Time After Time escrita por killersnows, paulohonorato


Capítulo 9
Do I? I do!


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas,

As musicas presentes no capítulo são:
Trying Not To Love You - Nickelback
Only Hope - Mandy Moore

Se preparem para a Montanha Russa que esta se aproximando e Boa Sorte!!



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Meses Antes...

A viagem de volta para Lima fora bem mais rápida, Sam estava decidido a chegar em casa o mais rápido possível, em sua cabeça, não tinham tempo a perder.

Parte de Scarlett desconfiava da motivação dele, mas preferia deixar passar e culpar seu desgosto por cidades grandes. Diferente da ida, eles pararam poucas vezes para comer ou usar o banheiro e não fizeram desvios. Em menos de uma semana estavam de volta a Lima.

Voltaram as suas rotinas, mas com um pequeno diferencial, os preparativos para o casamento estavam à todo o vapor, o casamento se realizaria na Igreja Batista Missionária Philippian, cuja a família da noiva congregava, também era a única que tinha vaga para o mês seguinte. Contratou um decorador para lhe ajudar com a organização e rapidamente já tinha decidido toda a decoração. Fazendo jus a sua personalidade positiva, escolheu algo vintage, com cores entre do dourado ao branco.

Naquela tarde, pegara uma folga do trabalho e foi para casa decidir os detalhes finais, estava em dúvida entre a escolha da cor da toalha na mesa dos noivos, quando ouviu a porta da sala abrir e Sam entrar. Aquele dia tinha sido seu retorno ao New Directions, e sabia que ele estava exausto. Sam desabou no sofá ao seu lado e ela se aproximou, dando um demorado beijo em seus lábios.

“Eu estive pensando.” Ela falou, quando se separaram. Pegou o cartel com diversas cores e mostrou para o noivo. “Que cor combina mais para a nossa mesa, verde água, azul celeste ou esse vermelho vinho maravilhoso?”

“O que você quiser Ca.” Ele respondeu indiferente. Era sempre assim, ela pedia que ele ajudasse na escolha e ele dizia para ela escolher a opção que gostasse mais, porque não entendia sobre essas coisas. Em sua opinião, era uma desculpa para fugir da responsabilidade.

“Mas é importante que você participe de seu próprio casamento Sammy!” Ela resmungou, fazendo biquinho.

“Meu papel é mais importante.” Sam falou maliciosamente. “Eu previno que a noiva fique estressada demais e se torne uma bridezilla.” Sorrindo, o loiro a virou, prensando-a entre o sofá e seu corpo. Beijaram-se demoradamente, aproveitando cada raro segundo que tinham naquele momento e Scarlett comemorou internamente, o fogo que nos últimos meses de namoro que tinha desaparecido, estava revigorado. Sam, desde que eles tinham voltado, estava mais carinhoso e preocupado, seu olhar às vezes parecia distante, mas talvez fosse sua imaginação.

‘É claro que é sua imaginação, pare de colocar coisas falsas em sua cabeça!’ Se repreendeu mentalmente.

Voltando a beijá-lo com gosto, desabotoou habilmente a camiseta de Sam e contornou cada curva de sua musculatura. Tinham todo o tempo do mundo, sem a agitação das últimas semanas. Apenas ela apreciando seu corpo, cheiro e tudo que o fazia precioso. Sam Evans era finalmente e apenas seu.

Mas será que era realmente?

‘Deixe disso, ela virou passado. Triunfei. ’ Pensou confiante.

Não demorou muito e estavam na cama de um jeito que nunca vira antes, ardentes, amantes, quentes, entrelaçados, únicos. Num ato de puro desejo, prazer e amor.

~~

No dia seguinte, Scarlett acordou exausta e dolorida, porém realizada. Todas as provações anteriores tinham sido sobrepostas, não tinha nada a temer. Sam tinha ido para o McKinley cedo e a deixou dormindo, mas na noite anterior estivera ocupada demais para ligar o despertador e agora estava atrasada.

Tinha marcado uma visitação de um casal a uma de suas melhores casas, e o dinheiro recebido iria ajudar no financiamento de seu casamento, por isso dependia muito dessa venda.

O jovem casal estava em êxtase, Jackson era alto, moreno de olhos azuis e extremante belo. April era pequena, branquinha e ruiva, com um delicado rosto e belos olhos verde-mar. Durante toda a visitação, Scarlett viu o entusiasmo e companheirismo do casal e se questionava se ela e Sam teriam aquilo no casamento vindouro.

“E quantos quartos possui a casa?” Questionou Jackson. “Temos a intenção de povoar a casa com vários pestinhas.” Brincou, enquanto April acariciava a proeminente barriga de cinco meses.

“Cinco quartos, três banheiros e como viram um enorme quintal para montar um time de futebol se quiser.” Respondeu a corretora.

“Essa é a casa Jackson, é perfeita. Do jeito que sonhamos. Nosso pequeno David vai ter muito espaço para se divertir com os futuros irmãozinhos e ainda podemos adotar seu tão sonhado cão.” April falou animadamente e o marido concordou. Não tinham dúvida, aquele era o lugar perfeito para recomeçarem suas vidas.

Scarlett fechou a venda e deu um abraço no casal, enquanto lhes desejava toda a felicidade do mundo. Enquanto ia para seu carro, não pode deixar de imaginar ela e Sam morando numa casa parecida, com seus filhos. Quantos teriam? Talvez alguns gêmeos, já que em ambas as famílias, tal DNA corria.

Como a visitação terminara mais cedo do que esperava, resolveu fazer uma surpresa para Sam e dirigiu para o McKinley. Caminhou apressadamente pelos vazios corredores, já que todos estavam em suas respectivas aulas e parou em frente à sala do coral. Sam era o único ali e dedilhava algo no violão que não conseguiu ouvir, entrou discretamente e ficou observando da porta.

You call to me, and I fall at your feet

How could anyone ask for more?

And our time apart, like knives in my heart

How could anyone ask for more?

But if there's a pill to help me forget

God knows I haven't found it yet

But I'm dying to, god I'm trying to

Trying not to love you, only goes so far

Trying not to need you, is tearing me apart

Can't see the silver lining, down here on the floor

And I just keep on trying, but I don't know what for

Estranhou a música, mas tentou acreditar que fosse algo inocente, encolhido no calor do momento. Mas quanto mais ouvia, mas as coisas ficavam claras e ao mesmo tempo confusas. Notou as nuances na voz do amado, a tristeza, a distância como se estivesse sonhando e até um pouco de desespero.

Trying not to love you, only goes so far

Trying not to need you, is tearing me apart

Can't see the silver lining, down here on the floor

And I just keep on trying, but I don't know what for

Cause trying not to love you

Only makes me love you mo…

Estava petrificada, era óbvio que tinha presenciado algo que não deveria. Ia deixar a sala e fingir que não tinha visto nada, mas Sam parecia ter saído de seu sonho e a notou, parando de cantar no mesmo instante e lhe encarando como um cervo pego pelos faróis de um carro.

“Ca... e-eu... vo-você... o que...” Gaguejou surpreso e um pouco envergonhado. Mas foi surpreendido quando a mulher o beijou.

“Surpresa!” Ela falou, quando se separaram. “Terminei uma venda mais cedo e pensei em vir te visitar, adorei a música, tava ensaiando para a próxima lição?”

“Sim, a próxima lição da semana é demonstrar sentimentos e essa música me veio à cabeça. Claro que os sentimentos por trás da minha música são todos teatrais, obviamente.” Ele se explicou, mas estava cristalino feito água a mentira. Para sua surpresa, Scarlett não discutiu ou questionou e apenas concordou.

“Então você é um ótimo ator.” Elogiou. Não iria se preocupar. Deixaria o passado para o passado e não remexeria o assunto. Tinha e iria confiar no amor dele por si, afinal Sam era o único em sua vida que jamais tinha lhe decepcionado e sabia que não iria começar agora. “Eu to morrendo de fome, que tal irmos jantar fora?”

~~

Enfim, depois de um mês muito corrido, tudo estava pronto e perfeito.

Iriam mandar os convites naquela manhã e então tudo estaria terminado e era só esperar o grande dia. O convite assim como o casamento, era vintage em cores bege e dourado e lacre de cera quente dourada, algo que segundo Sam, lembrava as cartas de Hogwarts.

“Da minha parte vamos colocar na lista minha família e o glee club, porque eles são minha segunda família.” Sam informou aleatório para a cara de desgosto de Scarlett.

“Todos?” Ela questionou incerta. Não queria que um certo alguém assombrasse e dessa vez não permitiria que ela atasse seu noivo novamente ou estragasse seu casamento, já bastava o jantar de noivado.

“Babe, você não tem nada a temer.” Sam tentou despreocupa-la.

Depois de considerar por alguns minutos e respirar fundo, a mulher aceitou. “Está bem, pode convidar todos.”

i.

Los Angeles

Rachel sentou-se no sofá e levou as pernas até o peito, abraçando-as e encostando a cabeça nos braços, Kitty tinha ido embora minutos atrás, mas a bomba ainda ficara.

Quando achava que finalmente poderia ter um descanso, a vida vinha e lhe dava um soco no estômago. Não acreditava que tinham lhe mandado o convite de casamento, o que era aquilo? Uma forma de tortura? Scarlett esfregando em sua cara de que no final ela estava errada, que Sam não era seu e depois do tal dia, jamais seria?

Não! Estava determinada a não ir nesse evento. Recusava-se a sofrer mais do que já acontecia por um homem que recusava ver a verdade estampada na sua frente. Chega!

~~

Devido ao final das filmagens e suas agendas lotadas, Rachel quase não tinha mais tempo para sair com Brian, então aproveitando que durante o almoço naquele dia, não tinham algo importante para fazer, combinaram de se ver e colocar o papo em dia.

Colocou um par de shorts jeans, uma camiseta soltinha, gorro preto e seus óculos escuros. Não importava o quanto tentasse, teria urubus atrás de si de qualquer forma. Que pelo menos aparentasse estar bem por fora.

Chegou no II Pastaio, um restaurante de tamanho médio especializado em uma de suas comidas favoritas, massas e logo foi para a mesa que Brian estava. Tinha pedido que o amigo sentasse dentro do restaurante, num canto mais afastado, porque não queria lidar com paparazzis ou fãs naquele dia.

“Ray que saudades.” Cumprimentou o rapaz, trocaram um breve abraço e sentaram-se.

“A vida tem sido uma correria, gravações para o clipe, entrevistas.” Ela respondeu dando de ombros. Enquanto decidiam o que ia comer, o ator percebeu que algo estava errado com a amiga, depois de fazerem o pedido, nem enrolou e já saiu questionando.

“O que aconteceu com você? Parece abatida.”

“O de sempre. Minha vida sendo tratada com descaso por Deus. Parece que as forças da natureza insistem em brincar comigo e depois me esmagar com força total.” Brian não conseguiu segurar o sorriso, a morena era sempre tão dramática.

“Mas o que aconteceu? Eu vi sua entrevista ontem, você e o Mason estão namorando, a música está bombando. O que houve?” Ele questionou confuso.

“Eu terminei com o Mason.” Rachel revelou. “Eu admiti estar namorando ele, mas... eu estava apenas enrolando-o, não o amo do jeito que ele me ama e achei dar um ponto final antes que as coisas saíssem ainda mais do controle, e ontem recebi um convite.” Rachel pausou quando o garçom veio entregar suas comidas. Ambos agradeceram e quando estavam sozinhos novamente, a morena continuou. “Sam e Scarlett se casam mês que vem.”

As lágrimas estavam na ponta dos olhos, mas Rachel se recusara a deixa-las caírem e por isso ficou piscando diversas vezes e respirando fundo. Estava exausta de chorar por homens e estava decidida a não fazer mais isso. Já Brian, saiu de sua cadeira e sentou numa mais próxima, passando os braços pela morena, puxando-a para seu peito em um abraço reconfortante. Por estarem num restaurante lotado, não podiam perder a compostura e chamar atenção desnecessária para si.

“Até perdi a fome.” Rachel murmurou alguns minutos depois.

“Eu também.” Brian respondeu pedindo a conta e pagando. Também ignorou o olhar de repreensão do garçom, afinal as comidas estavam intocadas. Seguiram diretamente para a Ranger Rover preta de Rachel, ignorando os paparazzis que estavam na porta do restaurante e na segurança do carro, com Alfred e Jake no banco da frente separados pela divisória instalada no automóvel, voltaram a conversar.

“Você deveria ir ao casamento.” Brian afirmou, rolando os olhos quando novamente Rachel recusou veementemente. “Por mais que lhe doa, isso fechara esse ciclo que você está envolvida. A partir desse ponto, você volta a comando de seu destino, ao invés de ficar subjugada a ele.”

“Mas...” Rachel começara a protestar, mas fora interrompida por ele.

“A menos que queira ser uma mera espectadora em sua vida, esperando o destino lhe jogar mais quebra-cabeças sem solução aparente, você deve ir. Mostre que está resolvida e com nada a temer.”

“Acho que você tem razão.” Admitiu. “Quando ficou tão esperto?” Questionou brincalhona. A partir daí, a conversa passou a fluir para assuntos agradáveis, dos filmes aos pilotos que consideravam participar e os rumores sobre suas vidas pessoais. Ao fim, chegaram a casa dele.

Já estavam próximos, mas ao se despedirem, o movimento lhes aproximou mais ainda e o beijo foi inevitável. Algo tão comum nos tempos de gravação, mas que era tão errado agora. Brian Morley beijava bem, muito bem, e em outras circunstâncias ela poderia gostar, mas não no presente, seu coração pertencia a outra pessoa e por isso o afastou.

“Não posso fazer isso.” Assim como ela, Brian estava envergonhado e suas bochechas escarlates.

“Não foi minha intenção, desculpe-me.” Ele pediu galantemente.

“Eu sei disso, tudo que posso oferecer é minha amizade. Minha vida está complicada o suficiente para te arrastar, então... amigos?” Perguntou, deixando bem claro os limites.

“Melhores amigos.” Corrigiu o Morley com seu típico sorriso galanteador.

“Bem, então me aproveitando dessa categoria, preciso de um enorme favor.” Ela fez cara de cachorro que caiu da mudança e quando Brian questionou o que era, soltou. “Você precisa me acompanhar nessa tortura.”

Brian nem precisou responder com palavras, abriu um encantador sorriso e seus braços e Rachel sabia que o convite estava aceito.

ii.

No dia anterior ao casamento, todos estavam de volta a Ohio.

Era estranho e engraçado ver as quatro gerações do glee juntas em um mesmo lugar, pessoas tão diferentes, mas que se uniram por um só motivo. A paixão pela música.

Fizeram uma pequena confraternização pra apresentar a quarta geração à terceira e contarem sobre suas vidas, afinal não era sempre que podiam estar no mesmo lugar, sem a correria de suas vidas. Após isso os homens, liderados por Puck, foram fazer a despedida de solteiro de Sam. Arrastaram-no para a Pink Paradise, um clube de Streep-tease um pouco mais afastado da cidade, porque segundo o homem de moicano, Sam seria um homem amarrado e precisava aproveitar suas últimas horas livres.

“Cara, em poucas horas você vai estar casado.” Blaine falou, sentando ao lado do loiro. A maioria do grupo estava dispersa pela boate, exceto por si, Sam e Puck. Ele não se interessava na fruta servida e os dois eram compromissados.

“Sim, às vezes nem parece real.” Sam respondeu, tomando um gole de sua cerveja.

“Sam, você tem absolutamente certeza do que está fazendo, né?” Blaine questionou preocupado, não tinha certeza se o loiro estava fazendo a melhor escolha e se preocupava que quando ele finalmente percebesse, seria tarde demais.

“Sem a menor dúvida Blaine. Scarlett é a mulher certa para mim e a amo. Não poderia ter feito escolha mais certa.” Respondeu o Evans.

“Se você diz.” Blaine deu de ombros. “Que tal todos nós cantarmos uma canção em homenagem ao Sam?” Questionou alto fazendo metade do clube o encarar confusamente.

“Cala a boca Blaine.” Puck respondeu, gritando próximo do bar onde ordenava a primeira rodada de tequilas daquela noite.

~~

Já na casa dos Hudson-Hummel, mais especificamente no porão, antigo quarto de Kurt, as meninas resolveram dar uma despedida de solteira para Scarlett.

Mesmo que não conhecessem a mulher direito, ficaram com pena ao saber que as madrinhas de casamento e primas de Scarlett tinham esquecido completamente dessa parte e rapidamente se organizaram para fazer algo divertido para a noiva, tudo ideia de Tina, claro.

“Às vezes da vontade de matar ela.” Kitty murmurou para Rachel, enquanto observavam a coreana correndo de um lado para o outro. Scarlett estaria ali em alguns minutos e ela queria se certificar de que tudo estava pronto.

“Dá um desconto pra ela, ficou com pena e quis ajudar.” Rachel tentou ser razoável, mas também não tinha gostado muito quando sua amiga praticamente lhe obrigara a participar do evento enfadonho. Pelo menos não seria a única miserável no local, Quinn e Santana tinham feições de quem iriam arrancar cabeças daqui a pouco.

Além delas, Mercedes, Brittany, Sugar, Marley, Unique, Madison, Jane e as primas de Scarlett, Elizabeth e Stephanie, também estavam presentes no local. Minutos depois e a noiva chegara surpresa e animada e a festa finalmente começara. Para a alegria de Rachel, as bebidas começaram a ser liberadas e ela não perdeu tempo em cair de cara na Sky.

Horas mais tarde e a maioria das garotas estavam completamente bêbadas. A primas de Scarlett estavam jogadas no chão dormindo profundamente, Quinn tinha ido para casa horas antes cuidar do seu filho, sua mãe tinha ligado para ela informando que ele estava febril, Santana e Brittany estavam se beijando ardentemente num canto e ninguém ousava interromper, Mercedes e Tina riam de alguma coisa, enquanto Kitty gritava obscenidades, Sugar dançava abraçada a si mesma no meio da improvisada pista de dança e o resto estava calmamente no cantos do porão conversando.

Já Rachel não desgrudava do bar, perdera as contas de quantos copos tinha ingerido naquela noite.

“Se divertindo?” Ouviu alguém perguntar ao seu lado e quando se virou, viu Scarlett lutando para subir no banco.

“Demais, uhuuul.” A Berry ironizou, mas no estado que a coisinha estava ela não percebeu.

“Você sabe, eu te aprecio.” Scarlett disse com a voz enrolada. “Você é linda, inteligente, sensual, talentosa, uma completa ameaça para mim, que sou uma mulher simples do campo.”

“Não precisa mais temer, não irei mais atrapalhar vocês, Sam te escolheu.” A judia respondeu, mentalmente acrescentando um depois de tudo. Mesmo bêbada, percebera que a coisinha ao seu lado não era inimiga e talvez, em uma situação completamente diferente se dariam bem, mas os caprichos do destino as colocaram uma contra a outra e era tarde demais para mudar.

“Okay, hora de dormir.” Kurt ordenou, vendo que passava das duas da manhã, se aproximou da noiva e a puxou do banco. “Você precisa de seu sono de beleza para estar fabulosa para seu futuro marido e você.” Apontou para Rachel, retirando a garrafa de Sky da mão dela. “Chega de bebidas.”

“Estraga prazeres.” As duas falaram juntas, mas o Hummel se manteve firme e em questão de minutos tinha colocado todas para dormir nas camas e colchões infláveis, não era o mais confortável ou ideal, mas era o que tinha de última hora e teria que resolver.

iii.

E finalmente o grande dia para Scarlett e Sam chegara.

No altar o loiro esperava ansiosamente, já tinha sido alertado sobre o atraso da noiva e sabia que era um fator conhecido e importante, mas Ca estava demorando mais do que o normal. Dava pra ver na cara dos convidados, que todos estavam estranhando toda aquela demora.

Foi distraído quando pela porta que a noiva deveria entrar, veio Rachel que entrou rapidamente e se acomodou em um dos bancos próximos à porta. Ela estava maravilhosa, mais do que ele já tinha visto um dia e não conseguia desviar o olhar. O vestido salmão rendado justo em cima e solto em baixo caia perfeitamente em seu corpo, o longo cabelo preso num penteado propositalmente bagunçado, a maquiagem leve, mas com um batom rosa bem evidente dava o toque final. Sam sentiu uma pontada de ciúmes e confusão ao ver quem a acompanhava, Brian Morley. Por que estaria com outro homem, se pouco tempo atrás admitira estar namorando Mason? E por que estavam sentados tão distante um do outro? Será que ela terminara o romance e começara outro com o ator ao seu lado? Tinha tantas perguntas para serem respondidas, mas não podia pensar naquilo, seu foque deveria ser no que estava acontecendo naquele momento, seu casamento!

Como tradição, pediu que o New Directions fossem os responsáveis por animar o casamento e a festa, sendo assim Abigail, a atual líder feminina, foi a escolhida para cantar a música de entrada da noiva. Ao invés de ir com o clássico tocado ao piano, Scarlett tinha escolhido uma musica de um do seu filme favorito.

There's a song that's inside of my soul
It's the one that I've tried
to write over and over again
I'm awake in the infinite cold
But you sing to me over and over and over again

So I lay my head back down
And I lift my hands and pray
To be only yours I pray
To be only yours I know now
You're my only hope

Assim que entrou na Igreja, Scarlett sentiu o pressentimento de que algo estava completamente errado. Sentira aquilo durante todo o planejamento, mas agora parecia maior. Encarou Sam no altar e se deparou com olhos desconhecidos, ele era só mais um noivo nervoso no altar, algo estava extremamente errado. Ele não tirava os olhos de um ponto atrás de si e quando se virou curiosa, viu Rachel lhe encarar confusa e depois a incentivar a seguir em frente.

Mas em sua cabeça tudo não poderia estar mais claro. Agora entendia o incômodo que sentira meses a fio, a sensação de algo fora do lugar. Ela e Sam jamais seriam como April e Jackson, jamais teriam um bebe chamado David, gêmeos ou qualquer outro bebê, por que Sam não era seu, ele era uma parte de um todo, mas ela não a parte que o completava.

Rachel era a outra parte desse todo.

Parou no meio do caminho e olhou para suas duas opções, podia continuar até o altar e se casar com Sam, mas sabia que jamais seria completamente feliz com essa escolha. Seria reviver o casamento dos seus pais. Ou poderia sair correndo daquela Igreja, e por mais que essa escolha doesse agora, era a que evitaria sofrimento.

Encarou um confuso Sam de longe e murmurou desculpas, tirou o véu, puxou a barra do vestido e saiu correndo, enquanto lágrimas e risadas escapavam. Antes que saísse da Igreja, parou em frente a Rachel e lhe entregou o buquê de flores, tudo bem que a tradição estava um pouco mudada, mas a próxima a pegar o buquê, também era a próxima a casar certo? Piscou para a morena limpando as lágrimas sorrindo e continuou a correr. Só parou fora da Igreja para respirar fundo e pensar num plano, precisava sumir aquela noite. Qualquer lugar seria bom, colocar a mente no lugar e acertar sua vida de uma vez por todas, mas antes que pudesse continuar sua fuga foi surpreendida por Sam, que segurava em seu braço completamente confuso.

“O que houve?”

“Eu tive um momento de clareza.” Respondeu limpando as lágrimas, mas quando Sam continuou a lhe encarar confusamente, resolveu explicar. “Você e eu não estamos destinados a sermos felizes juntos. Seriamos que nem meu pai e minha mãe. Você já tem uma pessoa especial e infelizmente não sou eu.”

“Ca, eu te amo.” Sam protestou se aproximando da noiva e encostando suas testas.

“Não tanto quando você a ama.” Scarlett murmurou passando a mão pelo rosto de Sam, iria sentir falta dele, mas era o melhor. “Não vou mais lutar contra o destino e não lhes atrapalharei mais. Seja feliz com ela Sam, de coração. Desejo só o melhor para vocês dois.”

Puxou o braço das mãos de Sam e começou a correr na direção dos táxis e apenas quando estava fora de vista, foi que sentou ao chão em prantos. Agora que a adrenalina e loucura tinham passado, podia sentir tudo. Tinha desistido do homem que amava porque ele era apaixonado por outra.

“Foi um ato corajoso.” Ouviu uma voz máscula atrás de si e se virou, olhando para cima. “Eu estava no telefone, mas não pude deixar de ouvir. Precisa de ajuda?” Ele estendeu a mão e esperou. Tinha a impressão de já ter visto aqueles cabelos negros e olhos azuis em algum lugar, mas no momento deixou passar. Estendeu a mão para o homem e se deixou confiar naquele reconfortante estranho.

~~

Paralisado no mesmo lugar que Scarlett tinha o deixado, Sam encarava o chão perplexo. Mas que merda tinha acabado de acontecer? Sua noiva realmente tinha o abandonado no altar e dito para ficar com outra? Com Rachel?

“Sinto muito filho.” Ouviu Mr. Schue murmurar atrás de si. Virou-se e encarou o homem mais velho que estava um pouco pálido e parecia exausto. “Eu queria ficar e lhe falar algo reconfortante, mas duvido que qualquer coisa vá ajudar. Além disso, não estou me sentido muito bem e acho que só pioraria as coisas.”

“Se precisar conversar Sam, sabe onde nós encontrar.” Emma falou ao lado do marido, ambos deram um abraço no loiro e seguiram seu caminho. De longe pode ouvir a ruiva ralhando com o marido sobre como ele cuidava demais da escola e de pouco da saúde e que naquela semana iria pegar uma folga querendo ou não.

Depois acabou distraído por Blaine que tomara as rédeas da situação e avisara que o casamento estava cancelado, como se não fosse óbvio, mas que todos seguissem para a onde a recepção aconteceria, pois não iriam deixar de aproveitar a festa.

A fofoca do local era qual seria o motivo pelo qual a noiva desistira do casamento. Alguns acreditavam em traição, outros que tivesse um terceiro envolvido e especulavam quem poderia ser tal pessoa. Já a família da noiva, envergonhados, preferiram ir embora.

Blaine e Kitty não escondiam o sorriso de felicidade e foram os que mais alegraram a festa, com diversas músicas animadas. Preferiam que aquilo tivesse acontecido de forma diferente, mas agora tinham certeza que finalmente seus melhores amigos iriam ficar juntos.

Do outro lado, mais distante com uma taça de champanhe em uma mão e brincando com o buquê com a outra, Rachel procurava Brian que saíra para atender uma ligação e não aparecera mais, também evitava os olhares, tinha recebido o buque das mãos da noiva em fuga e por mais que as pessoas não sabiam a verdadeira razão, assumiam que ela era o motivo do não-casamento e lhe encaravam feio. Resolveu procurar o amigo próximo da Igreja, queria se mandar dali, mas não dava para deixá-lo para trás.

Entrou na Igreja quando o tempo começara a ficar frio e resolveu ligar para o amigo, mas se surpreendeu ao ver um desmantelado Sam, com olhos vermelhos, sentado nos degrau do altar.

“Desculpe, eu estava procurando o Brian... por acaso você o viu?” Perguntou um tanto envergonhada. Não tinha a menor ideia do que falar e sabia que a última coisa que deveria perguntar era se ele estava bem, sendo claro que ele não estava.

“O que você disse a Scarlett? O que fez ou falou ou sei lá, que a fez mudar de opinião?” Ele questionou acusatório, encarando-a friamente.

“Nada! Estávamos nós dando bem ontem e...”

“Mentira! Tudo que você fez desde que a conheceu foi atormentá-la. Tentando nós separar, ela não queria lhe convidar, mas eu insisti e agora vejo meu erro.” Sam se levantou, aproximando-se em passos largos até que ficassem bem próximos. “Você é fútil, fez isso para estragar a minha felicidade. Eu tenho nojo de você Rachel! Saia daqui, saia da minha vida e nunca mais volte. Não ouse falar ou até olhar na minha cara. Eu te odeio.”

Em todo o tempo que conhecia Sam, ela nunca o vira daquela forma. Estava tão enfurecido que chegou a lhe assustar e por isso não pensou duas vezes ao sair correndo da igreja deixando o buquê se soltar e espalhar pétalas pelo chão correndo até seu carro, onde finalmente deixou a lágrima caírem.

Estava chocada e magoada com as coisas que Sam tinha dito e rapidamente ligou o carro, dirigindo o mais rápido que podia para o apartamento de seu pai. Queria ficar o mais longe que podia de Sam, suas palavras queimavam em sua memória. O olhar frio, as palavras jogadas contra ela. “Eu tenho nojo de você.” Aquilo estava tudo errado.

Seu lugar não era ali, nunca fora e jamais seria. Precisava pegar o primeiro vôo que pudesse para LA, quando estivesse em casa, longe de Sam e das dolorosas lembranças é que as coisas se ajeitariam. Só tinha certeza de uma coisa, definitivamente tinha perdido o homem para sempre.

E por algo que nem tinha culpa.

Ouviu de longe seu celular tocar e preocupada atendeu sem nem olhar no visor. Esperava que fosse Brian com notícias, mas era algo horrivelmente pior. Estava estática enquanto a ouvia contar o ocorrido.

Aquilo não pode estar acontecendo. Tem que ser um sonho, um pesadelo que ela necessitava acordar.

Sua vontade era desabar, mas algo a impedia. Estava em choque, as lágrima presas aos seus olhos estavam bloqueadas de descer e quando a voz do outro lado fraquejou em um soluço, foi que sua mente pareceu finalmente entender. Jogou o iPhone o mais forte que pode na parade e se jogou na cama em prantos.

Era uma das piores noites de sua vida.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fundo do poço?

Se preparem que no capitulo que vem tem bomba...

Abraços...



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