Após deixar os amigos sozinhos na sorveteria, Cindy voltou a escola para pegar a bicicleta que havia esquecido, se aproximou da mesma tirou a corrente colocando na bolsa e puxou a bicicleta, mas a roda da mesma havia ficado presa, “Ah! Que ótimo.” Pensou ela puxando com mais força, mas permanecia presa, ela respirou fundo e puxou com mais força fazendo a roda se soltar e a bicicleta ir pra trás com força e logo ouviu o barulho da bicicleta caindo e alguém dizendo palavrões fazendo ela encolher os ombros para se virar.

Ao ver quem havia acertado arregalou os olhos, era o garoto que havia impedido a tal Lory de lhe dar uma surra, Cindy rapidamente tirou a bicicleta de cima do garoto, que a olhava irritado.

—De-Desculpa. –disse estendendo a mão para ajudar o mesmo a se levantar, mas ele ignorou pegando a mochila e se levantando o que a fez trazer a mão de volta para o quadro da bicicleta.

Ele a encarou por alguns segundos e voltou a andar, Cindy respirou fundo como se tivesse esquecido de respirar antes, montou na bicicleta e começou a pedalar para sua casa, porém assim que passou pelo garoto resolveu voltar até ele, assim que parou ao lado do mesmo ele a encarou com uma sobrancelha arqueada e ela começou a pedalar mais devagar o acompanhando.

—O que foi? –perguntou ele.

—Ah, E-eu, queria agradecer por não ter deixado a tal... Lory, me bater. –respondeu um tanto tímida e o mesmo a olhou voltando olhar para rua.

—Só fiz aquilo porque provavelmente ela seria expulsa. –deu uma pausa e voltou olhar para Cindy. —E você estaria no hospital.

—Oh! –ela arregalou os olhos e parou a bicicleta. —O-obrigada do mesmo jeito, não que você queira saber mas... me chamo Cindy. –completou voltando a pedalar.

—Eu sei. –falou ele simplesmente fazendo ela o encarar com uma sobrancelha arqueada.

—Co-como você sabe? –ele a encarou e sorriu de lado.

—Só sei. –respondeu. —A propósito, sou Nate. –disse virando em uma rua paralela a que Cindy seguia.

Ela sorriu voltando a pedalar mais rápido para chegar logo a sua casa, quando se deu conta do sorriso fechou a cara sem entender o porquê daquele sorriso. “Porque ele ainda estava na escola?” se perguntou lembrando que aquele horário provavelmente não teria quase ninguém mais no colégio.

[...]

—Não, não, não, que droga! –esbravejou a morena jogando a corrente da bicicleta no chão.

A manhã tinha começado da pior maneira possível para ela, parecia que seria realmente seu dia de azar, após tomar banho acabou rasgando a barra de sua camiseta dos Ramones, logo no café quebrou um copo e teve a testa acertada pela porta da geladeira que havia sido aberta por sua mãe e agora começava a pegar o caminho da escola a pé já que o pneu de sua bicicleta estava furado, como havia furado? É algo que ela tentava entender até agora.

Cindy estava totalmente perdida nos seus pensamentos e querendo achar algo ou alguém que poderia descontar sua raiva, até que uma buzina a fez quase pular de susto, o carro parou ao seu lado e então viu Drew a olhando com um pequeno sorriso, ela o ignorou e voltou a andar mas o mesmo começo a acompanhar com o carro mais devagar.

—Porque está indo a pé? –perguntou ele e Cindy suspirou, estava tentando o ignorar e o evitar, e só conseguiu isso por um dia, “Obrigada sorte, você me ama tanto que me abandonou com o azar”, pensou e finalmente respondeu o garoto.

—O pneu tá furado. –o encarou e ele sorria, “Droga, porque ele tá sorrindo?” se perguntou tentando não sorrir também, já que seu sorriso tinha esse poder sobre ela.

—Entra aqui, eu te levo!

—Não, obrigada, eu vou andando mesmo. –respondeu rapidamente.

—Qual é Cindy? Você já chega morrendo quando vai de bicicleta, imagina andando... Sem contar que o caminho é meio longuinho e com esses passos você vai se atrasar, o que não seria nada bom para quem está de detenção. –falou ele sorrindo e Cindy parou o encarando.

—Sua namorada não vai achar ruim? –perguntou mais grossa do que pretendia.

—Ela não vai se importar e outra, sou eu que decido quem entra ou não no meu carro. –respondeu ainda sorridente, Cindy olhou pro chão e suspirou. Dando volta no carro e entrando no lado do passageiro.

Eles já estavam próximos ao colégio e o caminho todo ficaram calados, Cindy mexia a perna direita freneticamente e olhava para tudo, menos para Andrew, Já Andrew vez ou outra olhava para amiga, sabia que a mesma estava nervosa com o que havia acontecido, pois havia reparado que a mesma mexia a perna, evitava o olhar e vez ou outra mexia nas unhas, sempre que estava nervosa com algo ela agia desta forma, até que Drew finalmente quebrou o silencio.

—Acho que... Que deveríamos conversar sobre...

—Não, não precisamos falar sobre isso! –Cindy o cortou ainda sem olha-lo.

—Sim Cindy, nós precisamos conversar sobre o que aconteceu. –falou parando o carro no estacionamento e a morena finalmente o olhou.

—Eu não quero falar, agora não importa mais Drew! Faz o seguinte, passa a borracha, esquece, finge que não aconteceu. –falou com calma e de certa forma hesitante, e então saiu do carro, Drew fez o mesmo o trancando e acionando o alarme e correu para acompanhar Cindy.

—Você não pode ficar me evitando o tempo todo. –disse já ao lado dela.

—Sim, eu posso! –falou enquanto caminhava em direção ao armário.

—Olha, somos vizinhos, tanto de casa como de armário. –Drew abriu o armário enquanto falava. —E eu sento atrás de você nas aulas...

—Com a namorada ao lado. –Cindy o interrompe mas ele ignora continuando a falar.

—E temos os mesmos amigos, eu posso te perseguir o dia inteiro.

—Não pode!

—Ah, eu posso sim!

—Não, você não pode, porque você tem que ficar com sua namorada ou ela irá achar estranho, e eu tenho detenção onde você não poderá entrar e obviamente você jamais faria algo para sujar seu histórico, então...

Um estrondoso barulho os assustou assim como as pessoas em volta, cortando a discussão, o barulho vinha do banheiro masculino próximo a onde eles estavam, o banheiro parecia estar pegando fogo de tanta fumaça que saía dele.

Cindy olhou para os lados e viu pessoas rindo da situação e outras incrédulas, aproveitando que a bomba deu a chance de fugir da briga com o amigo ela fechou o armário indo em direção a sala, quando passou por Nate e viu o mesmo conversando com um garoto enquanto rodava uma caixinha de fósforos na mão esquerda e olhava para os inspetores que surgiram para punir o culpado, uma rápida memória de ter “jogado” a bicicleta em cima dele no dia anterior lhe veio à mente, “É claro... Por isso ele ainda estava na escola.” Pensou entrando na sala com um pequeno sorriso por ter quase a certeza de estar certa.

—Alguém acordou de bom humor! –disse Grace dando um beijo estalado no rosto da amiga que riu.

—Na verdade não, até agora meu dia foi puro azar, só estava pensando em algo. –falou se sentando ao lado de Isa e beijando o rosto da morena e do loiro a frente. —Como foi ontem na sorveteria? –perguntou olhando para Will que estava virado para ela e Isa.

—Foi divertido. –respondeu ele dando um sorriso malicioso que deixou Isabelly sem jeito, e Cindy percebendo a ação dos amigos abriu a boca em um perfeito “o” e depois riu.

—Perdi algo? –perguntou a ruiva não entendo nada.

—Não sei de nada! –Cindy ergueu os braços mostrando não ser culpada enquanto ria.

—Qual a piada? –perguntou Luke entrando na sala.

—Perguntem ao loiro ai. –disse ela ainda rindo

—Não liguem pra ela, é doida e esqueceu de tomar os remédios. –falou Isa tentando disfarçar a situação.

[...]

—Sai daí Luke, o Will faz melhor! –disse Grace rindo, William se levantou fazendo cara de sério e começou falar com voz grossa.

—Vocês vão todos se dar muito mal, imprestáveis, deveria repetir todos, seus burros delinquentes. –imitava o professor de geografia fazendo os amigos rirem.

—Quem aqui sabe imitar a Sra. Miller? –perguntou Drew e Isa se levantou enquanto prendia o cabelo em um coque começando a imitar a professora de sociologia.

—Não é como se ele fosse o único cara, mas aquele idiota me deixou esperando ele a noite inteira... –dizia ela fingindo estar chorando como Sra. Miller costuma fazer em algumas aulas falando sobre seus maus relacionamentos.

Estavam todos rindo e hora ou outra um imitava alguém, as pessoas em volta os olhavam e riam ou achavam estranhos, mas não se importavam continuando com a brincadeira, Cindy se levantou indo pegar mais um suco, pediu um de uva e foi voltar para junto de seus amigos, porém ao se virar se chocou com alguém fez o suco virar todo em sua blusa de moletom, ela olhou incrédula para a pessoa que havia trombado com ela, e então reconheceu a garota de cabelos curtos que agora ria dela assim como algumas pessoas em volta.

—Nos vemos mais trade, gatinha! –disse Lory saindo de lá enquanto Cindy permanecia parada, ela olhou para o lado onde algumas pessoas riam e gritou.

—Calem boca! –e saiu em direção do banheiro feminino, assim que entrou tirou a blusa de moletom molhada e se arrepiou pelo frio, colocou a blusa sobre a pia e olhou para camiseta cinza agora com uma enorme mancha lilás na região dos seios e barriga.

Cindy pegou alguns papeis e tentou secar a mancha a mesma permaneceu só um pouco mais clara, ela suspirou e olhou para trás quando ouviu o barulho da porta abrindo, Isa olhou para ela e disse:

—Isso só vai sair lavando!

—Eu sei.

—Porque aquela garota fez aquilo? –perguntou Isabelly.

—Ela é a Lory, a garota que queria me mandar pro hospital. –disse começando a esfregar mais um pedaço de papel na blusa.

—Ela invocou mesmo com você. –Isa encostou na parede enquanto Cindy tentava inutilmente fazer a mancha sumir.

—Droga! Isso não vai sair mesmo, vamos. –chamou a amiga pegando a blusa molhada em cima da pia.

Assim que saíram do banheiro ela sentiu um vento gelado passar por ela fazendo-a se arrepiar e abraçar os próprios braços na intenção de se esquentar.

[...]

—Tem certeza que não quer minha blusa? –perguntou Luke já abrindo o zíper para entrega-la a amiga.

—Tenho Luke, obrigada, mas não vou deixar você ficar com frio por causa disso, eu nem estou com tanto frio. –disso sorrindo disfarçando o frio que sentia, já era a décima vez que Luke oferecia sua blusa.

O sinal soou indicando o termino da aula e todos se despediram de Cindy que acabou sendo a última a sair da sala, respirou fundo enquanto caminhava até a sala da detenção, assim que chegou o professor já estava quase entrando também, ela entrou logo após ele e se sentou no mesmo lugar do dia anterior, o garoto que passara a detenção dormindo no dia anterior estava encostado na cadeira com fones de ouvido e o mesmo agasalho, Cindy olhou para sala e todos que estavam antes estavam lá novamente quando parou os olhos em Lory ela sorriu cinicamente para ela.

—Agora acabou a moleza pestes! –disse o professor. —Vocês terão trabalhos em dupla para fazer e antes que perguntem, eu irei escolher a dupla. Vocês terão um trabalho diferente por cada dia, vamos as duplas Jean e Mike... –o professor começou a separar as duplas e tudo que Cindy pensada era para que ela não tivesse que fazer com lory. —Lory e Nick, Cindy e Nate... –“Tá, eu não esperava por isso, mas pelo menos não é a Lory” pensou ela.

O professor começou a dividir os trabalhos do dia, o trabalho que Nate e Cindy teriam que fazer seria limpar a sala de artes, Cindy se perguntava se o professor tinha permissão para isso, mas não duvidava que tivesse, o diretor era louco.

Cindy e Nate se dirigiam a sala de artes sem trocar nenhuma palavra, ela não via porquê falar com ele e ele pensava o mesmo, assim que entraram na sala Cindy arregalou os olhos, tinham telas espalhadas por todos os lugares, haviam respingos de tintas nas mesas cadeiras e chão, em algumas janelas também, os potes de tintas espalhados e com tampas trocadas, pinceis em todos os cantos e papeis rasgados em um canto ou outro.

—Meu Deus, trouxeram o zoológico para ter aula de artes aqui? –perguntou Cindy mais alto do que queria, já que pretendia perguntar para si mesma.

—Não é como se nossa escola já não fosse um zoológico. –respondeu Nate suspirando. —Vamos começar ou vamos ficar parados? -perguntou arqueando as sobrancelhas e dando um pequeno sorriso.