Destilando Neurônios escrita por itsJuhMaciel


Capítulo 15
Depilando o Naruto




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Abri os olhos com uma extrema dor de cabeça, Deidara estava no meu quarto fazendo o que ele sabia fazer de melhor – pegar minhas roupas emprestadas sem pedir – eu me sentei na cama e passei as mãos no rosto, minha cabeça latejava.

Droga, já era segunda-feira. Como passou rápido. Minha semana se resume em: Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, pisquei, segunda...

Eu sacudi a cabeça e olhei para Deidara, que estava indeciso entre uma camiseta branca e uma cinza, eu grunhi, ele se virou para mim e deu um sorrisinho. Que sorriso de baitola é aquele?

Antes que eu pudesse abrir a boca para perguntar o motivo de seu sorriso gay, ele jogou um treco para mim, aparei no ar e olhei mais de perto o que era.

— Aspirina? – li na embalagem e ergui uma sobrancelha.

— Deve estar com dor de cabeça, hmm. Roubei isso aí da gaveta da sua mãe. Toma antes de descer e desfaz essa cara de égua estuprada, temos que ir pro colégio. – ele piscou e escolheu a camiseta branca. Jogou a cinza na minha cara e saiu saltitante.

Tomei a aspirina e me troquei, já se deve imaginar onde estava minha disposição para estudar... bem lá nas crateras do cu. Peguei minha mochila e saí me arrastando pela casa. A única coisa que tenho que dizer é; Senhor dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar a coragem para mudar as coisas que não posso aceitar e a sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas que terei que matar por estarem enchendo o saco. Ajude-me, sempre, a dar 100% no colégio...

12% na segunda-feira,

25% na terça-feira,

40% na quarta-feira,

20% na quinta-feira,

5% na sexta-feira.

E... Ajude-me sempre a lembrar, quando estiver tendo um dia realmente ruim e todos parecerem estar me enchendo o saco – inclusive Sasuke – que são necessários 42 músculos para socar alguém e apenas 4 para estender meu dedo médio e mandá-lo para aquele lugar.

Apareci na cozinha, meus pais, Deidara e Karin estavam presentes ali. Minha mãe estava com uma frigideira nova, aquilo meio que despertou minha atenção. Era uma frigideira antiaderente da Tramontina, eu já fiquei com o meu pensamento de “PUTA MERDA DEVE SER MÓ SHOW FRITAR UM OVO AÍ!”

— Naruto. – minha mãe ergueu aquele olhar superior para mim. – O que você tem?

— Nada. – falei fingindo animação e sentei ao lado de Karin sobre a mesa. – Nada. – repeti um pouco confuso, tentando me lembrar o que aconteceu naquela micareta.

— Não me enrola não que eu não sou baseado. – minha mãe veio para perto de mim com aquela frigideira erguida. – Você está com cara de ressaca, andou bebendo, se drogando e comendo putas?

Deidara se engasgou com o suco que tomava, Karin estava ocupada olhando para a parede e meu pai estava olhando para mim segurando uma risada.

— Não, mãe! Lógico que não. Estou assim porque fiquei acordado até tarde jogando Mortal Kombat. – ela estreitou os olhos na minha direção, se afastou e foi lavar a louça. Eu suspirei de alívio e peguei um pão, dei uma olhada para Karin. Ela estava usando uma touca estranha. Ela olhou para mim de volta e deu aquele sorriso estranho que Deidara havia me dado no quarto. – Tá usando touca por que Karin? – perguntei, fazendo ela parar de sorrir. – Quer parecer aquelas garotas bonitas do Tumblr? Sinto lhe informar, mas você ficou parecendo mais as presidiarias do FEBEM.

— Seu idiota imbecil de um único cromossomo. – ela atirou um pão na minha cara.

Não dá pra ser sincero mais não, o negócio agora é mentir pra preservar a vida. Desisti de comer e me levantei, saí da cozinha sem falar com ninguém. Deidara veio em meu encalço todo animadinho, parece até que deu o rabo ontem.

— Cara, o que aconteceu ontem? – eu resolvi perguntar, enquanto pegava minha bicicleta.

— O que deveria ter acontecido há muito tempo, hmm. – Deidara pegou a bicicleta dele e começou a empurrá-la. Eu o acompanhei com o cenho franzido.

— Tipo, o quê?

— Você e Hinata.

— Ah, sim. Ela estava lá. Ela foi com Tenten e Neji. Até dançamos juntos e tal.

— Se fosse só a dança. – Deidara deu uma gargalhada escandalosa.

— Tá, o que você sabe? – parei de andar e olhei para ele. – Eu não me lembro nem de como eu cheguei em casa.

— Eu e Karin trouxemos você. Você estava muito doidão, afirmava que tinha um gnomo te perseguindo e dançando Thriller.

— Ah... – eu não me lembro disso. – Mas você e a Karin estavam olhando para mim com um olhar muito malicioso. Me senti estuprado duas vezes. O que aconteceu ontem?

Deidara se virou para mim e deu aquele sorriso de baitola de novo.

— Você e Hinata ficaram se pegando no escuro, hmm.

— Se pegando em que sentido?

— Se beijando. Eu, Karin e Sasori vimos tudo. Eu nem acredito que você realmente resolveu virar homem, estou muito contente com você, hmm. – ah, então ele não estava animadinho por ter dado o ra... PERA AÍ.

— EU BEIJEI A HINATA?

— Tecnicamente vocês dois se beijaram, e segundo Karin, a iniciativa partiu de  você, hmm. – ele se aproximou quase enfiando a língua dentro da minha boca. – Vocês estão namorando? Porque se você beijou ela, isso significa que você gosta dela. Finalmente você resolveu esquecer a Sakura.

Eu não respondi. Deidara voltou a empurrar a bicicleta e eu fui atrás, perdido em pensamentos. Quando chegamos no colégio, Hinata estava no portão conversando com Tenten. Desci da bicicleta e olhei para ela, que estava, devo afirmar, até bonita.

Ela olhou para mim e eu avermelhei quando me lembrei do que Deidara afirmou para mim minutos atrás. Para disfarçar, peguei meu celular e fiquei admirando o papel de parede. Por essa e outras razões que eu amo ter um celular. Como será que antigamente as pessoas disfarçavam a timidez sem ter um celular? Será que pegavam duas pedras e fingiam que estavam fazendo fogo?

— Vai lá dá um oi, hmm. – murmurou Deidara no meu lado.

— Hã? Mas eu não sei o que falar pra ela. – nesse momento a minha vida está igual aquelas séries que a gente não entende nada, mas continua assistindo na esperança de entender, mas não entende.

Deidara colocou uma mão em meu ombro e piscou animadamente.

— Vou te dar um conselho... apenas seja você mesmo, hmm?

— Nossa, muito bom seu conselho. – fingi empolgação. – Eu estava sendo um ferro de passar roupa, mas agora vou ser eu mesmo. – Deidara deu uma lapada na minha bunda e me empurrou na direção de Hinata. Ela ainda olhava para mim e assentia ao que Tenten falava. – Olá! – cantarolei, em pleno nervosismo. Tenten se virou para mim e deu um sorrisinho malicioso. Caralho, agora todo mundo quer me molestar?

— Olá garotão! – ela exclamou, eu a olhei como se ela estivesse estirada na calçada com as tripas pra fora. – Tchau garotão. – ela saiu toda animadinha. Deve ter chumbado com o Neji ontem e gargalhado a noite toda, de certo.

— Oi. – respondeu Hinata, ela não estava corada como de costume, ela parecia feliz.

— Então...? – eu me remexi, desconfortável. Eu não me lembro muito bem o que aconteceu ontem, mas me parece que Hinata sim. Perguntar pra ela algo como “eu te beijei?” pode magoá-la. Eu cocei a nuca. – A gente... meio que... se abraçou com a língua... né? – ela piscou, confusa e me olhou sem entender.

— O quê?

— Eu e você... nós... sabe? – eu fiz minha mão esquerda beijar minha mão direita e olhei para Hinata na esperança dela ter entendido. – Ontem, sabe? Tipo, nós dois.

— Você me disse ontem que eu queria ser mais do que uma amiga pra você, porque quanto eu... quanto você... – ela olhou para o chão.

— Continue! – quase implorei.

— Você não terminou a frase porque acabou me... beijando.

Eu ia falar alguma coisa – não sabia ao certo o quê – quando duas garotas saíram rolando no pátio. Eu me afastei e olhei para o chão. Era Sakura e Ino num troca-tapa interessante. Mas que diabos é isso? As duas não são amigas? Sasuke apareceu no meio da confusão, e estava mais amarelo que o meu cabelo. Deidara subiu em cima da mesa e começou a filmar a confusão com o seu celular vagabundo comprado da feira.

— Vou processar a sua mãe por te dá à luz! – berrou Ino, sendo sufocada pelo corpo de Sakura.

— Sua vaca! – ouvi Sakura gritar para Ino.

— Pelo menos a vaca dá leite. E você dá o quê? O cu não vale.

O professor com cara de pastor – vulgo ao Yamato – se aproximou, em seu lado estava o punheteiro do Kakashi, aqueles dois ali estão formados em separar brigas na escola, eles já ficam na espreita só esperando alguns alunos brigar para poder ir lá separar. Yamato grudou no braço de Sakura e a puxou de cima de Ino.

Kakashi levantou Ino bem delicadamente, a coitada estava sangrando.

— Você está bem? – ele perguntou.

— Se eu estou bem? Mas é claaaaro que eu estou bem. Eu tô nadando no meu próprio sangue porque eu gosto, eu faço isso todo dia. – ralhou ela, se debatendo.

Todos os alunos presentes no pátio de repente se dividiram, parecendo mais com o Mar Vermelho, e então o Moisés que dividiu o mar se aproximou. Na verdade, era a Tsunade, que estava com um olhar sanguinário na direção das duas.

Kakashi e Yamato soltaram as duas no chão, e Tsunade se aproximou mais das duas. Sakura estava uma massinha de sangue, e Ino pareceu que caiu num pote de extrato de tomate.

— O que aconteceu? Vocês duas brigando em plena manhã? Mas o que é isso? – Tsunade colocou as mãos na cintura.

— Culpa dela. – ganiu Sakura para Ino.

— Mas vocês não são amigas? – perguntou Yamato. – A amizade é uma coisa linda e próspera, não se deve brigar.

Kakashi puxou uma revista enrolada do bolso e saiu sorrateiramente da confusão. Sakura apontou o dedo na cara da Ino e esbravejou:

— Ela não pode ser considerada minha amiga, depois de pegar o meu macho!

— Ah, vai tomar no cu, eu tenho namorado pra você que não sabe.

— Claro, o traficante de feijão. – murmurei.

— O que disse? – Hinata sussurrou em meu lado.

— Tô com uma dorzinha no dedão. – e apontei pro meu pé esquerdo coberto pelo tênis velho.

— Vocês estão brigando por conta de homem? – Tsunade arqueou ambas as sobrancelhas.

— Como se o Sasuke fosse considerado um homem, hmm. – retrucou Deidara de cima de um poste. Mas que... como ele foi parar lá em cima?

— As duas pra diretoria, agora! – Tsunade saiu caminhando furiosa, ah cara, aquelas tetas.

Sakura e Ino foram logo atrás trocando alguns tapas, mas Yamato as repreendeu e foi junto com elas para a diretoria. Depois que a confusão passou os alunos se dissiparam, eu me virei para Hinata que estava parada no mesmo lugar. Ela estava encarando o sangue no chão.

Eu tossi falso chamando a atenção dela, que me olhou de imediato.

— Então, Hina, quer sair comigo hoje á noite? – perguntei sem pensar. Eu não tinha pensado no pai dela, no sr. Chibata, ele pode me matar, ele vai me matar, tenho certeza. Eu estava pensando em voltar atrás com a minha pergunta, mas Hinata sorriu largo e respondeu um “sim” tão animadamente que voltar atrás agora seria considerado um repleto pecado.

Ela sorriu mais uma vez antes de sair, eu fiquei ali parado, tentando absorver o que tinha acabado de acontecer.

Sakura acabou de dar uma surra na Ino por causa do Sasuke, e eu convidei a Hinata para sair. Até alguns dias atrás eu era afim da Sakura, vivia dizendo que ela era o cogumelo do meu Super Mário. Agora, parece que tô cagando pra ideia dela está ou não gostando de mim – o que é bem obvio que não está –, será que eu estou gostando realmente da Hinata? Eu só tinha me aproximado mais dela para ter a posse do seu caderno gordo de segredos, que eu ainda não consegui obter.

Mas tudo bem, eu ainda posso ter a posse do caderno, agora que estou bem mais próximo dela do que antes, eu só preciso controlar o meu medo pelo pai dela e minha raiva descomunal pela irmã dela e aí tudo certo.

— Que doideira, hmm. – Deidara murmurou em meu lado, ele estava vendo o vídeo que acabara de gravar da briga. Eu o olhei de lado e estreitei os olhos.

— Como conseguiu subir naquele poste? – perguntei.

— Foi no desespero. – garantiu ele. – Eu queria enxergar o que estava acontecendo e de cima da mesa não dava, por isso subi, hmm.

— Nada mais me surpreende. – revirei os olhos.

— Eu transo com o sofá. – disse Shino, o esquisito que sempre vem de óculos escuros pro colégio pra comer as garotas com os olhos. Ele estava em nossa frente, soando sério pelo que acabara de dizer. Eu e Deidara o encaramos, mas não ousamos dizer nada, a natureza do Shino é desconhecida.

Quando o sinal soou alto por todo o colégio eu corri animado – não – para minha aula de matemática. Kakashi, o adorado professor punheteiro, já estava dentro da sala e olhava para cada aluno que entrava com um olhar que dizia “Você está fodido, com amor: Diabo.” Eu sentei no fundão, só pra fugir das vistas daquele professor esquisito. Rock Lee se sentou em meu lado, ele estava tão feliz para alguém que estava prestes a ser fodido.

— E aí?! – disse ele, tirando seus materiais de dentro da mochila. Eu vi sua carteira cair no chão, contive a vontade de pegá-la pra checar se havia mesmo uma foto do bilau dele lá dentro, mas não fiz isso, porque se fizesse, eu iria me sentir gay e eu tenho um encontro mais tarde.

Encontro...?

Pode chamar assim, certo?

Rock Lee apanhou a carteira dele do chão e a guardou dentro da mochila.

— Beleza? – eu disse a ele.

— Só saúde.

— Eu consigo te entender perfeitamente. Mas olhe pelo lado bom, a saúde é tudo o que impor... – Kakashi estava parado em frente a minha mesa com os braços cruzados sobre o peito. – E aí?! – dei um aceno.

— Você veio pro colégio pra estudar ou pra conversar?

— Vim pra esquentar a cadeira.

Ele olhou furioso para mim, mas não retrucou. Deu a volta e foi para a frente da turma, todos já estavam sentados e aguardavam o início da aula. Kakashi deu uma olhada animada para a classe e disse:

— Estudaram para a prova de amanhã?

— Prova? Que prova? Você não falou de prova! Como assim gente?! – Rock Lee estava mudando de cor em meu lado, estou começando a achar que essa tartaruga ninja pode se camuflar.

— Eu falei sim. Vocês que não se lembram.

— Não, não falou. – disse Shikamaru, sentado lá na frente.

— Você só vive dormindo nas minhas aulas, não pode optar! – retrucou Kakashi calmamente e em seguida olhou para mim. – Estudou Naruto?

Todos olharam para mim, eu ajeitei minha postura na cadeira e fritei o punheteiro com os olhos.

— Um ano tem 365 dias para podermos estudar. Depois de tirar 52 domingos, só restam 313 dias. No verão há 50 dias em que faz demasiado calor para podermos estudar. Assim restam-nos 263 dias. Dormimos 8 horas por dia, por ano isso são 122 dias. Agora temos 141 dias do ano. Se nos derem 1 hora para fazermos o que quisermos, 15 dias do ano desaparecem. Assim restam-nos 126 dias. Gastamos 2 horas por dia para comer, isso equivale há 30 dias, e sobram-nos apenas 96 dias do ano. Exames e testes ocupam no mínimo 35 dias do ano. Portanto só nos restam 46 dias. Tirando aproximadamente 40 dias de férias e feriados, ficamos com apenas 6 dias. Sigamos que também só saímos 5 dias. Só resta 1 dia, porém esse único dia é o meu aniversário, ou seja, caro professor, eu não tenho tempo para estudar.

Resultado? Tô aqui na diretoria fazendo companhia pra Sakura e pra Ino.

Passei o restante de todas as aulas enfurnado na diretoria, tendo de aturar a diretora furiosa sem o seu café, Ino gemendo de dor em meu lado e Sakura conversando sozinha. Quando a diretora nos dispensou, ralei peito pra fora dali e dei de cara com Deidara que me aguardava no corredor. Ele não parecia irritado, parecia, digamos que aliviado.

— Itachi ligou. – avisou ele.

— O que ele queria?

— Ele nos dispensou hoje. Disse que não iriamos precisar ir trabalhar porque o Yachi ia viajar com a avó, hmm. – os olhinhos dele brilharam. – Vamos pra casa então?

— Demorou!

Na saída do colégio nos encontramos com Sai, ele estava com uma cara de sofrido e com olheiras. Deidara se aproximou para prestar solidariedade, eu me aproximei apenas por curiosidade.

— O que foi Sai? – perguntou Deidara soando preocupado. Desde quando esse mentecapto se preocupa com alguém?

— Será que a Ino pegou mesmo o Sasuke? – perguntou Sai arrasado.

— Mesmo se tiver pego, cara. Você arruma outra no Facebook, hmm?

— Mas eu não quero outra! – reclamou Sai, faltou ele dar birra, se jogar no chão e começar a se debater igual peixe. – Eu quero a Ino. Ela é linda da cabeça à canela.

— Da cabeça à canela? – repetiu Deidara com a testa franzida.

— É. – Sai fez bico. – O pé dela é meio esquisito.

— Relaxa e fica sussa — eu me aproximei torcendo meu bigode invisível. – que eu vou te arrumar uma mulher. – Sai me encarou e Deidara se virou para mim. – Vou te arrumar uma tão boa, que você vai se esquecer da Ino e do pé esquisito dela.

— Mas eu amo ela! – Sai estava parecendo uma criança emburrada querendo um brinquedo.

— Vou fazer com que desame. – parei de torcer o bigode invisível e olhei para Deidara. – Já sei quem pode nos ajudar.

— Ah! – Deidara deu um sorrisinho. – Saso!

— Pois é! Pois é! – sacudi a cabeça. – Graças á ele, eu descobri que tudo é possível.

— Eu peidei muito fedido ontem e quase matei minha mãe com o cheiro. – disse Shino em meu lado, olhando para as nuvens no céu. Eu, Deidara e Sai olhamos para ele, mas não dissemos absolutamente nada, sério, a natureza desconhecida do Shino precisa urgentemente ser estudada.

Largamos Sai ali ouvindo as idiotices contadas por Shino e partimos em rumo a casa do Sasori, quando chegamos, encostamos nossas bicicletas no muro e seguimos para a porta. Sasori estava em casa, eu sabia disso devido ao som alto vindo lá de dentro.

... Tento não chorar por qualquer bobagem, para não borrar a minha maquiagem. Só que no meu lugar qualquer pessoa estaria nervosa. Fui pintar o cabelo e o salão errou o tom do cor-de-rosa. Estou sensível! Irreversível, ô meu! — Sasori cantava desafinado do lado de dentro. Eu bati na porta com força para chamar a atenção dele, em instantes o som foi desligado e a porta foi aberta.

Eu levei um susto com ele ali só de roupão. E devo detalhar, roupão do frajola. 

— Olha só se não é o Nanoia e o Deu e Dará? Que merda fizeram dessa vez?

— É Naruto. – corrigi, já sem esperanças de algum dia ele acertar.

— Queremos ajudar um amigo nosso, hmm. – Deidara se aproximou de Sasori, empurrou ele delicadamente para o lado e entrou. Sasori revirou os olhos e me convidou para entrar, entrei.

— O que querem que eu faça? – Sasori fechou a porta e se aproximou de nós.

— Sai.

— NÃO VOU SAIR, A CASA É MINHA SEU ESCROTO MORFÉTICO!

— Não, cara. O nome do amigo que a gente quer ajudar é Sai. – expliquei com a mão na testa.

— Ah! E o que querem que eu faça? – Sasori se sentou no braço do sofá e cruzou as pernas.

— A namorada dele chifra ele pra caralho, e ele ainda a ama. Eu pensei que talvez ele pudesse se apaixonar por outra pessoa e você é mestre nisso com suas poções milagrosas.

— O que eu disse sobre optar pelo modo tradicional? – ele ergueu as sobrancelhas desafiadoramente.

— Não precisa usar poção, hmm. – Deidara disse. – Apenas arranje uma mulher qualquer aí e empurre pra cima do Sai. Eu sei que você conhece altas mulheres bonitas.

— Por que não usam a Kareli?

— Fala da Karin? – ele assentiu. – Ah, não, não... ela vai passar pouco tempo com a gente e ela não é o tipo de mulher por quem você fala “Uau vou me apaixonar por essa aí.”

— Ok, tudo bem, o jeito é a poção mesmo, hmm. – Deidara olhou para as próprias unhas. – A gente arranja uma filha da puta qualquer e enfia a poção nela, e com isso ela vai se apaixonar pelo Sai e só terá os olhos para ele.

— Certo. Então me tragam alguma coisa desse cara aí, pode ser um fio de cabelo, pedaço de couro, sangue...

— Fio de cabelo. – eu decidi.

— Assim que trouxerem eu irei misturar na poção, eu só espero que não dê merda.

— Ok, então vamos Naruto. – Deidara foi em direção a porta e eu franzi o rosto.

— Pode ficar pra amanhã? É porque tenho um encontro hoje.

Sasori se engasgou com o oxigênio e Deidara virou a cabeça para mim igual a garota do exorcista.

— SÉRIO QUE ALGUÉM REALMENTE TE QUIS? – gritou Sasori boquiaberto.

— Quem vai sair com você, a tia da cantina? – perguntou Deidara.

— Hinata. – respondi. – Nós vamos sair hoje. – os dois ficaram olhando para mim com os olhos do tamanho das esferas do Dragão. – Então, podemos deixar pra amanhã?

— É. Milagres acontecem só uma vez na vida, pode sim. – consentiu Sasori. – Mas não esqueçam de trazer o fio do cabelo do Entra amanhã.

— É Sai. – eu disse.

— Tanto faz. – ele revirou os olhos.

— Vamos, Naruto. Karin deve estar em casa, ela vai dar um trato em você, hmm. – Deidara começou a me puxar.

— Boa sorte Narueta, e vê se não fode com tudo! – exclamou Sasori enquanto eu saía com Deidara.

— Narueta é seu cu, filho da puta. – eu falei, já do lado de fora.

Quando chegamos em casa, apenas estava Karin assistindo TV, naquele típico horário em que não se pode inventar nada o que fazer. Deidara desligou a televisão e me jogou pra cima de Karin, ela me encarou e me jogou no chão. Sou muito amado.

— Naruto vai ter um encontro hoje, hmm. – explicou Deidara rapidamente. – O que sugira que façamos com ele para melhorar sua aparência? – agora ele cagou comigo.

Karin piscou os olhos e se endireitou no sofá.

— Encontro?

— É. Com aquela garota bonita da praça e da micareta.

Karin estreitou os olhos em mim e deu um sorrisinho. O silêncio pairou, após alguns minutos ela veio com a seguinte ideia:

— Por que não depilamos seus ovinhos? Assim a garota bonita poderia fazer “certas coisas” com eles.

Deidara deu uma risada. Aquela frase foi igual um sino na minha cabeça. Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam “certas coisas”.

— Não. – respondi depois de um tempo. – Depilação dói.

— Ah, deixa de frescura. Existem novas técnicas de depilação.

Eu comecei a imaginar as “certas coisas” de novo.

— Você vai me ver pelado! – eu disse horrorizado.

— Não é a primeira vez. – lembrou ela, entediada. Eu pensei mais um pouco e por fim, não tive como negar e acabei concordando. – Fica pelado enquanto vou buscar os equipamento necessários.

Deidara bateu o pé.

— Vou me embora daqui que não quero ver Naruto sendo depenado, hmm. – Deidara sambou até a porta e saiu.

Eu fiquei inerte, olhando para a TV desligada, minha mente estava vagando pelas novas sensações, que só acordei quando escutei o bip do micro-ondas. Karin voltou para a sala com um pote de cera, uma espátula e alguns pedaços de plástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de “dona da situação” que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se como residente.

— Não tirou a roupa ainda? Puta que pariu, seu lerdo. Sobe pro seu quarto e arranque a roupa, anda logo.

Respirei fundo e fui. Ela veio logo atrás cantarolando. Eu entrei em meu quarto e comecei a tirar a roupa, Karin se sentou na cama e ficou esperando impaciente. Terminei de me despir e olhei para ela, que não demonstrou nenhuma reação por estar na frente de um homem nu. Ok, fiquei tranquilo e autorizei o restante do processo.

Ela pediu para que eu ficasse numa posição de quase-frango-assado e liberasse o aceso a zona do agrião. Cara, que situação. Ela pegou meus amáveis ovinhos como quem pega bolinhas de porcelana e começou a passar cera morna. Até que aquela parte não estava sendo tão ruim. O Sr. Uupa já estava todo “pimpão” como quem diz: “sou o próximo da fila!”

Após estarem completamente besuntados de cera, ela embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que iria levá-los para viagem. Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica, mas estamos falando da Karin, e ela é uma Uzumaki.

Alguns segundos depois ela esticou o saquinho para um lado e deu um puxão repentino. Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro “PUTA QUE O PARIU” quase falado letra por letra.

Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado.

— Restaram alguns pelinhos, eu preciso passar de novo. – ela disse, segurando a risada.

— Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade! – respondi prontamente.

Segurei minhas bolas em minhas respectivas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção e fui para o banheiro. Sentia o coração bater nos ovos! Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molhei o saco antes de molhar a cabeça. Passei alguns minutos só deixando a água gelada escorrer pelo meu corpo. Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinho novo... caguei.

Peguei um gel do meu pai pós-barba com camomila – que acalma a pele –, enchi as mãos e passei nos ovos. Foi como se tivesse passado molho de pimenta. Sentei no bidê na posição “lava xereca” e deixei o chuveirinho acalmar os “doutores”. Em seguida peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10ª round.

Olhei para meu pinto. Ele tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno agora que mais parecia irmão gêmeo de meu umbigo.

Nesse momento Karin bateu na porta.

— Você está bem, Naruto?! – a voz dela estava igual uma gralha.

Não respondi. Saí do banheiro e voltei para o quarto.

— Fica frio, Naruto, os pentelhos saíram pelas raízes, vão demorar voltar a nascer. – argumentou ela.

— Pela espessura da pele do meu saco, aqui não nasce nem penugem, meus ovos vão ficar que nem os das codornas. – respondi.

— Eu posso ver como estão?

— Olhe com meio metro de distância, sem tocar em nada e se ficar rindo vou te jogar pela janela.

Ela olhou, e pela sua cara, estava admirando sua obra. Filha da puta.

— Não vai agradecer?

— Sai do meu quarto.

Ela fez bico e saiu batendo a porta. Vesti uma camiseta e deitei na cama para tentar tirar um cochilo – somente de camiseta – e naquele momento eu realmente pensei que sexo para mim nem para perpetuar a espécie humana. Fechei os olhos e consegui desconfortavelmente a dormir.

Quando acordei, chequei o horário no celular e constatei que eu já poderia ir buscar Hinata para sairmos – para onde não sei –, me levantei da cama e comecei a me arrumar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros. Foi estranho sentir o vento bater em lugares nunca antes visitados. Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo e nada. Vesti a calça mais folgada que achei no armário, peguei algumas economias debaixo do travesseiro e saí do quarto. Meus pais não tinham chegado ainda, mas Deidara sim. Ele estava ali no sofá com Karin, rindo.

— E aí, Naruto? Como foi?

— Você já deve saber.

— Eu só queria ajudar. – Karin deu de ombros. – Tenho certeza que agora você vai ganhar “certas coisas”.

— Enfia essas “certas coisas” no buraco do seu cu! – saí furioso de casa, andando igual um cowboy cagado e fui para a casa da Hinata. Quando cheguei, bati na porta e quem abriu foi o sr. Chibata. Mas essa agora? – Boa noite. – falei, mas sem olhá-lo nos olhos. – Hinata está?

— Ela falou mesmo que você iria vim. – disse ele seco, nem respondeu meu boa noite. – Entra. – eu entrei, andando daquele jeito escandaloso. Ele encarou o meu andado, mas não disse nada. – Sente-se, vou chamá-la. – ele apontou para o sofá e eu dei um sobressalto.

— Prefiro ficar em pé. – eu estava com receio de encostar os tomates maduros em qualquer superfície.

Sr. Chibata revirou os olhos e subiu pela escada, eu fiquei ali, calminho, tentando não pensar no que aconteceu naquela tarde, quando Hanabi – irmã mais nova de Hinata – entrou. Ela parou perto da porta e me encarou ali, com aquela calça folgada. Eu dei um sorriso amarelo para ela, que me ignorou e subiu a escada. Segundos depois Hinata desceu com Hiashi no seu pé.

— VAI O QUÊ? – gritava ele e em seguida olhou para mim. – Estou confuso, o que diabos você é? Gay ou não?

— Sou uma pessoa de alma boa. – que merda eu disse?

— Eu até queria acreditar em você, o problema está na minha certidão de nascimento que insiste em afirmar que eu não nasci ontem.

— Vamos apenas sair, pai. – explicou Hinata olhando seriamente para ele. – Vai ser rápido. Apenas vamos dar uma volta.

— Apenas dar uma volta? – Hiashi jogou um abajur pela janela e deu uma risada. – Sua tia engravidou do Neji porque resolveu dar uma volta. – ele pegou um cinzeiro e jogou pela janela. – Dar uma volta é o mesmo que dizer “oi, tudo bem? Me coma por favor” e eu não vou sustentar filho de ninguém. – ele jogou o telefone pela janela. – Mas relaxe, Hinata, minha querida, você pode sair, apenas tenha juízo. – ele jogou a lista telefônica. – Quero que se divirta.

— Hinata, por que o seu pai está jogando tudo pela janeeeeeeeeee...

 

 


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