O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 5
Para uma boa ouvinte


Notas iniciais do capítulo

ola pessoas
faz muito tempo, eu sei desculpem, esse ano foi complicado para escrever, talvez ano que vem seja mais ainda, mas durante as ferias eu vou conseguir, vou focar nisso, terminar a fic, e quem sabe começar outra, mas ano que vem vou dar mais prioridade ao meu livro. então pretendo terminar a fic nas ferias.
esse capitulo demorou dois meses para sair, e ainda não tem muito conteúdo, mas estamos rumo ao capitulo 6 então as coisas vão começar a acontecer não se preocupem, recebi comentarios bem motivadores e eu agradeço de coração, saibam que eu não vou desistir da fic,
espero que você gostem!



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Acho que não estou pronto para dar adeus ao que foi a melhor semana da minha vida. Passou tão rápido, foram acontecimentos de mais para tão pouco tempo, estou acostumado à rotina, a acordar cedo ir à praia, cuidar de minha mãe e meus avós, ir à casa de Louise ir ao colégio, admirar Ariane de longe, odiar David de perto. Mas essa semana, tudo foi diferente.

Louise tinha razão, como de costume, fazer trabalho com a pessoa que você gosta é um ótimo incentivo para estudar mais, essa semana não fui à praia, exceto naquele dia... Mas não vou me precipitar, vou contar tudo em ordem para não confundir, passei as minhas manhãs dessa semana pesquisando tudo o que fosse possível sobre importação e exportação marítima em Panem, foi difícil, não é um meio de economia muito usado depois de tantos séculos de evoluções em métodos ferroviários e aéreos, mas ainda é um pouco útil para algumas iguarias de países não tão desenvolvidos. Acho que fiz pesquisas melhores que qualquer nerd empenhado teria feito. Estava ansioso para mostrar tudo a Ariane.

Cuidar de minha mãe e meus avós é uma coisa que nem mesmo um trabalho, nem mesmo uma garota importante podem tomar o lugar, disso eu não abro mão, eles são tudo o que eu tenho de certo. Minha mãe está tão animada quanto eu com relação a esse trabalho, ela e meu “pai” têm certeza absoluta de que nós estaremos juntos antes do final do ano, eu já não tenho tanta certeza, mas tenho grandes esperanças. Meu Avô está se sentindo orgulhoso por nos ser úteis, tem pesquisado tanto quanto eu, nossos assuntos essa semana foram basicamente sobre exportação marítima, vovó está adorando isso tanto quanto crianças adoram brócolis, mas ela não tem para onde fugir. Não ir à casa de Louise é o mesmo que querer ser assassinado, ela me fez fazer relatórios completos todos os dias, eu até que gosto, assim tudo fica fresco em minha mente, cada minuto. Quando chegamos ao colégio tudo parece estar normal, mas não está, agora os sorrisos, antes imperceptíveis de Ariane para mim nos corredores, estão bem perceptíveis, mas ela ainda evita que David perceba.

— Eu acho melhor você não ficar muito perto da Ariane logo no começo, pelo menos não enquanto o David estiver por perto, e pode apostar que ele estará. — diz Louise enquanto andamos até o colégio.

— Por quê?

— Por quê? Se você está super feliz com essa amizade sua com a Ariane, então David deve estar morrendo de Ódio, ou seja ele vai partir para cima de você a qualquer momento sem motivo nenhum. Melhor evitar problemas.

— Ele já não fazia isso antes? — eu digo sorrindo

— Esse seu super bom humor e otimismo estão me irritando.

— Foi você quem disse que estava na hora de arriscar, agora aguente.

— O que não fazemos pela felicidade dos amigos! Em fim, mesmo você fazendo um ótimo trabalho e garantindo nota para se formar, isso não será suficiente se você for pego se estapeando com o David então é bom evitar qualquer tipo de intriga. Por enquanto ele só sabe que vocês estão na mesma sala, então vamos tentar evitar que ele descubra que vocês estão fazendo o trabalho juntos.

— Se ele descobrir eu realmente não me importo, Ariane disse que agora ela entende porque eu me meto em brigas com ele.

— Liam, a questão não é apenas como ela te vê, se é como um romântico protetor ou como um brigão, a questão é você se formar ou não, todos sabemos como o David é, e mesmo que você não brigue com ele, se ele te esmurrar e forem pegos os dois são suspensos, você brigando ou não. E lembre-se de que eu fiz...

— Uma promessa eu sei, eu sei! Relaxa Lou, vai dar tudo certo, vou evitar aquela besta o máximo que der. — caminhamos por um tempo em silêncio e minha mente cria várias possibilidades de acontecimentos se o David descobrir que estamos fazendo o trabalho juntos. A que eu mais gosto é a em que Ariane diz que está fazendo o trabalho comigo mesmo e que vai ser minha namorada eternamente! É pois é, por isso se chama fantasia! — Estamos falando sobre mim desde ontem quando eu te contei sobre o caminha de volta para a casa dela. Estou me sentindo egoísta. Como você está?

— Eu? Meu Deus! Ele perguntou por mim?

— Pare de drama!

— Desculpe eu sei que minha vida não é tão agitada quanto a sua, não vou te encher.

— Fala lago Louise!

— Estou bem! obrigada por perguntar!

— Não aceito essa resposta.

— Então faça as perguntas certas.

— Como está o trabalho?

— Enrolado, passei a noite lendo aqueles livros idiotas e achei informações tão úteis quanto o descascador de batatas que não descasca batatas que minha mãe comprou.

— Sabe que meu avô entende de tudo, tenho certeza de que ele pode te ajudar.

— É, mas para isso eu teria que contar o tema para ele, e ele poderia acabar deixando escapar para você.

— O que tem de mais eu saber o seu tema?

— São as regras Liam, nada de contar.

— você quem sabe. Toby tem ajudado?

— Tanto quanto ele pode.

— Isso é muito ou pouco?

— Acho que o suficiente, ainda é terça feira, temos até segunda para resolver isso.

— Até o final de semana não?

— Não sei mais se vou poder visitar a família feliz.

— Por quê? O que houve?

— Parece que a madrasta não tão má e minha mãe andaram discutindo pelo telefone e meu pai não ficou nada feliz por ela ter “se intrometido no casamento dele” as coisas estão meio nubladas.

— Por que não me contou isso antes?

— Porque eu estava ouvindo o relatório sobre Ariane.

— Está me fazendo sentir um péssimo amigo.

— Não sinta, sua confusão amorosa me distrai.

— Por que elas brigaram?

— Não perguntei, só sei que meu pai está bastante irritado e que as duas não querem se ver nem pintadas de ouro.

— E o que você tem a ver com isso? É o seu final de semana com o seu pai, ninguém pode te impedir, está no contrato.

— Se eu for minha mãe vai ficar brava por eu estar escolhendo “o lado dele” e enquanto eu estiver lá, a madrasta não tão má, pode querer se vingar da mamãe em mim e se tornar a madrasta realmente má, e meu pai obvio que vai escolher o lado dela. E se eu não for, meu pai vai ficar bravo por eu ter escolhido o lado dela.

— Uau e eu aqui te enchendo com minhas idiotices.

— Por favor, a única coisa que eu quero agora é idiotices para me excluir dessas desavenças — chegamos ao colégio junto com a moto vermelha. — Falando em desavença! — os dois descem da moto, Ariane vem na frente enquanto ele arruma os capacetes, ela vem em minha direção, quer dizer, em direção ao seu armário, quando ela me vê sorri, de verdade, e quando passa por mim murmura um oi, eu sorrio de volta, David começa a vir também, ele percebe minha presença mais rápido que ela, e anda na mesma direção me encarando com um olhar de matador, ele só percebe a presença de Louise quando ela segura meu braço me impedindo de fazer qualquer coisa que eu não estava pensando em fazer, ele começa a desacelerar quando chega perto de nós, chega a quase parar.

— David? Você não vem? — Ariane pergunta a alguns metros de nós. Ele a encara por uns segundos, depois bufa e passa por nós a milímetros de me dar um esbarrão, mas não dá.

— Uau, parece que seus conselhos a inspiraram. — nós nos olhamos e rimos. — Vamos senhor inspirador, você pode já ter um trabalho garantido, mas eu tenho muito que fazer! — ela se engancha no meu braço e nós vamos em direção a sala 302.

David foi levar Ariane na sala, ele ficou parado na porta por um bom tempo, então resolvi me sentar com Louise e Toby lá em cima até que ele fosse embora, ele me encarava com um olhar mortífero e tentava claramente não demonstrar a Ariane que o estava fazendo. ele só vai para a sua sala quando nossos professores chegam, ela se despede e começa a subir as escadas, David ainda não foi, ela olha para trás e faz sinal para que ele vá embora ele vai andando de costas, olhando para ela o máximo que consegue, e quando não tem mais vista dele ela me encara sorri e caminha até onde eu, Lou e Toby estamos e se senta ao meu lado.

— Ola gente.

— Ola! — eu digo surpreso, ela veio até aqui! Então eu percebo que devo a estar encarando demais, então pigarreio. — É... vocês se conhecem? Louise Ariane, Ariane Louise e acho que o Toby é da sua sala. — acho que foi a coisa mais ridícula que eu poderia ter dito, é claro que todos eles se conhecem.

— É eu conheço sim! Ola Toby, Ola Louise! Fizemos a oitava serie juntas.

— Verdade! — Louise sorri para ela, mas não consigo decifrar se aquele sorriso foi falso ou empolgado.

— Então pelo visto vocês se resolveram...—não sabia se deveria continuar, se não estaria me intrometendo demais, mas ela entendeu o resto, e não pareceu ofendida com a pergunta.

— É, depois que eu cheguei, houveram alguns gritos, muitos meus, a maioria dele, mas eu disse que se ele não quisesse que eu sumisse da vida dele para sempre ele teria que agir como um irmão mais novo normal de uma adulta afinal eu já tenho 18. Tiveram mais alguns gritos, mas chegamos a um acordo. Tenho que lhe agradecer muito Liam, seus conselhos que me levaram a falar tudo aquilo. — eu coro e sorrio.

— Sempre ao seu dispor! — ela sorri para mim.

— Espera, você é a mais velha? — Louise interrompe.

— Sete minutos! Apesar de ele ter ficado com o tamanho todo, eu sou a mais velha.

— Uau! Isso é uma revelação. Desculpe, vou deixar você trabalharem no projeto de vocês, vamos mais para lá Toby, se ficarmos do lado eles vão ouvir. — eles se levantam eu vão para o outro lada da fileira. Eu reviro os olhos e quando olho para Ariane ela está confusa.

— Ela está levando a sério essa coisa de segredo entre as equipes.

— Ela continua exatamente a mesma pessoa, alegre, extrovertida, sociável!

— Resumiu muito bem Louise, só esqueceu de Agressiva e temperamental. — ela ri. — Então do trabalho, eu fiz umas pesquisas hoje de manha! — eu tiro minhas anotações da mochila e lhe entrego.

— Uau! Você está levando bem a sério, — ela diz folheando as várias folhas. — temos um material muito bom, acho que já posso montar a apresentação sem problema nenhum!

— Acho que ainda tem coisa para pesquisar, podemos pesquisar mais ao longo da semana e montar a apresentação na sexta, se precisar de ajudar você pode ir lá em casa no final de semana ou sei lá.... — talvez eu esteja me afobando encaro minhas mãos.

— É uma boa, mas acho que não teremos problemas em montar a apresentação, eu Posso ir na sua casa na sexta e fazemos tudo de uma vez, assim temos o fim de semana livre.

— Perfeito. — ela sorri e começa a grifar umas coisas em minhas anotações enquanto eu finjo ler um artigo que os professores entregaram para ajudar as equipes, enquanto a observo pelo canto do olho, ela morde a tampa da caneta enquanto lê, tenho que desenhar essa cena, acho que nunca a vi tão de perto, posso capturar cada detalhe e tento memorizar cara marca de expressão.

— O que foi?

— Hum?

— você está me encarando há uns dois minutos! — eu poderia arrumar uma desculpa, mas a voz de Louise fica retinindo na minha cabeça, a hora é agora, a hora é agora!

— Desculpe! Seus olhos são hipnotizadores, me perdi! — Eu sorrio e me volto para o artigo, mas pelo canto do olho a vejo corar e sorrir para as mãos. Acho que devo a Louise, muito mais do que eu achava.

No dia seguinte as coisas esquentaram um pouco, não no sentido que eu gostaria.

— Meu avô pediu a uns amigos do controle de mercadorias de Panem na capital alguns dados, eles vão ligar hoje, se você quiser atender com a gente... — eu digo enquanto guardamos as coisas para o intervalo.

— Ah desculpe mesmo! Eu prometi ao Theo que o ajudaria com o jardim, sem querer ser dedo duro nem nada, mas ele disse que quando você cuida fica meio reto e sem cor! — e rio.

— Minhas habilidades em jardinagem param no aparador de grama, não posso culpá-lo. Mas tudo bem! Eu anoto tudo o que eles disserem e trago amanha para você!

— Maravilha! Temos dados reais vindos da capital! Eu sei que não é uma competição, mas vamos arrasar nesse trabalho! — eu rio.

— Como é que é? — uma voz grossa, irritada e completamente familiar, brota por trás de mim, estava virado de costas para a porta e não o vi se aproximar.

— David o que você está fazendo aqui? — ela pergunta irritada.

— Responda a minha pergunta primeiro Ariane! Você está fazendo trabalho com ele? Eu não tinha deixado bem claro que o único motivo de eu não te trocar de turma foi porque você prometeu manter distância dele?

— Deixe de ser idiota David! É só um trabalho, eu tenho o direito de fazer com quem eu quiser!

— Aposto que isso foi ideia sua! — ele se vira para mim — está usando a minha irmã para me atingir? Você que está fazendo a mente dela para se rebelar desse jeito? Em? — ele me empurra para trás.

— David! — Ariane puxa seu ombro mas ele se solta dela com um puxão firme e segura minha camisa, Deus me segura, minha paciência está indo embora — David! — ela grita mais alto o puxando.

— Cala a boca Ariane! — acabou!

— Hey! O único que tem que calar a boca aqui é você! — eu digo tirando suas mãos da minha camisa, ainda não vou bater nele, ainda não vou bater nele.

— Sabia que você estava por trás disso Odair! Você não vê o que ele está fazendo? Mesmo depois de tudo isso, você ainda vai acreditar nesse idiota?

— O único que está sendo idiota é você David! Não vê o quão ridículo isso é, uma briga por nada durante tanto tempo, vê se cresce!

— Incrível, ele já está te contaminando com a loucura da família dele!—a não! eu dou um meio passo, então as ondas vermelhas bloqueiam minha visão.

— Opa! Cheguei atrasada?

— você tinha que estar no meio disso também não tinha? Você sempre fica no meio de tudo! Sai da frente Louise, ninguém precisa da sua intervenção aqui!

— Ai! Isso magoo! Você convive com uma garota e não sabe como tratar uma? Incrível. Quantas vezes eu vou ter que repetir? Paz David! Você não é dono da Ariane só porque ela é sua irmã, eu não a vejo por ai fazendo unidunitê nas suas decisões, ela tem todo o direito de fazer o que quiser, só porque você não consegue ser pacífico não quer dizer que ela não consiga.

— O assunto aqui não a Ariane, é esse idiota ai! Se aproveitando dela para me atingir!

— Por favor! O mundo não gira ao seu redor! — digo bufando.

— Liam, silêncio! — Louise diz para mim, eu reviro os olhos. — David não sei se você percebeu, mas nos últimos 9 anos o único que tem problemas aqui é você, você provoca, você superprotege, você sempre você! Não estou tirando o peso do Liam, ele esta errado também? Está! — de que lado ela está? — Mas ele está tentando reverter essa situação, se não através de você que é incapaz de ser civilizado, através da sua irmã. — ele olha para irmã.

— Tudo bem! Se você quer cair no papinho desses dois! Se você quer se fazer de boa samaritana! Se quiser ser o anjo desse colégio, vai! Como você disse, não é mais uma criança e pode fazer as suas escolhas, mas depois quando eu tiver que te consolar por algo que esse Mané aqui vai fazer, porque eu tenho certeza de que ele vai, você não vai poder reclamar quando eu disser : eu te avisei! — ele se vira e encara cada um de nós, a mim por mais tempo com um olhar mais mortal — Faça o que você quiser Ariane — ele diz andando de costas até a porta. — Finja que eu não sou seu irmão! Mamãe estaria tão orgulhosa de você! — ele diz irônico se vira e vai embora.

Ela suspira e se senta de volta na cadeira passando as mãos pelos cabelos.

— Foi melhor do que eu achei que seria! — diz Louise.

— Também acho! — Ariane diz suspirando de novo.

— pelo menos ele estava certo em uma coisa! — eu digo e ela me encara perplexa, consigo imaginar o que passou pela mente dela antes que eu terminasse. — Sua mãe estaria muito orgulhosa de você!

— Ele estava sendo irônico!

— Eu não estou, ela realmente estaria orgulhosa por você o enfrentar desse jeito, a não se submeter ao que ele manda.

— Ou ela estaria decepcionada por eu estar me separando do meu irmão.

— você não está, ele está! — ela da de ombros e volta a passar a mão pelo cabelo olhando para baixo, e o sinal para o intervalo toca, eu olho para Louise e ela desenha com os lábios “ chame-a para ficar com a gente” eu respondo silenciosamente “ela não vai querer” e ela diz “ela não parece ter muitos planos” e aponta para ela. Por que não? é hora de arriscar não é?

— Ariane? — ela me olha, parece prestes a chorar. — você gostaria de passar o intervalo conosco?

— Não, tudo bem! — ela diz se levantando. — não vou estragar o intervalo de vocês.

— Ah deixa de idiotice e vem logo! — Louise diz se vira e começa a andar.

— Esse é o jeito dela de dizer: você não vai estragar nada, venha com a gente! — ela sorri e começa a andar até a porta e nós dois alcançamos Louise no corredor.

Foi um bom intervalo, já passei uns com alguns amigos de Lou, foram legais também, no geral. Mas esse, não sei, foi diferente, rimos e contamos histórias de pontos de vista diferentes, foi bom saber como foram alguns acontecimentos no ponto de vista dela. Nos distraímos bastante, se quer tocamos no assunto David, eu o vi passando pelo corredor e olhando para nós, mas eu ignorei, o que estava acontecendo ali estava bem mais interessante que desfrutar um pouco de vingança. Acho até que Louise está começando a gostar mais um pouco agora de Ari, ela não parecia a achar perfeitinha de mais agora que sabia um pouco mais dobre ela. Quando nos despedimos para irmos às ultimas aulas Ariane nos abraçou, agradeceu pelo convite e disse que deveríamos repetir. Então sorriu e subiu. E eu fiquei lá a olhando ir e sorrindo para mim mesmo.

— Eu já disse o quanto eu te amo? — eu digo à Lou! Ela revira os olhos e começa andar. — Serio mesmo! Eu te amo demais! você é a pessoa mais incrível do mundo!

— Tem certeza? Você não acha que é uma outra pessoa, talvez loira de olhos azuis?

— Não! você é realmente a mais maravilhosa de todas! — eu a puxo e a abraço. — Serio obrigado mesmo. Você é a melhor amiga que eu poderia ter na vida inteira! Não digo isso só por causa das coisas que você tem feito por mim e Ariane, por tudo! Acho que eu não digo isso o suficiente! Louise você é incrível! — ela ri e me empurra saindo do meu abraço.

— Agora diz algo que eu não saiba! — eu rio. — vai para sala! você precisa assistir a todas as aulas se quiser passar de ano! A gente se vê na saída! — ela sorri e continua andando para sua sala.

Eu sou um cara de sorte, estou rodeado me mulheres incríveis, minha mãe, minha avó, Louise e agora, Ariane!

Na sexta feira não tivemos nenhum sinal de David, ele se quer foi ao colégio. Ariane não sabia de nada, disse que ele saiu mais cedo e não avisou nada. Ele havia nos deixado em paz, Ariane disse que em casa ele estava agindo como se ela não existisse, mas que sabia que não duraria muito tempo, e que não estava se preocupando, então nos preocupamos apenas com o nosso trabalho, já esta tudo organizado e depois da aula ela iria lá em casa para montarmos a apresentação.

— Eu vou em casa para dar uma olhada nas coisas, ele pode ser um cabeça oca, mas é meu irmão, estou realmente preocupada sem saber onde ele se meteu. Depois eu vou para lá e terminamos a nossa nota 10.

— Tudo bem! Então até daqui a pouco.

— Até!

Vou para a casa com Louise pelo caminha da casa dela, e ela me fez os habituais questionários querendo saber cada silaba que dissemos.

— Então, como estão às coisas na sua casa, você vai ou não para a casa do seu pai amanha?

— Pois é, eu vou perguntei a minha mãe ontem porque ela estava tão brava com a madrasta não tão má e ela começou a rir, disse que eu veria quando chegasse lá, então eu perguntei se eu deveria ir com essa confusão toda, e ela disse que eu precisava ir, que ela queria ver como ele iria me contar e que queria estar lá para ver tudo. E só, me deu o dinheiro da passagem e foi dormir! Não me disse mais nada.

— Ligou para o seu pai para saber?

— Claro, mas ele disse apenas “quando você chegar nós conversamos” acho que é para que eu não tenha escapatória, se eu já estiver lá seja o que for não vou poder voltar sem passar pelo menos um dia lá.

— Está curiosa?

— Estava mais, agora... sei lá, não parece ser tão importante, minha mãe sempre esta arrumando motivo para fazer a madrasta não tão malvada se tornar a madrasta realmente malvada.

— Já comprou a passagem?

— Ainda não.

— Se quiser eu vou com você até a estação mais tarde.

— Ah não, você tem planos melhores para mais tarde! — eu sorrio! — Amanha vai me levar lá não é? — ela me pergunta quando chegamos a sua casa.

— Alguma vez eu deixei de ir? — ela revira os olhos.

— Não é como se eu precisasse da sua presença masculina para carregar minha mala ou algo do tipo, é só para ter um rosto amigável!

— Eu sei! A gente se vê amanha!

— Quero detalhes amanha, então é bom você fazerem algo interessante para ter o que me contar! — eu rio e vou embora.

— Mãe? Estou em casa! Mãe? Mãe? — vou até a cozinha e a sala e o seu quarto e não a encontro. Vou até o quarto dos meus avós que estão deitados dormindo, chego delicadamente até minha vó e lhe dou um beijo na testa ela acorda. — ola! Viu minha mãe?

— Ela disse que queria ver o mar e saiu. — ela diz sonolenta fechando os olhos de volta. — o almoço está no forno!

— Tudo bem! obrigado. — vou até a praia caminho pela parte que fica na frente de nossa casa, mas mesmo olhando para longe não a encontro, começo a ficar preocupado, volto para casa e quando estou perto, vejo pés balançando em cima do telhado.

— Mãe? — ela se vira e vejo seus cabelos castanhos e seus olhos deitados no telhado. — O que você está fazendo ai?

— Sobe aqui! — ela sorri e me chama.

— Como foi que você subiu? — ela aponta para uma escada pousada no muro. Eu subo e me sento com ela, não é alto, mas tenho medo que ela caia. — O que está fazendo?

— Não é lindo? — ela diz apontando para o mar. — Seu padrinho adoraria pintar desse ângulo, da próxima vez que eles vierem precisamos mostrar a ele.

— Está tudo bem mãe?

— Finnick teria adorado ver como Panem inteira mudou, mas o 4 continua tão lindo quanto era! — eu suspiro e segura sua mão, um momento de lucidez, depois de um tempo comecei a questionar se esses momentos eram bons ou ruins, vê-la triste, ou depressiva, ou simplesmente como agora, imaginando como meu pai se sentiria, o que ele faria se ainda estivesse vivo, não me parece tão bom quanto vê-la feliz com o seu Finnick interior, se divertindo e rindo. — você provavelmente teria se tornado um grande nadador!

— Mãe! Eu nem tenho vontade de nadar mesmo, prefiro ficar do lado de fora, só observando.

— Eu também era assim até que um dia mudei de ideia e entrei, e quase morri, mas Finnick era excelente, mesmo naquela época ele conseguiu nadar correndo até onde eu estava e me salvar! Me apaixonei por ele no momento em que eu estava a salvo na areia e finalmente olhei nos olhos do meu herói. — já ouvi essa historia centenas de vezes, mas eu não me canso. Nunca.

— Falando nisso, Ariane vira aqui mais tarde para terminarmos o trabalho! — ela sorri.

— Ele a teria amado também! Ela é uma ótima garota, encantadora.

— Eu sei, tenho um ótimo gosto para escolher as garotas da minha vida! — eu a abraço forte e ela me abraça de volta. — Vamos, estou sentindo o cheiro do almoço desde que eu cheguei estou morrendo de fome.

— Tudo bem! Finn está dizendo a mesma coisa, vocês dois são iguais de mais para o próprio bem! — então ela ri de algo não dito, e sei que ele está de volta, meu pai interior.

É sempre assim, quando minha mãe tem um momento de lucidez algo em mim parece que acorda, essa vontade de ter um pai, acho que é porque eu realmente percebo que eu não tenho um, desde antes de nascer fui criado com minha mãe tendo essa visão interior do meu pai, eu cresci aprendendo as coisas sobre ele dessa forma de um jeito meio estranho foi a minha versão de pai, não da mesma forma que ela, mas um pai interior, quando me sinto confuso imagino a voz dele me aconselhando, quando sinto medo sinto a voz dele me acalmando, mas eu sei que não é real.

Depois do almoço fico sentado com minha mãe no sofá conversando por um bom tempo, e ela acaba pegando no sono, eu a ajeito eu vou lá para fora, quando saio Ariane está se preparando para bater na porta.

— Uau sentiu minha presença? — ela diz abaixando a mãe e sorrindo. Eu sorrio de volta.

— Adoraria dizer que sim, mas na verdade eu só estava tentando tomar um ar.

— Dia difícil?

— Mente atolada de pensamentos!

— Acho que não é uma boa hora para o trabalho então!

— Ao contrario, hora perfeita! Me ocupar será ótimo. Venha entra. — entramos de volta, por um momento minha mente tinha ficado com tantos pensamentos sobre meu pai que eu até esqueci que Ariane estava vindo. Que pecado. Chegamos ao corredor então lembro de minha mãe dormindo, a cozinha é na frente da sala. — Minha mãe está dormindo, não queria acordá-la, mas se ficarmos na cozinha ela vai acordar de qualquer jeito.

— Não, tadinha. Não acorde.

—Meus avós também então dormindo, acho que a coisa que mais fazem nessa casa é dormir!

— Menos você pelo visto! — ela ri.

— Pois é, sou meio hiperativo, minha mãe diz que puxei isso do meu pai. — meu pai, de novo, ocupando a minha mente. Ela percebe que alguma coisa me incomodou, e muda de assunto.

— Não tem um lugar que não acorde nenhum deles? você não disse que precisava de ar? Seu quintal é uma opção.

— é sim! Eu vou pegar uma toalha e os materiais para trabalharmos na apresentação. Fica a vontade.

Ficamos sentados no jardim trabalhando até o sol começar a se por, acho que mais conversamos do que fizemos alguma coisa, mas como já estava basicamente tudo pronto, conseguimos terminar.

— Parece que é isso, terminamos!

— Bom trabalho! — sorrimos e trocamos um toque, e por alguns segundos constrangedores ficamos em silencio apenas nos observando, então ela olha em volta e suspira. — Adoro sua casa, essa visão do mar é incrível, a única coisa que eu vejo da minha janela é um punhado de areia. E com o sol se pondo ainda, isso sim é perfeito. — ela olha para o horizonte do mar, e ela está tão absolutamente bonita agora que sou incapaz de deixar passar.

— Não se mexa! — eu digo e procuro nas minhas coisas um papel em branco e um lápis.

— Por quê? O que houve?

— Essa luz, esse vento, você ai parada, por favor, não me obrigue a não desenhar isso! — ela sorri— Isso, fica assim. — ela ri mais, mas continua na mesma posição e eu começo a desenhar.

— Então... estou me sentindo meio esquisita parada aqui com você me desenhando sem falar nada, será que conversar vai atrapalhar? — ela diz depois de uns minutos comigo a desenhando, ela era uma ótima modelo, Louise já teria mudado de posição no mínimo cinco vezes e me mandado tirar um foto para desenhar depois, mas Ariane continua parada do mesmo jeito, mesmo depois de falar.

— Desde que você não se mexa podemos falar do que quiser.

— Hum, tudo bem, vou fazer uma pergunta sobre algo que me deixou curiosa, mas se você não quiser responder tudo bem.

— Pode perguntar.

— Quais pensamentos estavam te perturbando quando eu cheguei? — eu suspiro, não esperava por essa— você não precisa responder.

— Não, tudo bem! você sabe que minha mãe tem... Digamos um histórico médico bem complicado — ela afirma, mas depois volta para onde eu pedi que ficasse. — você sabe o que ela tem mais ou menos?

— só o que eu ouvi, algo relacionado com a mente dela. Só os boatos.

— É mais ou menos isso, começaram depois que ela venceu os jogos, mas depois que meu pai morreu, parece que piorou. Minha mãe tem um... um tipo de alucinação, odeio esse termo, mas é o mais próximo que explica. Ela meio que “vê” meu pai, conversam, ele da conselhos a ela, explica coisas, é como se ele estivesse aqui, mas só aparecesse para ela. E tem vezes que ela tem uns momentos de lucidez— eu faço uma pausa enquanto desenho os fios de cabelo que estão voando com o vento. — e ela começa a perceber que ele não está aqui, e fica imaginando como seria se ele estivesse, e nesses momentos eu não consigo deixar de imaginar também. Imaginar como teria sido ter Finnick Odair como pai, eu sei quem ele é pelo o que me contam dele, quando eu era criança costuma tentar vê-lo como minha mãe, mas eu nunca consegui, tudo o que eu consigo e imaginar. Até hoje! Alguns podem pensar que é loucura querer ser como ela é, mas quando se cresce sabendo que seu pai foi um herói, uma pessoa amada, sabendo pelos outros o quão bom teria sido tê-lo aqui, você passa a querer saber. E se esse fosse o único jeito eu não me importaria.

—você foi uma criança espetacularmente forte. você conseguiu conviver com tudo isso, sem traumas, e ainda ser essa pessoa incrível que você é, cuidar da sua mãe, dos seus avós, dos seus amigos. Ele teria muito orgulho de ser seu pai.

— Deve tudo isso aos meus avós e meus padrinhos. Meu avô sempre me ensinou as coisas do jeito terapêutico, eu sempre tive noção, eu sempre soube, foi como se me contassem tudo já do berço, eu não me lembro deles me contando, só lembro de saber, que minha mãe era especial, que meu pai era um herói que se foi, que eu precisava cuidar da minha mãe por ele. Minha avó cuidava de mim sempre que minha mãe não podia, quando eu era criança era mais complicado para ela, ter que cuidar de um bebê tendo essas alucinações, minha vó sempre estava por perto, para o caso de minha mãe tentar fazer com que meu pai me pagasse no colo, o que seria um desastre, e que segundo ela aconteceu uma vez ou outra. Meu padrinho também teve suas sequelas por conta da revolução e ele explicou muita coisa a minha mãe, e em algum momento ela começou a perceber que essa relação dela com meu pai era mais que especial, e que só ela tinha, por isso que geralmente ela repete o que “meu pai” fala quando é relacionado a outra pessoa, é como se ela soubesse a verdade mas não quisesse acreditar. Ou simplesmente não pudesse, eu me acostumei rápido com isso.

— É muita coisa para um menino suportar. Quando minha mãe morreu ninguém me contava nada, queriam me manter de fora para que eu não me machucasse, mas a única coisa que aconteceu, foi que quando me contaram, eu sofri demais. Talvez se tivessem feito como fizeram com você me deixado a par de tudo desde o inicio, talvez tivesse sido mais fácil.

— Nunca é mais fácil, só é um pouco mais suportável.

— Foi quase impossível suportar, as lembranças dela eram as únicas coisas que me mantinham sã, além do meu irmão e do meu pai. Quando ela disse que tínhamos que mudar para que pudéssemos ter uma vida o máximo normal, foi como se metade das lembranças fossem arrancadas, tudo o que eu tinha estava lá, e quando eu cheguei aqui eu não tinha nada além dele e do David e de algumas memórias vagas, parecia que estar lá me fazia lembrar melhor.— alguns segundos eternos de silencio.

— Pelo menos você tinha algo para lembrar.

— As vezes eu queria não ter, talvez fosse mais fácil de seguir em frente.

— Não diga isso, posso afirmar com toda a certeza de que não é. A única coisa que eu tenho são imaginações, e eu daria qualquer coisa para ter uma lembrança.

— Não é melhor ter imaginações boas do que lembranças tristes?

— Elas podem ser tristes, mas são reais. Ele se quer sabia que eu existia antes de morrer, fico imaginando se ele teria ido para a guerra se soubesse. E eu tenho certeza de que ele jamais deixaria minha mãe sozinha com um filho dele. — silencio... eu tiro os olhos do desenho agora quase pronto e lhe encaro, seus olhos estão baixos, mas ela ainda não se mexeu— não sinta dó de nós Ariane, não vale apena.

— Acho que não foi o melhor assunto de todos. Como passamos a competir quem é o mais ferrado de nós dois? — eu sorrio.

— Não sei, mas rendeu um ótimo desenho! — eu digo dando o ultimo toque e lhe mostrando.

— Uau. Você é um ótimo desenhista, queria ser do jeito que você desenhou!

— você é! E muito obrigada por ter ficado parada o tempo todo, você tem um dom para isso, devia servir de modelo para desenhos— ela me encara e sorri.

— Vou fingir que acredito. Quem te ensinou a desenhar desse jeito?

— Meu padrinho. Peeta Mellark.

— ele é um ótimo professor. Está realmente incrível. — tenho vontade de subir e pegar minhas pastas com os outros milhares de desenhos dela, esse não chega nem perto de ser o melhor.

— Fica com ele.

— Não, você desenhou, é a sua obra prima. — eu pego o desenho assino o meu nome e coloco embaixo “para uma boa ouvinte”

— Pronto, continua sendo minha obra prima. Mas agora está dedicado á você! Pega, eu tenho essa imagem na mente, posso desenhar outro a qualquer momento. — ela sorri e pega.

— obrigada! Eu vou guardar com muito carinho. — ela diz e abraça o desenho. Nós sorrimos um para o outro e ficamos ali por mais algum tempo, não falamos muito, na verdade não falamos quase nada. Mas valeu apena aquele silencio, depois daquela conversa eu percebi que nós somos mais parecidos do que eu pensava ser possível, depois dessa nosso conversa eu percebi que somos amigos. Já é um grande avanço, agora eu só preciso subir do nível da amizade!


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Notas finais do capítulo

depois de dois meses relendo o capitulo e escrevendo só algumas frases por dia, acho que revisei bem kkk mas sempre sobra algum, desculpem!
espero voltar em breve, semana que vem no máximo.
obrigado por tudo e espero que tenham gostado, e esperem ou pouco mais de acontecimento a partir de agora, talvez até acabe passando da minha meta de short fic de 10 capitulos, mas tentarei não me estender muito!
beijos !!!