Veni Vidi Vici escrita por MB Sousa


Capítulo 1
Fluorescent Adolescent


Notas iniciais do capítulo

Eu estou muuuuito ansioso mesmo para postar essa história, e estou postando meio fora do meu horário habitual de postar capítulos por outros eventos inoportunos, mas enfim, quero MUITO saber a opinião sobre essa fic, que é bem diferente da outra que eu finalizei semana passada.

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=ma9I9VBKPiw



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Em pleno calor de março, eu não podia me sentir mais frio.

Eu havia perdido muito, dizer que eu perdi tudo seria um exagero, porém, perdi três dos meus melhores amigos, o que figurava em quase tudo, e de quem era a culpa? Minha. Não apenas minha, mas principalmente minha, e agora eu tinha que arcar com as consequências, tinha que recomeçar, mesmo sem o clichê de conseguir mudar de cidade, nem mesmo de escola eu consegui mudar, não tinha mais vagas. Triste. Eu estudaria na turma da minha melhor amiga, agora ex melhor amiga e estaria sozinho, e teria que aguentar as inúmeras perguntas do que aconteceu que nos separou.

Não vou começar do início, o começo das aulas foi previsível, como eu já sabia que seria, o clima tenso entre mim e Fernanda, eu isolado...

Eu não sou um cara estranho, me considero bem normal até, porém nunca fui o tipo – infelizmente – de pessoa que é rodeada de amigos. Claro que eu tinha conhecidos na turma, mas isso era tudo que eles eram, conhecidos, e Fernanda e eu éramos bem mais que isso.

Eu vi a tristeza em seu olhar, quando nossos olhares se cruzaram no primeiro dia de aula, e apenas isso não foi tão previsível para mim, eu esperava ver raiva depois de tudo que eu fizera, porém, ela não se encontrava ali, em seu lugar, estava a decepção, a tristeza e o pesar, e aquele simples olhar me destruía. E era minha culpa.

E então era como se a Fernanda e o Richard estivessem competindo quem tinha o olhar mais triste, ao fita-lo envergonhadamente no intervalo, encontrei seus olhos tristes me encarando de volta, melancólicos como eu nunca havia visto. E era minha culpa. Mas eu tinha raiva dele também, então não foi tão ruim.

Não vi o olhar de Eduarda, na verdade, nunca mais nos falamos nem nos vimos, acho que foi mais fácil assim, porém, seja quais for os sentimentos que seus olhos transmitissem, também seria minha culpa, porque eu estraguei tudo, com todos que eu mais importava... Por que? Ainda busco essa resposta, mas talvez o que mais se aproxime da razão é: Egoísmo.

Mas eu quero poupá-lo o máximo do drama horrível que estava a minha vida e leva-los à grande luz no fim do túnel, a minha possível segunda chance. Obviamente vocês saberão na hora certa o que eu fiz e porque eu posso afirmar que merecia o que estava passando, mas quero que se lembrem, essa não é a história de um mocinho.

“Grandezas Químicas”

Todas essas matérias do colégio pareciam cada vez mais irrelevantes comparadas aos problemas que eu tinha que resolver na vida real.

Já era a segunda semana de aula, eu estava sentado com o Jorge, ele é legal até, mas, não sei explicar bem, ele não é o tipo de pessoa que eu seria “melhor amigo”, porém, era melhor do que ficar sozinho. Ele é aquele tipo de garoto engraçadinho que quer ser o centro das atenções da turma, o que o torna na maior parte do tempo apenas um cara irritante e totalmente sem graça.

Ah, vocês sabem o nome de todos que eu fiz coisas erradas, mas não sabem meu nome. Bom, acho que isso não é necessário, já que você não deve confiar em mim, as três pessoas citadas recentemente confiaram e não acabou muito bem pra elas, tampouco para mim, e além desses recentes casos, eu já causei mal para outras pessoas que eu gostava, já as traí. Eu estou arrependido das coisas que fiz, mas não me considero confiável ainda, então...

— Cara, a Yasmin é muito perfeita. – Jorge interrompe meus pensamentos no meio da tediosa aula de química.

— Ela não dá bola pra você, Jorge. – respondo seco, as minhas últimas perdas me deixaram indiferente às situações alheias, principalmente os dramas amorosos de Jorge.

— Ah, ela só se faz de difícil. – ele retrucou, arrumando o cabelo, Jorge realmente se achava lindo mesmo estando acima do peso, o que era bem admirável, era uma pena que Yasmin não pensasse o mesmo, ela era uma vagabunda.

— É claro que sim. – ironizo, virando para frente e tentando prestar atenção em como medir a massa de um átomo, que no momento parece muito mais interessante do que aguentar os devaneios de Jorge.

O sinal tocou. Era recreio. Talvez a pior parte de estar na escola.

Amanda foi minha salvadora na segunda semana de aula, eu estava sozinho no recreio, e ela veio falar comigo, ela é uma colega minha de dois anos atrás, quando éramos colegas no primeiro ano, agora eu estava no segundo, e ela no terceiro, tudo porque Fernanda e eu fizemos a proeza de conseguir rodar no primeiro ano. Amanda e eu nunca fomos muito amigos, os falamos algumas vezes em 2013 e nos cumprimentávamos ano passado de vez em quando, mas nunca passou disso, porém ela era legal, então começamos a conversar.

— E a Fê? – é óbvio que ela perguntaria.

— Ah, nós estamos meio brigados. – menti pelo que pareceu a milésima vez, nós não estávamos simplesmente brigados, nossa amizade havia acabado. Amanda riu, sem insistir no assunto, o que já fez eu gostar dela mais um pouco, já que a maioria pressionava um “O que aconteceu?” ou “Por que?” que eu tinha que me esquivar.

Começamos a andar pelo pátio, ela cumprimentava diversas pessoas pelo caminho, como se conhecesse todo mundo, Amanda era bem popular, porque ela era muito cara de pau, e chegava em qualquer um para conversar, isso lhe rendeu vários amigos e muitos conhecidos durante os anos. Ela também é aquele tipo de pessoa que sempre acha algum assunto para conversar e nunca fica um silêncio constrangedor. Ela falava incessantemente sobre as coisas que tinha feito nas férias, e eu estava contente de ouvir, apesar de não ter nenhuma história realmente boa destas férias, eu não tinha feito nada demais, e a única coisa fora do comum que fiz me acarretou à perde de dois amigos, mas era bom ter alguém legal para conversar, por mais que eu não tivesse muito à acrescentar ao assunto.

— Ei, vem cá. – ela me puxou pelo braço.

Andamos alguns metros até um canto afastado depois de uma das quadras de futebol, havia pouca gente ali, alguns garotos tentando fumar escondido atrás das pequenas árvores, aproveitando-se da sombra, um rapaz de óculos com um violão e um garoto de cabelos louros cacheados ao seu lado, fumando.

— E aí, Vini, como tá? – Amanda cumprimentou o garoto, interrompendo a música que ele estava tocando.

Ele revirou os olhos com um sorriso no rosto.

— Você sempre faz isso.

— Eu sei, e sempre vou fazer. – ela sorriu de volta, sentando ao seu lado, me senti extremamente excluído.

Amanda me olhou e pareceu perceber seu erro, mas antes que ela fizesse as apresentações, o garoto falou comigo.

— A banda da tua camisa é muito foda. – ele disse, sério. Olhando minha camisa do Arctic Monkeys.

Abri um sorriso automático e sussurrei um “Ah, valeu” e desviei o olhar, me repreendendo internamente pela falta de reação. Eu podia ter sido mais simpático, sei lá, mas eu estava receoso com pessoas novas, até mesmo com Amanda, assim como eu traí, também fui traído, e eu tinha muito medo que isso acontecesse de novo, eu tinha medo de deixar qualquer um se aproximar de novo. Porém, o garoto parecia não ter se importado e sorriu de volta.

Ah, acho que esqueci de falar que ele é lindo. Bem magro, mais ou menos 1.70m, o cabelo era liso, castanho escuro de um tamanho médio, quase tocando os ombros. Seu amigo também usava uma camisa do Arctic Monkeys, porém diferente da minha. Ele fechou a cara para mim, e instantaneamente não gostei dele, e provavelmente nem ele de mim, Amanda também sorria, logo ela começou a falar de um projeto do terceiro ano do qual ela participaria. O amigo também não era feio, os cachos loiros não combinavam tanto com a pele morena dele, mas ele era bonitinho também.

Enquanto Amanda continua a conversa com o amigo de Vinicius, que ainda não sei o nome, percebo Vinicius me fitando, e o encaro de volta, solto um sorriso envergonhado e olho automaticamente para baixo, ele não desvia o olhar, pega o violão e começa a tocar uma música.

— Fluorescent Adolescent. – identifico, agora encarando-o de volta, ele parece contente que eu tenha reconhecido.

— Queria saber se você era só mais um daqueles que só conhece o AM. – ele brinca, depois de alguns segundos tocando. – Me esqueci seu nome... – ele disse sorrindo.

— Ah, eu não disse. – ri, mas ele sabia disso, então falo meu nome à ele.

— Vinicius. – ele estica o braço para apertar minha mão.

— Não sou tão fã assim. – admito. – Mas conheço além do AM. – Sorrio, e ele sorri de volta, e o sorriso dele é lindo.

Amanda não está mais concentrada na gente, ela agora divide um cigarro com o amigo de Vinicius – que logo se apresenta como Cris. – depois passando o cigarro à Vinicius, e este oferece pra mim. Eu não fumo, quer dizer, fumo de vez em quando, em festas ou coisas assim, mas na escola de jeito nenhum, mas decido aceitar, trago a fumaça e fico segurando o cigarro por apenas alguns segundos, mas antes que eu consiga passa-lo à Amanda, todos olham para algo às minhas costas, de olhos arregalados.

— Puta que pariu... – Amanda sussurra.

E eu já sabia, antes de me virar lentamente, ainda com o cigarro na mão, que estava ferrado. Óbvio né, tinha que ser comigo, porque sempre dá alguma coisa errada.

— Bonito, muito bonito! – a diretora nos saluda ironicamente. Não sei o que fazer com o cigarro, se jogar no chão, sei que a velha Gertrudes vai incomodar por além de estar fumando, estar sujando a escola, então continuo segurando-o, ela toma o cigarro da minha mão. – Vamos ver o que seus pais vão achar disso.

Encaro-a cético.

— Tenho certeza que esse vai ser o menor dos problemas deles. – retruco impertinente, os três atrás de mim se olham e abafam um riso.

— Vamos agora pra diretoria! – a velha de nariz fino e comprido ordena com raiva.

— Espera. – Vinicius interrompe, chamando sua atenção. – Eu que dei o cigarro pra ele. – ele puxa a carteira de cigarro do seu bolso. – Ele nem queria fumar, aliás, ele tem asma, a culpa é minha.

A velha analisa-o de cima a baixo considerando suas objeções, então decide livrar-me de suas garras.

— Você de novo Vinicius, vamos, me acompanhe.

E Vinicius a seguiu, dando um último sorriso para nós três, Amanda via a cena com a boca aberta ao mesmo tempo em que sorria, o que formava uma careta estranha em seu rosto gorducho.

Não sei como, mas Vinicius tinha acertado, eu realmente tinha asma, por isso não fumava quase nunca, mas uma vez ou outra não fazia muita diferença, minha asma não era muito severa, ainda assim não entendi porque ele fez isso por mim, a gente havia se conhecido nos últimos 10 minutos.

Amanda tampouco soube dar alguma explicação, disse apenas que ele devia ter feito isso porque já fora diversas vezes para a direção, provavelmente era isso, porém, nos outros três períodos que transcorreram depois do intervalo, não consegui parar de pensar em Vinicius.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoal! O que acharam? Não deixem de comentar hahahah Tá parei que já tá chato UHSAHUSAUHASHU
O próximo capítulo será postado daqui dois dias (13/04) ♥