Ponto de vista do John

— John?
— Fale Kathie
—  Você acha que a gente vai ser feliz? Tipo tudo se resolver e encontrar o verdadeiro amor? – Ela se vira olhando a grama do meu quintal — Sei que essa pergunta não é a minha cara, mas você acha que tudo vai se resolver um dia?
— Não sei. Mas sei lá – Faço uma pausa e fico encarando as minhas mãos — Acho que no fim tudo se resolve
— Quando?
— Um dia – Ela me encara pensativa, depois abre um largo sorriso
— Sabe o que eu estou pensando?
— Não mesmo
— E se a gente saísse?
— Para onde?
— Não sei – Ela fala pensativa — Shopping?
— Kathie, a gente não vai para o shopping em plena terça-feira – Ela parou de sorrir por um tempo
— Estraga prazeres – Disse me cutucando
— Sou nada – Revidei —Apenas sou realista
— Realista? – Me encara duvidando de mim
— Sim e sou gostoso também – Falei e automaticamente ela riu
— Mostra então senhor gostosão
— Mostra?
— John, vai lá tire a camisa – Diz, olho para ela meio duvidoso —  John, qual é. Eu já te vi só de toalha. Tire logo a camisa!

Ela veio para cima de mim e em questão de segundos tirou a camisa. Ótimo, agora vou vai strip-tease no meu quintal já de noite ou pelo menos o comecinho da noite.
— Chega Kathie, me de a camisa
— Não, faça poses tipo mostrando os músculos – Ela tirou o seu celular do bolso e começou a tirar fotos
— Kathie, isso é ridículo. Pare – Tento pegar a camisa da mão dela, mas ela saiu correndo ainda tirando fotos de mim
— Ai tadinho do John, tá sem camisa – Ela faz uma careta rindo
— Agora é assim? Então vamos ver – Eu saio correndo atrás dela, parecíamos que voltamos à escola. Brincar de pega- pega que não era o meu forte desde criança, mas ela era, lembro-me vagamente dela ser mais veloz e ainda com aquele sorriso lindo estampado no seu rosto fazia-me suspirar. Só que agora o jogo virou, já que era maior que ela (só alguns centímetros) alcancei ela e peguei ela pelo braço
— Ah John isso não vale
—  Ata, vai me devolver a minha camisa?
— Não, você fica bem sem ela – Soltei o braço dela o que fez a cair já que estava puxando e eu também — Obrigada John – Falou num tom de ironia, revirou os olhos castanhos
— Desculpe – Sentei na grama ao lado dela, ela me entregou a camisa e o celular dela. Já sabia a senha dela, então desbloqueei o celular e apaguei algumas de minhas fotos que Kathie tirou agora. Algumas ficaram até boas por sinal
— Ei! – Falei chamando atenção dela — Faz careta aí – Tirei uma foto de nós dois — Ficou boa
— Verdade. – Ficamos em silencio, mas não durou muito — John?
— Diga – Ela me encarou sem dizer nada por um longo tempo. Eu me aproximei olhando fixamente para a boca da menina e ela a minha. Olhamos bem de pertinho um para o outro, como aquilo me fazia bem, ela me fazia bem. Eu estava parado curtindo aquele momento e sensação e ela se aproximou mais e mais, os nossos lábios se encostaram, no inicio um simples selinho de amigo que acabou tornando um beijo.
 

Ponto de vista da Kathie

Aconteceu de novo, ele me fez sentir única pela segunda vez. Ele é incrível, o beijo dele era tão intenso, tão bom e tão ele. Queria que nunca terminasse, ele foi para cima de mim, a grama estava tomando conta do meu cabelo e eu não ligava. Quando o meu celular começou a tocar e atrapalhou o beijo.

—Alô? – Falei atendendo o celular enquanto John saia de cima de mim. Caralho eu devo estar um pimentão — Claro, eu posso. Vou perguntar ao John
—O que? – Fala ele olhando para mim ainda tímido
— A Morgana está convidando eu e você para passar três dias na casa na praia dela. Só a Lana vai porque a Jenny tem umas coisas para resolver e não vai dar de ir
— Tá por mim, mas a gente vai de tarde ou à noite?
— Ela disse que sexta à noite e que é para se reunir lá na casa dela às seis horas.

Depois de eu confirmar a minha presença e a do John na casa de praia da Morgana, nós fomos para o quarto dele, assistimos um filme, mas enquanto ele prestava atenção na tela da televisão, eu só conseguia olhar para ele e pensar no que havia feito, havia feito duas vezes, ele não tocou no assunto nenhuma vez, não fez nada diferente. Ele agiu como se nada tivesse acontecido como se o meu beijo não valesse nada, como se a minha presença e a minha pessoa fizesse tanto faz. Isso me deixava irritada e com raiva.
— Vou pegar refrigerante quer? – Ele pergunta se levantando do sofá, eu o encaro e com raiva respondo
— Não John, para você tanto faz não é mesmo?
— O que? Kathie? – Ele me olha confuso, mas ignora o meu aborrecimento e vai até a cozinha e depois de alguns segundos trás dois copos cheios. — Ta aqui retardada – Diz sorrindo e sentado do meu lado. Por que ele é tão calmo? Por que ele não fala nada sobre os beijos e tudo, como o que só importasse era eu.

Quando acabou o filme, Eu e John fomos ao quarto se preparar para dormir, fui correndo ao armário dele e peguei uma blusa larga azul meio velha, pelo menos aparentava ser. Ele só tirou a camisa e não falou nada. Mas que porra que ele tem? Por que ele está agindo assim de novo só que pior! Ele não está falando!

Eu estava deitada na cama dele só pensando no que ele estava sentindo e no jeito que ele resolvia e agia as coisas, ele era tímido, come-quieto, nunca realmente levantou o tom de voz com ninguém, cuidava de todos no jeito dele. Parece que tudo que ele fazia era o certo, era perfeito. Levantei da cama dele e fui atrás dos seus desenhos antigos, eu me lembro de que ele desenhava muito bem, lembro-me daquele estúpido projeto que fizemos juntos, ele desenhava bem. Procurei nas gavetas de cima enquanto ele estava no banheiro. Só na quarta gaveta fui achar duas pastinhas pretas com papéis dentro, abri a primeira e já tinha alguns desenhos.

Desenhos de paisagens, casas, carros e animais principalmente de pássaros. Ele deve adorar pássaros, tinha de várias cores, todos eram diferentes, eram lindos. Apaixonei-me pelo desenho de um pássaro mais precisamente de um Quebra-nozes de Clark, sabia a espécie por que estava escrito atrás, realmente as penas cinzas com um tom azul ficaram tão reais no papel. Quando ele chegou no quarto logo guardei na pastinha
— São lindos – Elogiei — Deveria desenhar mais
—Obrigado, mas não estão tão bons assim
— O que? Estão perfeitos, na verdade parecia que tudo que você faz é perfeito. – Ele me olha discordando — John, desculpe por mexer nas suas coisas, eu só queria – Penso o que poderia falar para mostrar o que eu queria dizer, mas não achava a palavra correta, ele foi se aproximando de novo de mim e me deu um abraço apertado, logo em seguida não falou nada, apenas deitou na cama.