Desde aquele dia, se passaram alguns meses e eu comecei a ficar desesperada. Passei a usar roupas mais largas, comer menos, tudo para conseguir disfarçar o que estava acontecendo. Só que depois de um tempo estava ficando muito visível... Estava num banco vazio, mas quando olhei para o meu lado, vi Ártemis olhando fixamente para mim, apertando os olhos. Que ótimo momento para ela aparecer. Adoro esse meu azar.

– O que você está fazendo aqui?? - disse eu, olhando desesperadamente para todos os lados (exeto para o rosto dela), como se estivesse procurando algo e me faltassem os óculos.

– Eu vim aqui para te dar um comunicado urgente, sobre as Caçadoras. - disse ela.

Abracei meus joelhos e coloquei a cabeça sobre eles.

– Pode... pode falar. - Tentei soar séria e não como alguém que está surtando.

– Mas antes, só por curiosidade... Você nunca fez essa posição na sua vida, e por que está tão agitada? Tem alguma coisa de errado? - indagou Ártemis.

– NÃO TEM NADA DE ERRADO. NADINHA.

– Sente normalmente. Rápido.

Me sentei, depois coloquei os cotovelos sobre minha coxa, e minha cabeça ficou apoiada em minhas mãos.

– Você está de brincadeira com a minha cara? - perguntou ela, erguendo uma sobrancelha.

– Não, não...

Ela me encarou meio "revoltada" e colocou a minhas mãos no banco à força.

– O que está acontecendo? ...estou pensando em uma coisa que...não, isso nunca iria acontecer. Ou será que é isso?

Parece que ela estava pensando alto mais uma vez, como sempre. Provavelmente não percebe quando está pensando ou falando em voz alta...?

Seria melhor eu contar a verdade logo?

– Hã... Acontece que... que eu...

–...Tem como falar mais rápido, por favor?

– E-eu estou.... estou gráv....

Sem ao menos deixar eu terminar a frase Ártemis apenas arregalou os olhos e já começou a berrar:

– ESPERA AÍ, COMO ASSIM? EU TE DOU APENAS UMA NOITE COM O MENINO E VOCÊ RESOLVE TER UM FILHO????

Estava muito em choque para poder falar alguma coisa. Apenas fiquei em silêncio na esperança que ela se acalmasse (e eu também).

– NÃO ACREDITO NISSO! VOCÊ E SUA IRRESPONSABILIDADE! O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA AGORA???

E assim se passou muito tempo para que ela se acalmasse.

– Bem, Thalia, não posso fazer mais nada. Acho que chegou a sua hora.

Quando ela disse aquilo, percebi o que havia feito e senti um peso na consciência. Comecei a tremer. Por que estou com tanto medo? Já estava ciente de que isso aconteceria, e já tinha aceitado, então por que?? Eu realmente não quero morrer, preciso de alguma forma de sair dessa... eu ainda quero viver!!