Loving a Player escrita por Carwell


Capítulo 1
Parte 1




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Era uma tarde de inverno comum. Any estava trabalhando na lanchonete dos seus tios, como atendente, como ela fazia em todas as suas férias dês de pequena –seus pais diziam que era importante ela saber o real valor do dinheiro, então ela trabalhava nessas poucas semanas pra poder sair, comprar ou qualquer outra coisa que ela quisesse fazer durante os 2 meses sem ter que ir á escola.
     Mesmo tendo apoio de mais outros dois atendentes atrás do balcão, o trabalho não era tranqüilo. A garota tinha que lidar com todo o tipo de gente, dês de senhoras de idade meio surdas até um tipo particular de garoto, o qual ela chamava de “conquistador”.
     - Eeeei, moça bonita! Quando você sai do trabalho? – Um garoto de boné falou, se apoiando no balcão. Ele e o amigo eram um exemplo perfeito de conquistadores.
- É, quando? Nós vamos ao cinema. Você vai e a gente te leva pra casa depois.
O que ela fazia quando esse tipo de garoto aparecia?
-Como eu posso servi-los?
Ignorava, é claro.
- Aaww, vamos lá! Você pode matar o trabalho.
Any começou a ficar irritada. Quem eles pensavam que eram, afinal?
Garotos desconhecidos que só querem pegar qualquer uma por aí são os piores!
     Seus dedos apertaram a notinha que o cliente anterior não queria, amassando-a com raiva.
     -Como posso servi-los, garotos? – Disse dura, olhando nos olhos deles.
     Vendo que não iam conseguir nada os garotos saíram da lanchonete, em busca de novas “vítimas”, garotas desavisadas e inexperientes que quisessem alguma coisa com eles.
     E ela nunca seria uma delas.
     - Homens imprestáveis! Quem eles pensam que eu sou?!
     - Relaxa, Any, são só garotos. – Disse Marina, uma de suas amigas que havia concordado em trabalhar também só pra não deixar a outra sozinha na lanchonete. – Você sabe, eles amadurecem depois da gente. Pegam todas até não poder mais, e mesmo depois de casados nos tratam como escravas, até que morremos e menos de seis meses depois eles se casam com outra 20 anos mais nova.
     Ter uma melhor amiga tão feminista como Marina conseguia ser meio... tenso. Mas ela estava falando de suas próprias experiências, dos seus pais, o que não era fácil.
     A vida de ninguém é fácil no século 21, amiguinhos.
     -Ah, olha, um outro cliente!
     Marina disse olhando para a porta, no momento exato em que um garoto alto e de cabelo bagunçado entrava.
-Bem-vindo! – Any o atendeu, sorridente.
     - Olá. Err... eu quero o de sempre, hambúrguer, fritas e uma coca, por favor. – Disse o garoto em uma voz grave que arrancaria suspiros da mais inocente e comprometida senhora de toda Londres.
     Era ele. O único garoto que conseguia ser admirado por Any, por ser sempre educado e por... bem, por nunca ter dado em cima dela!
     Todos os outros garotos já estariam passando uma cantada de pedreiro londrina ou coisa assim, mas não esse. Ele era diferente, ela gostava.
     Depois que ele foi sentar em sua mesa com o pedido pago, ela se virou outra vez pra voltar a conversar com Marina, que estava apoiada perto das fritadeiras.
     -Seria muito bom se ele fosse meu namorado... Ele é tão perfeito! Como é que eu posso me aproximar dele?
     - Mas Ann, e se ele não for o que você pensa que ele é?
     - Quer dizer, se ele for... – Ela olhou para a mesa em que ele estava, tranqüilo, olhando pro nada e comendo batatas – Um conquistador?
     Marina fez um aceno de cabeça. Era exatamente isso que ela queria dizer.
     -De jeito nenhum! Ele não pode ser um conquistador!
     - Mas você ao o conhece! Ele vem aqui sempre, mas vocês só se falam quando ele faz o pedido, como você pode dizer que ele não é um conquistador?!
     -Err... bem... ele parece com um, bonitinho e tal, mas ele é tão educado, Maah!
     - Educado, mas isso não quer dizer nada – Marina saiu de perto das fritadeiras e foi atender mais clientes.

     Tinha nevado bastante enquanto Any estava trabalhando. Quando o expediente acabou e ela se despediu de Marina – pois moravam em direções diferentes – ela pode ver até bonecos de neve que crianças haviam montado.
     Bonecos de neve, tão fofos!
     Andou até a London Eye, parando em frente a uma das árvores, e começando a fazer um boneco de neve.
     Era uma pena que ela não tinha nada pra fazer os olhos ou os enfeites dele... nem tinha tanta graça sem isso! Quer dizer, assim ficavam só três bolas empilhadas e sem graça.
     -Oi! Você tá sozinha?
- Nããão, estou com o meu amigo Jeff aqui, não vê? Ele é um bom amigo, mesmo
que não consiga ver ou falar, sabe, por que ele não tem olhos e... hã? - ela ouviu uma voz atrás dela, e começou a falar, sem prestar muita atenção no que dizia. Até que ela se virou, e viu o garoto fofinho que ela achava não ser um conquistador!
     Ele a encarou por um tempo, com uma expressão confusa, e depois pareceu a reconhecer.
     -AAH! Você é a garota do fast food!
     “Que miiiicooo” Pensou “Agora ele deve achar que eu sou doida!”
     - E-eu sinto muito! Eu achei que você era mais um conquistador e nem pensei que você era alguém que me conhecia.
     -Ah, um conquistador? Nossa. Você deve pensar que eu sou estranho. Bom, eu tenho que ir, se divirta com o Jeff, tá? – Ele foi embora, sorridente e acenando.
     Any franziu o cenho, vendo o garoto conversar com outra garota a poucos metros de distância. Não! Então ele era mesmo um...
     -...CONQUISTADOR! – Any gritou em uma voz totalmente aguda, chegando mais perto do garoto, que a olhava de olhos arregalados enquanto a desconhecida que ele falava a pouco ia embora – isso é horrível, você é um conquistador! Normalmente com só um olhar eu posso dizer se um cara é um conquistador ou não, só que eu jurava que você era um cara legal. Quer dizer, você parecia ser legal, mas você provavelmente só fica dando em cima de garotas todos os dias! Isso é tão... tão... ARGH!
     Ela saiu dali, achando tudo aquilo muito injusto. O único garoto que ela gostava era um completo idiota.

     -Ann, Ann! Você não vai acreditar em como nós fomos bobas! – disse Marina de manhã, ao encontrar Any prestes a entrar na lanchonete ara o começo do expediente. – Logo depois que a gente falou no telefone sobre a sua “descoberta” ontem, eu vi um garoto pregando um cartaz em um poste perto da minha rua.
     - Quê, cartaz em um poste? – Any riu, incrédula. – Era sobre o que, serviços de cartomante ou limpeza de privadas?
     - Cala a boooca! Eu estou falando sério, poxa.
     - Okay, nem rio mais.
     - Então – Marina voltou a falar, rápida e bem animada – Eu cheguei mais perto pra olhar e tinha a foto de quatro garotos, falando de um show semana que vem na GAY!
     - E o que isso tem haver comigo? Você quer que eu vá lá e converta alguém daquela boate, é isso? Seria uma coisa boa até, gays não costumam ser conquistadores, ainda mais quando você os converte novamente pro ciclo natural das coisas.
- Não é issoooo – Marina rolou os olhos – Um dos garotos da foto, sabe quem
era?
- Quem?
-O tal conquistador que você tinha achado que era legal! E mais, o nome dele é Ha... Harry Judd!
     Pausa dramátia. Harry Judd. Show. Banda?
     - Grande descoberta. Você saberia quem eu era se tivesse ao menos perguntado meu nome. – Disse Harry, apoiado em uma parede próxima, com uma mão no bolso do casaco e outra segurando duas baquetas.
     Segunda pausa dramática do dia.
     - O que você está fazendo aqui? – Any disse, enquanto Marina entrava na loja pra deixar os dois sozinhos. Que discutissem, ela tinha um horário a cumprir e queria todo o salário no final da semana!
     - Eu não consigo dar em cima de garotas quando estou de estômago vazio. Tenho que passar aqui antes, sabe.
     Any bufou e olhou feio pra Harry.
     - Por que tão irritada, hein?
Ele levantou uma só sobrancelha, quase fazendo Any deixar a pose de durona e suspirar. Só que ela resistiu, batendo o pé em um sinal pra que ele falasse logo.
     - Olha, eu nunca pensei que ser um conquistador fosse tão ruim. Sabe, há muitos caras assim, e eu não sei se eles fazem isso com o meu intuito... É que quando você está procurando por alguém especial, você procura primeiro entre os seus amigos... – Ele começou a falar, indo até ela que ainda estava parada perto da porta.
     A cada passo que Harry dava em sua direção, Any dava um para trás. E foi assim, até que ela estava presa entre ele e a parede, sendo obrigada a sentir sua respiração quente batendo em seu pescoço.
     E ela odiou admitir que aquilo era bom.
     - Você tem que começar de algum lugar e você nem sempre é bem sucedido... – Harry começou a sussurrar no ouvido de Any, ao mesmo tempo em que guardava as baquetas em seu bolso pra poder segurar a cintura da garota com essa mesma mão. – há muitas pessoas que nunca terão sua alma gêmea, por que só a procuram entre esse circulo de amigos. Só que eu não quero isso, e falo com pessoas até mesmo desconhecidas. Eu não quero alguém que só combine comigo, mas que esteja realmente destinado para mim.
     Os olhos azuis de Harry se encontraram com os dela. Any conseguia ver o quanto os sentimentos do garoto eram profundos, o quanto eles eram reais, e, por um momento, desejou ser essa garota de quem ele falava. Sua alma gêmea.
     - Se eu sou um conquistador por causa disso... – Harry foi aproximando seus rostos, até seus narizes se encontrarem, e as respirações se chocarem - ... então eu até me orgulho de ser um.
     Any fechou os olhos, a boca de Harry chegando cada vez mais perto da sua... e se direcionando para sua bochecha, onde o garoto deu um beijo estalado.
     Harry se distanciou, e abriu um largo sorriso. Foi embora acenando. Outra vez.
     Após algum tempo, Marina abriu a porta da lanchonete procurando por Any, e a viu sentada na neve, com a mão sobre a bochecha e um olhar vazio.
- E então, ele era mesmo um conquistador?
- Talvez. Ele é diferente, marina. E eu não faço idéia de como ele realmente é.

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