Passei as mãos nos cabelos, tentando compreender tudo aquilo direitinho.
- Vamos rebobinar a fita - suspirei - Então eu tenho uma doença, o mendigo é um ser supremo que invade a sanidade mental dos outros e eu preciso ficar isolada do mundo.
Bill arqueou uma sombrancelha.
- Falando desse jeito desconexo parece que é tudo muito estranho - ele resmungou - Mas entenda, Demi, que é o único jeito, ou então...
- Ou então...? - o obriguei a dizer tudo.
- Ou então você vai enlouquecer e nunca vai poder levar uma vida normal - Bill disse, indo até o minibar - Quer refrigerante?
- Não, obrigada - eu disse, sem prestar atenção, enquanto ele voltava e se jogava no sofá ao meu lado.
- Espera...posso perguntar mais alguma coisa? - indaguei, timidamente. Bill, que estava se entupindo de Coca-Cola, levantou as sombrancelhas - Porque precisamos olhar nos olhos das pessoas, pra sonhar com elas?
- "Os olhos são os espelhos da alma" - foi Tom quem disse isso, dessa vez. Uh, adoro o lado poético de Tom Kaulitz - Precisamos olhar nos olhos, porque eles servem como passagem para a mente.
Assenti com a cabeça. Depois, me lembrei da minha situação e esfreguei os olhos, sem saber o que fazer.
- Então eu tenho que continuar dando piti pros meus pais me internarem e rolar uma parada de pureza? - sacudi a cabeça - Mano, é mais fácil ser virgem.
- Eu não acho - Tom murmurou. Esse menino é tão pervertido o quanto nas fics.
- Você não aguentaria - Bill disse, caminhando até o minibar e pegando outra Coca-Cola.
- Tá, vamos falar de mim, que tal? - era incrível como a nossa conversa insistia em ir para o lado sexual - Eu vou ser internada!
- Ou pode morar com a gente... - Bill suspirou, enquanto Tom voltava a negar freneticamente com a cabeça.
- Alô, eu nem conheço vocês! - exclamei. Só nos meus sonhos. Aaah, nos meus sonhos eu já fiz cada coisa...PAROU!
- E nem a gente conhece você... - ele disse, distraído com o refrigerante. Ceús, ele devia ser viciado em Coca-Cola.
- E então... VAI TODO MUNDO PENSAR QUE EU SOU LOUCA! - berrei. Tom tapou os ouvidos.
- Depois desse grito, eu também estou considerando isso! - ele exclamou, irritado.
- Estrelismo - resmunguei, sentindo-o me fuzilar com o olhar - Certo, então é isso. Vou ser internada e não olhar pra mais ninguém.
- Mas assim você vai destruir sua vida - Bill disse, e, para a minha surpresa, colocou a latinha de refrigerante de lado - Tem que ter outras saídas...
- Já sei! - Tom exclamou, divertido - Foge de casa. Vai pra Las Vegas, e se interna num casino! Imagine que emocionante!
- Tom... - eu disse, me irritando - TEM UM BANDO DE GENTE NOS CASINOS!!
- QUER FAZER O FAVOR DE PARAR DE GRITAR? - ele berrou em resposta.
- NÃO! - gritei.
- VOCÊS DOIS QUEREM PARAR DE AGIR COMO DUAS CRIANÇAS E FOCAR NO PROBLEMA? - Bill irritou-se, fazendo eu e Tom nos calarmos. Eu tinha que admitir que o potencial vocálico dele era bem maior. Ou seja, o cara tem um grito poderoso. Espero que não seja só o grito....AAAH, DEMI, VOCÊ ESTÁ ENLOUQUECENDO, literalmente.
- Ok - respirei fundo - Está tudo bem. Tudo para não enlouquecer - lancei um sorriso falso e fiz um sinal de 'beleza'.
Tom assentiu com a cabeça, pensativo.
- Bom, então é isso, né? - ele disse, desistindo de ter uma idéia melhor - Vamos lá, que a gente tem que ensaiar...
- A gente não tem que ensaiar - Bill olhou pra ele, confuso, recebendo uma cotovelada nada discreta em resposta.
- Eu já estou indo - eu disse, rindo da delicadeza do gêmeo mais velho - Tom, você nunca vai conseguir ser tão sutil o quanto uma tijolada.
Bill soltou uma gargalhada e Tom fechou a cara. Adorei.