Alguém que sofra as desilusões do amor promete a si mesmo trancar o coração para sempre... E fora o que aconteceu comigo. Assitir a pessoa que você ama nos braços de outro alguém te machuca de maneira que você passa a ter medo de se arriscar novamente. Fui ferido e me acovardei. Nunca mais entregaria meu coração a ninguém e por muito tempo foi assim...

Agora eu vivia infeliz comigo mesmo. Passei a acreditar que eu nunca seria bom o suficiente para qualquer pessoa e já não acreditava nas palavras ditas pelos outros. Quando me diziam “eu te amo” já não sabia se era verdade. O sorriso quando me dirigiam essas três simples palavras era confuso para mim.

Minhas lágrimas eram as únicas amigas com quem eu podia contar. Lágrimas que preenchiam meu travesseiro toda noite e que me encorajavam quando eu fraquejava, quando eu já estava desistindo de mim mesmo. Via o mundo me dando as costas e simplesmente aceitava.

Não achava que isso iria mudar, mas no mês de maio de um dado ano decidi tentar algo novo. Acabei encontrando o conforto que eu tanto precisava com novos amigos. Não importava que apenas os conhecia pela internet, eu sentia que algo mais forte nos ligava.

Eu finalmente me sentia um pouco mais feliz e aos poucos voltava a sorrir como costumava fazer. Ficava feliz toda vez que um deles aparecia, mesmo que a conversa não passasse de um “oi” e um “tudo bem?”. Para mim já era especial.

Então apareceu alguém diferente. Alguém que no início via apenas como mais um amigo. Ele me disse que se chamava YunHo e morava em outra cidade. Fiquei um pouco triste, pois assim como os demais adoraria ter a oportunidade de conhecê-lo. Ele já namorava e, por mais que essa palavra me ferisse por dentro, eu sorria e ficava feliz por ele ter alguém ao seu lado.

Um dia perguntei sobre como andava o relacionamento dele já que havia se passado algum tempo desde que ele parara de comentar sobre isso. Tudo o que pude fazer foi dizer que sentia muito. Saber que o coração de alguém por quem se tem tanto carinho se partiu é como se o seu tivesse partido. Fiz meu melhor para tentar animá-lo, mas eu sabia que seria difícil para ele aceitar tudo aquilo.

Novamente fiquei com medo de me apaixonar. Vejo que hoje o amor não significa mais nada. Quando se diz que ama alguém é o mesmo que dizer “eu acho que gosto de você” e se você acredita demais acaba se ferindo mais tarde. É muito mais fácil se fechar em um casulo do que se aventurar.

Aos poucos o ar vívido que ele tinha ia voltando e meu sorriso foi se abrindo. Perguntava por vezes se ele havia achado outra pessoa de quem ele gostasse e ele só me respondia que gostava de alguém, mas essa pessoa não queria se envolver. Preferia não continuar muito aquela conversa, mesmo que isso me incomodasse. Não o queria ver preso a alguém que ele sabia não ter chance, mas o coração é quem escolhe.

Fora no dia 14 de novermbro. Não parecia nem mais belo nem mais cinza que outro qualquer, mas ele foi diferente. Neste dia eu quebrei minha promessa. Uma promessa que havia feito há tanto tempo. Uma sequência de indiretas que demorei a entender. Eu já havia lhe contado sobre minha trágica vida amorosa, então eu era aquela pessoa que eu odiava secretamente por prender aquele ser com o qual eu tanto me preocupava.

Li aquelas letras grafadas tão sinceramente formando ideogramas na tela de meu computador. “Quer namorar comigo?”. Senti minha respiração parar e já não ouvia meus batimentos. Fiquei estático por um tempo que eu não me recordo. O medo me tomava de novo. Eu não sabia se estava pronto para tentar mais uma vez, mas algo nele fazia com que eu me sentisse bem. Se um dia eu voltaria a entregar meu coração este era o dia e não seria para ninguém mais além dele... Meu YunHo.

Senti meus dedos pressionarem cada tecla, provando da textura doce de como aquela palavra soava. “SIM”, respondi. O gelo em meu coração derreteu e se converteu em lágrimas que deixei escapar. Um sorriso aliviado preencheu meu rosto e quando me dei conta percebi que eu também nutria esses mesmos sentimentos por ele... Eu só não os aceitava.

Agradeci silenciosamente à ele. Um anjo que havia me mostrado que eu não precisava ter medo de querer ser feliz. Que me disse algumas verdades que eu quis ignorar, mas que agora faziam sentido. Mais uma vez eu não me sentia bom o suficiente para ele, mas eu deixaria que nossa história fosse contada como deveria ser.

Passei a viver apenas para ele. Quando eu ligava o computador era ele quem eu esperava tão ansiosamente estar ali me esperando. Por muito tempo fiquei sonhando com nosso encontro que nenhum dos dois sabia quando iria acontecer. Quando acordava via seu rosto sorrindo ao meu lado, que logo era levado pela rala luz do sol que entrava por entre a cortina nas manhãs de Dezembro.

Tudo parecia um sonho, mas nem sempre os sonhos permanecem alegres sempre. Uma hora você está flutuando sobre as nuvens, outra você cai infinitamente de encontro ao chão e não demorou muito para isso acontecer. O ex-namorado dele pedira que ele o acompasse a algum lugar onde pudessem ficar a sós. Meu coração voltou a se fechar enquanto ele me relatava o que tinha acontecido.

Não queria saber o resto, mas eu precisava. Tinha que saber se a proposta seria aceita e acreditava que outra estaca seria enfiada a sangue frio em meu peito, mas eu estava errado. Quando perguntei se ele queria esquecer o presente e fingir que nós nunca estivemos juntos para que ele pudesse voltar com o ex-namorado, recebi uma resposta que agora me fazia realmente acreditar.

“Eu não quero voltar com ele! A única pessoa com quem eu quero estar agora é você!”. Deixei meu rosto ser molhado aos poucos. O medo de ser trocado mais uma vez que me tomara instantes antes, agora se esvaia e ia para longe. Só pude responder como sempre um “obrigado”. Me sentia impotente por estar sempre sendo salvo por ele e só poder agradecê-lo por ser tão gentil e por ter me ajudado a encontrar uma felicidade que eu já havia desistido de perseguir.

Os dias continuaram se passando e eu continuei sonhando em poder finalmente encará-lo nos olhos e dizer com toda a sinceridade esboçada em meu rosto que eu o amava. O primeiro mês de um novo ano havia começado e naquele mês combinamos de nos encontrar em Dezembro daquele mesmo ano. Ainda estava longe, mas eu esperaria o tempo necessário para poder abraçá-lo com todo o desejo que eu sentia.

O tempo se foi tão depressa quanto uma brisa de inverno. Vimos o amor que cultivamos crescer esplendorosamente. Nem o tempo nem a distância que nos separava o havia desgastado... Muito pelo contrário... O fortalecia cada vez mais.

Sentia o frio do inverno que se aproximava, e quando me dei conta, já estávamos em Dezembro. Estávamos no mês marcado para nos encontrarmos, só não sabíamos quando isso iria acontecer. Todo dia acreditava de alguma maneira que ele estaria no portão do meu prédio, me esperando chegar de alguma coisa que eu tenha decidido fazer naquelas férias que mal haviam começado. Mas ele nunca estava... E minhas esperanças continuavam acesas enquanto as datas do calendário de Dezembro eram riscadas.

O vento cortava meu rosto enquanto caminhava mais uma vez em direção ao meu edifício depois de sair com alguns amigos. Estava agasalhado da cabeça aos pés. Decidi ligar para ele. Aquela angústia de saber quando ele viria me tomava a todo o instante.

- Alô! – ouvi sua voz meio sonolenta.

- Yun! É você? – respondi.

Uma figura sentada próxima a calçada aos poucos se virou e foi então que o vi pela primeira vez em pessoa. Meu coração parou de bater por um segundo e achei que iria desmaiar. Senti um frio em minha barriga, apenas o encarei ainda atônito e sem saber o que fazer. Ele ainda estava com o telefone próximo ao ouvido assim como eu, mas seus lábios entreabertos já não se mexiam. E ele me encarava enquanto lágrimas escorriam pela beirada daqueles olhos castanhos tão profundos.

Meu coração voltou a bater e agora meu peito parecia explodir de tanta emoção. Um nó em minha garganta se formava, e me permiti chorar silenciosamente. Desviei meu olhar do dele e guardei meu celular em meu bolso. Não sabia por quanto tempo ele aguentaria ficar sob aquele ar congelante vestindo roupas tão leves.

Caminhei em direção a ele com passos nem lentos nem apressados. Abracei... Aquele que era minha vida... Meu mundo... A quem eu devia todos os sorrisos que passei a dar. Os soluços saiam involuntariamente enquanto minhas lágrimas molhavam aquela fina camisa que ele usava.

Aquele momento estava acontecendo... Ele era real... Eu podia sentir seu corpo e o pulsar de seu coração. Minha cabeça começou a ser afagada gentilmente pelas mãos macias do anjo que havia me salvado. Tentava-o proteger da maneira que eu podia do vento gélido que soprava sem fim.

Agora que o tinha ali em meus braços queria poder olhar o homem com quem eu decidi passar o resto da minha vida. Notei aquele sorriso lindo esboçado naquele rosto tão perfeito e tentei mostrar-lhe meu melhor sorriso... Um sorriso que eu havia guardado para ele, e somente ele.

Suas mãos seguraram minha cintura e depositei meus braços carinhosamente em seus ombros, deixando que minhas mãos encontrassem sua nuca. Me perdi mais uma vez naquele olhar tão doce. Senti meu rosto gelado aos poucos se esquentar enquanto notava o pulsar de seu coração.

À medida que nossos rostos se aproximavam sentia sua respiração cálida tocar levemente meus lábios. Seu nariz beijou o meu levemente e novamente senti meu rosto se aquecer. Meu coração batia cada vez mais rápido, mas eu sabia que se eu desmaiasse ele estaria lá para me segurar.

- Eu te amo Jae – ouvi aquelas quatro palavras que por tanto me feriram e que por tanto me pareceram falsas, enfim, ecoarem puras em meu ouvido.

- Eu também Yun – esperava que ele notasse a sinceridade em minha voz.

Senti seus lábios encostarem suavemente nos meus. Permanecemos naquele simples resvalar por algum tempo até que ambos sentissem a necessidade de maior proximidade. Aquele selinho se tornou um beijo tão honesto e apaixonado... Um beijo que eu sempre irei lembrar... O meu primeiro...

Mesmo que o significado do beijo tenha se degenerado pelo tempo, eu sabia que aquele que sustentávamos selava nosso compromisso... Um compromisso que juramos ser eterno...

Um gelo que havia se quebrado... Meu coração agora estava livre e eu voltara a sorrir. Esse anjo havia acreditado em mim quando eu já não tinha mais esperanças em mim mesmo. Por ele eu farei de tudo para agradecer o melhor presente que alguém poderia me oferecer...

“O amor...”

Te amarei para sempre... Meu YunHo!

[Futari ni ha arifureta yasashisa]
[Como o amor, esse carinho que nos rodeia]

[Hana no youni koi no youni utsurou]
[Cresce como uma flor]

[Hikui kumo kaze wo matsu shizukesa]
[As nuvens, o silêncio que espera pelo vento]

[Mou kikoenai]
[Já não os ouço]

[Ryouteni ha furisosogu kakera wo]
[Sempre, sempre abraçando]

[Itsumademo itsumademo daite]
[Esses fragmentos que caem em minhas mãos]

[Saiko made waratteru tsuyosa wo]
[Agora eu tinha a força]

[Mou shitteita]
[Para sorrir até o final]

[Mou nakanai mou nakanai nakanai...]
[Não chorarei mais, não chorarei mais, não chorarei...]