O Conde de Furor escrita por Masmorra Solitariamente Louca


Capítulo 1
Outro Mundo


Notas iniciais do capítulo

Então, espero que gostem (e leiam tudinho, heim). Fiz com muito carinho!



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Era inverno, o céu estava nublado, e lá fora parecia frio. Mas, dentro do carro, com o aquecedor ligado, tudo estava quente, diferente do mundo lá fora. Que nevava.

Manoela estava viajando com seus pais para a casa de uns amigos que vieram para a Suíça para passar as férias de inverno. Ela e seus pais passariam uns quatro ou cinco dias lá. A menina não estava muito animada, preferia ficar em sua confortável casa comendo chocolate e lendo um bom livro. Mas já que seus pais queriam ver seus amigos, ela não fez birra, afinal, já tinha treze anos.

Quando finalmente chegaram, depois de uma viajem de duas a três horas, Manoela saiu para fora do carro e espreguiçou-se. Ela detestava ficar muito tempo em carros. Então, ela olhou para o que seria a casa dos amigos de seus pais, e aquela “casa” era extremamente grande. Na verdade, era uma mansão moderna.

Ela tinha uns quatro andares, seu material não era composto apenas de tijolos, mas haviam também de mármore e madeira. Suas grandes janelas eram feitas de um vidro escuro, juntamente com algumas portas. Manoela, olhou então para a varanda, lá tinha umas pequenas mesas de madeira e algumas de mármore, todos os móveis estavam protegidos da fria neve, pois aquela varanda tinha paredes de vidro.

- Manoela, vamos logo! – Disse sua mãe, já nos pequenos degraus que dava para a varanda.

- Sim, mamãe. – Disse ela delicadamente, forçadamente, como se fosse um suspiro. Ninguém ouviu.

A menina, então deu uma pequena corrida até os degraus, onde estavam seus pais. Eles, então, afagalham-na a cabeça. Seu pai apertou a campainha, o que deu um pequeno barulhinho encoando pela casa.

Esperaram um ou dois minutos, até a porta da frente se abrir, e um casal com grandes sorrisos estampados aparecer. Então, uma mulher abriu a porta de vidro da varanda, ainda sorrindo.

O homem e a mulher os receberam com abraços carinhosos, então, os levaram até uma sala confortável, com vários sofás e amolfadas. Uma baixa música de piano tocava num disco de vinil.

- É Frederic Chopin... – Sussurrou Manoela.

Então, seus pais e ela sentaram-se em um sofá marrom de veludo. A menina, encantada com a música que tocava, segurou uma das almofadas que haviam ali no colo.

- Então, Eric, como você está, meu velho amigo? – Perguntou o homem.

- Estou ótimo! E você, Eno?

- Como sempre: maravilhado. – Ele sorriu, então, olhou para a mãe de Manoela. – E você, como está, Sra. Franklin?

A mulher sorriu docemente, seus cabelos negros realçavam mais ainda sua pele alva, juntamente com as maçãs do rosto delineadas. Ela não era alta, na verdade, baixinha. Ainda sorrindo, respondeu:

- Estou incrívelmente bem, Sr. Harris. – Então, ela olhou para a esposa de Eno. – Maria! A quanto tempo, como você está?

- Estou ótima, Anne Joly! – Ela olhou para Manoela, que timidamente apreciava a música que tocava. – Como você está, pequena?

Manoela olhou para Maria, que esboçava um largo sorriso para a menina, então, ela respondeu:

- Ótima. – Disse secamente.

Mas a mulher ignorou o seco de suas palavras, e continuou conversa:

- Meu filho, Jimmy, está da sua altura! – Ela riu um pouco. – Logo, logo, ele estará aqui.

Depois de uns quinze minutos, os pais dela ainda conversavam com o outro casal, e ela ainda estava degustando a doce música. Então, a porta bateu levemente, e um menino saiu de lá, Jimmy.

Ela e Jimmy já se conheciam, conheceram-se da última vez que ela esteve aqui, a uns três anos atrás, depois eles não se viram mais, as vezes trocavam mensagens na internet, e outras ele lhe enviava cartas com desenhos que ele fazia. Ela podia dizer que eles eram bons amigos.

- Boa tarde. – Ele olhou para seus pais. – Papai, mamãe. – Então, ele olhou para os pais de Manoela. – Sr. e Sra. Franklin. – E por fim, olhou para Manoela. – Manoela. – E sorriu docemente.

O garoto tinha cabelos castanhos escuros e olhos igualmente castanhos, sua pele não era tão clara quanto a da mãe de Manoela, mas mesmo assim, era clara. Sua altura era a mesma que a de Manoela, embora que ele tivesse quatorze anos. A menina era alta.

- Meu filho! Que tal conversar com Manoela? – Perguntou Eno.

- Claro, papai.

Ele sorriu calorosamente para a menina, ela deu um sorriso timido de volta, então, ele estendeu sua mão para ela, e ela a segurou. O rapaz a puxou para cima, sem muito esforço, ela era leve, e foi para ele como uma pena, até demais. Seu corpo esbarrou levemente contra o peitoral dele.

- Opa. – Ele riu.

- Desculpe...

- Tudo bem.

Então, ele lhe acompanhou a outro cômodo da casa, que não era nada mais nada menos que uma pequena sala, dessa vez com apenas duas poltronas, ali não havia música, o que a desanimou. Na sala, haviam alguns arranjos de flores, o que ela adorou, pois amava flores.

- Sente-se. – Ele disse docemente.

Manoela sentou-se em uma das poltronas, e Jimmy na outra, assim, ficaram frente a frente um do outro.

- Como passou? – Ele perguntou.

- Um pouco tedioso, mas passei bem. – Ela sorriu. – E você.

- Um pouco tedioso, mas passei bem.

Os dois riram.

- Gostou dos desenhos que eu lhe mandava?

- Adorei, tenho todos eles guardados em casa.

Jimmy seu um sorriso tímido, o que fez Manoela enrubecer.

- Essa casa não mudou muito da última vez que vim aqui.

- Sim... Não vamos muito aqui.

Então, a conversa seguiu caminho adiante, um comentário sobre um musico, um artista. Afinal, os dois igualmente adoravam desenhos, quadros e música clássica.

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Na hora do jantar, todos decidiram fazê-lo na varanda, que havia aquecedor, os pais de Jimmy disseram que é lindo comer lá. Todos menos Jimmy, que saiu para pegar lenha, foram para a varanda, sentaram-se numa mesa de madeira grande, que ela não havia percebido quando estava do lado de fora, a mesa estava escondida.

- Manoela, poderia, por gentileza, chamar Jimmy? Ele não deve de estar muito longe. – Disse Eno.

- Claro. – Disse ela, levantamdo-se e vestindo seu casaco, que tinha segurado o tempo todo.

A garota foi até a porta de vidro, a abriu e caminhou neve a fora.

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Ela já havia andado uns vinte, trinta ou até mesmo quarenta minutos, mas nada de Jimmy. Estava começando a ficar cada vez mais frio, as roupas grossas dela estavam começando a não fazer muito efeito.

Ela andava cada vez mais, e cada vez mais achava que nunca iria encontrar Jimmy, que ficaria andando ali eternamente.

Então, ela viu.

Vagalumes.

A menina achou estranho, pois vagalumes não apareciam no inverno, ela as vezes achava que eles apenas morriam, com medo do mundo. Outras vezes ela achava ele eles escondiam-se, com medo do mundo.

Ela olhou para o céu e viu uma lua grande e redonda, sorriu e percebeu que o céu não estava mais nublado. A lua aparecia, junto às estrelas.

Caminhou mais um pouco, então, ouviu um grito forte, e percebeu: Jimmy.

- Jimmy! – Ela correu, seguindo os gritos.

Então, a menina o encontrou cercado por lobos negros, e uma voz grossa ecoou em sua mente:

- Coma a pílula, garoto!

- Não! – Jimmy gritou.

Manoela apenas olhou aquilo, imóvel, observando de longe. Com medo. Na verdade, mais do que com medo: Apavorada.

Um lobo a percebeu, então, com a voz estridente, disse:

- Aproxime-se, humana!

Jimmy, apavorado, olhou para ela.

- Manoela!

Ela aproximou-se deles, como o lobo havia ordenado. Mas o fez bem devagar, suas pernas estavam presas, agarradas, ao chão.

- Conhece ela? – Disse um lobo, em sua mente.

- Sim... – Respondeu Jimmy.

- É sua amiga? – Perguntou outro lobo.

- Sou sim! – Ela criou coragem. – Gostaria de saber por que a voz de lobos atrapalham meus pensamentos!

Um lobo, indignado com a audacia da menina, disse com uma voz dura e autoritária:

- Somos animais mágicos, sua peste!

Ela não disse nada.

Todos os lobos olharam para Jimmy, e Jimmy para manoela.

- Aqui é outro mundo, Manoela. É o mundo dos Loucos, criado para aprisionar ilusões das pessoas loucas... Quem têm ilusões muito fortes, sempre vêm para cá e ficam presos. Os que têm médias ou poucas, são “usuários” daqui, e suas loucuras ficam presas nesse mundo... O jardim da minha casa é ligado a esse mundo, de algum modo... É mais fácil para pessoas com baixas ilusões virem para cá...

- Eu não acredito nisso. – Ela bateu com as duas mãos em suas maçãs do rosto. – Estou sonhando, estou sonhando! Eu dormi enquanto conversava com Jimmy!

O garoto olhava com pena para Manoela, como se algo terrível fosse acontecer com ela. Uma lágrima caiu de seus olhos, mas foi enchugada rapidamente.

- Eu... Quero realmente sair daqui. Nem que eu fiquei com minhas ilusões no outro mundo... Eu quero sair daqui. Mas os guardas daqui... – Ele olhou para os lobos – Não me permitem... E como eu estou contra as leis, se eu tomar essa pílula, - ele olhou para uma pílula negra em forma de aranha sobre a neve, eu morrerei no mundo real e minha alma ficará presa aqui.

Um dos cinco lobos que estavam ali começou a rir.

- A não ser que você, senhorita, tomar essa pílula no lugar dele. Assim fará um contrato conosco, e como ele, não poderá sair daqui. Então, ele ficará livre desse mundo. Aceita?

Manoela engoliu em seco, estava com muito medo, realmente. Mas, ela não poderia deixar Jimmy preso ali, mesmo que aquilo fosse um sonho, seria crueldade.

- Eu aceito.

- Feche as suas mãos. – Disse um dos lobos.

Ela as fechou.

Então, viu que a pílula em forma de aranha não mais estava mais na neve. Sentiu algo na sua mão esquerda.

- Abra-as.

Ela as abriu.

Viu que a pílula tinha ido para sua mão alva.

- Tome-a.

Então, ela tomou aquela estranha pílula. Pensou que sentiria algo, um mal estar, algo. Porém não sentiu absolutamente nada. Jimmy, que antes estava cercado pelos lobos, desapareceu. Ela arregaliu seus olhos cor de mel.

- Ele voltou para o mundo humano.

A menina olhou que na sua frente havia uma vela acesa.

- Escute bem, o teste é o seguinte: Mantenha essa vela acesa durante dois dias nesse mundo, se ela se apagar, você morre em seu mundo e sua alma fica presa aqui, escutou bem?

- Sim.

- Então, bem vinda à Furor. – Disse o lobo desanimadamente.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenham gostado!
E por favor, onegai mesmo, comentem.
Obrigada ;)



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