- MEU DEUS DO CÉU! - minha mãe berrou, escancarando a porta do meu quarto - PARE DE GRITAR ÁS 3 E MEIA DA MANHÃ, GAROTA!
- Ele...ele vai me matar...ele está na internet, olha esses comentários - eu disse, virando o computador para que ela pudesse ver os comentários anônimos.
- Demi - ela me olhou, séria - Aqui está escrito 0 Comentários.
Meu queixo caiu quando eu tornei a olhar para a tela do computador e comprovar isso. Eu estava enlouquecendo.
- MAS ESTAVA AQUI! - eu gritei, começando a chorar mais ainda - ESTAVA AQUI, ELE DISSE QUE ELE SABIA DO MEU SEGREDO, QUE EU NÃO IA SABER O SEGREDO DELE. ELE...ELE PERGUNTOU SE EU TINHA DORMIDO BEM E...
- Chega! - minha mãe olhou pra mim, séria - Se você não consegue lidar com esse seu 'dom' então é melhor aprender a cuidar dele.
- Cuidar dele? - indaguei confusa.
- Demi, se isso não cessar, a única saída vai ser...
- ME INTERNAR? - interrompi, incrédula - VOCÊ QUER ME INTERNAR? VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU FICANDO LOUCA, É ISSO? Você, mãe? A única que eu sempre confiei, e você faz isso comigo? - eu disse, passando as mãos no cabelo, desesperada.
- Eu sinto muito - ela disse, antes de deixar meu quarto.
Limpei as lágrimas e cessei a gritaria. Eu ia encontrar uma saída pra isso, certamente.
Peguei meu notebook e resolvi escrever alguma coisa a mais no blog.

"Oi. No post anterior eu mencionei um segredo que eu tenho. Bom, é ridículo, mas como todo mundo já me acha lelé da cuca, vou dizer do mesmo jeito. Eu sonho com o que as pessoas fizeram de errado, tipo, o que chateia a consciência delas...
Tá, agora no mínimo você quer me internar. Mas...sinceramente? Foda-se. Minha mãe vai me internar mesmo e eu vou me ferrar...
Só isso.
PS: Vou desativar o sistema de anônimos do blog ¬¬' "

Esse foi o menor e pior post da história, mas eu precisava falar pra alguém a merda total que estava acontecendo comigo. Pensei um pouco. Acrescentei.: "Me adiciona no MSN, o endereço, na barra lateral".
Ótimo, agora eu já escancarei a minha vida na internet. Pff, que horror.
Me deitei, ainda era madrugada e eu precisava dormir mais um pouco. Duvidava que voltasse a sonhar.
"Eu me via ser enforcada pelo mendigo e não podia fazer nada. Eu apenas ficava espiando, invisível, o homem me matar. Por mais incrível que pareça, eu estava sentindo a dor das mãos dele no meu pescoço, apesar de ser meu 'clone' quem estava sendo enforcado. Tentei tomar uma atitude.
Corri para dentro do quarto, gritando e tentando bater no homem, mas eu era invisível. Porcaria, agora eu estava morrendo e não podia fazer nada"
- Droga, acorda, porcaria! - dessa vez era meu pai quem me sacudia - Você estava berrando - ele olhou para o meu pescoço - Demi, o que...?
Me levantei num pulo e corri para o espelho. Tinham marcas roxas no meu pescoço. Eu não podia acreditar...o sonho era real.
- Pai! - eu gritei, virando para ele - Pai, eu sonhei que um homem que eu vi hoje na rua...eu sonhei que ele estava me estrangulando e agora eu acordei assim e...
- Demi - ele suspirou - Eu não sei o que você está fazendo consigo mesma, mas você precisa parar. Está machucando a si mesma!
Ai, não. Não era possível! Todo mundo deu pra não acreditar mais no que eu digo?
- Isso...- suspirei - Vai fazer complô com a mamãe pra me internar. Me interna num hospício pra ver se eu melhoro dessa minha 'doença'.
Meu pai não disse nada, só saiu do quarto, em silêncio, enquanto eu ficava ali, achando que estava enlouquecendo.
Mas não. Eu não estava doente. E percebi isso, quando vi o reflexo do morador de rua no vidro da minha janela.