Espantar Carllie Duhamel da minha vida estava se tornando uma tarefa hercúlea, a garota era um misto de insistência e doçura realmente irritante, enquanto eu tentava passar despercebida pela vida ela fazia questão de parar meu curso e oferecer um cupcake acompanhado de um de seus sorrisos divertidos. Se Angelina não havia percebido ainda que ali estava se formando uma amizade ou a infeliz era cega ou tornou-se piedosa o suficiente para me conceder uma aliada. Mas mesmo que a paz estivesse estranhamente restaurada eu ainda evitava a garota e ela ainda insistia em tentar dialogar em meio aos meus resmungos.

No domingo de tarde eu não tive que ir trabalhar no Charllote's Café e meus trabalhos acadêmicos se encontravam perfeitamente concluídos o que me dava tempo de sobra para passar a tarde assistindo pelo computador aos jogos do Red Sox- pelo menos os que já tinham acontecido, já que a World Series* ainda não havia começado - e me entupir de pipoca de microondas.
Esse era meu belo plano para uma tarde agradável de domingo.
O que não aconteceu também porque fui interrompida num belo Home Run do Mike Napoli**. Levantei da cama com raiva e ao mesmo tempo surpresa pois ninguém nunca bate a minha porta, mas mesmo surpresa resolvi abrir logo e lançar meu melhor olhar frio para minha fonte de irritação. E lá parada como que por mágica estava a fonte Duhamel com seus olhos pidões e biquinho comovente.
– O que diabos você quer comigo Duhamel?- perguntei entredentes.
– Oi Eryn ( apelido sem autorização dado pela mesma), tudo bem?- perguntou num fio de voz.
– Estava maravilhosamente bem até você aparecer, diga logo o que quer Scarllet- respondi olhando-a impacientemente.
– Eu estava pensando...
– Então você pensa!!- cortei-a maravilhada com a declaração.
– Claro que penso dãh!!!

Olhei impaciente para seu olhos azuis irritantes, em toda uma galaxia, por quê justo eu tenho de aguentar tudo isso? Por quê tenho esse estranho senso de proteção em relação a essa garota? Eu bem que poderia deixar que a Snow devorasse ela, mas é claro que eu não faria isso porque Maia me ensinou a não ser injusta e covarde...merda, eu aprendi muito bem isso.
– Prossiga Scarllet- murmurei
– Bom como eu ia dizendo... Quer ir a um barzinho comigo? Tem musica ao vivo, rock do bom sabe? Seria maravilhoso, o que acha?- disse rapidamente e de uma vez.
A incrível arte de falar só com perguntas era algo raro, poucas pessoas recebiam a benção divina da fala/ questionamento do FBI e Scarllet era uma dessas pessoas.
– Se eu aceitar você para de me encher o saco e querer tão desesperadamente minha amizade?- perguntei vitoriosa.
– Sim, talvez eu faça isso, porém se você gostar eu não saio mais do seu pé- respondeu sorrindo.
– Fechado, vou me vestir, entre e não mexa em nada okay?
Ela concordou com um gesto de cabeça e eu fui me arrumar o mais rápido que pude, afinal quando mais cedo chegar, mais cedo sairei das garras da pequena Dorothy persuasiva. Sai em uma procura desenfreada por algo limpo e confortável no meu guarda-roupas, quando encontrei as peças estendi-as sobre a cama, mas optei por algo simples e nada sexy.
Vesti uma calça jeans e calcei meus tênis, olhei-me no espelho e estava apresentável, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e por ultimo peguei minha jaqueta preta de couro sintético. Depois de escovar os dentes e passar desodorante eu estava pronta para passar raiva perto de jovens alcoólatras e sexualmente ativos de modo exagerado.
– Estou pronta- declarei a contra gosto.
Scarllet que passara o processo todo de observação silenciosa me olhava espantada.
– Que foi?- perguntei confusa.
Ela fez uma cara de desgosto enorme.
– Você vai vestida assim?- perguntou incrédula.

Olhei-me no espelho mais uma vez, não havia nada de errado com a minha roupa, eu estava decente e confortável.
– É claro que vou, tem algum problema?
– Claro que tem, se você quer sair de lá com alguém temos aqui um sério problema- declarou indo em direção ao meu guarda-roupas.
– Duhamel não ouse abrir essa porta, ou você vem comigo vestida assim ou eu não vou a lugar nenhum- murmurei.
Ela paralisou derrotada e veio em minha direção, depois de fechar a porta segui a garota para onde quer que ela me levasse...

Porém, quando desci do ford mustang 69 (caranga admirável diga-se de passagem) de Carllie, fiquei atônita com a visão de onde fui parar.
A rua deserta era quase que toda escura, não fosse o letreiro em vermelho e neon escrito Deano's, o que na minha humilde opinião só piorava o aspecto do lugar.
Na calçada haviam inúmeras guimbas de cigarro espalhadas quase que artisticamente junto de latas de cerveja barata.
Algumas motos estavam estacionadas perto da entrada do " barzinho" e o cheiro de suor e tabaco me atingia com a mesma intensidade que as rajadas de vento gélidas.
A cereja do bolo foi um segurança gigante, barbudo, tatuado e com cara de poucos que nos recepcionava.
Olhei para Scarllet e a infeliz tinha um sorriso de orelha a orelha como se estivesse no paraíso.
– Que diabo de lugar é esse?- sussurrei para ela.
– É o Deano's o melhor bar da cidade- respondeu com orgulho.
– Isso é um antro de fumaça e álcool, que banda vai tocar aqui? Os Motoqueiros Do Asfalto?- perguntei debochadamente.
Ela me olhou sem entender e me puxou para perto da entrada onde o super segurança estava encostado nos observando curiosamente.
– Iai Joe beleza?- cumprimentou ela.
– How Scar quase não te reconheci sem sua cabeleira vermelha, quem é a garota?- perguntou sem me olhar.
– Uma grande amiga, Eureka esse é Joe Smith, irmão do Dean dono do Deano's- apresentou-nos.
Estendi a mão para ele e o mesmo a apertou forte, esmagando meus dedos.
– É um prazer Joe- sorri para disfarçar a dor latente nos dedos.
– Nome diferente - disse soltando meus pobres dedos de seu aperto de urso. Scarllet me olhava de um jeito diferente, como se estivesse esperando alguma reação de minha, mas apenas dei de ombros tanto ao comentário comum de Joe quanto ao olhar esquisito de Carllie.
– Bom cara sem mais apresentações, deixe agente entrar?- perguntou ela.
– Claro, mas quantos anos tem você Eureka?
– Dezoito- murmurei.
– Ok, estão liberadas, mas nada de bebida Scar, você bem se lembra do que aconteceu- alertou-a pesaroso.
– Sem problemas- respondeu com um sorriso.

Fiquei realmente tentada a perguntar o que aconteceu da ultima vez, mas não queria que ela pensasse que estava curiosa a seu respeito, então fiquei calada e entrei na chaminé Deano's.