- Não, não mocinha! Você vai entrar aí sim!
- Isso não é pra mim pai. Quantas vezes eu já falei...
- Bianca, eu não aguento mais você naquele joguinho o dia inteiro!
- Não é um joguinho... É WoW e eu sou uma elfa muito...
Gael revira os olhos e empurra a filha adiante para não ter que ouvir mais explicações sobre RGP, ou RPG? Ele não tinha certeza, mas já estava cansado de ver a garota o dia inteiro no computador e então mexeu os seus pauzinhos pedindo para que Panda a aceitasse em sua classe de teatro, porque há sim, Bianca precisava ser aceita... Ela não seria nada fácil.
Finalmente entraram na sala escura, um garoto estava de costas no palco e Panda, como o restante da classe, esperava impaciente o que fosse que ele fosse fazer. Bianca avistou sua irmã entre os presentes e irgnorando o pai sentou-se ao lado dela.
- Relaxa, maninha. Não é tão ruim, você vai acabar gostando.
- Não tem nada pra mim aqui, Karina.
O tal garoto ainda estava de costas no palco. E de repente ele se virou. E algo nele a fez querer ficar.
- Que luz se escoa agora da janela? Será Julieta o sol daquele oriente? Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que, como serva, és mais formosa que ela. Deixa, pois, de servi-la; ela é invejosa. Somente os tolos usam sua túnica de vestal, verde e doente; joga-a fora. Eis minha dama. Oh, sim! é o meu amor.
Todos aplaudem empolgados.
- Quem é?
- É o João. - responde Karina rindo da expressão apaixonada de Bianca. - Mas ei, ele já tem dona.
Os aplausos continuaram e ela sentiu uma olhadela rápida do tal João pelo recinto passar por ela. Bianca só queria que tivesse parado. Que ele a percebesse. Mas ele não o fez... CLAP CLAP CLAP. O mundo começou a girar, quanto mais uma dor crescia em seu peito. Porque ele não a percebia? E então os olhos claros dele pousaram nos dela.
Bianca acordou em um pulo. Olhou para o relógio ao lado da cama. 03:40. Seu coração ainda batia acelerado e João não estava ali para fazer tudo ficar bem.