em seu rosto.

“Droga!”

Minhas palavras não foram suficientes para persuadi-lo. Eu havia falhado na minha missão.

– Mudança de planos. Vamos nos reunir no auditório. Leve todas as suas coisas. Quero os gerentes e os funcionários chaves de todos os departamentos reunidos. Iremos cuidar desse programa durante as próximas horas. Eu supervisionarei para que o garoto não seja uma ameaça para nós.


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Notas finais do capítulo

E, leitores belíssimos, comentem! Críticas. Sugestões. Elogios. Dúvidas. Desabafos. Não importa, podem comentar. Façam um escritor feliz :DD



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