POV Alice

Nos últimos 9 meses eu havia, com sucesso, fazer com que minha vida desse uma volta de 180 graus, o que agora mais parecia uma de 360, já que ele havia subitamente voltado a ela.

Por que raios havíamos pedido aquela pizza? Eu nem gosto tanto assim de pizza, e por que daquele lugar? Por que Matheus não pediu do lugar de sempre? Será que foi por causa dos cupons? Malditos sejam aqueles cupons.

Na verdade não, maldito seja o entregador! Por a um ano atrás ter quebrado meu coração em 1001 pedacinhos.

*Flashback on*

Eu já não aguentava mais.

Talvez sempre soubesse que nunca poderia substituí-la em seu coração. Mas por alguma estranha razão preferia ignorar todos os fatos que me levassem para esta triste conclusão, pois talvez ainda tivesse a pequena esperança de que um dia tudo isso mudaria.

O que não aconteceu.

Toda vez que trocava meu nome com o dela, toda vez que dizia seu nome enquanto dormia ao meu lado, toda vez que lembranças dos dois juntos apareciam em minha mente sem serem convidadas, a ferida em meu coração ficava cada vez maior.

Esta seria a última vez, a definitiva, desta vez iria embora e não voltaria mais. Não seria como as outras vezes onde amarelei miserávelmente e o perdoei voltando para o conforto de seus braços.

Sentada na cama, lágrimas escorriam pelo meus rosto. Nem sequer conseguia olhar para ele, ainda adormecido, muito menos falar diretamente com ele. Como eu conseguia ser tão patética?!

Ao levantar meu (em breve) ex-namorado se despertou e logo perguntou:

– Aonde está indo?

Com todo o esforço do mundo tentei fazer com que as lágrimas parassem de cair. Quando o choro finalmente cessou respondi baixinho.

– Estou indo para casa.

Enquanto arrumava as últimas coisas para minha partida, memórias nossas começaram a encher minha cabeça, lembranças felizes mas dolorosas. Tentava ao máximo ignorá-las mas as circunstâncias atuais me impediam de fazer tal coisa. Mas agora todas aquelas lembranças, todos os beijos, carinhos, e noites que passamos juntos não seriam nada mais nada menos do que sonhos, como aqueles com quais sonhava quando tinha 16 anos.

– Ally o que há de errado com você hoje?

– Comigo? Não há nada de errado! Nadinha. - Mentira. E provavelmente ele sabia disso, até uma criança perceberia isso. As vezes fingir que as coisas estão bem quando não estão é mais difícil do que parece.

– Eu sei que está mentindo, você anda estranha desde cedo. - Será que pelo o amor de Deus somente desse vez ele poderia calar a boca. Seria bem mais fácil se ele me deixasse ir em dizer uma palavra.

Virada para a parede, pensei muito bem no que dizer naquele momento, será que era melhor continuar mentindo? Não, não iria continuar com este peso em meu coração, esse seria o dia em que diria tudo o que sempre quis.

– Lucas, será que você já pensou por pelo menos um segundo que eu quero mais do que isso? - Perguntei dando ênfase no isso.

– Do que? - Ele claramente estava confuso, era óbvio, mas não era a primeira vez que tocávamos naquele assunto.

– Olha, eu vou ser 100% sincera com você, eu não sou cega, eu sei que você ainda não se esqueceu dela, eu sei também de que esquecer alguém que você amou tanto, por tanto tempo é muito difícil e leva algum tempo. - Disse sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos novamente.

– Você não sabe do que está falando, é o meio da noite, talvez você ainda esteja com sono. Vem, deite-se aqui que eu tenho certeza de que até amanhã tudo vai ficar bem.

– Eu sei muito bem do que estou falando, eu venho pensando nisso já a um tempo. E pra mim já chega! - Pronto, agora acabou, eu disse o que tinha de ser dito.

– Você está realmente desistindo de nós, eu nunca pensei que você fosse fazer isso. - Um riso sarcástico agora saía de sua boca.

– Desistir, você realmente acha que EU estou desistindo? - Como ele ousava dizer uma coisa daquelas? - Quem desistiu primeiro foi você! Desistiu de seguir em frente, abrir seu coração, se apaixonar novamente! - Sabia que meu tom estava bastante alto, e que talvez fosse incomodar os vizinhos, mas naquele momento tudo o que eu mais queria era dizer o que eu sentia.

– Mas… - Meu monólogo foi por um segundo interrompido por ele, mas de forma nenhuma o deixaria me interromper neste momento, eu estava finalmente conseguindo falar tudo que estava na minha mente e em meu coração.

– Nada de mas! Sabe... Eu realmente tentei fazer tudo para você se esquecesse dela e começasse a gostar de mim, mas depois de ter terminado com a Melissa você realmente mudou. Em momento nenhum eu desisti, eu simplesmente cansei. - Agora as lágrimas escorriam sem controle pelo meu rosto.

Não tinha mais nada a ser dito, como ele iria retrucar aquilo? Ele mesmo sabia de tudo aquilo, não precisava ser nenhum gênio para perceber que ele ainda tinha profundos sentimentos por ela. Enquanto me direcionava para a porta de seu quarto, ele agarrou meu pulso novamente o que me fez quase que instantaneamente olhar pra ele.

Eu não tinha certeza mas depois de alguns segundos olhando no fundo dos olhos dele, acho que ele se tocou, eu não queria mais ver ele. Ficar no mesmo lugar que ele, doía e acredito que meu olhar havia passado todos os sentimentos ruins que sentia ao olhar e falar com ele naquele momento, pois pouco a pouco foi soltando o meu pulso me deixando finalmente ir.

*Flashback off*

Pensando bem… Talvez a culpa de tudo isso sempre fora minha.