Platônico escrita por Didilicia


Capítulo 1
platônico


Notas iniciais do capítulo

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Platônico: por definição “aquilo que é idealizado, puro, sem o elemento sexual ou material”. A paixão platônica impossível, difícil ou que não é correspondido. Ama-se a distancia. Não há APROXIMAÇÃO, TOQUE, ENVOLVIMENTO. A fantasia prevalece.

Ela o vê chegar através das lentes de seus óculos escuros. O barulho do motor da moto atravessando o estacionamento dos estúdios – (inconfundível). Ela atrasa o passo, disfarça, inventa uma ocupação. Alguns minutos a mais na entrada e o encontro parecerá casual – (tudo absolutamente planejado)

“Oi”

“Oi”

Sorrisos.

Ele traz o capacete na mão e uma mochila nas costas.

Ela usa salto alto e o cabelo preso para o alto.

“Como está indo?” – ele pergunta.

Ela sente vontade de falar, dar uma pista, uma indicação.

Então ele diz antes mesmo que ela responda qualquer coisa - “Você precisa parar com isso”

(Ela está confusa. Ele sabe?).

“Estacionar muito perto da grade de proteção...” – ele diz.

“Oh!”

“Quase encosta no seu para-choque”.

A vontade permanece presa na garganta.

...

Faz parte dessa vida, e se você é destaque vai ter sempre um repórter querendo te entrevistar. Não importa se já é hora do almoço, se você passou a manhã inteira gravando e decorando textos. Eles querem te ouvir.

A mocinha pergunta sobre a família dele, sobre a esposa. Ele, é claro, é só elogios. “Não temos babá. Ela cuida de tudo e é a rainha da casa”.

No canto da sala de ensaios, ela almoça quieta, porém atenta ao que está sendo dito naquela conversa da qual ela não faz parte. A comida parece estar perdendo o gosto.

Uma mentira repetida algumas vezes se torna verdade.

“Não me importa vê-lo falando da esposa...”.

“Não me importa vê-lo falando da esposa...”.

“Não me importa vê-lo falando da esposa...”.

“Não me importa vê-lo falando da esposa...”.

(Não é verdade. Ah! Ela se importa...).

- O que você acha do título de galã?

Diante da pergunta clássica ele ri. “Pô! Precisa ver com a empresa se existe uma pasta de galãs e se estou lá”.

“Para estar ao meu lado tem de ser”.

(De onde saiu esta pequena intromissão? Nem ela é capaz de explicar).

Ele fica sem jeito, sorri e olha pra ela. A repórter anota algo no papel e já era! A evidência está lá.

...

“Vamos repetir? Só precisamos ajeitar a luz. Desculpem”.

Ela respira fundo. Pega o texto. Relê o último parágrafo. O outro colega está concentrado. Eles precisam beijar.

A direção avisa novamente para todos voltarem para suas marcas. Ele ainda não deu o “ok” e é nesse momento que ela desvia o olhar para trás das câmeras. Seus olhares se cruzam e ele sorri... Porque de vez em quando ele faz isso: observa os colegas em cena e aprende.

“Gravando!”

O texto é executado com sucesso. O beijo? Nem tanto. Parece que não será dessa vez.

Ela vai até ele quando acaba.

“Gostou?”.

“Faço melhor”.

“O que?”

“Beijar você”.

(Eu gosto do jeito que você me beija e não tenho certeza se deveria)

“E você gosta?” (de me beijar...) – ela quase não consegue deixar de sorrir.

Ele ri alto. E é esta a minha resposta.

Paramos no corredor, ele pega um copo plástico e enche até a metade de café.

“Preciso acender um cigarro”. - ele diz.

“Posso te acompanhar?”

...

Estão encostados na parede, do lado de fora, na lateral dos estúdios. Não passa muita gente por alí e por isso é um bom lugar para relaxar.

Ele leva o cigarro a boca e solta a fumaça pra longe. Ela não tira os olhos dele acompanhando os movimentos de sua mão, depois sua boca, e seus olhos.

(Como ela pode resistir?)

As luzes estão acessas. O céu já está escurecendo.

APROXIMAÇÃO:

Ele finalmente olha pra ela – fixamente, por alguns segundos. Ela devolve o olhar e eles ficam assim estudando um ao outro.

Inesperadamente ele se inclina até ela e a beija no pescoço (bem naquele ponto atrás da orelha, por entre as mechas do cabelo dela). Ele aproveita para sentir o perfume que vem dela– uma mistura cítrica do cheiro do shampoo com o aroma doce e marcante da pele dela.

“Você gosta?” – ela insiste.

TOQUE:

Os dedos dele tocam de leve o rosto dela, passeiam pelo contorno das maças do rosto e seguem para a boca dela, alisando os lábios.

“Muito”.

“Vamos sair daqui”. – Ela propõe.

...

ENVOLVIMENTO:

Caminham juntos até o carro dela.

Ela aperta o alarme, destravando as portas antes mesmo de chegar. Ele abre a porta de traz e entram.

Ele avança sobre ela e a beija na boca. Sua língua busca o espaço que ela cede, e compartilha com ele num jogo perigoso de sempre querer mais e mais.

As mãos dela agarram a camisa dele e abrem os botões com pressa e agilidade. Seus olhares de desejo se cruzam outra vez. (Não há segundos pensamentos).

O beijo recomeça. As mãos dele agora estão explorando o corpo dela por debaixo da blusa.

(Eles sabem o que querem).

Suspiros. Gemidos. O impulso os move adiante. Ele a coloca em seu colo, de frente pra ele. Ele está pronto pra ela.

Eles nunca se arrependem enquanto fazem (mas a culpa está lá e às vezes vem depois). Apesar disso, eles sempre acabam fazendo tudo de novo. (Exatamente como agora).

Outra vez,

E outra vez.

A realidade esquecida. Eles vivem a fantasia do agora.

~Fim.


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